História The War - 54

Ainda sentindo seus braços me abraçando eu respirei fundo deixando que certa sensação de calma me possuísse. Eu sei que ambos estamos muito assustados e confusos, se eu me deixar levar pela ansiedade posso acabar estragando as coisas.

Chen – Talvez não seja o melhor momento mas... o que é aquilo? – ele perguntou apontando seu dedo para meu ventilador perto do guarda roupa.

S/N – Aquilo é um ventilador – ri baixinho – Sabe, serve para ventilar....

Chen – Ah, Sehun é quem cuida disso em Exoplanet – sua voz saiu um tanto baixa – Ou cuidava..

S/N – Ei, você não tem certeza sobre isso – me afastei um pouco e o encarei – Eu sei que é difícil, partilho do mesmo sentimento que você, Chen. Mas precisamos deixar a culpa de lado e forcarmos em nossa volta para Exoplanet. Os meninos precisam de nós.

Chen – Eu odeio não saber o que fazer – ele se levantou e passou as mãos por seu rosto – Sempre sou eu quem tenho as repostas para tudo, agora me sinto tão burro. Eu nem mesmo sabia o que era um ventilador sendo que é muito óbvio.

S/N – Pare com isso, as crianças também me perguntam o que é aquilo – sorri de lado vendo-o rodar seus olhos. – Sério, Chen. Não se preocupe com isso, qualquer dúvida você pode contar comigo e com sua inteligência eu tenho certeza de que logo voltaremos.

Chen – Você é tão otimista – riu nasalado e parou diante do meu pôster – Você sabe quem escreve The War? – perguntou ainda de costas.

S/N – Bom, pelo o que eu sei, a pessoa coloca um pseudônimo – ele me olhou confuso – É tipo um nome irreal, entende? Um nome artístico.

Chen – E qual é esse pseudônimo?

S/N – E.L – respondi franzindo um pouco meu cenho – Eu nunca tinha parado para pensar por esse lado – me levantei e me aproximei dele observando também o pôster – Como é possível que The War seja escrita por alguém sendo que todos os acontecimentos são em tempo real?

Chen – Talvez The War não seja escrita – seus olhos expandiram-se com essa conclusão – É claro, a história em quadrinhos está ligada a nossas vidas. Se uma humana como você pôde descobrir sobre nossa existência isso só pode significar que The War é “feita” por uma pessoa que já nos conhecia desde antes.

S/N – Onde quer chegar?..

Chen – E.L pode ser na verdade uma pessoa do meu universo. E se ela acabou caindo na terra e precisou fazer isso para voltar a seu planeta natal?

S/N – Mas.. isso não faz sentido, Chen. – bufei e me sentei na cama – Vocês me disseram que a terra foi extinta a muito tempo.

Chen – Ele pode ter voltado no tempo – ele disse um pouco sobressaltado – S/N, eu acho que estamos indo pelo caminho certo. Você sabe onde essa pessoa vive?

S/N – Ah, eu não sei – cocei minha testa – Posso tentar pesquisar mas é muito difícil eu conseguir informações pessoais de uma pessoa assim.

Chen – Não é só colocar o nome e número da pessoa no computador?

S/N – Bom, talvez se tivéssemos um nome real e seu número pudéssemos acha-lo mais rápido – os ombros de Chen caíram – Mas calma, eu vou tentar encontrar, vou ver se o autor vai fazer algum evento, vamos conseguir encontra-lo.

- S/N, com quem está falando? – a voz de meu pai soou junto aos barulhos da porta sendo batida.

Chen me olhou com os olhos arregalados e encolheu-se um pouco perto da cadeira.

Chen – Esse é seu pai? – ele perguntou baixinho.

S/N – Estou falando com Helena – franzi meu cenho olhando para Chen implorando por silêncio.

- Vocês já vão se falar na escola, desça ou vai se atrasar – minha expressão contorceu-se em um enorme ponto de interrogação. Como assim vou me atrasar?

Me aproximei da janela e puxei a cortina me deparado com um dia brilhante e sem nuvens.

S/N – Como é possível? – olhei para Chen – Não faz muito tempo desde que ainda era noite.

Chen – As horas na terra passam rápido assim?

S/N – Não e isso é o mais estranho – cocei minha cabeça – Eu nem mesmo ouvi meu pai chegando. Você ouviu o som de um carro?

Chen – Se com carro você está se referindo ao mesmo tipo de automóvel que temos em Exoplanet, não, eu não ouvi. – suspirou – Você deveria se arrumar.

S/N – Como eu vou para a escola com você aqui em casa? Não vou te deixar sozinho. Se meus pais de veem aqui já era.

Chen – Eu posso dar meu jeito – deu de ombros.

S/N – Não mexa seus ombros assim tão calmo! Você tem noção do que meus pais podem fazer ao encontrar um garoto no meu quarto?

Chen – Talvez eles gostem de mim?......

S/N – Os pais não são assim, Chen.. – rodei meus olhos e fui até meu guarda-roupa – Você vai comigo.

Chen – Ah, claro. Melhor jeito de me manter escondido é me mostrar para um monte de jovens na flor da idade.

S/N – Uau, me desculpe, senhor idoso – apoiei minhas mãos na cintura e me virei para ele – Você pode passar facilmente por um garoto de 17 anos.

Chen – Por que eu não gostei de ouvir isso? – ele cerrou seus olhos enquanto se aproximava de onde eu estava – Essas são suas roupas? – ele começou a passar seus dedos pelos tecidos – É estranho ver tantas vestimentas sendo que na base você vestia praticamente a mesma coisa todo dia.

S/N – Por que eu não gostei de ouvir isso? – lhe dei um pequeno empurrão e peguei uma calça jeans junto de uma blusa azul comum. – E só para deixar claro, eu tenho mais de um conjunto lá na base.

Chen – Não estou te julgando – riu e levantou suas mãos em rendimento – Só apontei fatos verdadeiros.

S/N – Por que não fica ali perto dos pôsteres enquanto me troco? – arqueei minhas sobrancelhas e o vi bufar enquanto se virava de costas. Chequei se ele estava devidamente sem qualquer tipo de visão da minha pessoa e comecei a me trocar rapidamente.

Chen – Você não deveria sentir vergonha de mim – o vi cruzar os braços – Vivemos juntos a muito tempo.

S/N – Isso não muda nada – sorri vendo-o um pouco desconfortável. – Eu já estou pronta.

Chen – Finalmente – ele se virou e brevemente analisou minhas roupas – Sabe, parece que estamos na base de novo. – peguei a primeira coisa que estava perto de mim e joguei nele ouvindo sua risada preencher meu quarto – Estou brincando, eu gosto das suas roupas.

S/N – Tá bom – me recompus e arrumei meu cabelo. Fui até a porta e abri uma pequena fresta vendo se havia alguém no corredor.

Chen – O que que você está olhando? – ele surgiu bem ao meu lado e perguntou num sussurro. Com o susto o empurrei para longe.

S/N – Não faça isso – arregalei meus olhos – Só saia quando eu disser. – “Tudo bem” ele murmurou e sentou-se na cama. Abri a porta um pouco mais e dei meus primeiros passos notando que não tinha ninguém por perto. Eu respirei fundo e estava me virando para chamar Chen quando ouvi algo suspeito.

- Venha direto para casa, S/N – minha mãe disse carinhosa.

- E cuidado com os carros, fiquei sabendo de uns estudantes que foram atropelados – meu pai completou me deixando totalmente confusa. Com quem eles estão falando?

Comecei a descer, lentamente, as escadas e parei bem diante a porta da cozinha ainda ouvindo meus pais dizerem coisas para uma suposta S/N. Inclinei um pouco meu corpo, fazendo com que apenas minha cabeça ficasse a vista de algum deles e arregalei os olhos ao ver meus pais abraçando o nada. Literalmente o nada. Eles enlouqueceram?

Me virei para subir as escadas mas acabei batendo de frente com Chen que me segurou pelos braços. Fiz um sinal para que ele olhasse para a cozinha e quando ele o fez voltou-se para mim com as sobrancelhas juntas.

Chen – Seus pais continuam a dizer seu nome para o nada. Isso é..

S/N – Não, isso não é normal – enfiei minhas mãos dentro do meu cabelo – Chen, meus pais estão loucos.

- Vamos indo – ouvi minha mãe dizendo e então agarrei Chen pela gola de sua blusa e corri para a porta da frente. Assim que saímos no jardim eu e ele nos escondemos atrás de umas moitas. Meus pais saíram juntos e então começaram a acenar para algo que andava pela rua. O problema é que não tinha nada na rua.

Chen – Hum, isso é estranho – ele levou um de seus dedos até a boca – Seus pais podem ver algo que não vemos.

S/N – Ou eles enlouqueceram.

Chen – Sua mãe parecia muito bem ontem – ele tocou meu ombro – Tenho certeza de que vamos encontrar a reposta. Seus pais não enlouqueceram.

S/N – Não podia piorar, não é?

Chen – Precisamos apressar nossas pesquisas – ele ergueu o dedo – Temos que encontrar E.L. – na mesma hora um ronco alto saiu de sua barriga. Vi suas bochechas ficarem vermelhas e então comecei a rir – Eh, talvez antes de começar podemos comer alguma coisa?