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História The Walking Dead- A Fortaleza (Interativa) - 1x07- Kalel


Escrita por: KamiCheney

Notas do Autor


Personagens e Photoplayers:
Sienna Clark (Natalie Imbruglia)
Slater Hunt (Clive Standen)
Kalel Burton (Dwayne Wade)
Bree Ramon (Phoebe Tonkin)
Éder "Babaca" Bryan (Luke Pasqualino)
Jane Albuquerque (Megan Charpentier)
Aruna Leal* (Vanessa Hudgens)
Shivani Abbas* (Simone Ashley)
Gray Martinez* (Cole Sprouse)

*Personagens enviados por outros usuários.

Espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 8 - 1x07- Kalel


Fanfic / Fanfiction The Walking Dead- A Fortaleza (Interativa) - 1x07- Kalel

Quando cruzamos a porta do motel, naquela tarde, nem mesmo o vento ousara suspirar em um tom que não fosse fúnebre. Durante todo o caminho, Slater não pronunciara uma só palavra, embora esse seu comportamento já fosse habitual, dessa vez, seu silêncio era diferente. Seus passos estavam mais lentos e pesados, e sua respiração mais profunda.

As pessoas do motel aproximavam-se de nós para prestar condolências, mas Slater parecia não se importar, nem mesmo ouvir. Seus olhos, que, pela primeira vez, não demonstravam-se brilhantes e atentos, pareciam já ter contemplado horrores imensuráveis ao longo de sua vida, tal que esta era só mais uma perda. Só mais um dos muitos episódios que o assombrariam durante a noite.

—Slater? Sienna?— disse um homem calvo, logo que entramos— Aruna pediu para avisar que estará em seu quarto, conversando com Jane. Sua amiga já está sendo atendida por Shivani.

—Ótimo— eu respondi, Slater caminhou até o outro lado da recepção para falar com Suzy.

—Acredito que tenha várias perguntas, me dá um minuto de sua atenção?— perguntou, a senhora concordou e caminhou com ele para algum lugar. 

Eu permaneci na entrada por mais alguns segundos enquanto a figura dos dois desaparecia do meu campo de visão. Tudo o que eu mais queria era dormir e descansar de hoje, mas eu não era a única a pensar assim. Havia sido um dia difícil para todos nós. 

Eu me dirigi até o quarto de Aruna para dar uma olhada em Jane, bati levemente na porta e a abri. A pequena estava aos prantos no abraço de Aruna, chorando e batendo nas costas da jovem enquanto gritava "não é justo". Realmente, não era justo, Jane. Eu me retirei, antes que notassem minha presença. Não era o tipo de situação que eu saberia lidar. Eu não lido bem com o choro, não me dou bem com a parte do consolo.

Caminhei pelo motel enquanto as pessoas se retiravam, em breve, essa seria nossa casa. Eu comecei a reparar em cada um dos integrantes, como sua futura líder, gostaria de, ao menos, lembrar de todos os nomes. Gostaria de ser tão boa quanto Rick ou Deanna. Pela culatra, vi Gray saindo para o telhado. Por um momento, em meio a todo o caos, eu havia esquecido que trouxemos mais um aliado. Eu fui até meu quarto e peguei a garrafa de Whisky embaixo da cama, Éder e eu havíamos roubado de nosso último abrigo provisório, nunca se sabe quando irá precisar de uma boa bebida.

—Ei— eu disse, ao subir as escadas— aproveitando a vista?

—Havia tempo que eu não via um pôr do sol com tanta calma, sem me preocupar com onde iria passar a noite.

—Nem eu— eu disse, sentando-me ao seu lado e abrindo a garrafa, tomei um longo gole e o ofereci— Você bebe? 

—Você se surpreenderia—ele disse, aceitando a garrafa e tomando um longo gole.

—Acho difícil, minha primeira bebida foi aos 8 anos, meu pai era louco— disse, tentando conter um sorriso, apesar de tudo, eu costumava gostar quando meu pai se perdia no meio da bebedeira. Ele falava devagar e, dificilmente, com coesão.

—Já fazia um bom tempo que eu não via alguém morrer. Eu havia esquecido o quão ruim era.

—Eu gostaria de poder dizer o mesmo— disse, fazendo uma pequena pausa e tomando mais um gole da bebida— Então, Gray Martinez, se quer ficar conosco, preciso que responda com honestidade a 3 perguntas.

—Tudo bem— ele disse, um pouco curioso.

—Quantos zumbis já matou?— perguntei.

—Foram tantos que eu nem saberia contar— ele respondeu. 

—Quantas pessoas já matou?— perguntei, ele tomou um longo gole e respirou fundo antes de responder.

—Só uma.

—Por quê?— perguntei. De todas as perguntas para entrar em Alexandria, essa sempre foi a que mais odiei. Nunca pensei que as repetiria.

—Meu melhor amigo, Boozer—ele respondeu— estávamos juntos nessa, mas, por um descuido, precisei sacrificá-lo. 

—Ah, diacho!— exclamei, levantando-me— Quer saber? Fique com a garrafa, vai precisar mais do que eu— eu fiz uma pausa— suponho que vá dormir aqui em cima, certo?

—Provável— ele disse, contemplando o tão esperado pôr do sol. Eu desci as escadas e parti à procura de Slater, toda essa conversa só me fazia pensar nele. 

No caminho, decidi passar na enfermaria para checar como Bree estava. A enfermaria possuía um vidro com uma película de cor azulada, não permitindo que um dos lados visse o que se passava do outro lado, graças a ele, Bree e babaca não puderam me perceber bisbilhotando a conversa deles.

—Você está mentindo!— dizia Bree, eu podia facilmente imaginá-la com sua sobrancelha arqueada e o rosto debochado.

—Não estou, Bree— ele a respondeu em um tom calmo.

—Ela não pode ter feito isso para nada.

—Escuta, se acalma— ele fez uma pausa, possivelmente uma brecha para Bree revirar seus olhos, é estranho o quão bem eu a conheço ao ponto de conseguir catalogar suas reações— depois que ela a apontou na minha cara, nós tivemos uma conversa, como pessoas civilizadas, e tudo acabou bem. Ela teve seus motivos, Bree.

—Ah, e quais são?— ela perguntou, extremamente debochada.

—Sienna!— disse Shivani, cumprimentando-me, era a primeira vez que estávamos nos falando— Veio ver a Bree?

—É, vim, sim— eu me apoiei de costas no vidro para olhar para Shivani— mas parece que ela e Éder já estão muito entretidos. 

—Nem me diga!— ela disse— Esses dois passaram a manhã inteira discutindo. Mas isso é bom, ela está falando, então, me parece um bom sinal— Eu olhei para ela com uma cara de espanto— Ah, me desculpe, eu era estudante de veterinária, não costumava lidar com humanos.

—Conhecendo meu grupo, você está na sua zona de conforto— eu disse— Aliás, falando em animais, você viu o Slater?— ela riu. 

—Está no refeitório, com Suzy e Aruna.

—Obrigada, diga à Bree que eu passei aqui— eu disse, locomovendo-me rapidamente para o refeitório. 

Aruna estava sentada em uma mesa, em frente à Suzy, que estava sentada em uma cadeira. Slater estava em pé atrás da mesma, com seus braços cruzados, apenas ouvindo as lamentações da idosa sobre como seu marido era gentil. 

—Posso falar com você em particular?— perguntei a ele de forma ríspida e direta. Ele olhou para Suzy e Aruna antes de me responder.

—Claro— ele disse— Volto em um minuto.

—Tudo bem— respondeu Aruna. Enquanto eu o retirava do refeitório e caminhava em direção ao lugar mais próximo que tivéssemos privacidade, meu quarto.

Eu abri a porta para ele, que nada havia questionado até então, e Slater entrou no quarto. Eu parei atrás da porta e a tranquei.

—Vá em frente—eu disse.

—O quê?— perguntou, completamente confuso.

—Vá em frente— eu disse— Chore, grite, xingue, quebre alguma coisa, mas não fique aí fingindo que o que aconteceu hoje não significou nada pra você.

Naquele momento, tudo o que Slater vinha segurando o dia inteiro, apenas se soltou. Lágrimas encheram seus olhos e escorreram por suas bochechas, não por tristeza, mas por angústia. Era nítido que Slater se culpava pelo que acontecera hoje. De todas as reações possíveis, o choro era a única que eu não estava esperando, não de Slater. 

Ele se sentou na ponta da cama, apoiado nos cotovelos, com as mãos no rosto, enquanto, entre os soluços de seu choro, tentava se acalmar e respirar, voltar ao seu estado neutro. Eu me aproximei de Slater e coloquei minha mão sobre seu ombro, tentando demonstrar apoio. Definitivamente, não sou boa de consolo, mas estava tentando.

—Durma aqui essa noite, a cama é grande o suficiente para compartilharmos sem que nos encostemos— eu sugeri, me afastando e começando a me desarmar para deitar.

—Não, não precisa— ele disse, já um pouco mais calmo, mas ainda fungando.

—Precisa— eu disse, acendendo uma vela— Acredite, eu sei, melhor que qualquer um, como é ruim ter que dormir sozinha na cama que você dividia com o falecido namorado— ele olhou para mim aguardando explicações, mas eu não poderia dá-las—Fique aqui.

Slater deixou seu machado em cima de minha penteadeira empoeirada e deitou-se, de costas para mim, do lado direito da cama. Aiden sempre dormia ao meu lado direito. 

—Quer conversar sobre?— perguntei.

—Não.

—Acha que precisa conversar sobre?— insisti.

—Talvez— respondeu, sua resposta me surpreendera um pouco— eu não devia tê-lo deixado ir. 

—Não foi sua culpa, você sabe disso.

—Não foi culpa de ninguém— ele prosseguiu— eu fico tentando encontrar um culpado, alguém para sentir raiva, mas o único culpado é ele mesmo. E a mochila.

—É, a mochila foi mesmo um desastre— eu disse, ele soltou um pequeno riso.

—Kalel nunca quis matar um zumbi— ele prosseguiu— não carregava uma faca por opção. Quando eu o encontrei, tentei ensiná-lo a forma certa de se sobreviver, mas ele insistia em fazer de seu próprio jeito.  Até que o palerma sobreviveu por vários anos, mas, no fundo, eu já sabia que um dia isso iria acontecer.

—Ele só queria ajudar.

—Esse é o problema, ele sempre quer ajudar, mas nunca quer ser ajudado— respondeu— ele não media esforços quando se tratava de ajudar alguém, mas era completamente ignorante quanto à própria vida. 

—Um amigo meu foi mordido enquanto tentava ajudar alguém— eu disse, calmamente, tentando completar as frases, era a primeira vez que eu falava de Carl desde que acontecera— Ele já havia matado muitos zumbis, mas, mesmo assim, em um descuido, foi mordido tentando ajudar uma única pessoa.

—Eu sinto muito— ele disse.

—Eu quem sinto.

—Não sinta, Kalel e eu fizemos um acordo há muito tempo,— dizia ele, agora, com a voz normalizada— dissemos que não iríamos sofrer, que seguiríamos em frente, caso um de nós se fosse, concordei porque sempre pensei que eu iria primeiro. Sempre me esforcei pra isso. 

—O luto não significa que não seguirá em frente depois.

—Mas significa que estamos sentindo agora. Kalel não queria ser sentido. Ele era mais duro e forte do que parecia— ele soltou um pequeno riso— se tivesse sido eu, provavelmente, ele estaria bebendo vinho e conversando como se nada estivesse acontecendo.

—Você não tem que ser como ele. 

—Eu sempre fui— respondeu.

—Então, por que esteve se remoendo o dia todo, e não apenas sobre Kalel?— perguntei, ele soltou, novamente, um pequeno riso seguido de um suspiro.

—Boa noite, Sienna— ele disse, cortando-me, eu nunca havia visto Slater falar tanto em um só dia, então, não o forçaria— e obrigado.

—Foi um prazer, Slater.


Notas Finais


Continua no próximo capítulo, "Our safe place".
Previsão para a postagem: 06/03/20.


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