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História The White Stone - Entre as Árvores Novas de Ithilien


Escrita por: ArikaKohaku

Notas do Autor


Olá... É de madrugada aqui em Portugal.. estou com uma insónia horrivel e resolvi escrever este capitulo, não sei porquê, apenas escrevi... então nao sei muito bem o que esperar dele... Enfim, boa leitura

Musica - Celtic Woman - Voice

Capítulo 8 - Entre as Árvores Novas de Ithilien


Fanfic / Fanfiction The White Stone - Entre as Árvores Novas de Ithilien

O cavalo de Aragorn corria velozmente sobre o piso do novo caminho que levava Minas Tirith até Ithilien, existia lá uma pequena comunidade de elfos. Tinha sido o próprio Legolas a criar essa comunidade. Constituída por elfos errantes e sem casa ou que tinham vindo com Legolas de Mirkwood com a intenção de ajudarem na reconstrução do reino de Gondor. Aquela parte do reino especialmente, que por estar nas bordas de Mordor sofrera muito às mãos do lado negro. Esses elfos eram mestres de construção e ferragem e Ithilien, um principado sobre a soberania de Faramir, crescera belo pelas mentes dos elfos e forte pelas mãos das pessoas bondosas que agora marchavam por lá.

 

Quando Arwen adoecera fora até eles em busca de auxilio, mas eles não sabiam nada da arte da cura. Então enviara a milícia para as terras a norte, na esperança que Mirkwood ainda estivesse por aquelas terras. Por sorte, a milícia tinha cruzado o seu caminho com o de Legolas e Gimli. E o elfo tinha vindo para o ajudar, como sempre fizera desde o inicio da sua amizade. Mesmo que tarde para salvar a Rainha, ele salvara Eldarion. E o que Aragorn tinha feito? Tinha-o mandado embora de forma cruel apenas por um deslize medroso do seu coração. Por mero medo.

 

Aragorn suspirou fundo. Não saíra muito tempo depois de Legolas, mas fora o tempo suficiente para o mesmo desaparecer de vista, o que lhe dificultara o caminho, pois precisara de fazer paragens para verificar os rastos deixados pelo cavalo de Legolas e fazer perguntas. Pelas informações que tinha conseguido de alguns comuns por quem passara sabia que aquela era a direcção que Legolas tomara. Ele rezava com todas as forças e em todas as línguas que conhecia para conseguir encontrar o príncipe antes que este chegasse a alguma costa onde pudesse embarcar nalgum barco que o levasse para terras onde ele não poderia pisar.

 

Os largos campos alguns agrícolas e outros selvagens depressa acabariam no rio Anduin. A vida estava realmente mais viçosa aquele ano. O sol batia de mansinho sobre a cabeça de cabelos rebeldes do rei, como que o envolvia num abraço quente. A verdade é que Aragorn há meses que não saia dos muros altos e brancos de Minas Tirith e com toda a dor, ele tinha esquecido o que era receber os raios solares sobre a sua pele, calmos, sem estar lá em cima. Quase esquecera como era estar sozinho em cima de um cavalo numa estrada. Ele era Rei, mas ele esquecera, por momentos, a sua essência selvagem. Não era só um rei, ele era aquele que crescera entre os elfos e aprendera a amar as estrelas, ele era o capitão dos Dúnedain e aprendera a proteger a floresta, ele era aquele que amara um só ser toda a sua vida até ali, ele era um homem, mortal, era amigo e pai. E estivera meio perdido na própria existência.

 

Ao fim da manhã chegou a um ponto estreito do rio onde uma nova ponte tinha sido construida. Aquela ponte sobre o rio Anduin marcava a entrada norte no principado de Ithilien. E a genialidade elfica já se conseguia sentir ali. Pedra trabalhada, sólida e sofisticada com colunas de ambos os lados e que se entrelaçavam entre si como ramos de árvores. Obviamente Aragorn não parou para ficar a olhar para a ponte, até porque a conhecia bem, mas era algo realmente belo e digno de ser observado. O seu caminho, no entanto, levava-o para Emyn Arnen, para a casa do senhor e da senhora de Ithilien. Aquela era a ponte que usavam todos os quantos ainda aguardavam a reconstrução da cidade de Osgiliath que já se estava a consumar, mas ainda demoraria anos até chegar ao esplendor de outros tempos.

 

O mais surpreendente para Aragorn quando passava por aquelas terras era a beleza que se revelara existir nelas depois da Guerra do Anel. A clareza do ar, o regresso lento dos animais, um céu azul deslumbrante, após anos debaixo de nuvens negras. Até pequenas ervas rasteiras já cresciam, verdes vivas e frescas. Infelizmente partes daquelas terras tinham sido demasiado envenenadas pelo mal e ainda demorariam alguns anos a recuperar. Alguns entes maléficos ainda vagueavam pelas montanhas que rodeavam Mordor, mas eram agora fracos e medrosos, só aparecendo ou atacando quando as suas bocas pediam carne humana.

 

Minas Morgul, a cidade dos mortos, era em beleza a eterna rival de Minas Tirith e Aragorn pensara bastante antes de a mandar desmantelar, porém, não tivera outra hipótese quando o mal estava impregnado nas próprias paredes. Então depois de lhe devolver o nome original de Minas Ithil, a torre da Lua, ele ordenou a sua destruição. No entanto, tinha planos para quando a terra estivesse curada, de voltar a reconstruir Minas Ithil e devolver o orgulho àquela terra.

 

E parecia que o grande Eru tinha dado a Ithilien finalmente a sua bênção, com o sol suave e nada doloroso e águas límpidas para renovar as águas podres e poluídas pela mão dos orcs e restantes seguidores do destronado senhor do mal. A seguir a Emyn Arnen uma nova floresta tinha crescido e se desenvolvido sobre as ordens e mãos de Éowyn, que prometera fazer crescer coisas, e esta ainda pequena floresta estava a ajudar toda a região a recupera, com riachos de água rica, ar mais limpo, animais e riqueza de ervas medicinais. A própria agricultura era mais rica e os seus frutos mais saborosos.

 

Aragorn sentia que tinha sido designado pelo fado a ser o ser que ia reerguer as pedras caídas das grandes guerras. Era quase noite quando finalmente chegou à casa dos senhores da terra. As nuvens tinham-se juntado no céu para fazer cair na terra uma chuva branda. Foi molhado que os homens, na sua maioria guerreiros, viram o rei chegar.

 

- Meu Senhor Aragorn! - Surpreendeu-se Faramir ao ver o grande Senhor a subir os degraus da sua casa, ainda por cima, sozinho. - O que se passou? Fostes atacado?

 

- Atacado? - Questionou confuso. O que estaria a conjurar a cabeça de Faramir? Que Minas Tirith tinha sido atacada e ele tinha conseguido fugir e viera até ali sozinho, sem soldados, como o único sobrevivente de um desfortúnio para pedir ajuda? - Não. Não houve ataque nenhum, velho amigo. Neste momento sou apenas um homem a tentar corrigir alguns erros.

 

O rosto de Faramir demonstrou claramente alivio perante as palavras do outro homem. Sorriu e trouxe o rei para o abrigo das suas paredes, num grande salão iluminado por alguns archotes, onde uma grande lareira onde se assava um porco. Era hora de jantar e obviamente não foi preciso sequer perguntar a Aragorn para se juntar à mesa, já que todas as mesas eram do rei. Depressa foram servidos de vinho e acompanhados de Lady Éowyn, a dama branca, e de Elboron, o filho de cinco anos do casal.

 

- Estou preocupado. O que te traz para estas terras semi amadas? - Perguntou Faramir percebendo que Aragorn parecia pouco disposto a contar grandes histórias. - Não te façais de rogado e contai-me tudo. Que erros são esses de que falastes e como posso eu ajudar?

 

- Vou ser rápido, pois não sei se me vou demorar aqui ou não. Depende da tua resposta. Aragorn dragou uma boa parte da sua taça de vinho antes de soltar a pergunta. - Legolas passou por aqui?

 

- Se passou? Ele ainda aqui está. - Foi a resposta e Aragorn conteve um urro de vitória, mas suspirou de forma audível, o que fez Faramir trocar um olhar entendido com a sua mulher. Claramente os erros de que o rei falava tinham a ver com o elfo. Teria o rei se desentendido com um dos seus melhores amigos? - Pediu guarida por uma noite e parece que parte amanhã para a cidade elfica de Ithilien. Não o chamei para a janta, pois pediu para não ser incomodado, mas se quiseres posso mandar chamá-lo.

 

- Não. - Recusou Aragorn rapidamente. - Ele deve estar a dormir. Deixai-o descansar. Amanhã falarei com ele. Lamento chegar assim sem aviso para te pedir que dês aguaria a uma segunda pessoa num só dia.

 

Faramir riu.

 

- Meu senhor, esta casa é tua.

 

Aragorn aceitou algumas roupas que Faramir lhe cedeu e juntou-se ao jantar onde foi atualizado de tudo o que estava a ser feito em Ithilien. Agora que os nervos da perseguição tinham passado, a sua mente deslizava para um estado mais lúcido e racional. Alcançara Legolas, tinha a urge de falar com ele, embora não soubesse ao certo como o devia de abordar, a verdade é que a situação era estranha. Ele dormira com o seu melhor amigo…

 

Depois do jantar, enquanto os homens fumavam e os serventes da casa arrumavam tudo, o rei ficou um pouco hipnotizado com a brincadeira que decorria entre Éowyn e a sua cria. E a sua mente puxou-o para os momentos em que tivera a sua Rainha do lado, como ela fora doce mãe. Como ela cantara belas canções a Eldarion e como a dor era ainda tão forte quando as recordações eram tão felizes.

 

E Éowyn pareceu entender o estado de espírito do rei. Agarrou no filho e começou uma dança ao mesmo tempo que cantava.

 

Eu ouço a tua voz no vento

E eu ouço-te a chamar o meu nome

“Ouve, minha criança”, dizes para mim

“Sou a voz da tua história

Não tenhas medo e segue-me

Responde ao meu chamado e eu libertar-te-ei”

 

Eu sou a voz do vento e da tempestade

Eu sou a voz da fome e da dor

Eu sou a voz que sempre te chama

Eu sou a voz, eu ficarei
 

Sou a voz nos campos quando o verão acaba

A dança nas folhas quando os ventos de outono sopram

Nunca durmo durante o longo e frio inverno

Eu sou a força que faz nascer a primavera

 

Eu sou a voz do passado que sempre será

Preenchido pela minha mágoa e sangue nos meus campos

Eu sou a voz do futuro, traz-me a tua paz

Traz-me a tua paz e as minhas feridas, elas irão cicatrizar

 

A música continuava e apesar de ser um cantar triste, tinha uma força. Era quase tudo aquilo que aquela donzela representava, era a beleza exterior que a fazia parecer frágil, mas que tinha o interior de um guerreiro dos mais valorosos. Éowyn dizia ao rei para procurar a sua força interior, aquela que podia existir no seu corpo e que ele perdera momentaneamente. Na realidade, aquele dia estava a ser um redescobrir. Se fosse verdadeiro, Aragorn tinha passado os últimos meses quase de olhos fechados, escondido na dor de si mesmo e aquele dia estava a deixá-lo espreitar um pouco o lado de fora, como se houvesse uma mão estendida e uma voz doce que lhe dissesse “A dor vai estar sempre ai, mas tu tens forças para continuar, não tens? Anda, vem cá para fora e vê que a primavera chegou”. Talvez aquele dia fosse o dia de Aragorn voltar a ver.

 

Pela penumbra todos se recolheram aos seus cómodos, mas o rei não encontrou descanso naquela noite. Havia um ambiente quente no quarto que o fazia suar e a cama não lhe trouxe conforto, por isso, procurou a frescura da noite e resolveu fumar mais um cachimbo. Apenas de calças e camisa, descalço e sem roupas pesadas, ele sentou-se nas escadas que horas antes subira. A chuva partira para outros campos. Alguns guardas guardavam a noite calma, um deles desejou-lhe boas noites quanto foi trocar o óleo das lâmpadas da entrada que ardiam toda a noite, mas nenhum o chateou. Suspirou alto e a fumaça cinzenta do cachimbo voou com o vento. A noite encontrava-se limpa, os campos molhados pela chuva que passara e o cheiro de pureza no ar. A atmosfera acalmou os nervos do rei.

 

- De todas a visões que podia ter na noite a tua figura era aquela que não imaginava. - O altivo elfo estava parado no cimo das escadas e Aragorn não tinha dado pela sua chegada.

 

- Legolas? - Levantou-se de repente demonstrando uma atrapalhação que não era usual na sua figura, mas claro, todas as figuras tinham direito a ter momentos de atrapalhação, até os elfos. O cachimbo foi parar a um dos degraus e Legolas desceu para o apanhar sobre o olhar estático de Aragorn.

 

- O que te trouxe até aqui? - Questionou Legolas entregando o cachimbo caído a Aragorn.

 

- Vim atrás de ti. Talvez impedir que partas. - Respondeu o rei. Legolas não retorquiu àquelas palavras e ficou imóvel, embora ficar imóvel não fosse um processo penoso para um elfo, e mirou Aragorn. E sem precisar perguntar percebeu que Aragorn já sabia.

 

- Então agora já queres conversar? - Aragorn confirmou com a sua cabeça. - Ia agora dar um passeio. Acompanhas-me?

 

Aragorn acompanhou o elfo mesmo descalço. Não falaram nada por longos metros, até que saíram do povoado e entraram na pequena floresta de Ithilien, aquela que fora mandada e ajudada a erguer por Éowyn. Legolas sentia-se mais confortável ali entre as árvores e por baixo das estrelas. Mais uma vez notou na constelação Fénix e achou intrigante, se não estranho, que aquela constelação aparecesse sempre que algum momento importante estivesse prestes a acontecer. Estaria o universo a tentar dar-lhe um sinal? Devia fugir ou ficar?

Foi Aragorn que cortou o silêncio imposto entre eles.

- Legolas, perdoa-me. Eu escolhi o caminho mais fácil. O caminho de admitir o que fiz e mandar tudo para trás das costas. O que aconteceu naquela noite, tal como te disse despertou em mim um desejo, porém, na minha dor, eu apenas pensava no quanto podia estar a ferir a minha Rainha. Pensava nela como se ela ainda estivesse aqui e eu a estivesse a trair, porque no fundo, eu ainda a sinto aqui. - Tocou no seu peito. Fora mais ou menos aquilo que Aragorn falara no dia seguinte a tudo, mas agora ele estava mais sereno e mais honesto. E mais controlado.

 

- Arwen também está no meu coração Aragorn, não da mesma forma que está no teu, mas também me dói não ter mais a sua presença. Também considero que foi um erro o que se passou. Lamento que se de alguma forma desonrei a imagem dela…

 

- Não… - Cortou Aragorn. - Quando disse isso estava apenas a camuflar o meu medo. Admitamos que talvez tenha sido um erro e nenhum de nós fez nada para o parar verdadeiramente, mas não foi um acto de traição, nem desonra, ou indecoro ou impuro. Se calhar, nem foi realmente um erro…

 

Caminhavam entre as árvores e o peso que tinha caído sobre o peito de Legolas no dia a seguir àquela noite e que o tinha acompanhado até ali, aliviou-se com as palavras de Aragorn. Sim, talvez não tivesse sido um erro, apenas uma curva no caminho do destino. Entre os dedos, o elfo brincava com a pedra branca que Ésor lhe dera, que tocada pela luz das estrelas e da lua, vinda de entre as árvores, fazia o seu branco brilhar como uma pérola.

 

- Naquele dia, pedi que partisses porque na noite achei-te bonito de mais. Sabia, como sei hoje, que se te mantiver perto de mim vou querer saborear mais de ti. Sabia, como sei hoje, que continuas bonito como naquela noite. - Confessou o rei. - Não sei o que é Legolas, apenas sei que é assim.

 

- E se eu dizer que comigo se passa o mesmo? - Pararam.

 

- Então eu vou pedir que não partas. Trouxeste uma certa luz à minha vida depois das trevas, carregas contigo essa mesma luz, deixa-me ver essa luz crescer. Podes ficar comigo, Legolas? - Aragorn olhou para o elfo, pedindo mudamente para que o mesmo o olhasse, como aqueles olhares antigos e cúmplices que eles sempre tinham. E Legolas olhou-o firmemente, sem medo.

 

- Se for isso que tu quiseres.

 

- Apenas se for o que quiseres.

 

- Quero. - Confirmou o príncipe sem ter que pensar muito. O rei puxou uma das suas mãos e enlaçou os seus dedos no dedos do elfo. Um gesto tão humano. Os humanos eram quentes e os seus gestos calorosos. Aquilo foi uma coisa que Legolas aprendeu a gostar nos humanos. De mãos dadas continuaram o seu passeio por entre as novas árvores de Ithilien. Ainda havia dúvidas e mais dúvidas chegariam, mas naquela noite Legolas e Aragorn deixaram as dúvidas ficarem quietas.

 

- Elfo ou humano? - Questinou Aragorn por fim.

 

- A cria? Obviamente elfo! - A resposta em tom de desafio fez o rei sorrir, e Legolas percebeu que era dos primeiros sorrisos verdadeiros que via Aragorn dar desde a partida prematura da Rainha.

 

- Mas andas a dormir como um humano.

 

- Consequências de ser meio humano, mas claramente imortal.

 

Em breve o dia iria amanhecer.


Notas Finais


Continua...
Até breve


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