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História The Veelar's - Capítulo XV - Instintos Primitivos e Temperamento Explosivo


Escrita por: Sperarys

Capítulo 16 - Capítulo XV - Instintos Primitivos e Temperamento Explosivo


As coisas poderiam ficar como estavam, parecia como um sonho longínquo há muito esquecido por Ayla. Ela e Mando se aproximavam cada dia mais, ao ponto de dormirem no mesmo colchão todas as noites após embalarem o pequeno num sono profundo e conversarem até o próprio sono chegar; os seus ferimentos se curavam rapidamente, ela passava seus ensinamentos de Haler Curandis para aqueles que se interessavam, ajudava a anciã a tratar qualquer tipo de enfermidade, vez ou outra se juntava a Dune para caçar animais para o jantar, além de manter seus cuidados com a criança como se ela fosse sua própria cria. Parecia uma vida comum, com pessoas comuns, num planeta maravilhoso, que lembrava seu antigo lar. Exatamente como ela sonhava quando não passava de uma adolescente de quinze anos ansiando para encontrar o amor da sua vida na vida adulta e estabelecer uma existência tranquila.

 

Bom, foi assim por duas semanas inteiras. Ayla estava no céu, a felicidade restabelecendo o espaço em seu coração. Mando também parecia muito tranquilo, menos arredio e mais comunicativo, especialmente com a mulher de Haleryr. 

 

Mas as coisas mudaram da água para o vinho em questão de horas. Uma enxurrada de acontecimentos sucessivos formariam uma bola de neve que atolaria tudo. 

 

Primeiro, Ayla despertou sem a presença de Mando na cama, o que a fez estranhar, uma vez que havia se acostumado com o calor do macho embalando seu próprio corpo. O pequenino também não estava em seu berço e o sol brilhava demais para ser considerado ainda cedo. Ela havia despertado mais tarde que o habitual, culpou o tônico para dor que macerou no dia anterior, que poderia causar sonolência enquanto realizava seu efeito analgésico. 

 

Ainda assim, Ayla limpou-se e trocou-se como o habitual, saindo do celeiro para procurar pelos meninos que entraram e mudaram sua vida por completo. Encontrou o pequeno brincando com Winta e mais algumas crianças perto de um dos poços de Krill, estavam entretidos com alguns sapos coloridos na beirada. Sorriu afetuosa para a cena, acenando para cada um com doçura. Porém, essa doçura morreu quando ela deu de cara com Mando pertinho de Omera, ambos estavam concentrados em reparar um pedaço do telhado da casa da aldeã que despencou durante uma chuva torrencial dias atrás. Poderia ser uma interação inocente, se a viúva não lançasse olhares fascinados a cada cinco segundos para o Mandaloriano agitando seus braços, batendo pregos nas vigas de madeira sem se dar conta que era observado com tanta tentação, e também as mordiscadas de lábios nada discretas. 

 

Aquilo fez as bochechas de Ayla esquentarem e um instinto primitivo tomou conta de seu corpo, fazendo-a caminhar a passos duros na direção dos dois, para fazer sabe-se lá o quê para interromper aquela cena medíocre ao seu ver. Seu lado tomado por instintos primários selvagens - muito comum de se sobressair nos últimos dias ao lado de Mando - sussurravam sem parar em sua mente, contemplando o homem revestido em Beskar reluzindo ao sol enquanto trabalhava: meu, meu, meu.

 

Omera foi a primeira a notar a aproximação da mulher e abriu um sorriso educado. 

 

-Bom dia, Ayla - cumprimentou, acenando - Levantou um pouco tarde hoje, espero que esteja tudo bem.

 

-Bom dia, Omera - sorriu forçado - Está tudo bem sim, gentileza sua perguntar. Então… Como anda o trabalho? 

 

-Acho que terminaremos o concerto ainda esta manhã - riu tímida, olhando para o macho - Mando está fazendo a maior parte do trabalho. 

 

Claro! E você está aí, engolindo-o com os olhos. Ayla pensou, venenosa, mas apenas exteriorizou uma risada forçada, curta e incômoda em sua garganta. 

 

Mando parou de bater o prego, soltando um suspiro pesado e olhou para Ayla, girando o martelo em sua mão enluvada. 

 

-Sabe onde está o pequeno? - perguntou para a Haler Curandis, a voz modulada saindo rouca e levemente ofegante pelo esforço. 

 

Em outras circunstâncias, Ayla teria achado absurdamente sexy e passaria horas pensando em coisas nada inocentes onde aquela respiração desregulada poderia marcar presença. Contudo, ali naquele momento, uma cólera irritante subiu pelo seu corpo. 

 

-Bom dia para você também, Caçador - o substantivo enrolou como uma serpente furiosa em sua língua, assim como era nas primeiras interações com o guerreiro - Ele está em um dos poços de Krill brincando com sapos junto das outras crianças. 

 

O Mandaloriano apenas anuiu com a cabeça, curvando-se para pegar um punhado de pregos na caixa bem no pé de Omera. 

 

-Ótimo, preciso falar com ele - alinhou um prego em uma viga e começou a bater o martelo - E com você também, mas depois que eu acabar aqui. 

 

-Claro - disse estrangulado, observando as partes visíveis de seu bíceps se tensionando a cada colidir da ferramenta - Depois que acabar aí, sabe onde me encontrar. 

 

Ah mas ela faria questão de dar um bom trabalho para que Mando a achasse. 

 

Murmurou uma despedida curta, afastando-se ainda mais irritada do que antes. 

 

Ele mal prestou atenção nela, estava mais ocupado agradando a doce Omera, consertando seu telhado como um bom moço faria. 

 

Argh… Mando e suas cortesias. Ayla praguejou, amassando demasiadamente forte a pobre grama com os pés a cada passo.

 

Decidiu se juntar à anciã e repassar as visitas aos doentes acamados, como sempre era feito durante a manhã pela mais velha. Acabou encontrando-a no meio da tarefa, mas a mesma ainda achou bem-vinda sua presença. 

 

O restante da manhã e a hora do almoço passaram voando. Ayla tinha acabado de banhar o pequeno ali mesmo na banheira de latão posta no celeiro e terminava de vesti-lo quando Mando cruzou a entrada, seu porte alto e imponente tomando conta de todo o ambiente. 

 

Ayla fez questão de ignorá-lo a princípio, alisando a túnica bege do pequeno e batendo o indicador de leve na testa enrugadinha ao finalizar tudo. 

 

-Prontinho, cheiroso para brincar novamente - o pegou no colo e o colocou no chão. 

 

A criança deu uma olhadela animada para o Mandaloriano antes soltar um gritinho e sair correndo celeiro afora, para se juntar às crianças brincando com uma bola velha próximo ao local. 

 

-A cada dia que passa, você se parece mais como a mãe dele - Mando comentou, observando a maneira amornada como Ayla observava o pequeno se afastar. 

 

-Me apeguei com o tempo, acho que você me entende - suspirou, voltando-se para a banheira ainda cheia - Ele também te conquistou. 

 

Ouviu os passos suaves das botas pisando na madeira velha.

 

-Ayla… - se aproximou da mulher. 

 

-Hum? - mantendo-se de costas, começou a encher os baldes para jogar a água fora. 

 

-Você está daquele jeito de novo - sentiu a presença atrás de si, perto demais. 

 

Farta daquilo, Ayla largou o balde no chão, espalhando um pouco de água por ali e se virou para o macho, fitando irritadiça o visor em T. 

 

-Olha só, é realmente uma graça você ajudar tanto, admiro isso em você - mordeu os lábios - Mas… Mas será que você não percebe as intenções incrustadas quando alguém lhe pede ajuda? Ou você se oferece como um príncipe cavalheiro sempre que uma mulher aparece? 

 

-Onde quer chegar com isso? - questionou sem demonstrar emoção - Lógico que eu percebo as intenções, é por isso que penso bem antes de ajudar, às vezes a pessoa quer me passar a perna ou deseja algo valioso demais em troca. 

 

-Não esse tipo de intenção, Din - Ayla negou com a cabeça, rindo anasalado - Você não percebe o jeito que Omera te olha? 

 

Mando encarou a mulher por alguns instantes, sem mover um músculo.

 

-Você está com ciúmes de Omera? - disse por fim, parecendo abismado.

 

As bochechas de Ayla arderam, ela desviou o olhar para o chão, desejando que a terra pudesse engoli-la ali mesmo. Pelos deuses, estava sendo mais embaraçoso do que imaginava essa interação. 

 

-N-Não é bem assim… Eu… É… - gaguejou, mexendo nervosa as mãos.

 

Din segurou o queixo da mulher com o indicador, erguendo-o para que pudesse fitar seus lindos olhos. 

 

-Nunca imaginei que poderia provocar uma reação dessas em você - confessou, rindo fraco - Justo você… A mulher mais bonita e segura de si que eu já pus os olhos. 

 

-Não zombe de mim, Din Djarin - disparou defensiva, afastando o queixo do dedo enluvado - E não me confunda. Se… Se a deseja como ela o deseja, diga a mim aqui e agora antes que… 

 

-Ner Cyare (meu amor) - riu mais, uma risada leve e rouca, que provocou estímulos indecentes em Ayla - O que sinto por Omera é apenas admiração, ela é uma mulher forte, bonita, confiante e… - parou, puxando o ar entre os dentes, o som ampliado pelo modulador - E não é alguém que eu posso e desejo ter por perto nesse sentido. Pese isso e nos nossos últimos dias.

 

O coração de Ayla disparou. Foi impossível para ela segurar um sorriso aliviado, derretido por aquele macho, que agora acariciava seu rosto contemplativamente e descansava a outra mão em sua cintura. De certa forma, o gesto se juntou às palavras e fez Ayla sentir-se boba por sentir ciúme quando Mando estava tão vulnerável perto de si nos últimos dias, demonstrando afeto, conversando, se abrindo e… Adorando-a como ela o adorava, silenciosamente, ainda contendo parte de seus sentimentos. Ainda assim, somente para e com ela. 

 

-É o suficiente, querido - era a primeira vez que o chamava daquele jeito carinhoso, como sua mãe chamava seu pai. 

 

E nunca pareceu se encaixar tão bem.

 

De novo, Ayla encostou sua testa na do capacete de Din, sorvendo a presença reconfortante do Mandaloriano, que a puxou para mais perto, agora as duas mãos encontrando seu lar na cintura fina delineada pelo vestido azul. Os dedos longos e finos da mulher acariciaram a nuca gelada do capacete, por pouco encostando na borda e encontrando o manto.

 

-O que você está fazendo comigo, Ayla? - Din sussurrou, entorpecido, ansiando sentir o toque dos dedos em seus cabelos e não em seu capacete.

 

-Eu te faço a mesma pergunta, Caçador - apoiou as mãos nos ombros largos, sorrindo confidente - Mas eu não quero que cesse… Não mais. 

 

-Mesh'la…  - chamou em tom de súplica. 

 

-Hum?

 

Ouviu nitidamente o engolir em seco, quase podendo visualizar as engrenagens do cérebro do macho girarem enquanto pensava no que responder.

 

-Eu tenho uma proposta para fazer e seja qual for sua resposta, eu aceitarei. 

 

Se afastaram um pouco, Ayla franzindo as sobrancelhas de confusão. 

 

-Que proposta?

 

-Omera e os demais aldeões querem que fiquemos aqui, mas nós atraímos atenção demais por essas bandas com o ataque aos saqueadores - contou - Tanto eu quanto Cara Dune precisamos ir antes que nos encontrem e causemos problemas à essas pessoas. Já você e a criança podem ficar… Vocês estão felizes aqui e… 

 

-Din - o interrompeu, balançando a cabeça - Eu não ficarei se você não ficar, lembra que eu trabalho para você?

 

-As coisas mudaram, Ayla, e você sabe disso - contrapôs. 

 

-Talvez você tenha razão, mas não pretendo me afastar de você, ainda mais depois… De tudo - gesticulou para si e o macho - Quero ficar ao seu lado. 

 

Mando ficou sem palavras, mas Ayla não esperava qualquer resposta e lhe deu um pequeno sorriso provocante.

 

-Nada que diga vai mudar o que penso, meu companheiro de nave - se afastou, o pensamento vagando para o verdinho - Mas e quanto ao pequenino? 

 

-Vou deixá-lo aqui, a vida que levo não é para uma criança -murmurou, movendo-se para a coluna de sustentação do celeiro mais próxima e encostou a coluna, cruzando os braços - Ele ficará bem, terá uma infância digna, coisa que não podemos dar se ficar conosco.

 

Ayla concordou com as palavras de Din, preferindo não imaginar por enquanto qualquer cenário de despedida. Seria dolorido demais dizer adeus à pequena criança verde com quem passou os últimos meses, como havia dito para Mando, se apegou a ele. Mais do que deveria, mais do que qualquer um em sã consciência faria. 

 

-Quando iremos partir? - ainda assim, quis saber. 

 

-Talvez daqui um ou dois dias - declarou polido - Terá todo esse tempo para se despedir dele, Cyari’ka.

 

-Será difícil contar para ele - pegou o balde cheio da água do banho, suspirando - Não faço ideia de como fazer…

 

-Encontraremos uma forma menos dolorosa - Din assegurou - Para todas as partes. 

 

A Haler Curandis deu um meio sorriso triste. 

 

-Claro que vamos- encarou o macho, arqueando uma sobrancelha zombeteiramente - Mas por agora, por que não seja o príncipe cavalheiro e ajude essa pobre donzela a esvaziar a banheira? 

 

-Como se você precisasse de ajuda para fazer qualquer coisa, donzela - riu, desencostando-se do pilar.

 

-De fato, não preciso - entregou o balde cheio à ele, sorrindo maliciosa - Mas não posso evitar de admirá-lo trabalhar, senhor Djarin.

 

-Gosta de me admirar enquanto trabalho, senhorita Veelar? - perguntou por cima do ombro, indo para a saída do celeiro.

 

-Oh sim, é encantador o jeito como se concentra - cruzou os braços embaixo dos seios - E está nos meus direitos como companheira de nave, querido.

 

Ouviu o guerreiro gargalhando conforme sumia de seu campo de visão. 

 

-Mais tarde teremos que ver o conceito desses direitos! - escutou a provocação.

 

-Para ampliá-los, você quer dizer - incitou mais alto, mordendo os lábios para conter a própria risada. 


 

—//—

 

-Então… Você e Mando ein? - Cara comentou com um sorriso malicioso - Eu o vi saindo do celeiro rindo como se estivesse bêbado de spotchka e isso é meio que impossível. Quem diria que laçá-lo seria tão simples para você?

 

-Não sei o que está querendo dizer - Ayla disfarçou o rubor do rosto olhando para as árvores do seu lado direito, oposto ao da ex-soldada. 

 

A Haler Curandis e Dune caminhavam pela floresta numa patrulha curta, apenas para certificarem-se de que nenhum perigo espreitava. Estava tudo saindo como os conformes, igual aos outros dias. Á vista, apenas árvores gigantes, animais silvestres dando as caras aqui e ali, a brisa quente batendo no rosto e muito papo jogado fora.

 

-Assim você não engana ninguém, garota - Dune bateu o ombro no da amiga, rindo. 

 

-Já chega desse assunto, me fale de você, para onde vai depois daqui? - Ayla mudou de assunto, encarando a outra - Espero que dê para manter algum tipo de contato.

 

Cara ia responder, um sorriso pequeno pintando os lábios grossos. Porém, o estalar de algo a fez ficar em alerta, ela levantou a mão pedindo o silêncio e sacou a blaster, andando furtiva para o meio de um arbusto alto. 

 

Apreensiva, Ayla a seguiu, sacando a adaga da coxa. O tempo da mulher cruzar o arbusto foi o tempo em que o tiro de uma blaster soou. Arregalando os olhos, viu uma figura toda coberta com roupas marrons e uma máscara cobrindo o rosto caindo no chão próximo de uma árvore, morto por um tiro nas costas dado por Cara Dune. Um grande rifle de precisão estava jogado do lado do corpo inerte, aparentemente pronto para atirar em algo. 

 

-O que… - Ayla começou. 

 

-Caçador de Recompensa - foi tudo o que Dune disse, desgostosa. 

 

Ouviu passos se aproximando e logo Mando deu as caras, ofegante e muito preocupado. Seu olhar de gavião logo captou o macho morto no chão e com o pé o virou, expondo um aparelhinho bipando e emanando uma luz vermelha piscante. Um rastreador fobe.

 

-Quem está rastreando? - Cara perguntou, tombando a cabeça para o lado. 

 

-A criança - a resposta fez o sangue de Ayla gelar. 

 

-Sabem que ela tá aqui - a ex-soldada afirmou. 

 

-É…- Mando exclamou mais para si mesmo do que para a outra. 

 

-E mais deles virão, sem cessar - uma voz até então nova fez todos se virarem para o arbusto. 

 

Ayla imediatamente reconheceu o manto que cobria o corpo moreno e robusto de O’Zoran, ao contrário de Cara e Mando, que sacaram as respectivas blasters. 

 

-Parado! - Mando ordenou. 

 

-Não se mexa! - grasnou Cara por cima. 

 

O’Zoran abaixou o capuz e levantou as mãos em rendição. Por baixo da pesada vestimenta, Ayla viu diversos tipos de armamento presos em suportes, desde facas, adagas, até explosivos e blasters.

 

-Parem já com isso, abaixem as blasters! - Ayla mandou exasperada, caminhando até o macho, olhando-o surpresa - O que faz aqui? 

 

-Não é obvio? Ele tá aqui pela criança! - o Mandaloriano cuspiu, medindo o Haler Flame - Quer levá-la. 

 

O’Zoran expôs os dentes num sorriso cortante, os caninos levemente pontiagudos reluzindo de presunção. 

 

-Sempre perspicaz, Mando - provocou - Mas sinto em lhe informar que meu propósito aqui não é pegar a criança e sim eliminar aqueles que querem matá-la. 

 

-Não parece fazer sentido para você que trabalha para aqueles que a querem - rebateu, sem abaixar a arma. 

 

-O Império a quer viva e saudável.  - deu de ombros - Não fui designado para caçá-la, logo, não tenho porquê levá-la, apenas silenciar aqueles que estão com os fobes errados. Você, boneca - sorriu de canto, apontando para Dune - Fez o trabalho por mim e eu agradeço. 

 

Apoiou uma mão enluvada no peito, fazendo uma leve menção de cortesia que fez Cara chiar de descontentamento. 

 

-Bom, se não tem mais o que fazer aqui, pode ir embora - enfim Mando abaixou sua blaster - Já estávamos de saída. 

 

O’Zoran o ignorou, voltando-se para Ayla e lhe dando um brilhante sorriso, que foi esvaindo-se conforme ele analisava com mais calma o rosto da Haler Curandis. 

 

-O que caralhos aconteceu com seu olho? - segurou o rosto feminino, girando-o para analisar o olho com o hematoma curando, exibindo uma cor esverdeada - Não me diga que… 

 

-Não, está tudo bem! - o cortou, segurando seu pulso - Foi só uma confusão, mas por um bom motivo. Eu estou bem. 

 

-Está?! - grunhiu cético, a largando - Não preciso ter seu dom para saber que deve ter mais machucados por baixo desse vestido. 

 

Olhou para Mando, que mantinha-se ereto, encarando-o de volta. 

 

-Eu disse que se a machucasse teria problemas - vociferou, andando até o guerreiro, quase batendo o peito no dele.

 

Ayla engoliu em seco. Haler Flames eram muito conhecidos pelo temperamento explosivo como o próprio fogo, certamente O’Zoran não seria diferente. Não seria nada bom provocar sua raiva. 

 

-O’Zoran, ele não me machucou. Foi em uma incursão para salvar o povo inocente dessa aldeia - apontou em direção às habitações - Eu lutei como uma guerreira, me defendi e me machuquei no processo, mas foi por uma boa causa. 

 

Mantendo os olhos no visor de Mando, O’Zoran respondeu: 

 

-Não precisa provar que é uma guerreira lutando em guerras em que sangue pode ser derramado. Você tem suas próprias batalhas para provar seu valor, Ayla. 

 

Deu mais um olhar fuzilante antes de se afastar e voltar-se para a Haler Curandis:

 

-Odiaria perder mais alguém de meu povo - os olhos castanhos flamejantes brilharam com uma dor antiga - Não faça coisas suicidas, você não tem treinamento para ser uma guerreira. 

 

- Eu fui treinada um pouco - apontou para Dune - Soube me defender bem. 

 

Arqueando ambas as sobrancelhas, O’Zoran visualizou Cara Dune com um novo interesse, que não passou despercebido por Ayla. Devagarinho, os olhos castanhos quentes mediram a ex-soldada de cima a baixo, como se analisassem um oponente interessante e muito poderoso, digno do desperdício de seu tempo, suor e atenção. Por fim, o Haler Flame abriu um sorriso de canto, daqueles que tiram o fôlego de qualquer um. 

 

-Uma soldada de choque - concluiu, rindo anasalado - Duras como as armas que empunham, não é boneca? 

 

-Continue me chamando de boneca e eu vou te mostrar o que pode ser duro bem no seu estômago - Cara exclamou calmamente, matando-o com a mirada. 

 

O’Zoran gargalhou, puxando o ar entre os dentes. Olhou para Mando, depois para Ayla, a diversão perdendo o lugar por um ar sério. 

 

-Vocês tem que sair daqui com a criança, fugir para bem longe - instruiu - Há muito mais fobes distribuídos por aí e eu sou um só, não posso protegê-la e a qualquer momento o Império pode mudar minhas designações.

 

-Daremos um jeito de mantê-lo a salvo - Ayla assentiu. 

 

-Não só ele, você também - tirou algo do bolso de seu uniforme e estendeu para a mulher - Sabia que tinha chances de te encontrar e trouxe isso - Ayla pegou o bloco de metal fino, com uma longa tela e dois botões na lateral - Eu mesmo programei, é uma engenhoca descartada de Pershing. É seguro, eu prometo, impossível do Império rastrear. Tenho um exatamente igual comigo, nós podemos nos comunicar por aqui em tempo real. 

 

-Oh… Isso é incrível - girou a peça, leve como uma pluma, entre as mãos. 

 

-A avisarei se souber de algo maior planejado para a criança - O’Zoran garantiu, afastando-se - Eu tenho que ir.

 

Colocando o capuz, o Haler Flame não disse mais uma palavra e se foi, sumindo pela floresta e deixando o trio sozinho novamente, mas com novos questionamentos pipocando na cabeça. 

 

-Idiota - Cara cortou o silêncio, apontando com o queixo para onde O’Zoran tinha sumido.   


 


Notas Finais


Heeyy pessoal, como vocês estão?!

Mais um capítulo com Din e Ayla derretendo nossos corações! Cara... Só digo uma coisa para eles: se beijem logo, pleaaaseee.

Um fato importante: notem como tudo é muito selvagem, mediado por instintos, quando se trata de O'Zoran e Ayla. Isso pq a raça Haler é caracterizada por ter mais esse lado selvagem mesmo, muito falado pelo Juno Ress. Convenhamos, esse fato deixa tudo mais gostoso e intenso quando o assunto é as interações desses dois Haler , seja com qualquer um (me julguem, mas eu amo shuashuhsau)

Juro que vou responder os comentários o mais rápido possível!
Muito obrigada por todo o apoio que venho recebendo de vocês, a história está crescendo muito e eu tô surtando demais, jurava que não ia tão longe.
Bjs do Grogu! <3


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