História The ugly side of love (Hyunin) - Capítulo seis

Seis anos antes…

Jantamos, mas é constrangedor. Soyoon e meu pai tentaram nos incluir na conversa, mas nem eu nem ele estamos a fim de falar. Ficamos encarando os pratos. Empurramos a comida com os garfos. Não queremos comer. Meu pai pergunta a Sooyon se ela quer ir sentar nos fundos da casa. Soyoon responde sim. Soyoon pede para Yejun me ajudar a tirar a mesa. Yejun diz sim. Levamos os pratos até a cozinha. Ficamos em silêncio. Yejun encosta-se no balcão enquanto encho a lava-louças. Ele me observa fazer o máximo para ignorá-lo. Não percebe que ele está por todo canto. Está em tudo. Todas as mínimas coisas acabaram de se tornar Yejun. E estão me consumindo. Meus pensamentos não são mais pensamentos. Meus pensamentos são Yejun. Não posso me apaixonar por você, Yejun. Olho para a pia. Quero olhar para Yejun. Inspiro o ar. Quero inspirar Yejun. Fecho os olhos. Só vejo Yejun. Lavo as mãos. Quero tocar em Yejun. Seco as mãos na toalha antes de me virar para ele. Suas mãos estão segurando o balcão atrás do seu corpo. As minhas estão cruzadas. 

— Eles são os piores pais do mundo — sussurra. A voz dele falha. O meu coração falha. 

— Abomináveis — concordo. Ele ri. Eu não devia me apaixonar pela sua risada, Yejun. Ele suspira. Também me apaixono por isso. — Há quanto tempo eles estão juntos? — pergunto. Ele vai ser honesto. Dá de ombros. 

— Há cerca de um ano. Era namoro à distância até nos mudarmos para cá, para ficar mais perto dele. — Sinto o coração da minha mãe se partindo. Nós dois o odiamos. 

— Um ano? Tem certeza? — Ele assente. Não sabe sobre a minha mãe. Dá para perceber. — Yejun? — Digo o nome dele em voz alta, algo que quero fazer desde o segundo em que o conheci. Ele continua olhando diretamente para mim. Engole em seco, depois exala superficialmente. 

— Sim? — Aproximo-me dele. Seu corpo reage. Ele endireita um pouco a postura, mas não muito. Sua respiração fica mais ofegante, mas não muito. Suas bochechas coram, mas não muito. Tudo é na medida certa. Minha mão se encaixa na sua cintura. Meus olhos investigam os seus. Eles não dizem não, então continuo. Quando meus lábios tocam os seus, é tanta coisa. É bom e ruim, e certo e errado e vingança. Ele inspira, deixando-me um pouco sem ar. Exalo bem perto , dando-a mais do meu ar. Nossas línguas se encostam, e nossa culpa se entrelaça, e meus dedos deslizam pelo cabelo que foi fez especialmente para ele. Meu novo sabor preferido é Yejun. Minha nova coisa preferida é Yejun. Quero Yejun de aniversário. Quero Yejun de Natal. Quero Yejun de presente de formatura. Yejun, Yejun, Yejun. Vou me apaixonar por você mesmo assim, Yejun. A porta dos fundos se abre. Solto Yejun. Ele me solta, mas apenas fisicamente. Ainda a sinto de todas as outras maneiras. Desvio o olhar, mas tudo ainda é Yejun. 

Soyoon entra na cozinha. Ela parece feliz. Tem o direito de ser feliz. Não foi ela quem morreu. Soyoon diz a Yejun que é hora de irem. Despeço-me dos dois, mas minhas palavras são apenas para Yejun. Ele sabe disso. Termino de lavar a louça. Digo ao meu pai que Soyoon é legal. Ainda não digo a ele que o odeio. Talvez jamais faça isso. Não sei que bem faria contar a ele que não o enxergo mais da mesma forma de antes. Agora ele é apenas... normal. Humano. Talvez isso seja um rito de passagem antes de o menino se tornar um homem: perceber que seu pai não entende mais da vida do que você. 

Vou para o meu quarto e me jogo desleixadamente na cama pegando o celular e mandando uma mensagem para Yejun. 

Eu: O que faremos em relação a amanhã? 

Yejun: Mentimos para eles? 

Eu: Pode me encontrar às sete? Yejun: Sim. 

Eu: Yejun? 

Yejun: Sim? 

Eu: Boa noite. 

Yejun: Boa noite, Hyunjin. 

Desligo o telefone, pois quero que essa seja a última mensagem de hoje. Fecho os olhos. Estou me apaixonando, Yejun.