História The Virus - T01EP19 - A Bolha De Água

Caroline : Tomara que a Amélia esteja bem.

Bem, eu estava realmente em um enorme luto. Não sabia lidar com o real e o inimaginável. Óbvio que ninguém imaginária o fim do mundo.

Mas quando a minha mãe morreu em meus braços, eu percebi a gravidade da situação que estou vivendo. Que todos estão vivendo. Eu estava bem impaciente.

Eu estava andando pelas ruas. Meio despreocupada, mas sempre com o revólver em minha mão. Já era 18:30 e eu não havia encontrado um lugar pra dormir. Eu realmente achei que poderia viver sozinha. Que tola sou eu.

Até que quando já estava cansada, avistei a caixa d'água que abastecia um lado inteiro da cidade. Decidi que iria subir. Cada passo que eu dava era um tiro no escuro. Aqueles caras poderiam todos me matar. Mas o por do sol estava lindo. Era gratificante ver que realmente, há coisas que não mudam.

Sera que eu devia ter ficado lá? Deveria ter enfrentado os meus pesadelos? Não sei. Mas ali em cima eu estava me sentindo incrível. Meus cabelos voavam com o vento. Pareciam brincar. Mas aí eu ouvi muita correria. Olhei para baixo e vi dois soldados subindo. Na hora pensei " Puta merda, será que dou conta?"

Então atirei contra eles. Eles retrucaram. Eu não acertei nenhum dos dois. Havia me restado apenas três balas. Deveria ter aceitado a ajuda da Emma. Então coloquei a cabeça para ver e atirei. Acertei um, que acabou caindo e se estraçalhando todo. O outro subia. 

Ele chegou ao topo. O sol estava partindo. A noite caindo. Apenas percebi, que a morte não estava pra brincadeira. Por incrível que pareça ele parou e ficou me encarando. Vi que ainda havia humanidade nele. Mas será que eu ainda tinha isso? Será que eu ainda poderia me considerar alguém? Matar eles era totalmente normal para mim. Quando eu tinha me tornado isso? Quando eu achei certo e pior ainda, normal matar eles?. Mas ali, era ele ou eu. 

Quando ele se moveu eu atirei contra ele as duas últimas balas que me restavam. Ele caiu para trás, e igual o outro... Morreu. Eu me sentei. Fiquei em choque. Me sentia como naqueles filmes, em que os fins justificam  os meios. Geralmente babacas pensam assim. Então aquela noite eu passei ali. Dormindo e sonhando como se tudo não passasse de um sonho.

Minha mãe iria me acordar, eu e Caroline iríamos brincar na praia e meu pai traria sorvete pra nós duas. Trixie viria e levaria a gente para patinar logo em seguida. Era tudo normal novamente. Mas aí eu acordo com uma mão sobre a minha cara. Eu me debato. Tento me soltar, mas desmaio.

Acordo em um lugar familiar. Era a minha casa! Eu me levanto espantada. Vou para a cozinha. Ouço um barulho atrás de mim. Coloco a mão da cintura e não sinto a minha arma. Mas para a minha surpresa eu não precisaria de uma. 

Era a Trixie. Será que tudo aquilo era real? Será que as coisas realmente poderiam voltar a ser normais? Eu corro e abraço ela. Com lágrimas escorrendo de meus olhos, pergunto para ela :

Amélia : Trixie! Como... Esse tempo todo pensávamos que você estava...

Trixie : Calma pequena. Onde está a mamãe e a Caroline?

Amélia : Caroline está bem,... Mas a mamãe... Ela morreu Trixie...

Eu chorava feito criança. Minha irmã acariciava minha cabeça. Era como quando eu batia o joelho e minha mãe me consolava. Pode ser que nada volte ao normal, pode ser que nós vamos morrer nessa nova vida. Mas sempre que tivermos uma família ao nosso lado, seremos completos.

Aquela imensa culpa que eu tinha, que eu pensava estar comigo pra sempre, partiu. Entendi que minha mãe nunca mais iria voltar. Por mais duro que isso seja, eu entendi. Agora posso viver sem medo. Ou sobreviver sem culpa. Mas tudo isso um dia vai acabar. Eu tenho certeza.

Continua..