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História Thinking Out Loud - II - Capítulo 18


Escrita por: AnnaSheer

Capítulo 62 - II - Capítulo 18


Fanfic / Fanfiction Thinking Out Loud - II - Capítulo 18

Abro a porta de casa e me deparo com meu pai dormindo no sofá, o dia deve ter sido bem cansativo com Morgana. Balanço a cabeça para afastar os pensamentos enquanto fecho a porta atrás de mim. Tiro meus saltos para não fazer barulho e caminho lentamente até meu quarto. Olho no relógio de parede, são 18:27, tenho tempo mais do que suficiente para me arrumar. 

Entro no banheiro, abro a torneira e deixo a água cair enquanto tiro toda minha roupa. Prendi meu cabelo num coque para não molhá-lo e entro embaixo da água quente.

Talvez eu devesse ligar para Ed e dizer que vou sair com alguém, não preciso dizer quem é, posso mentir e dizer que é uma amiga ou invés de um amigo. Com certeza se eu disser que vou sair com um homem, ela vai fica bravo. Ou talvez eu possa apenas mandar uma mensagem. Mas quero que ele saiba pra eu não me sentir como se estivesse fazendo algo de errado. 

Fecho a torneira e me enrolo na toalha branca. Pego meu celular dentro da bolsa e digito uma mensagem para Ed. 

"Oi, ruivo. Como está aí? Sei que não vai me responder agora, com certeza está encima do palco. Mas quero avisar que estou indo no cinema agora com uma colega de trabalho. Me liga quando puder falar. Amo você!"

Suspiro e envio a mensagem. Sei que ele não vai achar ruim em eu me divertir com uma 'amiga'.

Vasculho meu guarda roupas atrás de uma roupa que seja boa o suficiente para a ocasião. Não está quente, e nem frio demais, o tempo está instável. Acabo escolhendo uma calça jeans escura, uma blusa preta e casaco da mesma cor, e é claro, saltos. 

Termino minha maquiagem, pego minha bolsa e vou para sala checar se meu pai já acordou. Vejo ele ainda deitado no sofá, mas desta vez esta acordado assistindo tv. 

- Aonde vai? - ele me olha de cima a baixo 

- Vou sair com uma amiga. - me sento na poltrona 

- Uma amiga? - ele me analisa, sabe bem que não tenho amigas. 

- Sim, uma menina que conheci no trabalho. Marcamos de ir ao cinema hoje. 

- Uhum. - ele diz claramente desconfiado. Eu poderia ter amigas e me divertir com elas, mas as mulheres sempre querem algo. É irônico eu dizer isso, eu sei, mas os homens sempre são mais divertidos e mais sinceros. - Sobre de manhã...

- Pai... - sei que ele vai reclamar por Ed ter falado daquela maneira, mas foi apenas brincadeira.

- Eu não quero escutar mais nada, por favor. - por mais que tenha pedido com educação, sua voz está carregada de tensão - Vocês têm direito de fazerem isso, mas não aqui em casa, pelo menos não quando eu estiver aqui.

- Tudo bem, me desculpa. - abaixo a cabeça envergonhada. Por um momento eu me ponho no lugar do meu pai.

Escuto a buzina tocar, sei que Harry chegou, mas nem de longe meu pai pode vê-lo!

- Bom, minha carona chegou. - sorrio - Tchau! - me apresso em dizer

- Bom filme. 

Coloco minha bolsa no ombro e saio de caso. Há um carro branco parado bem em frente à minha casa, olho para os lados para certificar de que o carro espera por mim, ou melhor, quem está dentro dele. Até onde eu sei, Harry tem uma BMW preta, e não uma Ferrari branca. 

Ando em direção ao carro ainda duvidando, sinto um alívio imediato ao ver o vidro da janela se abrir e Harry acenar lá de dentro. Acho que ele sabe que estou perdida.

Ele não é cavalheiro como Ed, que costuma abrir a porta para mim quando não estamos brigando. Mas tudo bem, não posso ficar reparando em alguém mentalmente. Ou posso?

- Quanto tempo, Caroline. - o sorriso acompanhado da ironia me faz rir enquanto coloco o cinto de segurança 

- Carol. - o corrijo 

- Desculpa, é que eu não costumo chamar meus funcionários pelos apelidos. - ele diz enquanto dá a volta no carro. Sinto um frio na espinha e afundo meu corpo no banco, levei meu primeiro fora do meu chefe e isso não é divertido. Acho que estou vermelha de vergonha. - Hã, quer dizer, não vejo você como uma funcionária, já somos amigos, não? - acho que Harry percebeu meu constrangimento e está tentando amenizar a situação 

- Sim, somos. - minha voz sai seca e fria, devo ser uma criança mimada

Ficamos em silêncio durante todo o caminho até o cinema, que por sinal não é curto. Por que ele disse aquilo? Estávamos indo bem, estávamos construindo uma boa amizade, não estávamos? Ou somos amigos, segundo ele? Não sei de nada sobre isso, só sei que o jeito como se referiu a mim fez eu me sentir muito inferior a ele, mesmo compartilhando o mesmo escritório e o mesmo cargo na empresa. 

Me pego olhando para Harry algumas vezes, não posso deixar de perceber sua vestimenta. Uma calça jeans clara, camisa branca de pano fino com alguns rabiscos pretos na frente e um sapatênis. Meus olhos se arregalam quando percebo um traço escapando pela gola da camisa. Ele tem tatuagens não só braço esquerdo, como no tórax também.

Definitivamente é um Harry diferente.

Quando enfim chegamos ao cinema, Harry estaciona o carro no subsolo e dessa vez abre a porta para mim. 

- Desculpa não ter feito isso antes, mas seu pai tava me olhando pela janela com uma expressão não muito boa. E pelo jeito como você entrou rápido no carro, percebi que não queria que ele me visse. - ele  sorri sem jeito 

- Meu pai te viu? - digo isso mais alto do que esperava. Merda! Meu pai sabia que eu estava mentindo, ele me conhece bem demais. Espero que não brigue comigo e não conte pro Ed. Mesmo sabendo que a última opção é impossível. 

- Viu. - ele ri fechando a porta atrás de mim, só então percebo que permaneço estática no mesmo lugar - Ele é do tipo que não aceita amigos seus? 

- Ah, não. - respiro fundo enquanto caminhamos até o elevador - Só que ele é bem protetor. - minto 

- Não tiro a razão dele, existe todo tipo de homem nesse mundo e você chama a atenção. - Harry da de ombros. Isso foi um elogio, certo?

- Vou encarar isso como um elogio. - sorrio assim como ele, a diferença é que eu não tenho covinhas...

A porta do elevador se abre e nós entramos, um casal se apressa pra entrar, então Harry coloca o braço na porta pra bloquear o elevador. Assim que o casal entra, eu aperto o botão do primeiro andar. Andamos por todo o cinema até a enorme fila pra comprar os ingressos.

- Ahh... - resmungo cruzando os braços 

- Odeio filas. - Harry revira os olhos ao meu lado e eu rio desse ato infantil, tanto quanto o meu. Duas crianças talvez. - Por isso que eu sempre compro pela internet. - ele pisca ao sacar do bolso dois ingressos. Gargalho ainda mais.

Acompanho Harry até a praça de alimentação no andar de cima, ele me pergunta três vezes o que quero comer, e como não sei pedir nada pra ninguém, acabo deixando que ele escolha por mim. Passamos no Mc Donald's e ele compra dois hambúrgueres com refrigerantes 700ml. Talvez Harry seja um tanto exagerado na escolha de comida. 

- Eu não tomo nem 300ml de refrigerante... - digo enquanto caminhamos até a entrada das salas 

- Eu tomo por você. 

- Que? - olho ele de cima a baixo - Pra onde vai tudo isso? 

- Pra academia, talvez? Ou você quer mesmo que eu diga o lugar pra onde os alimentos vão depois de digeridos? - ele sussurra como se ninguém pudesse ouvir nossa conversa 

- Ai que nojo... - faço careta e Harry gargalha
 

Quando entramos na sala do cinema, os trailers já começaram. A sala escura faz eu me arrepender no mesmo momento por ter aceitado essa loucura. Só Deus - e Ed - sabe o quanto sou medrosa.

Assim que ocupamos nossos lugares, começo a devorar meu lanche rapidamente na tentativa de não prestar a atenção na enorme tela a minha frente. Percebo o olhar de Harry sobre mim, mas tento não ligar para o fato de estar agindo como uma ogra sem educação/morta de fome ao lado do meu chefe. 

Meu chefe. Por um momento me esqueci que Harry é o meu chefe.

Minutos se passam e eu estou encolhida no meu assento com os braços dobrados e as pernas juntas. Meus olhos estão cravados na tela, e meu coração está a mil. Como se já não fosse o bastante eu estar com medo das cenas horríveis que aparecem na tela, o som assustadoramente alto e a escuridão me deixam ainda mais apavorada. 

- Tudo bem? - ouço algo próximo ao meu ouvido mas não consigo entender o que é 

Quando dou por mim, já estou do lado de fora do cinema, sentada num banco de madeira. 

- Carol? - Harry chama pelo meu nome, o riso está estampado no seu rosto e ele coloca a mão na barriga de tanto que rir - Carol, tudo bem?

- Não. - respondo friamente como se ele tivesse culpa pelo meu medo. Sacudo minhas pernas freneticamente

Harry ainda está rindo quando senta ao meu lado e tenta falar comigo. É tão engraçado assim ver alguém sentir medo?

- Tudo bem, linda. Não é nada demais, só um filme. Relaxa. - ele me chamou de linda? 
Como assim, ele me chamou de linda?

- Heim? - ele insiste e eu finalmente saio do transe 

- O que? 

- Quer ir embora? - a essa altura ele já está mais calmo mas sua respiração ainda está acelerada.

- Não sei... - respiro fundo - Não quer terminar de ver o filme?

- Sozinho? Não. - ele sorri - Vamos, a gente dá uma volta. - ele faz sinal com a cabeça em direção a porta de saída 

Assinto algumas vezes, e o acompanho até o elevador outra vez. Quando chegamos ao carro, percebo o quanto fiz ele pagar, e atoa.

- Harry, desculpa ter feito você pagar tanto e pra eu não ter assistido nem metade do filme... - me encolho no banco, que papelão Carol!

- Nada disso, eu que chamei, não foi? - ele me olha rapidamente e eu assinto - E além do mais, eu sabia que você não ficaria até o final do filme. Não liga pra isso. 

- Okay. - sorrio - E pra onde estamos indo?

- Sorveteria. 

- Meu Deus, como você come! - rio 

- Duvido que vá ficar só olhando, ninguém resiste a sorvete. 

Fico quieta, porque sei que não resisto a sorvete. 

Passamos numa sorveteria grande e que por sinal estava bem cheia. Tivemos que esperar numa fila pra sermos atendidos e eu não deixei de falar na ironia da situação. Depois de uma longa e cansativa briga com o Harry, ele acabou me deixando pagar o meu sorvete. 

Na volta para casa, trocamos números de celular a pedido dele. Aproveitei a ocasião pra checar se havia mensagem ou ligação perdida do Ed. Nada. Sei que pra ele é difícil entrar em contato comigo, se isso acontecer, com certeza vai ser de madrugada.

- Ah, quer entrar? - pergunto sem jeito quando Harry estaciona em frente a minha casa. Olho em seus olhos por alguns segundos e vejo um pequeno brilho ali 

- Hã... Não sei se seu pai tem arma, então vou me manter em uma distância segura. - ele sorri - Mas vou te levar até a porta. 

Solto uma gargalhada mais alta do que esperava e fico vermelha por isso. Antes que eu possa tentar abrir a porta, Harry faz isso e estica a mão pra mim. Sorrio olhando pra baixo e saio do carro, coloco minha bolsa no ombro e caminho até a porta. Suspiro com as mãos entrelaçadas enquanto Harry faz o mesmo na minha frente, ele encaixa as mãos no bolso da bermuda e me encara por alguns segundos. 

- Obrigada por hoje, foi divertido. - digo antes que ele possa dizer algo desagradável 

- Eu também. - ele sorri e suas malditas covinhas me chamam a atenção pela vigésima vez no dia - Vamos fazer isso mais vezes.

- Vamos sim! - concordo

A porta ao nosso lado se abre e meu pai dá um passo à frente, com a cara fechada e os braços cruzados. Ok, ele não consegue colocar medo em ninguém a não Harry, que não faz ideia do amor que ele é. 

- Boa noite. - ele começa 

- Oi, pai. - o fito com os olhos, na esperança de que ele não fale nada demais 

- Boa noite Senhor...

- Roger. 

- Hã, eu sou o Harry. É um prazer conhecê-lo - o rapaz de tatuagens e cabelos ondulados estende uma das mãos pro meu pai, que faz o mesmo 

- Prazer, Harry. Carol - ele me olha de um jeito e eu sei que vai aprontar - É melhor entrar logo, seu namorado já ligou três vezes procurando você. - Merda!

Suspiro de olhos fechados e sinto vontade de não abri-los mais de tanta vergonha. Tenho certeza de que Ed não ligou e meu pai está fazendo esse teatro de propósito.

- Ok, eu já vou. Nos dá uns segundos a sós por favor? - suplico 

- Claro. - ele sorri, e eu tenho vontade de xinga-lo por isso 

Meu pai entrar e fecha a porta, imediatamente volto a atenção em Harry, que está com os olhos cravados nos meus. 

- Harry, eu... - começo a me explicar mas ele me interrompe

- Tudo bem. - ele abre um sorriso doce e meigo - Nos vemos amanhã, certo? Boa noite, Caroline. 

Ele se aproxima de mim, toca um dos meus braços carinhosamente e beija minha bochecha de um jeito doce e rápido. Respiro fundo. 

- Boa noite, Harry. 

Acompanho Harry com os olhos até que ele entra no carro e desaparece da rua. Abro a porta de casa e a fecho cuidadosamente atrás de mim. Vejo meu pai na cozinha e passo correndo por ele até chegar no meu quarto. 

Harry é uma ótima pessoa e a sua companhia é agradável demais. Qual é o problema em eu ter ele como amigo? Por que meu pai fez esse teatro com ele mas não faz com Conan e não fazia com Ryan? Quero respostas para as minhas perguntas. Mas não hoje, não agora. 


 


Notas Finais


Quem vocês estão shippando? 😍💕


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