História Thinking Out Loud - II - Capítulo 3

 - Fala, Ed! - insisti depois de tanto silêncio - Por que agiu assim? Por que bateu no Ryan?

- Ele não é pra você... - foi o que conseguiu dizer depois de me encarar por um bom tempo 

- Ah, ele não é pra mim? Então quem seria pra mim, Edward? - coloquei as mãos na cintura a espera de uma resposta digna 

- Ryan é meu melhor amigo e você é como uma irmã pra mim, não quero vocês juntos. Sei como ele é, o conheço o bastante pra saber que não é bom o suficiente pra você. - Ed suspirou passando a mão no cabelo e se sentou no sofá 

As palavras dele foram recebidas como um tiro bem no peito que me fez cambalear pra trás. Não queria ter ouvido aquilo.

- Ah - fingi um riso - Eu sou como uma irmã pra você, e é claro que você é daqueles irmãos super protetores e ciumentos que não quer que eu namore ninguém. Acertei?

- Não é pra tanto, um dia você vai achar alguém que te dê valor. Mas não o Ryan. - balançou a cabeça negativamante 

- Nem Ryan, nem o Justin, nem o Kodah, nem o Chris ... - listei os nomes dos rapazes que Ed expulsou da minha vida - Eu preciso viver, Edward. Eu não sou rica, não tenho homens batendo na minha porta todos os dias, eles não gritam por mim quando saio na rua, e eu não sou boa o bastante pra ficar com o homem que eu quiser. - o encarei com decepção - Eu não sou igual a você. Eu preciso seguir a minha vida, preciso namorar, casar e ter filhos. Preciso ter uma casa com crianças correndo de um lado pro outro, com um cachorro no quintal, um marido ao meu lado, e um emprego digno. Eu não vivo pra você, por mais que isso pareça óbvio as vezes.

Nossos olhos se encararam por alguns segundos, suspirei cansada quando Ed me lançou um olhar triste. 

- Feche a porta quando sair.

Subi as escadas até meu quarto, fechei a porta e entrei no banheiro para mais um banho. 

 

ED SHEERAN 

Depois de presenciar aquela cena horrível e discutir com a Carol, eu entrei no carro e segui direto pra casa. Estava exausto, tive um dia cansativo demais com a Annie, em todos os sentidos. 

- Vai jantar, filho? - minha mãe beijou meu rosto assim que cheguei 
 

- Não, vou subir pro meu quarto.

Talvez eu tenha sido grosso com a minha mãe, mas por algum motivo eu estava estressado e com ódio. Subi correndo as escadas e passei voando pelo corredor até chegar no meu quarto. 

Joguei meu corpo na cama e encarei o teto branco. A imagem de Ryan sem camisa e Carol com sutiã a mostra e o cabelo bagunçado não saia da minha mente. Senti meu corpo ferver outra vez ao imaginar os dois juntos, ao imaginar cenas quentes entre eles. Caroline era minha amiga, minha melhor amiga, e eu tinha todo o direito em sentir ciúmes dela. 
Meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do meu celular. 

- Oi, Annie. - suspirei passando a mão nos olhos, estava realmente cansado 

- Oi, amor! - sua voz animada me deu mais raiva ainda - Que voz é essa?

- Minha voz, Annie, a única que eu tenho.

- Nossa, o que houve? Saiu daqui tao bem e agora ta assim.

  - Annie - suspirei com os olhos fechados - Pra que me ligou?

- Ed, o que aconteceu? Porque ta me tratando assim? - notei sua voz carregada de raiva, tanto quanto a minha 

- Eu to com raiva, porra! To estressado, cansado, exausto! Não entende isso?

- Por causa da Carol?

- O que? Não! - menti - Porque seria?

- Porque ela é a única preocupação que te estressa dessa forma...

Respirei fundo e me levantei ficando sentado na cama. Encarei o nada e repeti inúmeras vezes o que Annie havia acabado de dizer, não era verdade, com certeza eu tinha preocupações maiores. 

- Eu fui na casa dela quando sai dai. - admiti - Peguei ela e Ryan transando, acho que estão juntos... Enfim, me descontrolei e acabei batendo nele.

- Você fez o que, Ed? - sim, ela estava brava - Eu não acredito que você fez isso por ciúme, não acredito que você tem ciúme da Carol! - ela gritou

- Tenho mesmo, e daí porra?! Oque você tem a ver com isso? 

- Eu sou sua namorada, tenho o direito de ficar com raiva disso!

- Então talvez eu não queira uma namorada! - gritei

Desliguei o celular e o taquei na cama com força, suspirei apoiando minha cabeça nas mãos. Não sabia porque a cena não saia da minha mente e eu tinha vontade de ir até Ryan e o matar por ter feito aquilo. Mas de uma coisa eu sabia, não queria ele perto de mim.

Tirei minha camisa xadrez e a joguei em algum canto do quarto, fiz o mesmo com o cinto, a calça jeans e o par de tênis. Meu celular tocava sem parar, era Annie querendo explicação que nem eu sabia dar. Decidi atender.

- Me esquece, Annie. Acabou, não dá mais, não quero mais, entendeu? 

Ela iria dizer algo quando desliguei o celular, fui pro banheiro do meu quarto e tomei um banho demorado. 

A pergunta que Carol me fez me perturbava: "Quem seria pra mim?"

Eu não sei, Carol, mas não consigo te imaginar com homem algum. 
 

Eu estava na cozinha sentado em frente à bancada de mármore enquanto comia macarrão a bolonhesa com um suco de melancia. Meu pai se aproximou de mim, pegou um copo d'agua e
sentou bem na minha frente. 

- A essa hora da madrugada comendo macarrão? - dei de ombros - Okay, o que aconteceu? - não sei se queria falar sobre aquilo com o meu pai, que gostava tanto da Carol.

- Não quero falar sobre isso pai, por favor.

- Tem certeza? 

- Tenho. - assenti mastigando 

O silêncio tomou conta da enorme cozinha, apenas o som do garfo batendo no prato era ouvido. 

- Eu e Annie terminamos. - resolvi dizer 

- Espero que não voltem. - ele revirou os olhos, meus pais por algum motivo não gostavam dela, ri com isso. 

- Não vamos voltar. - garanti 

- Algo me diz que não é esse o motivo de você estar assim. - meu pai me encarou, abaixei os olhos no mesmo instante 

- Carol e Ryan estão juntos. - finalmente juntei coragem pra dizer 

- Legal, ficam bem juntos! - disse depois de beber o último gole de água.

- Pai! - gritei. Ele não parecia tão surpreso quanto eu, pelo o contrário, parecia ter gostado da novidade 

- Que? O que eu falei de mais?

- Que eles ficam bem juntos. Só eu vejo que isso não vai dar certo? Que eles são diferentes?

- Sim, só você. - ele assentiu - Ed, Carol arranjou alguém e você deveria apoiar, porque foi isso que ela fez quando Annie entrou na sua vida. 

- Nunca!

Larguei o garfo no prato fazendo um barulho alto demais e subi pro meu quarto. Não era possível que só eu via a gravidade da situação. 
 

CAROLINE

Já era o dia seguinte, a casa estava vazia do jeito que eu gostava, a neve já havia ido embora e o cheiro do clima estava perfeito. Pensei em ligar pro Ryan e pedir desculpas pelo ocorrido, mas eu não tinha culpa de nada, se alguém tinha que pedir desculpas esse alguém era Ed. 

Preparei uma xícara de capuccino e a levei pra varanda, sentei na cadeira de madeira, a coloquei sobre a mesa da mesma cor junto com o notbook e entrei em um dos mais famosos sites de fofocas. Sempre fazia isso pra fazer se Ed estava na mira. E estava.

"RUMOR: Ed Sheeran e Annie Henrie teriam terminado namoro."

Senti meu coração acelerar de tal forma que me fez encostar na cadeira.