História Things Of Life - Because?

Após ouvir aquilo eu paralisei. Saí correndo porta afora sem me importar com nada. No caminho enquanto eu corria ouvi um trovão e logo a chuva começou a cair, molhando meus cabelos e a água que molhava meu rosto se misturava com as minhas lágrimas.

Eu estava chorando por algo que eu não havia me importado nos últimos anos: meus pais. Eu demonstrava lidar bem com aquela situação, mas aquilo era tudo mentira. Eu nunca me senti bem. Eu sofria em silêncio porque eu sabia que ninguém se importaria.

A casa do Shawn era a umas duas quadras dali e ele foi a primeira pessoa que eu pensei em procurar.

Assim que cheguei perto da sua casa, vi uma cena que partiu meu coração sem eu entender o porquê daquilo. Eu estava gostando do Shawn? Não isso é impossível e eu simplesmente não posso. Shawn abraçou Alice e eu engoli em seco.

Ele sorria para ela de um jeito que dava para ver que realmente se gostavam e que eu estava atrapalhando os dois. O certo seria me afastar do Shawn e deixar ele seguir sua vida. Ele já se importou demais comigo.

Sai dali correndo sem rumo eu não sabia que caminho estava seguindo. Assim que virei uma rua qualquer, esbarrei com alguém provavelmente mais forte que eu já que me fez voar pro chão.

-Meu deus, me desculpa- pela voz deduzi que se tratava de um homem. Ele esticou a mão para mim e me ajudou a levantar.

-Obrigada- agradeci batendo na minha roupa para tirar o barro sem sucesso.

Eu não queria olhar para a pessoa. Não queria que me olhassem com pena. Não queria que tivessem pena de mim.

Assim que criei coragem e olhei para o garoto, eu não acreditei e meu coração foi a mil.

E se apertou de uma forma horrível.

-Gregory?- perguntei com receio de não ser ele.

-Sophie?- ele também me reconheceu e eu sorri correndo para os braços dele.

Gregory era meu primo e meu amigo de infância, ele era melhor amigo do Sammy quando crianças. E ele me lembrava muito o Samuel o que me fazia chorar toda vez que o via.

Me soltei dele e enxuguei as lágrimas.

-Quanto tempo Gregory- falei rindo.

-Eu senti sua falta pequena- falou sorrindo. -Mas o que aconteceu com você?

Eu abaixei a cabeça e voltei a chorar. Aquilo doía meu coração de uma forma intensa e incontrolável. Me sentia fraca.

-Vem. Vamos sair dessa chuva. Vou te levar para minha casa-Falou, me abraçando de lado e me puxando para um carro, que deduzi ser dele. Parei no meio do caminho e ele me olhou confuso.

-Mas eu estou toda molhada e cheia de lama- falei apontando para a minha roupa e ele sorriu.

-Não tem problema, o carro eu limpo depois- falou e me puxou pela mão- Sem contar que eu também estou ensopado- riu e eu sorri.

Apenas entrei no automóvel sem questionar. Estava fraca até para isso.

Gregory entrou no banco de motorista e começou a dirigir.

Como eu estava completamente molhada por causa da chuva, meus dentes batiam uns nos outros e eu tremia de frio.

-Vou ligar o aquecedor. -Gregory falou e eu apenas assenti.

Ele ligou e esse caminho todo foi um silêncio torturante. Eu queria falar, desabafar. Mas só de pensar, já vinha a vontade de chorar.

Ao chegarmos, entramos no condomínio e fomos até o andar dele, logo entrando no apartamento.

-Vá tomar um banho que estarei esperando aqui na sala. Irei preparar um chocolate quente para nós. -Falou, sorrindo e retribuí um sorriso pequeno.

-Tudo bem.

Fui até o banheiro que tinha ali e também tinha uma toalha vermelha. Tomei um banho quente e demorado, tentando espairecer um pouco.

Ao perceber que já estava bom o bastante, saí do box, me enrolei na toalha, coloquei a calcinha molhada mesmo e fui até o armário do Gregory, pegando uma blusa dele e uma calça. Vesti a mesma e fui até a sala.

-Então, pode me contar agora o que aconteceu? -Ele perguntou, se sentando ao meu lado e me encarando.

-Gregory, você se lembra do Samuel?- perguntei olhando para ele.

-Claro que eu lembro. O que tem ele? -Ele me perguntou, levemente preocupado.

-Você me lembra ele. -Falei isso num sussurro. -Eu sempre tinha sonhos com ele. Todas as noites, sonhava com ele. Eu o amava. Tudo está dando errado na minha vida-  Funguei e o encarei no fundo dos olhos.

-O que está acontecendo? - ele perguntou preocupado.

-Meu pai quer minha guarda de volta- disse séria.

-Ele não pode, depois de tantos anos- Gregory disse indignado.

-Eu sei, meu tio não quer dar a minha guarda assim tão facilmente para ele- expliquei

-Seu tio é a única pessoa que você tem, não é? - Gregory perguntou e eu apenas assenti.

 Mas me diz uma coisa, o que está fazendo na cidade?  Achei que estivesse em Amsterdã- falei mudando de assunto para tentar esquecer aquilo.

-Não, tio John pediu para que eu voltasse o quanto antes por sua causa, eu só não tive tempo de ir te visitar, me desculpa-  Gregory desculpou - se.

- Não tudo bem- falei- sorrindo.

-Então, vamos tomar nosso chocolate quente? - Gregory falou dando um tapinha na minha perna e nós levantamos.

Ficamos de frente um para o outro, fiquei o encarando quando senti as lágrimas descerem novamente. Gregory se aproximou e eu o abracei forte escondendo meu rosto em seu peito. Meu choro era alto como se de alguma forma eu conseguisse arrancar aquilo do meu peito, parecia que aquela dor nunca iria acabar, eu fui forte o tempo todo mas agora tudo está desabando e eu simplesmente não sei o que fazer.

Após Gregory conseguir me acalmar nós fomos para a cozinha e ficamos conversando, rindo e fazendo palhaçada.

- Mas então, como está sua vida amorosa? - Gregory perguntou assim que paramos de rir.

-É complicado- falei sentindo meu peito apertar -Eu acho que estou gostando de um garoto. Mas... mas eu não posso. -Falei, sentindo minhas lágrimas descerem.

-Ué. E por que não? -Perguntou, colocando a mão em meu rosto, me fazendo encara-lo.

-Ele namora, Gregory. Eu tenho que me afastar dele..- Era doloroso falar aquilo, pois eu não queria fazer isso. Fomos interrompidos pelo meu celular que começou a vibrar indicando uma mensagem- É o tio John- menti ao ver a mensagem do Shawn pedindo onde eu estava.

-Ele está mandando você ir para casa?- Gregory perguntou.

-Sim, já está de noite, ele deve estar preocupado- expliquei levantando da cadeira da cozinha.

-Tudo bem então- Gregory forçou um sorriso- Quer que eu te leve?- ele perguntou.

-Não precisa- falei rapidamente já que Shawn sem minha vontade disse que estava vindo me buscar.

-Está de noite, é perigoso- Gregory disse preocupado.

-Mas eu não vou a pé- expliquei o tranquilizando.

-Vai com quem? - ele arqueou a sobrancelha.

-Com...- procurei algo idiota para falar- Meu ficante- falei rapidamente.

-Vulgo o menino que está gostando? - Gregory perguntou rindo

-Esse mesmo- falei e ouvi uma buzina na frente da casa e Gregory me olhou.

-Eu quero conhecer ele! - Gregory falou e saiu correndo para a porta comigo atrás dele.

-Volta aqui garoto! - falei mas era tarde demais, ao chegar na sala Gregory e Shawn estavam conversando.

-Então você é o... - interrompi Gregory colocando a mão na sua boca.

-Então, vamos Shawn? Já tá tarde- falei parando do lado do Shawn e pegando no seu braço.

-Que pressa é essa prima? - Gregory falou rindo.

-Amanhã temos aula Shawn- sussurrei e Shawn assentiu. Ele estava estranho e eu nem sabia o porquê daquele comportamento.

-Tchau Gregory- Shawn disse pegando na minha mão e nós fomos a caminho do carro. Acenei para o Gregory de longe que estava com uma cara de nojo absurda. Entramos no carro e Shawn estava num completo silencio.

-Shawn está tudo bem?- perguntei colocando a mão no seu braço e eu percebi seu punho fechado. Mas ao me ouvir falar se suavizou.

-Quem é esse cara? - Shawn perguntou olhando para mim e eu me surpreendi com a pergunta e seu comportamento.

-Meu primo- falei com se fosse óbvio.

-Vocês tem bastante intimidade né? - Shawn disse virando a chave na ignição do carro com raiva.

-Sim, temos, ele é da minha família- falei arqueando a sobrancelha.

-Ele pensa assim também? - Shawn disse e eu fiquei pasma.

Mas o que esse menino tem?