Yennefer De Venguerberg
Aretuza era sim o ponto alto da nossa viagem, eu sabia que no momento em que Ciri completasse seu treinamento nós teriamos que ir até o foco de todo o problema. Porém não sei se estava completamente preparada para enfrentar as gatilhos que aquele lugar desencadeavam em mim.
Foi uma enorme surpresa encontrar Istredd lá, sua postura pacifista sempre o manteve longe de conflitos e de Aretuza. Também fiquei inerte com a consciência de que o bruxo de quem Triss falava com tanto afinco era o MEU bruxo. Não gostava de sentir ciúme, me sentia ridícula, já que isso não fazia parte da minha personalidade.
Não gosto de me sentir ameaçada, o que é meu é meu e ponto final.
- Ainda está brava? - Geralt questionou beijando meu ombro – Amor, eu perdi as contas de quantas vezes te fiz gozar.
- Não estou brava, estou incomodada – respirei fundo – Saber que Triss também é apaixonada por você me deixa irritada.
- Não tem motivos para você ficar assim, não é uma competição e se fosse, você já seria a campeã. Não sou do tipo que fica falando toda hora eu te amo, mas se você quiser...
- Não, não é isso – me sentei na cama – eu sei que você me ama com a mesma intensidade que eu te amo. Eu só fiquei incomodada... Isso vai passar, é apenas uma questão de tempo.
Senti seus braços me puxando para mais perto dele e sorri.
- Eu não sabia que era tão ciumenta assim, gostei disso.
- Não provoque, bruxo.
Revirei os olhos e o senti me beijar novamente. Não estava querendo brigar e sabia que Geralt e eu havíamos construído uma relação estranha e confortável, não precisamos de muito para sermos uma família disfuncional e feliz.
- Precisamos nos arrumar – disse me desvencilhando de seus braços – logo o jantar será servido e conhecendo Cirilla do jeito que conheço, ela não irá descer sem a nossa presença.
- Sobre a Ciri... - ele começou quando levantei da cama – Ela está pronta, não está?
- Vocês mesmo lutou com ela, sabe de suas habilidades. Ela é a nossa chance de vitória, a chance de acabar com Nilfgaard de uma vez por todas. O que te preocupa?
- É errado eu querer que ela tenha uma vida tranquila, sem envolvimentos em batalhas ou situações que a coloquem em risco de vida sempre?
Eu sorri e me sentei novamente ao seu lado. Acariciei seu rosto e suspirei.
- Você é um bom pai Geralt, e está preocupado com a nossa menina. Eu sei o que está sentindo, eu mesma fiquei com esse sentimentos nos últimos anos... mas aprendi algo – senti seu olhar dourado sobre mim – Cirilla nasceu para ser grande. Ela é uma leona, a herdeira do trono de um dos maiores reinos do continente. Não podemos esconde-la do mundo para sempre.
Geralt assentiu e se levantou. Nos arrumamos em silencio e assim que fui abrir a porta encontrei Ciri parada pronta para bater.
- Que bom que estão vestidos – provocou e eu revirei os olhos.
- Vamos jantar.
Todos em Aretuza estavam empolgados com a presença da princesa Cirilla, sua existência era a certeza de que as magias profanas do Norte não seriam o suficiente para derrota-los. Triss permaneceu distante, não sei o que aconteceu, porém ela quase não levantava o olhar para nossa direção. Istreed também não ficou afastado, porém diferente da maga ele permanecia nos encarando.
- Então Cirilla está apta para a batalha? - Tissaia questionou.
- Ela completou todo o treinamento com Versermir, esse é o máximo de conhecimento que ela consegue ter – disse – Já temos alguma noticia dos ataques do norte?
- O norte está se aproximando pelas fronteiras mais fracas – Istreed comentou – recebemos relatos de vilarejos afastados que foram sitiados por Nilfgaard. Mandamos magos e feiticeiros para lá, porém o poder do norte vem crescendo.
Notei que Ciri estava em silencio e a encarei. Aproveitei que todos estavam dispersos em suas próprias conversas e questionei.
- O que foi leãozinho?
Ela respirou fundo e me olhou.
- Todos esperam que eu seja o milagre que precisam, mas e se eu não conseguir? E se na hora eu não for forte o suficiente... Meu poder pode ser menor do que imaginamos.
Eu sorri e segurei suas mãos.
- Estamos nessa juntos, se for para vencermos faremos isso juntos e se perdemos também cairemos juntos. Você não precisa ser como sua avó ou bisavó foi, basta ser quem você é... Cirilla de Cintra, nossa filha.
Ela sorriu e me abraçou.
- Obrigada mãezinha.
Após o jantar Tissaia e outros feiticeiros nos informaram sobre as estratégias que estavam bolando para contra atacar. Ciri ainda estava receosa, porém aos poucos e com o apoio das outras pessoas, ela começou a se soltar.
Notei que Triss se aproximava de Geralt sempre quando eu estava mais afastada e tentava me controlar para não ser indelicada com ela. Em certo momento, ela pediu que fossemos conversar.
- Por que você fez isso? Não sabia que eu era apaixonada por ele?
Franzi o cenho e respirei fundo.
- Triss, nunca conversamos sobre quem era o Bruxo que você estava apaixonada, na verdade não nos víamos desde Aretuza até a batalha de Sodden, nesse meio tempo eu conheci Geralt, nosso destino se entrelaçou por varias vezes até nossa ultima briga. Eu fiquei cega após o ataque, você sabe... esteve comigo... Geralt e eu nos encontramos depois disso, o que queria que eu fizesse? Vocês passaram alguns dias juntos? Nós passamos meses e anos... Desculpe Triss, mas não vou me desculpar por amar alguém.
- Eu não vou desistir dele, Yennefer.
Eu sorri.
- Fique a vontade para fazer o que quiser Triss, só peço que não jogue baixo.
- Eu não apelaria para a magia.
- Eu realmente espero que não – segui a passos firmes para Geralt e Roer, porém fui parada por Istreed.
- Pelo visto a ideia de brincar de casinha voltou a sua mente – ele encarou Ciri – ela até a chama de mãe.
Respirei fundo.
- Não estou brincando de nada, eu realmente tenho uma família agora e não hesitaria em matar por cada um deles.
- Nós também poderíamos ter tido isso se quisesse.
Eu o encarei.
- Não, não teria sido assim... não teríamos dado certo em momento algum, eu aprendi com meus erros e você também aprendeu com os seus, agora somos pessoas melhores e estamos onde deveríamos estar.
Senti o olhar dourado de Geralt e sorri. Caminhei até seu lado e permaneci em silencio.
- O que estava falando com ele?
- O que estava falando com a Triss? - devolvi a pergunta e ele respirou fundo.
- Ela perguntou o que eu fiz desde a última vez que nos vimos, questionou por que eu tinha escolhido você.
- Hum... - Cruzei os braços e ele sorriu.
- Está achando engraçado? - disse irritada.
- Não tem motivos para ficar brava.
- Bom, eu acredito que tenha, já que acabei de ser ameaçada pela feiticeira com quem você copulou há anos atrás – revirei os olhos – Ela deixou claro que não iria desistir de você, que iria lutar por você. E eu ainda tenho que ficar calma?
Ele respirou fundo e me puxou rumo a escada, encarou Roer e o mandou ficar ao lado de Ciri.
- Geralt!
Nós dois paramos e esperamos que Triss se aproximasse, eu respirei fundo para não revirar os olhos com o atrevimento da feiticeira.
- Eu... eu queria falar com você... - disse apertando os dedos.
- O que foi? – ele questionou e ela me olhou.
- quero conversar a sós.
Foi necessário muito auto controle para não estapear aquela mulher.
- Triss, acho que você precisa entender que estou com a Yen e sinceramente não pretendo me separar dela nem agora ou em qualquer outro momento – notei que ela arregalou os olhos – Desde a primeira vez que coloquei os olhos nessa feiticeira eu sou completamente apaixonado por ela e nem mesmo os anos que ficamos separados foi o suficiente para fazer esse sentimento diminuir. Eu espero que você encontre alguém que te faça sentir esse mesmo sentimento.
- Mas... eu posso te fazer sentir isso também e...
- Desculpe Triss, mas eu não vou trocar a minha mulher.
Senti seus olhos marejados me encararem e respirei fundo, aquela situação era complicada, Triss era uma boa amiga e queria que ela fosse feliz, porém jamais permitiria que alguém tirasse meu Geralt de mim.
Ela nos deu as costas e passou a caminhar lentamente pelo corredor. Senti os braços de Geralt nas minhas cinturas e respirei fundo, todo o desejo que eu sentia havia se apagado.
- Obrigada – disse.
Ele respirou fundo e beijou minha testa.
- Não quero que se sinta ameaçada, nenhuma magia seria forte o suficiente para me fazer deixar de amar você.
Sorri e o encarei. Já havia passado por muitas coisas com relação ao meu sentimentos por Geralt, estava consciente de tudo o que sentia e nada iria mudar isso, nem minha amizade por Triss.
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Nos dias seguintes as coisas aconteceram da mesma forma, sempre sentávamos e discutíamos estratégias e procurávamos noticias de ataques do Norte. Ciri mostrava seu poder e tudo o que conseguia fazer com a magia de seu sangue. Triss não nos importunou mais e aos poucos eu ia me sentindo tranquila com relação aos acontecimentos futuros.
Naquele momento estávamos sentados em uma enorme biblioteca, Ciri e Roer discutiam sobre um livro de magia e Geralt afiava sua espada de prata. Eu estava interdita em minha leitura quando uma enorme explosão me fez soltar da poltrona assim como os demais.
- O que foi isso? - Roer questionou.
- Estamos sendo atacados – Geralt disse indo até a janela – Caralho!
- Nilfgaard está nos atacando!! - um dos feiticeiros passou gritando pelos corredores.
Encarei Ciri que estava com os olhos arregalados e suspirei.
- Não entre em pânico Leãozinho – segurei suas mãos – Essa é apenas mais uma luta.
- A luta que irá definir todo o nosso destino ! - Geralt disse e eu revirei os olhos – Vamos!
Notei que todos iam de encontro a batalha e respirei fundo, entrelacei meus dedos nos de Ciri e desci as escadas. Aquele era o momento que estávamos esperando por anos.
Continua...
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