História The Truth Untold (imagine Yoongi - BTS) - 56 - Tu m'as déchiré

Na manhã seguinte, me levantei cedo e me arrumei para ir para minha faculdade, embora ainda estivesse um pouco mal. Yoongi havia ido embora ao anoitecer, ele também precisava acordar cedo, só que para trabalhar.
Algumas horas depois, recebi mensagens dos meus pais. Eles haviam chegado no Brasil e tiraram fotos com vários parentes para me mandar. Eu achei as fotos muito fofas, tanto que me bateu uma certa vontade de estar entre eles no meu país natal.

*celular toca*

— Alô? - falei ao atender — Baekhyun? - estranhei.

Baekhyun era um dos meus colegas de classe da faculdade. Ele era um garoto muito bonito que falava comigo as vezes. Apesar de no início parecer metido, ele era uma pessoa super legal e nós éramos amigos. Não próximos, mas ainda assim, amigos.

— Você vai a faculdade hoje? - perguntou-me — Você anda faltando muito, mocinha. Sentimos sua falta aqui.

— É, eu sei. Sinto muito. Não tive muito ânimo, para falar a verdade, ainda não estou animada porque aconteceram algumas coisas.

— O que aconteceu?

— Sabe o meu irmão, Jackson?

— Ah, sei. Aquele sarado e bonito que as meninas daqui ficam falando? Sim! Eu conheço ele, aliás, minha colega está pedindo o número dele. Você pode passar?

Suspirei e fitei o chão, sentindo uma dor no peito e uma imensa vontade de chorar.

— Baekhyun, o Jackson faleceu ... - falei, pesadamente, evitando chorar naquele momento.

— Nossa, sério? Desculpa, (S/N)! Eu não sabia. Sinto muito - disse. — Ah, eu sou uma anta mesmo... Meu Deus! Eu... Ah! Me desculpe.

— Baekhyun, relaxa. Tá tudo bem. Não precisa se desculpar.

— Aish, precisa! Você quer tomar sorvete depois da facul?

—  Ahn... Pode ser.


•   •   •

Geralmente, numa manhã de segunda feira, as pessoas estão sempre mal-humoradas. E eu, de fato, não as culpava. Todas as segundas feiras eram um saco. Eu odiava. Tinha me tornado o que mais temia, o estilo de adulto chato que reclama toda segunda feira só porque é segunda feira.
De qualquer forma, eu precisava me contentar com a vida de adulto. Eu já era uma. E, subitamente, percebi isso quando comecei a me interessar por comprar panelas e desinfetantes de flores.
Eu sentia saudade da (S/N) de antes, contudo, precisava me permitir crescer e enfrentar a vida.
Liguei a tv e comecei a assistir o que passava em cada canal. Ainda não havia dado minha hora de ir, então resolvi sentar no sofá e assistir um pouco.
Em um canal aleatório, passava um filme que falava sobre acidente e pessoas mortas. Não mudei mais de canal e pus-me a assistir isto. Eu refleti.
Em todo lugar, pessoas morrem. A todo momento. Não há hora exata ou data marcada, mas esse é o ciclo da vida. Não há como mudá-lo.
Pessoas chegam ao mundo e pessoas saem dele. E sempre vai ser assim. Não há nada que possamos fazer para impedir o ciclo da vida. E tudo o que me restava era aceitar que nunca mais veria meu irmão, nem sua namorada e nem o meu sobrinho que ainda estava para nascer. Eles morreram e um dia também iria chegar minha vez. Um dia, minha alma se separará do meu corpo e talvez comece a vagar pelos sonhos aleatórios de pessoas que me amavam. Porque isso acontece. As pessoas sentem falta das outras porque o amor existe. Sem amor, acho que nem o ódio iria existir.
Olhei para o horário do meu celular. Já havia dado a hora. Me levantei apressadamente e peguei minhas coisas para levar para a faculdade, e então saí de casa e segui o caminho.


[...]


— Finalmente! - disse Baekhyun quando eu cheguei lá.

— Estavam me esperando? - perguntei a ele e aos meus colegas mais próximos.

— Sim. Por que não nos contou o que aconteceu? Podíamos ter ajudado você!

— Ah, eu não sei. Não queria falar sobre o assunto, eu só... Fiquei muito mal. Não diria que estou 100% bem, mas estou seguindo a vida. É a minha única opção restante, né?

— Isso aí, amiga! - disse o Robert, o antigo amigo gay que eu tinha feito na escola antiga. Eu sentia saudade dele e agradeci mentalmente quando ele começou a fazer a mesma faculdade que eu na semana anterior.

— Fala ai, Robert. Quais são as novidades? - perguntei.

— Sabe, tô crushando um aí... - falou, sorrindo maliciosamente. 

— Opa, quem é?

— Por enquanto vocês vão ficar na curiosidade!

— Para de ser babaca, Robert. Fala logo! - disse Baekhyun.

— Não falo, não! - insistiu ele. — Um dia todos vocês vão descobrir quem é o meu novo crush, bom, quando eu ter coragem de me declarar, né.

Na hora, uns coreanos passaram e nos olharam com nojo.

— Tá olhando o que, meu anjo? Somos lindos, né? Eu sei - respondi, já sem paciência logo de manhã.

— Vocês são ridículos - disse um deles.

— Ok, quero que responda porque somos ridículos. Porque no nosso grupinho há uma negra, um homossexual e três coreanos normais que não tem preconceito? Parabéns pela hiprocrisia e vá para a casa do caralho! - falei, completamente controlada para não fazer um barraco maior.

— Amiga, que isso! Arrasou!

— Para, Robert, só falei a verdade. Eles não podem falar assim com a gente!

— Você nunca foi assim tão estressada, (S/N). Está de TPM?

— Não, Jiwoo - respondi à irmã de Baek, que também era nossa colega de classe. — Estou normal.

— Não está, não! - disse Baekhyun.

— Ai ai, vocês são chatos - ri.


[...]


Eram duas da tarde quando eu saí da faculdade acompanhada de Baekhyun para tomar sorvete.

— Você vai querer de que? - perguntou.

— Creme - respondi. — E você?

— Morango.

— Ok - paguei o meu e ele pagou o dele.

Minutos depois, enquanto esperávamos os sorvetes, Yoongi me ligou.

— Oi amor - falei ao atender.

— Cadê você? - ele parecia cansado. — Você quer almoçar aqui em casa hoje? Nós podemos passar a tarde juntos.

— Hm, vou ver. Se der tempo eu vou.

— Você está fazendo alguma coisa?

— Eu estou na sorveteria com o Baekhyun, amor. Posso te ligar depois?

— O que? Na sorveteria com o Baekhyun? Só com ele?!

— É, Yoongi. Te ligo depois, ta bom? Tchau. Eu amo você.

Ele desligou na minha cara. Fiquei um pouco triste, mas fingi não me importar.

— O que foi? - Baek me perguntou.

— Nada. Cadê esses sorvetes que nunca chegam?!

•   •   •

Baekhyun me deixou em casa e eu fui direto para o quarto. Resolvi mandar mensagens para Yoongi.

(S/N): amor?

Quinze minutos se passaram. Ele visualizou e não respondeu.

(S/N): você vai mesmo me ignorar por causa disso?

(S/N): Yoongi, pelo amor de Deus, né

(S/N): para de ser infantil e me responde logo!

Ele continuava me ignorando. Visto que ele não me responderia, resolvi ir até a casa dele.
Toquei a campainha. Segundos depois, a mãe dele atendeu.

— Oi - falou.

— Oi. Cadê o Yoongi?

— Está no quarto. Entra.

Agradeci a ela e entrei. Subi para o quarto de Yoongi.

— Por que está me ignorando? - o olhei.

Ele não falou nada.

— Yoongi! Dá para parar com essa palhaçada e agir como um adulto? Vamos, me responda, por que você está me ignorando?

Ele me olhou com raiva e se levantou da cama, vindo na minha direção.

— Por que não vai tomar sorvete com seu amiguinho?

— Ah, não. Não acredito que você está assim por causa disso! - respondi, revirando os olhos. — Yoongi, o Baekhyun é apenas meu am...

— Eu não quero saber, (S/N). É melhor você ir embora. Não estou com paciência para isso.

— Só vou embora se você parar de agir assim e dizer que está tudo bem.

— "Tudo bem"? - ele riu debochando. — Então estaria tudo bem se você quisesse passar um tempo comigo e eu dissesse que estou com outra garota? Não! Não estaria tudo bem. Você iria ficar puta e faria um escândalo. Então, pare de ser hipócrita. Eu tenho todo direito de ficar bravo com você.

— Não tem, não! Yoongi, ele é só meu colega de classe. Eu não traí você com ele ou algo do tipo, até porque você sabe muito bem que eu amo você e não seria capaz de te trair. Mas não, você tem que ficar putinho porque não confia em mim, né?

— Cala a boca - falou. — Se veio para encher minha cabeça, pode ir embora. E não espere que eu te procure, porque eu não vou. É melhor você esperar esse seu amiguinho te procurar.

De repente, senti uma raiva fora do comum.

— Você é um idiota! - exclamei. — Por que está me tratando desse jeito? Eu não fiz nada para que você pudesse me tratar assim, Yoongi! O que está acontecendo?

— Eu estou cansado de você! - gritou. — É isso que está acontecendo, (S/N). Eu estou cansado de ouvir você falar na minha cabeça! Essa sua voz é irritante para caralho. Por que não dá o fora daqui e me deixa sozinho?

Prendi o choro. Suas palavras fizeram meu coração estremecer de dor.

— Se eu for embora, eu nunca mais vou voltar. E se eu sumir da sua vida, não me procure. Eu não irei aparecer - tirei o anel de compromisso e entreguei na mão dele.

— Vá pela sombra. Não vou sentir sua falta - disse ele.

E então eu fui embora dali.