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História The Twilight Saga - A long trip


Escrita por: Wonderfulll_P

Notas do Autor


• Oi oi, baldes de glitter;
• Eu disse nas notas do capítulo passado que nesse teria a reação do Edward, porém, precisei dividir o capítulo porque ficou muuuito grande. Então, no próximo, terão a reação dele.
• Passando pra lembrar que nessa história o amigo do Charlie – Waylon, o cara que Victoria, James e Laurent matam no barco no primeiro filme – não morreu. Não tem nenhum motivo específico, eu só esqueci que isso acontecia e acabei não escrevendo hahaha 🤭 Enfim, só estou avisando para não ficar dúvidas cado vejam Charlie falando dele, ou Triz.
• Boa leitura;

Capítulo 52 - A long trip


Ninguém sabia exatamente o que esperar. Compreendiam, apenas, que estavam seguindo uma viagem de carro que duraria seis horas inteiras, tudo para evitar embarcações e deixar a vampira longe de qualquer humano. Bree não falou muito durante as três primeiras horas, tão pouco Jasper. Edward e Carlisle quebravam o clima tenso do carro ao decidirem qual rota usar e, obviamente, ao fazer comentários sobre o casamento. Afinal, não tiveram tempo de parabenizações com a batalha e os desdobramentos que se sucederam após o seu fim.

- Jasper, filho, J. Jenks deu alguma resposta?

- Vou entrar em contato assim que estivermos em posse dos documentos dela, ele disse que levará duas semanas para refazê-los com as novas informações, se necessário. Precisará ficar conosco até que estejam prontos. - Disse Jasper, a última frese destinada a Bree.

Ele estava tentando ser condescendente. Tentando ver a garota ali e não a recém-criada que ela era. A última semana fora difícil para Jasper, tendo que reviver seu passado de diversas formas e agora, tendo que lutar contra o Major, o monstro sedento por sangue dentro de si que insistia em ficar na defensiva com a garota para, assim, poder descarta-la mais rapidamente.

- Ou até mais, se assim desejar - Carlisle disse a Bree, de forma amigável. - É livre para escolher por si mesma, só peço que seja discreta caso decida partir.

Bree apenas assentiu, transtornada demais para formular uma frase concreta. As caçadas não ajudaram muito, visto que não estava completamente saciada com o sangue de animal. Contudo, ela sentia dever algo aquela família que se arriscou tanto por alguém que sequer conheciam. Quando finalmente chegaram em Vancouver, Jasper pode sentir a apreensão emanando da vampira. Bree não sabia o que iria encontrar, se Fred realmente estaria a esperando ou se teria desistido ao constatar que a garota deveria estar morta como todos os outros de seu bando. Carlisle pediu algumas poucas informações sobre o tal vampiro, apenas para que seus filhos e ele próprio soubessem o que esperar. 

Bree foi vaga, ela mesmo não sabia muita coisa sobre Fred ou sobre seu dom para lá de interessante, mas tinha conhecimento de que todos os seus pensamentos estavam senso lidos e por isso não se atentou muito aos fatos. Edward, mais do que ninguém saberia o que esperar. Riley Park localiza-se entre as ruas Ontário st e E 30th Avenue. É grande, para dizer o mínimo, o tamanho de duas quadras. Atrás dele está localizado o Vancouver Canadians Baseball Club, onde Jasper faria questão de passar e comprar algumas lembrancinhas para a namorada e o irmão "mais velho", que eram fãs tão fanáticos do esporte quanto ele e o restante da família. 

Carlisle parou o carro no estacionamento público dentro do próprio parque. Deram sorte de estar nublado e com chances altas de chuva, mesmo para o meio do verão. Quando saíram do carro, Bree suspirou aliviada pelas ruas não estarem lotadas de pessoas. O local era completamente aberto, haviam poucas árvores e espaços com sombra. Era como se fosse um passatempo para as crianças jogarem baseball e sonharem estar no estádio. Nenhum dos Cullen, a não ser Edward, sabia exatamente o que procurar e por conta da quase inexistente presença humana, Jasper deixou a garota seguir a alguns passos na sua frente. 

Bree parou no meio do estacionamento e olhou para todos os cantos do parque, sua visão perfeita a ajudando no processo. Esperou sentir a barreira invisível que Fred conseguia produzir para repelir aqueles que pensavam nele ou mesmo chegavam muito perto, mas nada aconteceu. Temeu que fosse tarde demais, que ele já tivesse partido ou pior: que os tais Volturi o tivessem encontrado pelo caminho. Uma vez mais, Bree desabou. Suas emoções completamente descontroladas. Ela nunca teve amigos, uma família que a amasse ou protegesse, pessoas que se preocupassem com ela, alguém para chamar de amor...

Pensou ter encontrado isso com Diego, mas a sorte nunca esteve ao lado dela. Logo que o encontrou, o perdeu. Tão rapidamente como se sequer houvesse existido um Diego. E agora, Fred, seu único... amigo, se é que podia ser chamado desse jeito, poderia ter encontrado o mesmo fim. Será que era isso? Será que ela estava destinada a vagar pela eternidade perdendo tudo e qualquer pessoa que faça um mínimo vínculo de amizade com ela? Se for o caso, deveria deixar os Cullen o quanto antes e impedir que aquela família linda e amorosa encontrasse um fim terrível por sua causa.

- Isso não é verdade. Acalme-se, vamos encontrá-lo. - Edward falou, chamando sua atenção. - Ele falou 24 horas, certo? Talvez vá aparecer apenas a noite. Mesmo que saiba a verdade sobre o sol, pode estar tentando ser discreto.

- Espero que seja isso - ela murmurou, num fio de voz.

- Você saberia encontrá-lo, caso estivesse presente? - Carlisle perguntou.

- Sim. Somente eu consigo vê-lo, ele permitiria. Talvez fique receoso com vocês por perto, mas ainda assim, eu sentiria sua presença. Vocês também.

- O que faremos até o crepúsculo? É apenas uma da tarde. - Jasper falou.

- Pode ir comprar o que quer, ficaremos esperando ali nos bancos - Edward sugeriu.

Carlisle e Bree foram na frente, Jasper logo depois e Edward deu mais uma olhada ao redor antes de segui-los. O dia passou rapidamente. As nuvens carregadas ameaçando liberar a chuva que seguravam. Jasper retornou dez minutos após ter saído, com uma sacola com vários tacos de baseball e outra com acessórios esportivos. Parecia contente e realizado. Carlisle riu ao vê-lo.

- O que foi? - Disse o Major. - Eu fiquei em dúvida do que pegar.

- Me admira você não ter pensado em comprar o estádio inteiro.

Jasper revirou os olhos com a fala do irmão e o empurrou com o ombro, reluzindo um sorriso zombeteiro. Quando começou a escurecer, Bree ficou alerta para qualquer anormalidade que pudesse presenciar. Pensava em Fred com muito foco, pois sabia que se ele estivesse por perto, ela iria sentir-se perdida e sem saber quem procurava. O que, aparentemente, não era o caso. Quando as onze horas da noite bateram à porta, seu peito começou a apertar por temer o pior. Seu olhar pairava em todos os cantos com muita insistência, na esperança de sentir um enjoo ou qualquer coisa que fosse. Mas nada veio. Fred não estava ali. Cogitou ter errado o endereço de encontro, mas a frase dele estava fresca em sua memória. O local era o correto, ela mesma não sabia o porquê de o encontro ter sido marcado no Canadá, mas talvez fosse o local de nascimento de Fred ou um lugar familiar a ele.

- São quinze para a meia noite. - Jasper alertou.

Bree soltou um suspiro frustrado, de culpa ou o que quer que fosse. Não havia falado muita coisa durante o dia, apenas observado a interação dos três vampiros com ela. Eram próximos, amáveis um com o outro, mesmo quando discutiam sobre bobagens insignificantes. Uma família de verdade. Imaginou o que faria se tivesse conseguido sair ilesa da briga sem ser notada. Ela iria até o local onde estava agora e esperaria como está fazendo. E então... E depois? Voltaria a vagar pela noite, escondendo-se de tudo e todos por medo de ser encontrada ou machucada novamente? Eram só hipóteses, é claro. Mas não conseguiu parar de pensar nelas.

Quando o relógio no pulso de Carlisle marcou meia noite, ela levantou. Caminhou até o meio da praça deserta que o parque continha e encarou a lua em um pedido silencioso. Bree nunca foi religiosa. Seus pais não se importavam com isso e ela cansou de chorar e implorar para que uma divindade, fosse qual fosse, mudasse seu pai. Mudasse sua vida. Contudo, uma vez mais ela encontrou-se admirando aquela luz que nunca se provou mágica ou milagrosa e pediu mentalmente para que onde quer que Fred estivesse, esteja bem. Ela abraçou os próprios braços mesmo que o frio não a incomodasse e notou os olhos dos três vampiros sobre si. Viu o pesar nos olhos de Edward, a compreensão do que acontecera nos de Carlisle e a dor nos de Jasper. Certamente era a dela, sendo transmitida para ele. Olhou de relance uma última vez pelo parque e então percebeu que ele não apareceria. Seus olhos miraram o relógio de pulso do Doutor e fora ali que ela percebeu ter ficado dez minutos encarando a lua.

- Me desculpem tê-los feito me trazer até aqui - ela começou. - Acho que ele não...

E então, uma risada desconhecida soou em seus ouvidos. Bree virou o rosto imediatamente para o canto mais escuro da floresta. Ela sabia quem era, mesmo que fosse a primeira vez que o ouvira rir.

- Fred? - Chamou baixinho, temendo ser apenas a sua imaginação lhe pregando peças.

Ele saiu da escuridão e a visão dela ficou turva de repente. Um instante depois, lá estava ele: cabelos loiros, aparência angelical, vinte anos, 1,88 de altura com porte de um atleta e pálido como ela. O completo oposto de Diego, cujos cabelos marrons e a pele oliva destacavam-se em demasia. Os Cullen tentaram encarar o estranho na escuridão, mas tudo que sentiram foi uma forte repulsa e vontade de desviar o olhar. Nem Bree conseguiam observar agora. No entanto, seus pensamentos podiam ser lidos por Edward, seus sentimentos eram transmitidos à Jasper e sua conversa, ainda que quase um sussurro, podia ser ouvida.

- Não sabia que se preocupava tanto comigo a ponto de rezar para a lua - disse Fred.

- Você ouviu?

- Creio que você não tenha sido nem um pouco silenciosa. - Brincou. - Não consigo acreditar que tenha sobrevivido, você fugiu da batalha ou ganharam?

Nem mesmo ele poderia acreditar na última fala.

- Eu fui... salva.

- E Diego?

Fred viu o pesar nos olhos dela, antes de Bree desviar o olhar. Era tudo muito recente, muito doloroso.

- Eu... sinto muito - Fred falou.

- Eu também - Ela suspirou pesado. - Preciso te contar a verdade sobre tudo que aconteceu e quero que conheça os vampiros que me salvaram.

Fred olhou para os três homens que desviavam o olhar e conversavam uns com os outros. O dom dele fazia com que as pessoas não prestassem atenção em si e tão pouco conseguissem raciocinar o que acontecia ao pensar nele.

- Confia neles? - Indagou, seriamente dessa vez. Seus olhos pousando no loiro cheio de cicatrizes.

- Confio. Eu não estaria aqui se eles não tivessem mentido para me salvar e não tinham o porquê de tê-lo feito. Pode confiar em mim, Fred, eles não são nada do que Riley disse. São bons.

Ainda que relutante, o vampiro deixou que os estranhos participassem da conversa. A surpresa fora grande quando miraram Fred e não encontraram um monstro repulsivo, mas sim um jovem adulto normal e deslumbrante como todos os vampiros eram. Bree os apresentou formalmente, explicou o que sabia que cada um podia fazer e com a ajuda deles, esclareceu todas as mentiras de Riley e sua criadora, Victoria.

- Então eles estão mortos? - Perguntou ele, assim que o silêncio se fez presente.

- Não só eles, todos estão. Exceto nós e talvez aqueles que conseguiram fugir quando perceberam que a história do sol era mentira. - Disse Bree.

- Quem diria que os excluídos iriam sobreviver - riu amargamente. - O que fará agora?

Bree mirou Fred, pensando em suas possibilidades.

- Preciso ficar com eles por pelo menos duas semanas, até que minha nova documentação esteja pronta ou algo assim. Me ofereceram um lar permanente em troca da minha rendição durante a luta. - Ela esclareceu.

- Acho que deve ficar com eles, você merece a oportunidade de ser aceita em uma família de verdade.

- E quanto a você?

- Estou em casa, de certa forma, mas não ficarei por muito tempo. Tudo aqui é muito doloroso e não posso correr o risco de encontrar minha família ou amigos na rua, todos acham que morri... não estão errados.

Carlisle explicou o porquê de seus olhos serem dourados quando Fred perguntou e o deixou a par de que não era impossível tentar outra dieta.

- O bando costumava me chamar de Freaky Fred por conta do meu dom. Nunca me viram de verdade, apenas sabiam da minha existência e se enojavam quando tentavam me encarar. Eu era uma pessoa de poucos amigos e não gostava de atenção. - Disse o recém-criado, quando o Doutor perguntou sobre seu dom. - Eu chamo de Magnetismo Repulsivo, consigo ficar completamente invisível para qualquer um.

Quando as duas horas da madrugada chegaram, era hora de se despedir. Fred retirou do bolso um celular descartável e entregou para a garota.

- Eu tenho o número, ligarei assim que arrumar outro celular. Se precisar de mim é só chamar.

- Obrigada, Fred. Tome cuidado, não chame atenção indesejada para você e por favor, fique... vivo.

Ele riu novamente. Parecia até outra pessoa. O Fred que Bree conheceu vivia calado e sério, só saia para caçar e depois retornava ao seu lugar. Sem a ameaça de uma guerra iminente e ordens de alguém que não passava de um peão no jogo de Victoria, tudo parecia ter ficado para trás. Ele estava mais leve. Não feliz, mas contente que a garota havia sobrevivido e que aquele pesadelo enfim havia acabado.

- Vou ficar. Cuidem dela, por favor. - Pediu a Carlisle.

- É claro. Você é bem-vindo em nossa casa, Fred, só peço que evite caçar na região, somos discretos e mantemos residência na cidade.

Fred assentiu e despediu-se de Bree, sumindo na noite instantes depois.

[...]

- Para onde vamos agora? - Jasper perguntou.

- Acho que a parada mais lógica seria Seattle. Vamos nos certificar de que ela não tenha deixado nada para trás e então partir para Idaho. Pegaremos todos os documentos dela e descobriremos se alguém andou procurando por Bree. - Carlisle disse, pensativo.

Foram duas horas e meia de viagem do Canadá até Seattle, não que Bree ligasse muito para isso. Quanto menos tempo ficasse naquele lugar, melhor. Ela contou sobre todos os lugares que passou e dormiu enquanto era humana, sobre as pessoas que conheceu e que foram tremendamente rudes. Seu cheiro não estava mais na cidade e em todos os cantos que lembrava de ter passado eram apenas isso: lembranças. Bree os guiou para todos os esconderijos que Riley arranjou. Uma mansão destruída e completamente incendiada, um porão podre e fétido cujo mistério era como havia conseguido manter-se em pé; um estacionamento coberto onde o rastro de destruição era visível para todos e o cheiro da carnificina ainda rondava o lugar; a casa no meio da neve onde fora o último esconderijo do bando e, é claro, a cabana nas montanhas onde Riley e Victoria encontraram-se com os Volturi. Onde Diego fora torturado. Onde ela poderia ter tido o mesmo destino se não tivesse voltado para o bando como ele instruíra.

- Ele estava tentando te proteger, Bree, e você está aqui. Diego não morreu em vão, talvez ajude que saiba disso. - Edward falou, recusando-se a entrar com Carlisle e Jasper na cabana.

Bree não havia dito nada sobre a caverna subaquática onde ela e Diego passaram as melhores horas de sua vida e Edward pareceu fingir não ter conhecimento disso. Certas coisas merecem ficar intocadas, como as memórias naquele lugar.

- Eles realmente estiveram aqui. O cheiro de Jane e do restante da Guarda está muito forte naquela direção. - Jasper alertou.

- Ótimo, agora temos provas concretas. Fora as lembranças de Bree da noite do acontecido. Se Jane insistir em revirar esse assunto, ela cairá conosco. - Disse Edward. Não precisou aproximar-se muito para sentir o odor que Jane emanava.

Dali, partiram para a cabana ainda intocada. Bree viu os videogames jogados no canto da sala, o sofá onde Fred sentava e ela permanecia escondida atrás, as marcas de destruição que o seu antigo bando deixara por toda a parte e os restos mortais do que outrora fora um braço, agora, chamuscado e sem seu dono para se conectar novamente. Recolheu todos os seus livros e pertences que utilizava para matar o tempo, assim como um colar que sabia pertencer a Diego. O colar que ele havia lhe dado antes de mandá-la voltar e nunca mais aparecer. Ela nunca pensou que voltaria a pisar naquele lugar, mas fora bom ter voltado. Pelo menos uma parte de Diego continuaria com ela. Para sempre.

- Devemos deixar tudo como está. O nosso cheiro irá sumir em alguns dias e Alice verá se algum Volturi pensar em aparecer por aqui. - Jasper falou.

Passaram-se exatos três segundos até que uma mensagem de Alice fosse enviada, alertando que estava tudo seguro e que deveriam seguir viagem.

- Tem mais alguma coisa que pertença a você pela cidade? - Carlisle perguntou.

- Não, podemos ir.

Edward dividiu o peso dos livros, ainda que aquilo não fosse absolutamente nada para um ser sobrenatural. Ele riu ao ver as capas de alguns deles: Romeo e Julieta, Orgulho e Preconceito, Frankenstein. O mesmo gosto para romances trágicos que Bella tem. Já passava das cinco e meia quando voltaram a seguir viagem. Carlisle fez todas as curvas necessárias até chegar na I-82 E. Eram mais sete horas de viajem até Idaho.

- Onde você morava exatamente, Bree? - Carlisle perguntou, enquanto Edward mexia no GPS calmamente.

- No condado de Gem, uma cidadezinha com 6,284 habitantes chamada Emmett.

Foi a primeira vez que Jasper gargalhou abertamente na frente da garota. Edward e Carlisle seguiram seu exemplo.

- Isso é interessante. Emmett vai dar boas risadas quando souber. - Ed falou, ajustando o GPS para o local certo.

Precisaram parar em um posto de gasolina quando chegaram na cidade. Era completamente diferente das paisagens montanhescas e com cores vivas que passaram a caminho dali. Tudo parecia amarelo e um pouco desértico. As montanhas não tinham muito verde e a impressão que dava era de que o verão secou o pouco de vida que aquele lugar tinha. Bree ficou no carro para não correr o risco de ser vista, já que não sabia ao certo o que a cidade pensava que havia acontecido com ela. Muitas das casas eram bonitinhas, outras pareciam celeiros e ranchos de cavalos, com áreas de hipismo. A parte mais verde da cidade era o cemitério público, onde a grama destoava do restante da paisagem seca. 

O dia estava quente ali, mas nublado. Haviam muitas macieiras por todos os quintais, parecia ser uma tradição ou especialidade da cidade. Com o clima, Jasper não pode deixar de pensar que esse era o único tipo de árvore que podia florescer em qualquer época do ano. Bree os guiou até o local onde outrora fora sua casa. Era de tijolos a vista como muitas construções da cidade. Pequena, com apenas um andar e um pouco distante da área habitável da cidade. A grama seca crescia como uma praga até a altura das janelas, a casa parecia fechada e completamente deserta a mais de dois meses e não havia um mínimo sinal de vida por perto. Uma pichação em preto cobria toda a parte da frente da casa, onde a palavra "Assassino" podia ser vista a distância.

- Mas o que aconteceu aqui? - Ela falou baixinho, perguntando para ninguém em específico.

Carlisle se aproximou dos degraus da porta de entrada e encontrou vários jornais velhos e amarelados caídos nos degraus da pequena escadinha que dava para a porta. Os recolheu e voltou para o carro, estacionando atrás da casa onde ninguém poderia notar a presença deles.

- Parece abandonada a meses - disse Edward, passando as datas dos jornais para encontrar um que coincidisse com o período em que Bree fugiu. Quando encontrou, seus olhos se arregalaram. - Não sei se irá querer ver isso.

Bree pegou o jornal com cautela – ignorando a expressão no rosto de Edward –, como se fosse desmanchar em suas mãos. O único motivo plausível para aquele pedaço de papel estar inteiro era que no verão não chovia muito. Ela leu as primeiras linhas calmamente, procurando algo que indicasse o seu desaparecimento, mas o que encontrou foi muito pior.

"Idaho State Journal"

"EMMETT, Idaho - Na manhã da sexta-feira passada, 20, o Departamento de Polícia Forense de Nevada encontrou ossos humanos enterrados no Desert View Point. A vítima, uma mulher de 35 anos – idade em que foi morta – tinha dezenas de ferimentos profundos em sua ossada. Fora reconhecida como Margareth Murray Tenner, a causa da morte dada como Homicídio, associada ao seu marido, Vincent Tenner, cujas digitais foram encontradas no local do crime. O desaparecimento de Bree Tenner, 16 anos, filha da vítima e do executor, fora relatado pelo Gabinete do Xerife do Condado de Gem de Idaho, local em que Vincent morava desde o assassinato da mulher. As professoras da garota – que preferiram ter suas identidades preservadas – contaram que ela parecia sofrer abusos e que muitas vezes o pai fora chamado na escola para prestar esclarecimentos. Relatam, também, terem sido ameaçadas pelo mesmo. Vincent Tenner foi preso essa madrugada, 27, pelo assassinato de Margareth Murray Tenner e Bree Tenner – que não fora encontrada após dois meses de buscas. A polícia leva a crer que Vincent deu a filha o mesmo destino que a mãe, e agora procura aos arredores da cidade por onde morou, seu corpo. Vincent responderá por homicídio doloso, ocultação de cadáver, ocultação de provas, dentro outros crimes estipulados pelo Juiz."

- Ele matou a minha mãe - ela sussurrou, num fio de voz. - Eu passei a vida acreditando que ela tinha me abandonado...

Bree mirou o jornal no chão, nem sentiu quando seus dedos soltaram as folhas.

- Sinto muito, querida. - Carlisle falou.

Ela estava chocada demais para responder qualquer coisa. Assentiu, apenas, sem saber como prosseguir a partir dali. Ficou fitando o vazio por um tempo, transtornada demais para pôr os pensamentos em ordem. Jasper ajudou como pôde, amenizando a dor dela, mesmo que a sensação de alívio fosse passageira.

- Aí diz onde ela foi enterrada? - Questionou a garota, num fio de voz.

Edward examinou o jornal por alguns segundos antes de responder.

- Palm Eastern, em Las Vegas.

- Podemos passar lá depois de pegar suas coisas, se você quiser se despedir - Carlisle falou, solidário.

Bree não tinha palavras para descrever a gentileza daquele homem. Ele era bom, genuinamente bom.

- Obrigada.

- É melhor entrarmos agora, se demorarmos demais vamos chamar atenção. - Jasper falou, olhando para as ruas através da janela. Estava barulhento e pouco movimentado, mas as pessoas procurariam o carro chique que passou pela cidade.

- Tem razão. Bree, está bem para entrar? - Carlisle pergunto, recebendo uma confirmação discreta dela.

Edward entrou primeiro, abrindo a porta de trás da casa com a chave que Bree sabia onde era guardada. Ela entrou em seguida para não ser vista por ninguem. Prendeu a respiração ao olhar ao redor da sua antiga sala, não sabia ao certo se era por medo de ter voltado aquele lugar ou pelo cheiro podre que pairava no ambiente. A mobília estava quebrada e bagunçada, exatamente como ela lembrava. Havia lixo e restos de comida por toda a sala e cozinha, visto que era ela que fazia a faxina e após o seu sumiço seu pai provavelmente não fez questão de manter o lugar limpo. Nas paredes mofadas, a marca de socos e objetos arremessados era perceptível. O som dos roedores e das baratas vasculhando os cantos malcheirosos podia ser ouvido também. Ela não precisou sentir o dom de Fred para ter vontade de vomitar e tão pouco acreditou que passou a vida toda naquele lugar. Não haviam fotos nem decorações, nenhum sinal de que uma família feliz vivia ali. Tudo que Bree tinha estava em seu pequeno quartinho no final do corredor, mas nada que valesse a pena ser salvo daquele lugar.

- Sabe onde estão seus documentos? - Edward perguntou, trazendo-a de volta a realidade.

- Não, mas não tem muitos lugares para esconder. Pode tentar naquele quarto, é provável que estejam todos lá.

Ela não precisou completar em voz alta para que Edward soubesse que aquele era o quarto do pai dela e que a garota não tinha boas memórias do cômodo em questão. O vampiro sumiu no corredor com Jasper no encalço.

- Tem algo que queira levar com você?

Bree pensou nas palavras de Carlisle por um momento. Não tinha absolutamente nada que pertencesse a ela naquele lugar. Seus brinquedos da infância eram objetos velhos ou pedaços do que outrora foram bonecas. Suas roupas eram de brechó, muito curtas para o seu tamanho, e a única coisa que tinha em bom estado eram os livros didáticos dados pela escola. Não tinha joias ou maquiagens ou qualquer coisa que uma adolescente normalmente usaria. Contudo, no meio daquele monte de lixo e memórias terríveis, ela lembrou-se de algo que roubou de seu pai quando era pequena.

- Acho que há uma coisa - ela murmurou, seguindo reto pelo corredor com Carlisle ao seu lado.

Ignorou o barulho de gavetas e portas batendo no quarto que os outros dois vampiros estavam e entrou no cômodo pequeno que viveu por anos a fio. Continha apenas uma cama de solteiro e uma cômoda velha. A janela na parede era minúscula e mal entrava luz do sol. Ademais, era o local mais limpo e organizado da casa toda, parte disso por ela nunca ter tido pertences o suficiente para causar qualquer bagunça. Carlisle a viu abaixar-se ao lado da cama e enfiar o corpo no espaço vazio, onde Bree havia colado uma foto na parede. Ela saiu de baixo da cama limpando as teias do vestido que Alice lhe dera e entregou o pedaço de papel para o Doutor.

- É minha mãe, a única lembrança que eu tenho dela. Achei que meu pai a amasse e por isso havia guardado a foto, mas agora vejo que ele apenas esqueceu de dar fim a essa prova. Encontrei isso no quarto dele, anos atrás. Eu não sabia o porquê de tê-la guardado, mas não consegui jogar fora. Cresci achando que ela havia me deixado, mas nunca consegui ter raiva dela. Eu também iria embora se pudesse evitar passar por tudo que passei.

- Venha cá, criança - disse Carlisle, abrindo os braços.

Bree nunca abraçou ninguém e sempre invejou as pessoas que recebiam qualquer mínimo sinal de afeto. Ela não sabia como fazer, mas queria ser confortada pela primeira vez na vida. Na sua segunda vida. Lentamente, Bree aproximou-se de Carlisle e o deixou rodear os braços ao redor de suas costas. Foi estranho no início, mas reconfortante.

- Obrigada por tudo - ela falou.

- Não há o que agradecer, Bree. Pode contar conosco para o que precisar, estamos todos dispostos a ajudá-la a passar por essa fase difícil.

- Encontramos - Edward falou do quarto ao lado.

- É melhor nós irmos, temos muita estrada até Nevada. Tem certeza de que não quer pegar mais nada?

- Absoluta.

[...]

Com a noite chegando, Bells e Triz decidiram voltar para casa. A castanha ainda precisava fazer o jantar e se preparar psicologicamente para como iria contar ao pai que estava noiva. Anna resolveu ir com elas, já que sem a ameaça iminente de ninguém, agora podia zanzar livremente da sua casa para a dos Cullen durante a noite. Era entediante ficar a madrugada inteira ouvindo os roncos de Charlie. O Xerife ainda não tinha chegado da delegacia, continuava trabalhando dobrado. Bella preparou tudo rapidamente e Anna aproveitou-se do atraso de Charlie para fingir que já havia comido. Colocou a comida em seu prato e em seguida a despejou no prato da irmã. Charlie parecia cansado ao entrar em casa, mas alegrou-se ao ver suas três garotas esperando por ele para a refeição. Bom... quase todas.

- Desculpe por não esperar, mas eu estava morrendo de fome e você está dez minutos atrasado. - Anna defendeu-se.

- Não faz mal, querida, sinto muito pelo atraso. As últimas semanas tem sido difíceis, mas vai melhorar. - Charlie falou, já atacando o prato de comida que Bella serviu para ele.

- Vai sim, pai.

- Waylon disse que você está indo muito bem nos testes e no treinamento, Triz, se continuar assim irá concluir os seis meses de curso com honras.

Beatriz arregalou os olhos ao ouvir as palavras dele.

- Sério? Que incrível! Mal posso esperar para usar esse uniforme preto e sair por ligando a sirene da Rádio patrulha. Imagina, tio! Podemos ser o policial bom e o mal. E quando prendermos um maluco bêbado por aí, você vai dizer "você sabe porque está sendo preso?" - Triz imitou a voz do tio. - Então, quando o cara disser que não, eu grito um "você sabe o porquê!"

- Nossa, isso foi muito específico - Bella refletiu.

- Ela passa horas decorando as falas dos policiais da TV - Anna revelou, vendo a irmã mostrar a língua.

- Vocês não têm imaginação - A caçula acusou. Charlie deu boas risadas com a briguinha besta que teve início a partir desse comentário.

O restante da noite passou voando e em um piscar de olhos Anna já estava de volta a mansão. Passou boa parte da noite ajudando Esme e Rosalie a arrumar o quarto de hóspedes para que Bree se sentisse confortável e acolhida quando voltasse. Alice separou algumas roupas e sapatos nunca antes usadas por ela e entregou a Rose, para que ela guardasse no closet da garota. Essa era a vantagem de Alice ser pequena. Esme pendurou alguns quadros e decorou o quarto de maneira rápida e perfeita. Colocou um tapete cinza felpudo no chão, alguns abajures, vasos de plantas e almofadas que comprou na manhã daquele mesmo dia. Ela não sabia do que Bree gostava e talvez nem a própria Bree soubesse, mas colocou alguns materiais de arte, fotografia e alguns livros para completar sua criação. Esme era uma excelente arquiteta e decoradora. Atualmente, estava empenhada em aumentar a garagem, mas sempre tinha tempo para pequenos projetos em cima da hora e para seu trabalho oficial, que consistia em restaurar casas antigas e remodelar novas para serem vendidas.

- Espero que ela goste - disse a vampira, feliz com o resultado de seu trabalho. Nem parecia mais um quarto de hóspedes.

- É impossível ela não gostar, Esme. - Disse a Major, ajeitando a coberta lilás no canto da cama.

- Acabei aqui - Rosalie falou, fechando o closet.

- Perfeito. Agradeço a ajuda, meninas.

Esme as expulsou do quarto segundos depois, com a desculpa de que iria dar os toques finais na decoração. Rose foi fazer alguma coisa na sala enquanto Anna seguia para o quarto de Alice, afim de ajudá-la com os preparativos do casamento da prima e livrar Josh de ter que decidir entre as cores marfim ou casca de ovo.

- E então, o que eu faço primeiro? - A Major perguntou para a fadinha que sorriu radiante. Josh saiu de fininho do quarto e sumiu no corredor.

- Certo, vejamos... o racunho da lista de convidados já está pronta, o vestido também, o sapato já foi encomendado e os nossos vestidos estão em processo de criação, assim como os smokings. Preciso decidir as flores, os adornos, onde será colocado o altar e contratar o serviço de uma marcenaria para fazer os bancos. Pensei em fazer a cerimônia no quintal, entre as árvores e tudo mais.

- Vai ficar perfeito, é a cara da Bella.

- Não é? E pensar que eu precisei apelar para o lado sentimental dela para poder planejar a cerimônia. Ela e Edward queriam casar em uma capela qualquer em Las Vegas, dá para acreditar? - Disse ela, horrorizada.

- É, dá sim - Anna riu. - E a festa?

- Terá o mesmo estilo. Acho que podemos colocar uma pista de dança no quintal e ainda sobrará espaço para as mesas e o palanque dos discursos. Vou deixar o sabor do bolo para que Bella e Triz decidam, já que são as únicas daqui que irão comer. Agora, me ajude com as cores, temos muito o que fazer.

A madrugada transcorreu cheia de preparativos. Vez ou outra Alice e Anna acabavam em um impasse por conta das ideias divergentes, mas rapidamente chegavam a um consenso.

- Tons de lilás e roxo, Alice. Se vamos todas ser madrinhas, é só intercalar para não ficarmos com os vestidos iguais. Faz assim, coloque o meu e o de Triz com o mesmo tecido que o de Esme. Gostamos de bastante brilho. O tom dos dois está perfeito e os modelos também. Gostei da forma que você os deixou com um ombro só. O da Renée está a cara dela, não precisa mudar nada. O outros estão perfeitos também, já pode retirar isso da longa lista de afazeres. Você complica demais.

- Você é que é muito prática, eu gosto de me perder nos detalhes - resmungou a vidente, mas acatou a ideia de Anna.

- E quanto aos lugares, o que falta para ser decidido?

- Pouca coisa. Teremos que esperar as confirmações antes de fazermos o mapa das mesas. Durante a cerimônia será mais livre, exceto pelos padrinhos e madrinhas que ficarão na frente. O que me lembra... você precisa decidir se vai sentar no lado da família da noiva ou do noivo, com Jasper.

- No lado da noiva. Renée provavelmente vai trazer o Phil, não posso deixar Charlie de vela sozinho.

A baixinha riu.

- Isso seria cômico. Certo, Jazz vai ficar entre Rose e eu. Tudo ok, por enquanto. Amanhã irei contratar o bufe e o cerimonialista. Você encomenda as flores, os arranjos e as velas.

- De quantas flores estamos falando exatamente?

Alice abriu um sorriso maligno.

- Muitas, muitas flores.

Na manhã seguinte, Anna passou tudo o que já estava preparado para Bella. A castanha não deixou de ficar surpresa e nervosa com a rapidez com que as coisas estavam sendo encaminhadas. Triz havia ido para a delegacia com Charlie, já que conseguiu mudar o horário de suas aulas para ter as tardes livres. Bells e Anna passaram a manhã conversando sobre qualquer coisa que não fosse o casamento. Não era preciso ser um gênio para saber que a castanha ainda estava absorvendo a ideia de que era uma noiva. Ela ainda não usava o anel, visto que queria contar a Charlie primeiro, mas, para isso, esperaria Edward voltar.

- Ei, Anna - Bella chamou. - Quando você e Jasper ficaram juntos pela primeira vez... Foi como você esperava?

Anna a encarou emocionada, afinal, sua priminha estava querendo falar sobre sexo e isso era algo digno de um milagre.

- Foi melhor, muito melhor.

Bella enrubesceu.

- E como você conseguiu fazê-lo ceder?

- Com muita insistência e dor de cabeça. Sinceramente, cheguei em um ponto em que minha única ideia era aparecer completamente pelada e me atirar em cima dele, mas não precisei chegar a esse extremo.

- Vindo de você, eu não duvido. Edward me prometeu que vamos tentar, mas ele tem medo de me machucar no processo. Eu só estou... - Bella pensou em qual palavra usar, mas sua frase acabou sendo completada por Anna.

- Ansiosa.

- É, acho que é isso.

- Sei que essa situação é complicada e só consigo imaginar que com você a coisa é um pouco pior do que foi comigo. Jasper tinha total controle sobre sua sede, mas ele já sabia o que esperar e o que ia sentir. Para você e o Edward é tudo muito novo, muito puro, e de certa forma, inocente. Sigam seu próprio ritmo e não se preocupe com nada, vai dar tudo certo.

- Obrigada. Você sabe que eu não fico muito confortável falando sobre sexo, mas isso seria ainda mais constrangedor se fosse com Renée ou Charlie. Pensei em pedir algumas dicas para Alice, mas então lembrei que ela muito provavelmente recitaria o Kama sutra inteiro e para quem quisesse ouvir.

- É, isso é bem a cara dela. Pergunte o que quiser, porque eu tenho uma lista de afazeres e a sua melhor amiga fez questão de me deixar encarregada do seu vestuário na lua de mel.

Bella corou violentamente.

- Eu não vou ter poder algum sobre as escolhas das peças, não é?

- Como é inteligente - Anna elogiou, zombeteira. - E então, o que quer saber?

O restante da manhã passou voando. Perto do meio dia, Anna e Bella buscaram Triz na delegacia e almoçaram com Charlie na lanchonete. A Major dividiu uma porção de batatas fritas com Triz a contragosto, mas não podia continuar evitando comer na frente do tio. Teria um trabalhão para regurgitar tudo mais tarde. Dali, as três seguiram para Port Angeles. Maze estava muito quieta durante os dias que passaram e Anna, conhecendo a chefe que tinha, sabia que ela estava planejando algo grande. Porém, a tarde delas não era a trabalho e sim a passeio e, sendo este o caso, nada melhor do que escolher as peças da lua de mel na loja de moda íntima mais famosa das redondezas. Fora que, se Anna tentasse comprar em qualquer outro lugar que não lá, Maze provavelmente arranjaria um jeito de matá-la. Durante o caminho, Triz ficou folheando o livro de anotações que Alice incumbiu Anna de mostrar. 

Já que Bella não queria participar ativamente do processo de criação da cerimônia, ela daria pelo menos o seu aval para as escolhas da vidente. Enquanto Triz pontuava todas as suas observações e Bella comentava o que achou de cada coisa, Anna telefonava – ao volante, visto que era mais fácil ela virar morcego e sair voando do que sofrer um acidente de transito – e encomendava tudo que Alice havia pedido. Bells arregalou os olhos para a quantidade de flores, mas não falou nada. Na loja, Maze as recepcionou com uma alegria genuína. O local estava bastante movimentado para aquela hora da tarde e as novas peças da coleção de verão faziam sucesso. Triz levou Bella para a sessão de rendas e sedas, onde as lingeries eram delicadas, clarinhas e muitas delas feitas para dormir, mas sem perder a sensualidade caso dormir não seja o plano principal. Anna, no entanto, pegou sua sacola de compras e partiu para a parte que realmente queria, a parte que deixaria Bella de cabelos em pé quando visse as coisas na mala.

Pegou tudo o que tinha a certeza que ficaria perfeito em Bella e, principalmente, tudo que ela acabaria usando quando se sentisse mais confiante para tal. As peças iam do sexy ao depravado, nada muito fora do comum. Bella não viu nada do que Anna comprou, visto que a Major mentiu na cara dura e disse que tudo o que estava na sacola eram os mostruários que Maze a obrigava a experimentar par a ter uma base do que mandá-la vestir durante as sessões de fotos. Triz pescou a mentira no ato, mas Bells deu de ombros. A caçula das Swan's fez questão de levar algumas peças para usar ainda aquela noite, com Seth. Ela amava a ingenuidade dele. Seth sempre a admirava com uma feição apaixonada antes de ver o quão libidinoso era o apetite sexual de sua namorada e não se surpreenderia se na tarde de uma monótona quarta feira a visse segurando um par de algemas.

- Ei, Alice mandou mensagem - Anna falou, checando o celular assim que saíram da loja.

- E? - Triz murmurou, de boca cheia. Bella havia acabado de comprar um saquinho de pipoca para as duas.

- Ela disse que colocou a câmera no meu carro e quer que eu mande revelar a nossa foto de ontem.

- Bom, se Edward vir que estávamos todos metidos nisso, talvez não queira matar um por um - Triz opinou.

- Vale a pena tentar, eu gostaria de todos vivos até o meu casamento.

- É assim que se fala, Bells! - Anna se empolgou.

As medidas do quadro que a baixinha queria eram 90 cm de altura por 130 de largura. As garotas ficaram se perguntando onde diabos Alice planejava pendurar aquilo, visto que quase não coube no carro. No entanto, era apenas a tela com a foto – que ficou incrível, por sinal, sendo que até a atendente da loja deu boas risadas –, Alice teria o trabalho de arrumar a moldura, mas Anna não iria surpreender-se ela já tivesse providenciado tal coisa. O segundo quadro não estava nos planos, mas esse a Major sabia exatamente onde colocar. Triz achou a foto no porta luvas do Jeep, dentro de um envelope com várias outras fotos de um ensaio que a irmã havia feito no final de abril, quando ainda estava brigada com Jasper. Até mesmo Bella deu o aval positivo para que Anna fizesse um quadro enorme com aquela foto. Seria um presente para o loiro. De volta a Forks, Bella ficou em casa enquanto Anna levou a irmã até a reserva. Falou com Carlisle no caminho e o Doutor pediu para que ela checasse Jacob. 

Não foi difícil imaginar que muitos estariam paparicando o lobinho doente, mas Triz ficou muitíssimo contente ao encontrar o namorado e pular no colo dele, pouco se importando com a plateia. Sue estava ali, assim como Sam e Jared. A Quileute recebeu Triz com um abraço apertado e não poupou elogios a beleza das Swan's. Anna a cumprimentou assim que saiu do carro, tal como os seus amigos e Billy. Os deixou conversando e partiu para o quarto de Jake, onde o mesmo encontrava-se dormindo como um bebê. Ela seguiu as instruções do Doutor e colocou um dos saquinhos de soro que ele havia deixado propositalmente na casa de Billy, ao lado da morfina, caso ele sentisse muita dor. A aplicação foi complicada, visto que precisou ser injetado no braço esquerdo – o qual estava no canto da parede –, mas Jake nem pareceu sentir. Anna, no entanto, ficou sentada ao seu lado observando todo o liquido cair antes de retirar a agulha para evitar cortes acidentais. 

A temperatura elevada dele – algo em torno de 47°C – era um problema, visto que ele também estava com febre. Se fosse um humano comum, com uma marca de quase 55°C, já estaria morto. O soro ajudou no processo de regularizar a temperatura e a morfina aliviou a tensão nos músculos dele. Jacob dormia mais relaxadamente agora, era notável que passou a noite em claro. A Major pegou uma toalha e secou a testa, pescoço e clavícula esquerda de Jake, as únicas partes de seu corpo que não estavam cobertas por ataduras. Ele não estava tapado, e o quarto parecia um forno por conta do calor emanando de seu corpo, por isso, ela abriu um pouco da janela para que uma brisa entrasse. Somente quando a respiração dele não passou de uns pequenos suspiros cansados, ela sentiu-se segura para ir. Jacob já havia passado pelo pior e seus ossos estariam completamente cicatrizados até o fim de semana. Deu-lhe um beijo na testa e afagou seus cabelos antes de virar em direção a porta, dando de cara com Sam. Seguiram juntos até a saída.

- Você é boa nisso - disse ele, menos tenso do que quando ela chegou.

- Em que?

- Cuidar das pessoas. Claro, para uma sanguessuga. - Implicou.

- Você sabe que eu faria a mesma coisa por qualquer um de vocês, Sam. Talvez sem os beijinhos e tal, mas faria.

Ele riu.

- Sei disso. E acho que te devo desculpas pela forma que fiz os garotos agirem quando descobrimos que você foi mordida. Você enfrentou uma barra muito grande, mas sempre nos defendeu de todo jeito possível. Não há desculpas para o que eu fiz.

- Você não sabia, nenhum de vocês. Não me deve desculpas, Sam, juro. Vocês compensaram aquele dia de incertezas e continuam compensando desde então. Quantos frios podem dizer que são os protegidos da matilha? - Ela brincou, empurrando-lhe com o cotovelo.

- Ah, esse mérito é todo seu.

- Viu só? - Zombou. - Sabe de uma coisa? Acho que, para um Alfa, você é muito mansinho.

Sam revirou os olhos e bagunçou o cabelo dela antes de saírem da casa de Billy.

[...]

Jasper havia ligado. Informou que saíram do cemitério em Las Vegas onde a mãe de Bree fora enterrada as dez da manhã e que chegaria por volta das cinco da madrugada. 20 horas de viagem de carro da capital de Nevada até Forks. A situação foi extremamente triste para os quatro vampiros. Bree ficou sentada em frente ao túmulo da mãe, triste demais para dizer qualquer coisa. Disse que sentia muito pelo que tinha acontecido com ela e que talvez a vida das duas pudesse ter sido diferente se toda aquela tragédia não tivesse acontecido. Disse que a amava, embora não soubesse exatamente o que isso significava, mas achou que era o certo a ser feito. Por fim, depositou um buquê de flores que Edward comprou em cima da lápide, um último presente para a mulher que lhe deu a vida, mas que teve a sua roubada.

Anna voltou para casa após sair da reserva. Triz ficou, iria dormir na Sue – com Seth, algo que Charlie não sabia – e passar a noite fofocando com Leah. Bella e o pai estavam sentados na sala, após o jantar, em seu silêncio confortável de sempre. Anna nunca entenderia como conseguiam ficar sem falar absolutamente nada por um longo período de tempo. Durante a madrugada, Alice já a esperava na varanda, ansiosa demais para dizer o mínimo. Mal esperou a garota estacionar e retirou os quadros do carro com muita delicadeza. Edward havia ligado para Bella instantes antes de Anna sair e dito que iria direto para a casa dela. Ou seja, ele só veria a obra de arte em seus carros no dia seguinte. Alice levou o maior quadro para dentro e Anna levou o seu. A vidente já estava o pendurando na parede branca da sala no segundo andar, onde qualquer um poderia ver – até mesmo se estivesse apenas subindo as escadas. Anna largou a chave do carro na mesinha de sempre e subiu até a sala do segundo andar. Esme, Josh e Emmett conversavam animadamente no local.

- Ela já mostrou para vocês? - Questionou a Major, referindo-se a Alice.

- Passou tão rápido que mal notamos - Josh falou.

- O que tem aí, gata? - Foi a vez de Emm perguntar.

Anna virou o quadro, de forma que eles pudessem ver a foto. Esme sorriu, Josh sibilou um "uau" e Emmett assoviou.

- Pois é, preparem os ouvidos porque quando Jasper vir isso, meus amigos, não vai ter plateia que o impeça de te agarrar. - Disse o grandão, com malícia no rosto.

- Emm, modos - Esme o repreendeu.

- Só constatei o óbvio.

- E você lá sabe o que "constatei" significa? - Josh implicou com o irmão.

- Claro que sei, já li o dicionário duas vezes.

- Isso é realmente impressionante, mas temo em te desapontar ao revelar que ler o título do dicionário não é ler o dicionário de fato. Precisa lembrar de abrir o livro, entende?

- Ora, seu nerd - Emm implicou de volta, rindo com ele ao empurra-lo para o lado.

Emmett realmente era o mais descontraído dos irmãos, mas definitivamente não era burro. Ele gostava de apelar para a força bruta, algo como bater primeiro e perguntar depois. Josh, por ser um intelectual nato, gostava de tirar sarro por conta disso. Cada um tinha uma implicância com o outro, o que fazia as coisas na mansão andarem sempre agitadas. Com Edward eram as piadinhas com seu cabelo e a fundação de um clube só para irrita-lo, com Esme era a bagunça e a destruição desnecessária da casa, Rosalie vivia irritada, então para deixá-la ainda pior, era só falar de algo que ela discordasse. E, assim sucessivamente. A paz reinava e a alegria também, visto que a imortalidade tende a ser entediante. O que não era o caso da família Cullen.

- Certo, vocês gostaram mesmo? Acham que eu devo pendurar?

- É claro, querida! Ficou lindo e você é uma modelo excelente - Esme elogiou.

- Sim, sim e sim. Está incrível, mas tenho pena de você. Jasper vai ficar louco. - Emm falou.

- Mas só aparece meu rosto, já tirei fotos mais reveladoras do que essa.

- Só que em nenhuma delas tinha um cavalo - Josh pontuou.

- Você acabou juntando as duas coisas que Jazz é apaixonado num só lugar. Ele investe em santuários para cavalos selvagens e ajuda centenas de ongs ao redor do mundo a anos. De década em década, ele se aventura a passar uns anos em locais um pouco mais ensolarados para cuidar dos animais pessoalmente. - Esme revelou.

- Uma vez cowboy, sempre cowboy - Disse a Major, mil vezes mais apaixonada ao saber dessa notícia. Ela e Jazz eram transparentes um com o outro, mas ele tinha quase dois séculos de vida e não dava para resumir tudo em uma noite. - Certo, Emm, entendi o que quis dizer. É beleza demais em uma só foto, realmente.

- Cuidado com o seu ego, o coitadinho pode acabar se machucando ao despencar do pedestal que você o coloca - Josh zombou.

- Não se preocupe com isso. Meu ego tem seguro de vida e um paraquedas bem forte.

- Ah, as respostas rápidas - disse ele, com deleite.

Anna riu e piscou um olho na direção dele antes de subir para o terceiro andar, onde a baixinha já a esperava. Juntas, adentraram o quarto de Jasper e afastaram a cama para poder pendurar o quadro na parede atrás dela. Seria a primeira coisa que o loiro veria ao entrar.

- Ele vai amar, ficou perfeito. É uma pena que você não possa seguir carreira - Alice falou.

- Eu gosto das sessões de fotos, mas o resto é um tédio. Fora que eu provavelmente arranjaria briga com todas as modelos, Maze contratou umas garotas na primavera que por Deus, eram insuportáveis!

- É, está certa. Bella tem um imã para desastres, você para brigas e Triz uma mistura dos dois.

- Em minha defesa: eu não vou atrás das brigas, as brigas que vem atrás de mim.

- Se você diz - Alice resmungou, risonha.

Nem mesmo Anna acreditava no que havia acabado de dizer. Penduraram o quadro com rapidez e logo tudo estava em seu devido lugar. A morena admirou a nova decoração por alguns segundos antes de fechar a porta, ansiou para que Jazz chegasse logo. Faziam dois dias, ela estava com saudades e, principalmente, louca para ver se a reação dele para com o presente seria parecida com o que Emmett insinuou: "quando Jasper vir isso, meus amigos, não vai ter platéia que o impeça de te agarrar."

E ela mal podia esperar.


Notas Finais


• É issoooo;
• Sei que o capítulo não teve muita interação do nosso casal 10/10, mas prometo compensar MUUUUUITO no próximo. Ele foi mais puxado para o lado da Bree pq eu acho importante dar o máximo de visibilidade possível para todos os personagens e queria dar esse destaque para que soubessemos um bouco mais da história dela. Claro que essa é a minha versão dos acontecimentos, mas espero que tenham gostado.
• NÃO DEIXEM DE COMENTAAAAAR O QUE ESTÃO ACHANDOOO ❤❤❤
• FAVORITEM TBMMMM 🤭
• Bj, bj e até o próximo;
•😘😘


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