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História The White Stone - O Último Adeus


Escrita por: ArikaKohaku

Notas do Autor


Cá estou eu novamente. Para este capitulo precisam de lenços e caixas de chocolate.
Música presente no capitulo: Into the west - Annie Lennox.
Boa leitura

Capítulo 17 - O Último Adeus


Fanfic / Fanfiction The White Stone - O Último Adeus

Minas Tirith, a cidade branca, a capital do reino Gondor, uma das duas grandes metrópoles dos Reinos Unificados, juntamente com Annúminas. Os anos do reinado de Aragorn tinham-na feito da cidade uma potencia grandiosa. Do alto da sua torre era também possível ver as luzes de Osgiliath, a cidade portuária do rio Anduin. E aquilo que era o mais majestoso e conhecido na cidade era o seu portão principal, feito por mestres anões e completamente inquebravel.

 

O elfo de cabelos dourados estava no cimo da torre e observava o horizonte. Sentia um chamado tão forte quanto o seu respirar. Lá longe haviam as vocês do seu povo que o chamavam. Vinham vozes com o vento. Quando fechava os olhos conseguia ouvir o som das gaivotas, o som das ondas e a sua espuma a borbulhar contra praias brancas do outro lado do grande mar. O seu tempo na Terra Média estava a terminar.

 

Lá em baixo no pátio várias espadas se cruzavam. A paz era duradoura, a nova geração de homens onde a vida dos Dúnedain já não existia não sabia o que eram grandes aranhas falantes, orcs malcheirosos ou trolls burros, essas criaturas estavam a virar mitos, mas os soldados ainda treinavam, pois nunca se sabia se paz seria novamente ameaçada. Entre eles conseguia-se ver as cabeças dos dois príncipes: uma princesa, de cabelos desregrados, de um louro escuro, que estavam presos sobre a sua cabeça, não usava saias e sim calças castanhas enfiadas dentro de umas botas, os seus olhos cinzentos iguais aos do seu pai humano eram pura concentração, parecia uma bela humana, mas as suas orelhas pontiagudas mostravam que era de outra raça, ela lutava de forma eximia; o homem à sua frente suava, era seu irmão e o futuro rei, de cabelos negros, barba curta por fazer e brilhantes olhos azuis, tal como a elfa, vestia as apenas calças enfiadas dentro de umas botas e uma camisa solta. Então, num movimento, a espada de Eldarion, saltou-lhe da mão para fora e a lamina da espada de Ankaa chegou-lhe perto do pescoço. A luta parou.

 

- Mano, perdeste… outra vez. - Gabou-se a elfa, baixando a espada a rir do irmão.

 

Uma gargalhada veio detrás deles. Sobre a sombra da grande Árvore Branca de Gondor, que crescia tão alto e farta durante aqueles anos, que agora podia ser vista a quilómetros dali, uma mesa tinha sido posta pelos serventes, com água e comida, de onde os soldados se podiam servir. Sentada na mesa estava outra princesa, de cabelos brancos, com um olho de cada cor, o seu vestido era vermelho e no seu colo tinha uma criança, uma menina de olhos azuis e cabelos negros, era ela que gargalhava docemente. Ao lado da princesa de cabelos brancos estava o rei, que olhava para os dois filhos com divertimento. Aragorn estava velho, apesar de aparência não passar dos sessenta anos dos homens comuns, porém os seus cabelos estavam já completamente brancos e a sua alma cansada. Aragorn tinha duzentos e dez anos.

 

- A tia ganhou ao pai. - Gargalhava a criança.

 

- Elanor, devias estar triste por mim, não contra mim. - Resmungou Eldarion fazendo uma cara arreliada, mas cómica que colocou a criança a rir ainda mais, enquanto retirava a sua espada do chão e a embainhava. Elanor era a primeira filha de Eldarion e Ésor.

 

- Elanor, quando cresceres tens de ser exactamente como a tia e dar uma coça no teu pai. - Retorquiu Ankaa.

 

- Ankaa por amor aos céus não desencaminhes a minha filha!

 

- Desencaminhar? Tu é que estás a dar maus exemplos, onde é que já se viu perder contra uma mulher, que vergonha. - Debochou a irmã.

 

- Tu és uma elfa!

 

- Desculpas… Tu é que não és tão bom quanto eu com a espada, simplesmente admite, dói menos. Eu também admito que sou péssima com arco, quando faço pontaria à cabeça a seta vai parar às pernas. Não é assim, pai? - Questionou olhando para Aragorn.

 

- É assim sim. - Confirmou Aragorn a sorrir. Aquele sorriso cansado que os velhos tem vontade de dar, que é doce, mas que já diz que eles não estão inteiramente ali, mas mais nos seus pensamentos.

 

- Pai se admites que é assim, então, quando é que vou ter a minha própria espada? - Ankaa andava há anos a pedir para ter a sua própria espada, quer dizer, ela tinha uma espada, mas não era a sua espada. Não era uma espada personalizada, forjada só para si, à qual podia dar um nome significativo, tal como Eldarion já tinha.

 

- Em breve, Ankaa, muito em breve... - Respondeu o rei.

 

- Ouviste o mesmo que eu Eldarion, ele disse “em breve”? Não disse “quando fores crescida” ou “daqui a uns anos”, ele disse “em breve”, não disse? - Desacreditou-se a jovem elfa. Aragorn continuou a sorrir. Os soldados continuaram a treinar e os dois irmãos, depois de beberem água, voltaram a esgrimir.

 

- Está tudo bem? - Questionou Aragorn ao ver Ésor levar a mão à boca. A bruxinha estava muito branca.

 

- Estou indisposta, senhor. - Respondeu. Ésor aguardava o segundo filho de Eldarion, era ainda uma noticia muito recente, mas vinha assegurar ainda mais o velho coração do rei, a sua linhagem seguiria. Vendo a sua família assim em paz e o seu reino assegurado e próspero, dava-lhe a certeza que o seu percurso tinha chegado ao fim. - Se não se importa, eu vou-me retirar.

 

- Claro, Ésor, vai descansar. - Consentiu o rei. Ésor não podia dizer que tinha a maior relação de amizade e afecto com o rei, mas Aragorn respeitava-a e aceitava o amor que tinha pelo seu filho, então, apesar de nunca saber o que levava o rei a distanciar-se, ela vivia em paz com ele. Com uma vénia saiu da mesa, acompanhada da filha e de uma servente.

 

Pouco tempo depois, quando a temperatura do verão se tornou demasiado quente para estar do lado de fora, também o rei decidiu procurar pelo fresco no interior da casa real. Solitário entrou na sala do trono no exacto momento em que o seu companheiro descia vindo da torre. Os anos, como seriam de esperar, não tinham passado por Legolas, ele continuava igual à imagem que Aragorn tinha dele desde a primeira vez que se tinham visto e conhecido.

 

- Legolas. - Falou Aragorn num sopro fraco e sombrio. Aquilo doía-lhe ter que dizer. Mas estava cansado, a sua alma pedia liberdade. - Acho que a minha hora chegou.

 

Por momentos, Legolas sentiu-se a ser cortado ao meio. Sentiu-se a ficar sem ar. Porém, não era nada que ele já não esperasse, que ele não soubesse que vinha, só que continuava a ser um choque. Engoliu o nó que tinha na garganta e recompôs-se tão rápido, que talvez Aragorn não tenha reparado que ele tinha fraquejado por uns segundos. Tinha chegado o momento de Legolas ser o mais forte.

 

- Eu sei. Eu também o sinto. - Concordou o elfo. Aragorn avançou a pouca distância que os separava e segurou na mão do elfo e beijou-a como o cavaleiro eterno que era.

 

- És sempre a minha luz, Legolas. Eu amo-te profundamente. Amo-te como as raízes das árvores agarram com força a terra. Obrigado por estares comigo todos estes anos que podem parecer insignificantes aos teus olhos.

 

- De que falas Aragorn? Estes foram e serão para sempre os anos mais importantes da minha vida. Efémeros talvez me pareçam, mas insignificantes nunca. - Contrariou o elfo, encostando a sua testa à testa de Aragorn.Olhavam-se em complicidade.

 

- Esta noite, eu sei, quando fechar os olhos, darei o meu último suspiro. A minha alma já não aguenta mais este corpo. Desejo estar aqui, mas não quero mais estar aqui. - Confessou. Sabia que com Legolas, por muito doloroso fosse aquilo que tinha para dizer, ele podia dizer. Viu lágrimas suspensas nas pestanas do elfo, era talvez a segunda vez que via lágrimas em Legolas. - Está tudo preparado, não está?

 

- Sim. - Eles já vinham a tratar de tudo para aquele momento há algumas semanas. Há semanas que Legolas subia àquela torre para ouvir as vozes que o chamavam. Aragorn elevou os seus braços e apertou o elfo contra o seu corpo com a força precária que ainda existia no seu ser.

 

***

 

Eles deixaram aquele dia passar com tranquilidade. O rei pediu para não ser incomodado com assuntos do reino e desceu essa responsabilidade para o filho. Não se aventurou para longe da casa do rei, nem tinhas forças para isso, mas lado a lado com o seu consorte, passeou pelo pátio, observou a sua cidade e viu o sol pela última vez. Tinha mudado de roupa e vestia exactamente aquilo queria para quando recebesse a bênção de Eru.

 

- Nós tivemos uma boa vida, não tivemos, Legolas? - Questionou o rei, segurando a mão branda de Legolas.

 

- A melhor e a mais feliz. - Afirmou o elfo. - Lutamos contras coisas negras, fizemos dos monstros mitos e vimos cidades reerguerem-se de escombros.

 

- Sim, sim. - Concordou o homem de olhos fechados e sorrindo. - Agora nos meus últimos momentos eu consigo ver tudo com tanta clareza. Em breve também a tua espécie será um mito para estas pessoas, mas é bom, os homens precisam de continuar a sonhar com coisas belas. Vamos descer.

 

Legolas concordou com a cabeça e seguiu Aragorn até ao sexto anel da cidade onde a Rua do Silêncio descia até à parte detrás da montanha onde os grandiosos túmulos dos reis e heróis da cidade estavam. Nos anos anteriores muitas vezes tinham feito aquele caminho, com Faramir e Éowyn, com Pippin e Merry e agora faziam aquele caminho mais uma vez, uma última vez. Atrás deles o sol descia. Em breve tudo se iria desvanecer.

 

Dois soldados guardavam a porta da Casa dos Reis, o grande túmulo onde os reis encontravam o último repouso naquele mundo. Legolas estagnou à porta. A coragem pela primeira vez na sua vida falhou-lhe. Conhecia a morte, já a vira ceifar muitos dos que conhecia e nunca mais voltaria a ver, mas agora a morte levaria algo muito mais importante. E pela primeira vez, Legolas teve medo da morte. Aragorn olhou para o seu companheiro de vida e percebeu-lhe o pânico.

 

- Está tudo bem, Legolas. - Acalmou-o o rei afagando-lhe os cabelos e beijando-os, num gesto de protecção que se tinha tornado natural entre eles.

 

Legolas olhou para os olhos cinzentos de quem amava. Ele não queria chorar, nem queria ser egoísta, mas doía-lhe no seu mais profundo âmago. Queria pedir a Aragorn para ficar ali mais tempo, no entanto, não faria nada para mudar aquilo, nem a decisão de Aragorn de partir. Ele sempre soubera que aquele dia chegaria.

 

- Eu sei o que está na tua cabeça e não digo para não te sentires assim, é impossível não sentires. Eu também sinto. Uma dor insuportável saber que partirei para um lugar em que não estarás mais. Gi melin, nin galad. Tenho muito orgulho e muita honra de ter partilhado o caminho da vida ao teu lado. Estou grato que o destino nos tenho unido. - Falou o rei que limpou as duas lágrimas que desceram sobre a face de Legolas. Ele só vira Legolas chorar em duas ocasiões. Quando Ankaa nascera e ali no leito da morte.

 

- Gi melin, Estel. - Respondeu Legolas. - Perdoa-me, desesperei.

 

- Do que falas? Ficaria ofendido se me deixasses partir sem ao menos mostrares um pouco de desespero. - Brincou o rei. - Acredita, a minha mente também está repleta de imagens de como foi tudo ou de como seria tudo se fosse feito de outra forma. Mas eu escolhi agora, pois apesar da imagem, eu por dentro já não sinto que esteja inteiramente cá.

 

Ainda com Legolas pela sua mão, Aragorn avançou para a porta, desta vez o elfo não parou. Fez um gesto ao soldado, que já sabia o que devia fazer e que partiu para chamar Eldarion e Ankaa, e entrou na Casa dos Reis. Uma cama simples tinha sido montada e esperava que o rei se deitasse nela. Legolas avançou para acender vários dos archotes para dar luz ao ambiente em que estavam perante a chegada da noite.

 

- Tantos dos nossos amigos eu não voltarei a ver. - Lamentou-se Legolas ao ver as duas pequenas urnas fechadas colocadas ao lado de uma urna muito maior, que se encontrava aberta à espera de receber o corpo do rei.

 

- E tantos outros que vais rever. - Relembrou-lhe Aragorn, que se sentou sobre a cama, retirou a sua coroa e observou o anel da sua família. Lembrou-se com carinho do dia, tantos anos antes, em que Elrond lhe contou sobre a sua linhagem. Parecia quase como uma vida passada. - É estranho que me sinta tão tranquilo?

 

- Não. É preferível que assim seja. - E então a porta foi aberta quebrando o quase silêncio e os dois herdeiros entraram. Eldarion e Ankaa. O rei voltou a levantar-se e Legolas colocou-se ao seu lado. De tudo o que era mais doloroso, aquela talvez fosse a parte mais dolorosa. E Legolas ficaria ao lado de Aragorn, dando-lhe força e o apoio necessário.

 

- O que se passa aqui? O que é isto? - Exigiu saber Eldarion avançando rapidamente para o seu pai.

 

- Isto Eldarion, é um adeus. Pedi para que viesses aqui para eu passar para as tuas mãos os tesouros desta família. Chega aqui, aproxima-te. - Eldarion ia a falar, mas Aragorn cortou-lhe as palavras com um: - Silêncio. Nesta casa é o silêncio que deve imperar. Não vamos perturbar os que cá descansam. Ajoelha-te Eldarion.

 

O principe engoliu em seco, serrou os dentes contra os lábios e tentou controlar as lágrimas. Não queria aquilo. Mas de certa forma tinha previsto que aquilo estivera para chegar. Há semanas que via os pais ainda mais ligados um ao outro, sem quase sair da presença um do outro, andavam secretivos e o rei cada vez mais tinha deixado o poder nas suas mãos.

 

- No teu pescoço deposito a estrela de Elendil. - Retirou do seu pescoço a pedra branca do seu antepassado e depositou-a no pescoço do filho. - Estende as tuas mãos. No teu dedo o anel de Barahir, nas tuas mãos o ceptro de Annúminas e na tua cabeça a coroa de Gondor. A partir de agora não sou mais o rei de Gondor de Arnor, a partir de agora o rei dos Reinos Unificados é Eldarion Telcontar, Elessar II. Que o teu reinado seja ainda mais abençoado que o meu, que o teu suor traga anos de paz à nossa casa.

 

- Pai, porquê… - Tentou falar Eldarion, mas Aragorn abraçou-o impedindo-o de falar.

 

- Porque a minha hora terminou. Eu amo-te muito meu filho, tesouro da Estrela Vespertina. - Beijou a testa do filho, que começou a chorar e depois voltou-se para a sua filha. Ela parecia furiosa na sua natureza selvagem de ser. - E tu, minha princesa. Tu és um orgulho para o meu coração. Forte e destemida.

 

- Eu não quero ouvir! Dada, estás de acordo com isto? - Questionou Ankaa olhando para o silencioso elfo, que se mantinha como uma estátua sólida ao lado do rei, sempre fora assim. E recebeu apenas o silêncio de resposta.

 

- Ankaa, vais ter que fazer uma escolha dolorosa, mas seja qual for o caminho que escolheres, nunca te esqueças que esta é também a tua terra. Tu és uma Telcontar. Tu és a princesa de Gondor e Arnor e provavelmente a melhor guerreira entre os homens e elfos que eu alguma vez vi. És a melhor comandante de tropas que a Terra Média alguma vez teve, por isso… - O rei desembainhou a sua espada. Andúril subiu e brilhou à luz das chamas dos archotes. - Andúril viu várias batalhas, as mais dificeis e sangrentas, mesmo quebrada nunca desiludiu. Esta espada agora é tua.

 

Embainhou novamente a espada, desapertou o cinto da bainha da espada da sua cintura e depositou a espada e a sua bainha nas mãos da filha. Ankaa tremia, Eldarion chorava silenciosamente. E por momentos o rei teve a sensação que voltava a ver os seus dois filhos pequenos à sua frente. Abraçou a filha tal como tinha abraçado o filho.

 

- Amo-te muito, minha donzela rebelde. Tens uma vida longa pela frente, meu amor, por favor pensa bem na tua jornada. - Ankaa finalmente sucumbiu ao choro e tentou agarrar-se ao pai com todas as forças. Pela sua mente passaram todos os momentos que tinha ao lado do seu pai, que era para ela um herói. Aquela era a primeira vez que Aragorn viu a sua filha chorar copiosamente depois de ter deixado a infância.

 

- Papá, por favor, eu não quero uma espada. Eu quero-te a ti. Vivo.

 

- Lamento, minha princesa. - O rei limpou-lhe as lágrimas e depois afastou-se. E ela sentiu-se ficar sem chão. - A minha hora chegou.

 

- Saiam agora. - Ordenou Legolas.

 

- Ada?

 

- Saiam. - Voltou a ordenar. Legolas colocou-se entre os filhos e Aragorn e empurrou-os para fora da Casa dos Reis. Aragorn sorriu-lhes e essa foi a última imagem que tiveram do grande rei, do seu pai, antes das portas serem fechadas pelos soldados. - Esta é a vontade dele e vocês devem respeitar isso. Voltem para casa. Quando voltar, voltarei sozinho, amanhã pela manhã e anunciaremos a partida do antigo rei.

 

Legolas deu as costas àqueles que seriam para sempre as suas duas crianças e voltou a entrar no túmulo dos reis. Era de noite no lado de fora e o rei já se tinha deitado na sua cama. Ao ver aquilo o elfo respirou fundo para ter força nas suas pernas e caminhou até ao lado do seu companheiro. Apenas ele tinha o direito a ver os seus últimos momentos. Aragorn estendeu as suas mãos para Legolas e este agarrou-as. O homem tinha lágrimas nos seus olhos, mas todo o seu rosto se apresentava sereno e com um sorriso, embora triste. Legolas sentou-se ao seu lado na cama, curvou-se e beijou Aragorn.

 

- Legolas, tenho um último pedido.

 

- Tudo o que tu quiseres.

 

- Canta para mim.

 

E assim fez o elfo:

 

Deita

A tua pesada e frágil cabeça

A noite chegou

Chegaste ao fim desta jornada

Dorme agora

E sonha com aqueles que vieram antes

Eles estão a chamar

Desde costas distantes

 

Porque choras?

Que lágrimas são essas na tua cara?

Em breve verás

Todos os teus medos desaparecerão

Estás a salvo nos meus braços

Estás apenas a dormir

 

E naquele momento, Aragorn adormeceu, os seus olhos fecharam e tal como ele tinha dito a sua última respiração chegou e terminou com um suspiro. Com paz ele partiu.

 

***

 

Legolas passou a noite a cantar, baixinho sem que ninguém o ouvisse, para si e para o espirito de Aragorn. Do lado de fora, Eldarion e Ankaa permaneceram durante largos minutos e nada conseguiram ouvir. Também não conseguiram entrar, pois os soldados não os deixaram, tinham recebido ordens especificas para não deixarem ninguém entrar. Então, pela noite os dois filhos de Aragorn subiram até ao último dos anéis. E lá esperaram até Legolas regressar.

 

O elfo ficou até às primeiras horas da manhã sozinho com Aragorn, depois levou o corpo do seu amando até ao último e final local de repouso. Sozinho depositou-o na urna, sozinho retirou do seu dedo o anel que tantos anos lá pusera e que agora deixava marca. O seu casamento tinha terminado. “Até que a morte os separasse”. A morte tinha-os separado. Agora viveria de recordações. Juntou o anel de Aragorn no seu dedo, colocando-o ao lado do seu. Beijou os lábios gelados e procurou a pequena urna azul e prateada com árvores brancas onde as cinzas de Arwen ainda permaneciam.

 

- Arwen, por favor, cuida dele. - Pediu. E colocou a pequena urna junto ao corpo de Aragorn. Na morte eles ficariam juntos e seriam felizes. Teriam aquilo que a vida lhes tinha negado.

 

Sozinho ele fechou a grande urna de Aragorn. E depois gritou, alto e forte, soltando a sua dor e desespero. Era um adeus para sempre. Cumpriria a sua promessa e viveria para sempre com as melhores recordações que uma vida podia ter. Ainda bem que não iria amar mais ninguém, pois amar e perder doía de mais, agora compreendia a dor do seu pai.

 

Saiu da Casa dos Reis, era novamente apenas Legolas Greenleaf. Os soldados repararam que parte da luz dos seus olhos cristalinos tinha desaparecido. Mas Legolas pensou no seu pai e nas costas que o esperavam do outro lado. Pensou na promessa que fizera a Thranduil e também na que fizera com Aragorn. Estava na hora de partir para Terras Imortais.

 

Lá em cima no pátio, Ésor exausta via os dois irmãos cruzarem vezes sem conta a sombra da Árvore Branca, tinham passado a noite em branco. Em estados de euforia e depois de choradeira. Em abraços e beijos. O rei, sabia a bruxa sem sequer perguntar, tinha falecido. Então ouviram cornetas. Mas eram cornetas desconhecidas. Correram para a beirada desconfiados. Quem vinha lá? Viram que pela estrada branca, na entrada da cidade uma milicia caminhava, muito organizada, com estandartes verdes e castanhos.

 

- O que são? Homens do sul? - Perguntou Eldarion não reconhecendo aqueles estandartes, mas sentindo que já os vira algures, talvez nalgum livro.

 

- Não. Não são homens. - Alguma coisa tinha feito Ankaa espantar-se.

 

- Toquem as cornetas. Mandem abrir os portões. - A ordem veio das costas dos dois irmãos, Legolas tinha regressado. Sozinho.

 

- Abrir os portões? Mas e se são inimigos? Não seria mais prudente descer para falar primeiro com eles. Ver o que querem. - Questionou o novo rei.

 

- Não são o inimigo. - Eldarion percebeu que algo no coração  do seu ada tinha morrido. A sua luz já não era tão brilhante. - Essa milicia pertence à Guarda Real da Folha Verde. Eles são de Woodland.

 

- São elfos de Greenwood? Vieram do outro lado do mar. - Gemeu Ankaa. - O que estão aqui a fazer?

 

- Não tenho a certeza. Mas provavelmente vieram buscar-me. - Falou Legolas.

 

As cornetas dos soldados humanos soaram de anel em anel da cidade e os portões abriram-se, um a um. E as gentes da cidade vieram às ruas ver admiradas aquilo que apenas sonhavam e que talvez nunca mais vissem, uma milicia de elfos. Largos minutos depois à frente de Legolas estava uma figura da sua infância que partira para Terras Imortais muitos anos antes da Guerra do Anel. Uma elfa silvestre de cabelos vermelhos. Com ela, espantosamente, vinham Gwilith e Thúl. Ela parou à frente de Legolas e fez uma vénia.

 

- Meu senhor Legolas.

 

- O meu pai enviou-te, não foi Tauriel?

 


Notas Finais


E a nova aventura vai começar! Vocês sabem que a morte não é o fim, certo? (acho que acabei de dar spoiler)
Preparem-se!
Ate ao próximo capitulo
Mil beijos


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