História The Wild Omegas - Uma dança, uma conversa e uma reconciliação

The Wild Omegas

Cap. 13: Uma dança, uma conversa e uma reconciliação

P A R K   J I M I N

Eu conseguia sentir um calor confortável que aquecia meu corpo e me fazia instintivamente me aconchegar mais e buscar por mais dessa sensação calorosa.

Mal percebi que estava na realidade me agarrando ainda mais um torso musculoso e firme. Abri meus olhos no susto quando enfim me dei conta do que estava fazendo, mas pude ouvir uma risada fraca e rouca acima da minha cabeça e senti dedos que serpentearam em direção dos meus cabelos fazendo um carinho reconfortante que fez meu corpo tenso aos poucos relaxar novamente.

— Você acordou. _ Sussurrou Jeongguk com uma rouquidão que fez meus pelinhos da nuca se arrepiarem _ Dormiu bem, danadinho?

— Sim, dormi bem _ Confirmei baixinho junto a um aceno fraco de cabeça _ Você está acordado há muito tempo? _ Perguntei inseguro, ele ficou esse tempo todo aqui, eu devo estar o atrapalhando em seus afazeres _ Me desculpe, eu tomei muito seu tempo, não é? _ Disse prontamente tentando me afastar mesmo que todo meu corpo implorasse para ficar mais um pouco _

— Ei, não se afaste de mim! _ Sussurrou, mas com uma voz autoritária, pousando sua destra na minha cintura e puxando meu corpo para perto de si novamente, os colando bem juntinhos e me fazendo suspirar, sentindo seu cheiro ainda mais forte agora com meu rosto tão próximo do seu pescoço _ Você não me atrapalhou em nada, confesso que observar você dormir e se aconchegar mais em mim enquanto dormia, me fizeram ter uma ótima noite de sono e um ótimo início de manhã _ Ele deu mais uma risadinha fraca, eu quase posso imaginar o sorriso travesso em seu rosto _ 

Essa aproximação e cuidado da parte dele é tão… diferente, eu nunca vi outro alpha dando esse tipo de cuidado para qualquer pessoa que não fosse seu parceiro, então é estranho para mim estar em seus braços por mais confortável e seguro que eu me sinta.

— Está com fome? Podemos descer e tomar café _ Ele ofereceu vagamente _ Eu acredito que é minha vez de mostrar meus dotes culinários, certo? _ Isso me fez rir um pouco _ Só não prometo fazer algo tão gostoso como vocês fizeram ontem _ Falou me alertando de uma maneira divertida _

— Tenho certeza de que será muito gostoso e eu realmente estou com fome _ Disse sorrindo para ele _ E eu posso ser seu ajudante se quiser!

— É uma oferta tentadora, mas eu quero que relaxe enquanto eu faço tudo sim? _ Piscou antes de se levantar, se espreguiçando já de pé na ponta da cama _ 

Eu também me levantei, de maneira bastante preguiçosa, quase me arrastando em sua direção.

— Pode usar o banheiro daqui, só cuidado com a banheira, sim? Vai te ajudar a despertar um pouquinho, eu te espero lá embaixo!

Eu confirmei ainda meio sonolento que nem reparei quando ele se aproximou, depositou um beijinho na minha testa e saiu tranquilamente pela porta me deixando no meio do quarto completamente em choque. O que acabou de acontecer?

Caminhei em passos rápidos até que consegui entender que era o banheiro e fechei a porta, mas permaneci ali, colado à porta, raciocinando. Esses estrangeiros têm uns costumes tão estranhos, isso me deixa confuso sobre suas intenções quanto a mim.

— QDT —

Tomei um bom e demorado banho, dessa vez tomando muito cuidado para não acontecer nenhuma bagunça como da última vez. Me vesti com umas roupas que estavam no armário, eram como as outras que me vesti antes, grandes e largas demais para mim. Então logo estava descendo as escadas em direção à cozinha, nos últimos dias eu mal estava conseguindo por meu pé no chão sem que doesse absurdamente no processo, porém, agora eu sinto que tive uma melhora considerável e andar já não é mais um problema, mesmo que ainda sinta um leve desconforto que eu resolvo com uma pomada especial que o doutor me instruiu a usar no meu primeiro dia aqui e que alivia consideravelmente o desconforto. No caminho eu já podia sentir um cheiro gostoso de comida sendo feita, minha barriga não deixou de roncar.

Ao me aproximar, ainda na entrada, recostei meu corpo na parede da cozinha enquanto assistia Jeongguk cozinhando próximo ao fogão.

Ele estava imerso em um mundo próprio, dançava levemente com movimentos animados e descontraídos. O avental amarrado em volta da sua cintura balançava conforme ele se movia entre o fogão e a bancada. As pontas dos seus dedos dançavam sobre os ingredientes, pegando e misturando com a destreza cada tempero, os jogando nas panelas e dando ainda mais cheiro a comida que estava sendo preparada ali, sinceramente agora eu não sei o que me dá mais água na boca, a comida ou o chef.

Uma melodia suave escapava dos seus lábios, e eu me deixei levar por essa canção quase hipnótica. Sua voz era como um afago reconfortante, preenchendo todo o espaço com uma sensação calorosa e atrativa. Cada nota parecia sincronizada com seus movimentos, como se a música fosse uma extensão natural do seu ato de cozinhar.

Seus olhos estavam fixos nas panelas e frigideiras, mas havia um brilho de alegria e concentração neles. A luz suave da cozinha realçava cada traço do seu rosto, tornando cada expressão mais vívida e envolvente. À medida que você mexia e virava os ingredientes, sua expressão passava da concentração para o contentamento, e então para uma genuína satisfação. Havia gotículas minúsculas de suor em sua testa que escorreram até seu queixo bem marcado, eu segui o trajeto delas com os olhos e mesmo que inconscientemente, mordendo o lábio levemente.

Eu me peguei sorrindo, incapaz de desviar o olhar dele. Era como se eu estivesse testemunhando um momento íntimo e pessoal, mas ali estava ele, fazendo de algo tão simples como cozinhar algo tão contagiante e cativante que eu não poderia desviar o olhar mesmo se quisesse.

Eu ainda estava encostado no batente da porta, observando Jeongguk com um sorriso carinhoso. Mas, à medida que a música tomava conta do ambiente, meus pés começaram a se mover involuntariamente, seguindo o ritmo contagiante da sua canção. Ele acabou por me notar ali, e um sorriso maravilhoso se formou em seu rosto, lindo rosto, ele desligou as panelas e me surpreendi quando ele estendeu a sua mão na minha direção, não parando de cantar, mas erguendo uma sobrancelha de forma brincalhona, mas tentadora.

Seu entusiasmo era tão cativante que eu não podia resistir. Eu me aproximei, permitindo que o maior me puxasse suavemente para o centro da cozinha, onde o som da sua voz ainda conseguia parecer ainda mais alto e vibrante.

Suas mãos encontraram as minhas, quentes e acolhedoras, tão grandes que cobriram as minhas com facilidade e eu até gostei dessa visão. Jeon me envolveu em um abraço suave, mas havia um aperto firme no meu quadril, dominando e guiando nossos passos conforme a música ditava. Cada movimento era leve e despreocupado, como se estivéssemos seguindo um ritmo próprio, alheio a qualquer coisa ao nosso redor enquanto, agora mais de perto, eu consegui ouvir com mais clareza o que cantava, já que ele encostou sua testa na minha enquanto cantava olhando diretamente nos meus olhos com o seu par de jabuticabas brilhantes e intensos, tinha algo neles que me impedia de desviar.

— So needless to say… I'm odds and ends, but I'll be stumbling away, slowly learning that life is okay, Say after me… _ Ele se aproximou do meu ouvido e sussurrou a canção com uma voz rouca que fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e, ao mesmo tempo, fez minhas pernas ficarem mais moles do que manteiga _ …It's no better to be safe than sorry! _ Ele segurou minha cintura logo depois disso, ou eu já teria ido de encontro com o chão _

Prendi minha respiração ao encarar seus olhos negros novamente, encarando os meus quase como se pudessem ler minha mente, mas eles brilhavam com uma alegria genuína, e era como se o mundo inteiro desaparecesse, deixando apenas nós e essa música contagiante que nos envolvia em um ritmo engraçado e rápido.

Mas rapidamente o constrangimento já havia dado lugar a risadas gostosas. Ainda não sabia o significado da canção, mas quem se importa? Estava sendo divertido dançar e ouvi-lo cantar. Dançávamos em passos divertidos enquanto rodopiávamos pela cozinha até que seu tom de voz foi diminuindo, denunciando o fim da música. Seu olhar cravou nos meus intensamente, nossos corpos mais próximos do que eu poderia imaginar, eu conseguia ouvir o som dos nossos corações batendo descompassados e das nossas respirações ofegantes pela dança recente, mas seus olhos não estavam nem mesmo vacilantes. Ousadamente, eu percebi uma aproximação do mais velho, já estávamos parados no centro da cozinha, a música tinha acabado, mas a energia vibrante ainda estava ali. Seu rosto estava a centímetros do meu, sentia a ponta do seu nariz encostando no meu e poderia jurar que sentia seus lábios roçarem nos meus, como se pedisse permissão. Eu deveria ter me afastado nesse momento, mas parecia que forças desconhecidas nos aproximavam ainda mais, cada vez mais colados como se o intuito fosse fazer de nossos corpos apenas um. O mais estranho é que apesar de tudo eu não lutei com essa força desconhecida, cheguei até mesmo a fechar os olhos, esperando as ações seguintes, isto é, antes de ouvir risadas fracas e alguns pigarros atrás de nós.

Abri os olhos no susto e quando dei por mim, estávamos sendo observados. Todos estavam ali, o Jin hyung e o Taetae, os amigos do Jeongguk, até alguns empregados passavam sorrateiramente pelo a frente da cozinha, cochichando com sorrisinhos nos rostos. Isso foi o suficiente para sentir meu rosto queimar como fogo de tanta vergonha e prontamente me afastar dos braços de Jeongguk com constrangimento. Não sei o que deu em mim.

Jeongguk claramente fez uma expressão triste quando me afastei e um olhar raivoso para os colegas, quase pude ouvir uma espécie de rosnar contido e abafado em seu peito.

— Vocês pareciam estar se divertindo, mas o que poderíamos fazer se escolheram dançar justo na cozinha, King Jeon? _ O Beta, Ho alguma coisa, proferiu com tom de divertimento _ 

— Você escolheu justo a-ha para cantar? Por que não algo que não te faça parecer tão velho? _ Dessa vez foi a vez do par do Beta, Yoon que se pronunciou com um sorriso felino e debochado e os olhos formando apenas uma linha _

— Vocês são um bando de idiotas mesmo, vamos, circulando, ou não vão comer do que eu preparei! _ Jeongguk ditou com voz autoritária e fez com que todos os rapazes corressem para fora da cozinha, mas não sem antes pegarem o Jin hyung e o Tae nos braços, os levando com eles rindo animadamente _

Taehyung prontamente desferiu uns bons socos nas costas do beta, que só fazia gargalhar enquanto o Jin esperneava e exigia ser posto no chão enquanto exibia um rosto tão vermelho quanto um tomate maduro. Uma mão larga foi de encontro com o final das minhas costas, encostando levemente na minha lombar, era Jeongguk, ostentando um sorriso amarelo e negando levemente com a cabeça.

— Sinto muito se te deixei constrangido. _ Sussurrou o alpha, com calma, me analisando com cuidado como se buscasse algum sinal de desconforto da minha parte _

— Não foi culpa sua, não estou constrangido. _ Tentei parecer seguro_ Mas agora, pensando melhor, parece errado eu estar aqui, me divertindo, enquanto tudo parece uma grande confusão… não quero que os meninos pensem que eu não estou ressentido com o que fiz, eu sei que mesmo sem intenção eu os magoei. 

Senti braços fortes ao meu redor, me puxando para um abraço confortável. Uma das mãos foi em direção dos meus cabelos, os penteando com doçura com as pontas dos dedos, tirando os meus fios rebeldes do meu rosto.

— Vocês precisam sentar e conversar seriamente sobre o que aconteceu, de maneira madura, não é culpa sua tudo o que aconteceu e eu creio que os seus amigos irão entender agora que toda suas cabecinhas estão frias, peça para conversar com eles, se quiser, peça desculpas e assuma seus erros se necessário, mas defenda seu ponto de vista, diga o porquê você acreditou esconder essas informações era uma boa escolha no momento difícil que vocês se encontraram, sim? _ E então pude sentir um leve beijo sendo deixado na minha testa _ Vá lá e diga aos rapazes que eu os estou chamando sim? Vão ter a sala de jantar para vocês.

— Obrigado, Jeongguk! 

Eu gostaria de ter dito mais do que apenas um “obrigado”, Jeongguk fez muito por mim e merece mais do que um simples “obrigado”, ele tem estado do meu lado, me reconfortando e me incentivando da melhor maneira. Depois eu preciso pensar em outro jeito de agradecer.

O seu abraço se afrouxou, mesmo que estranhamente eu quisesse ficar mais um pouco nesse conforto, mas entendo que preciso resolver essa confusão, partiu de mim, então vai ser terminada por mim também.

Entrei na sala de jantar e todos já estavam sentados, Taehyung estava conversando com o Beta, pareciam estar se dando bem enquanto o alpha Yoon apenas assistia tudo, sorrindo minimamente e acenando vez ou outra, contido. Do outro lado, Jin e o Nam conversavam também, um pouco menos contidos, pude até mesmo notar vez ou outra suas mãos encostarem e as bochechas do Hyung ficarem coradas enquanto o alpha não contia um sorriso largo de doer as bochechas. Isso é um bom sinal, eles parecem estar de bom humor.

Me aproximei devagar da mesa, pigarreei para chamar atenção dos mais velhos e consegui, logo tinha os olhares sobre mim e isso foi um pouco desconfortável, mas é um mal necessário.

— Jeongguk quer ver vocês, rapazes, na cozinha! _ Falei, mais baixo do que queria, mas felizmente estava lidando com Dominantes, eles têm uma ótima audição _

Eles acenaram brevemente e se puseram de pé, pude ver o Alpha Nam dar um beijo singelo no dorso da mão de Jin, acariciando levemente as falanges antes de se retirar com os outros, o Beta se limitou a dar uns afagos dos cabelos do Taehyung e o Alpha Yoon um aceno sorridente antes dos três enfim se retirarem.

O sorriso que o Jin Hyung e o Taetae tinham no rosto morreu assim que os rapazes passaram pela porta, mantiveram um olhar meio baixo, Tae ainda parecia um pouco irritado, seu cheiro denunciava isso. O Hyung, por outro lado, parecia mais chateado, com um desconforto claro e presente. Eu me sentei em uma cadeira vazia e respirei fundo antes de erguer o olhar, tentando pensar em como começar essa conversa, escolhendo quais palavras eram as melhores para serem usadas num momento como esse.

— Eu… gostaria de conversar sobre o que aconteceu ontem, se vocês estiverem dispostos a me ouvir. _ Tentei parecer firme em minhas palavras, usando nossas palavras, nossa língua, estava falando com meus irmãos e isso apenas interessa a nós, mesmo sentindo que um bolo estava prestes a ser formado na minha garganta e o medo de falhar me consumia junto a culpa crescente no peito _

Eles ergueram o olhar, se encararam brevemente antes de me olharem diretamente, Tae parecia prestes a falar algo, talvez algo não muito bonito, mas Jin hyung fez um sinal com a mão que o fez parar antes mesmo de começar e deu um aceno de cabeça para que eu continuasse, isso me deu um alívio momentâneo.

— Eu sei que não deveria ter escondido algo assim de vocês, foi errado e eu peço desculpas por isso, mas tenho que ser sincero e quero dizer o que eu acho disso e o porquê eu não contei tudo assim que soube. _ Escolhi ser direto, não enrolar muito, acredito que agora é a última coisa que eles querem ouvir _ Quando o Grande Alpha me disso isso na nossa reunião, não foi por acaso, ele me fez sentir culpa de não ter aceitado o Kang quando eu tive a chance, me contou tudo o que aconteceu, descreveu cada ato que ele viu fazerem com nossos pais e disse que eu poderia ter protegido vocês de alguma forma, escolher ficar com Kang teria nos salvado. 

— Ele e seus filhos estão mortos agora, se tivesse escolhido se submeter a ele apenas teria te feito passar para o outro lado mais rápido, Jimin. _ Taehyung suspirou, com uma mão na testa franzida, com certeza tentando tirar paciência do ar _

— Não… deixe-me terminar, por favor. _ Pedi com voz fraca e o olhar caído de culpa, o silêncio foi minha resposta _ Eles não estão mortos, Taehyung. 

Me assustei ao ouvir uma batida forte na mesa, me fez pular e me retrair de imediato. Taehyung agora estava de pé, suas mãos espalmadas sobre a mesa de pedra, os olhos arregalados e banhados em fúria, os dentes cerrados e o rosto ficando cada vez mais vermelho.

— O que caralho você quer dizer com “não estão mortos”, Park Jimin? _ Tae proferiu, em um tom elevado enquanto bufava _

— Por favor, deixe ele terminar de explicar, Kim Taehyung!! _ Jin intercedeu por mim, agora também de pé, encarando Taehyung que coçava a cabeça irritado, ainda de pé, andando de um lado para o outro, era um assunto delicado o qual eu estava me metendo _ Continue Jimin. _ Jin pediu, com um tom mais calmo, mas era perceptível o seu olhar afiado me encarando e me analisando cuidadosamente _ 

— Era tudo um plano, desde o início, queriam tomar a ilha inteira e não podiam fazer isso sozinhos, queriam acabar com a responsabilidade de ter de lidar com esses mercadores indo até a ilha pegar a “cota de mercadoria”, isso os deixava em uma situação ruim, não sabiam quem iria ser levado e podendo eles mesmos serem levados. O plano era perfeito, na visão do Grande Alpha, Pegar todos quando estivessem todos juntos, ocupados demais com a organização do festival para notar as embarcações chegando, eles fingiram estar mortos, quem buscaria vingança se estivessem mortos? Ninguém, ninguém pensou em algo assim, seria inútil fazer justiça com cadáveres. Mas um ferimento feito no lugar certo pode não ser fatal, eles são alphas, conseguem se curar muito mais depressa do que nós ômegas. Eles estão vivos, na ilha, estaríamos na ilha também se eu tivesse aceitado Kang como meu Alpha. _ Eu já chorava com o bolo enorme me causando angústia _ Ele me ameaçou, Hyungs, ele me ameaçou, pois as mãos no meu pescoço e… _ Tremia de cima a baixo, da ponta do pé até o último fio de cabelo. Não conseguia terminar minha fala, quando fecho os olhos lembro das mãos dele me sufocando, me ameaçando com sua presença dominante, a humilhação de abaixar minha cabeça a um alpha nojento como ele e apenas aceitar tudo em um silêncio forçado e agonizante _ Ele me contou cada ato que fariam conosco, nos deixando passar fome, tocariam nossos corpos, nos venderiam como objetos de luxo para Alphas nojentos, teríamos filhos deles e eles os tirariam de nós e nunca mais iriamos voltar a vê-los e pior nos ocorreria se conseguíssemos fugir e se tentássemos voltar para casa. _ As lágrimas caíam dos meus olhos, chorava e chorava sem conseguir parar, soluçando como uma criança _ Como eu poderia olhar para vocês e dizer isso? Dizer que estamos aqui por culpa minha? Porque eu não cedi a Kang quando ele tentou me reivindicar na floresta, que eu fui tolo em feri-lo, por não ter me colocado no meu lugar de ômega e ficado quieto. Que não podemos voltar para a nossa casa ou vamos acabar, na melhor das hipóteses, mortos por aqueles desgraçados. E pior, saber que tudo isso aconteceu com nossos pais, se tudo que passamos até chegar aqui foi ruim, eu não quero nem pensar em como foi para eles, não teve ninguém para salvá-los como nós tivemos, certamente não tiveram o conforto que estamos tendo agora e me dói saber que durante todos esses anos eu nutri raiva deles, isso me dói muito. Eu sinto muito, muito mesmo por esconder isso de vocês, mas eu não queria nem mesmo saber disso tudo para começo de conversa, eu fui um covarde, eu não consegui, eu não consegui ser forte Hyung, me desculpe, me desculpe. _ Minha garganta se fechou enquanto eu soluçava e chorava, buscava por ar em meio ao desespero que mal senti quando ambos vieram em minha direção e abraçaram meu corpo trêmulo _

Eles me abraçaram com força, me acolhendo em seus braços, enquanto arrulhavam palavras de conforto em meu ouvido e me pediam para respirar. Meu coração batia tão rápido que eu podia ouvir com clareza, minhas mãos tremiam incontrolavelmente e eu mal conseguia encontrar ar suficiente para respirar. Taehyung e Jin continuaram o abraço tentando me transmitir o máximo de calor e conforto possível com ele enquanto sussurravam, me lembrando que eles estavam ali comigo e não iriam embora. Mas os pensamentos, as lembranças, a culpa que rondavam minha mente eram ensurdecedoras. 

Eu senti as lágrimas quentes escorrendo pelas minhas bochechas, a sensação de impotência esmagadora. Eu não queria que ninguém me visse nesse estado, eu era culpado disso, eu menti, eu escondi coisas deles, mas mesmo assim eles me abraçaram com mais firmeza.

Minutos que mais se pareceram, horas se passaram arrastando, mas podia sentir a tempestade dentro de mim se acalmar aos poucos. Meu coração parou de martelar tão furiosamente e minha respiração gradualmente se regularizou, minha visão turva passou a clarear à medida que as lágrimas foram parando de cair. Eu não havia percebido que estava agarrado aos dois como um bebê preguiça em sua mamãe, mas não consigo dizer o quanto me sinto agradecido por ter a presença e o apoio deles aqui comigo. 

À medida que todo o tremor se acalmou, eu me sentia cada vez mais exausto, mas, ao mesmo tempo aliviado. Taetae e o Jin Hyung continuaram a me abraçar, oferecendo palavras tranquilizadoras e sorrisos encorajadores. Sei que tudo está se desenrolando de uma maneira cada vez mais bagunçada e desesperadora, mas ter eles aqui comigo é como se eu pudesse sentir um fio de esperança que nos leva para o fim de todo esse caos em nossas vidas.

— Hyungs, eu... eu sinto muito. Eu nunca deveria ter mentido para vocês. Eu estava com medo de como vocês reagiriam, e isso foi covarde da minha parte. _ Eu comecei, com a voz vacilante, mas refletindo a maior sinceridade que eu poderia ter e minhas palavras _

Ambos olharam para mim, seus olhos expressando muitas emoções. Antes de sentir um beijo carinhoso sendo deixado na minha testa pelo Jin hyung e o Taetae ter levado seus dedos para meus cabelos, fazendo minha cabeça encostar em seu peito. Eu ainda estava sentado na cadeira, ambos em pé em minha frente.

— Jiminie, nós ficamos muito chateados quando descobrimos a verdade naquele dia, por você contar primeiro a um estranho do que para nós, seus hyungs, sobre algo tão sério quanto isso. Mas agora, nós conseguimos compreender o porquê fez o que fez. Às vezes, o medo nos faz tomar decisões difíceis. _ Sussurrou, com tom de voz calmo, Jin _

— Mesmo assim, isso não desculpa o que fiz. Eu deveria ter confiado em vocês desde o início, teria evitado tudo isso, eu não queria que a gente tivesse brigado. _ Disse com sinceridade, me agarrando mais a eles, ainda me sentindo culpado _

Taehyung, com uma calma que nunca o vi ter, pôs as palmas nas laterais do meu rosto e me fez olhá-lo nos olhos. Seu rosto estava sério, mas calmo quando enfim ele começou a falar, com segurança.

— Olha, todos nós cometemos erros, eu não deveria ter agido como agi e sei que preciso começar a lidar com os meus nervos ou vou afastar pessoas importantes da minha vida como você e o Hyung. Mas preste bastante atenção, nossa amizade, nossa irmandade já passou por todo tipo de altos e baixos até chegarmos até aqui e nenhum de nós queremos perder isso! _ Taehyung me ofereceu um sorriso sincero no final _

O peso da mentira e da culpa aos poucos foi sendo gradualmente substituído por sentimentos bons e eu me sentia extremamente aliviado por isso.

— Gente, eu realmente… vocês são as pessoas mais importantes da minha vida e a última coisa que eu quero é perdê-los, vocês são tudo para mim! _ Falo os olhando, me levantando e os abraçando ainda mais, os trazendo ainda mais para perto de mim, como se eles pudessem a qualquer momento correrem para longe, não vou deixá-los ir _

— Então está resolvido! _ Jin exclamou sorridente, devolvendo o abraço apertado e dando beijinhos na minha testa _ Vamos deixar toda essa confusão para trás e seguiremos em frente!

— Só… vamos prometer sermos mais honestos? Não importa o quê. _ Taehyung pediu seriamente, mas também devolvendo o abraço com carinho _

— Prometemos! _ Jin e eu falamos juntos, Tae também prometeu logo em seguida _

E então agora estávamos reconstruindo a ponte que a mentira havia abalado. A confiança pode ter sido abalada, mas nossa amizade estava mais forte do que nunca.