História This is Hollywood - Loirinha e Friendzone

Ashley Astor P.O.V

Bati o pé no chão impaciente, pensando em mais um verso para terminar a minha primeira música. Comecei a escreve-la nas férias de inverno, mas não consegui finalizar. Tenho as notas e a maior parte dos versos, mas falta alguma coisa.

Passei os dedos pelas cordas do violão, tentando pensar em alguma coisa. Nada me vinha a mente para continuar com esse pequeno projeto.

Suspirei, colocando o violão no suporte e guardando meu caderno na mochila. É um caderno especial. Tenho ideias, melodias e versos nele. Se um dia eu perder esse caderno, tenho um ataque cardíaco.

-As meninas estão te procurando. -diz Yugyeom me assustando.

Viro para a porta encontrando o garoto escorado no batente. Reviro os olhos de forma que ele não perceba.

Nossa relação, se é que posso chamar assim, não mudou desde de o dia na praia em Huntington, meses atrás. Se mudou, foi pra pior. Nós conversamos apenas o necessário e andamos juntos por causa dos nossos amigos.

Infelizmente, ainda gosto dele. Eu me odeio por causa disso. Odeio ficar pensando nele, odeio o fato do meu coração disparar toda vez que ele está perto e acima de tudo, odeio quando ele sorri e me faz sorrir junto.

Yugyeom se aproxima e fico de pé, segurando a minha mochila pela alça. Não gosto de ficar sozinha com ele. Se isso acontece, sinto vontade de voltar a conversar  e me declarar, mas isso não vai acontecer.

-Vamos juntos. -Yugyeom sorriu.

Ele pegou a minha mão e saiu da sala. Minha cabeça pede que eu solte a mão dele, mas meu corpo não obedece. Parece que não tenho controle sobre mim mesma.

-Estão juntos? -ouvi duas garotas sussurrando no corredor e olhando para as nossas mãos.

Tentei esconder o meu rosto no meio do meu cabelo. Não preciso das pessoas falando sobre mim. Ainda mais com o nome do Yugyeom junto.

Chegamos no refeitório. Os olhares de vários alunos caíram sobre nós e senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Mordi o lábio e finalmente consegui  soltar a minha mão do Yugyeom. Ele me olhou sorrindo e se sentou na mesa ao lado do Youngjae.

-Ash! -Bia me abraçou de lado. -Demorou, hein?

-Estava na sala de música. -sorri de lado. -Do que estavam conversando?

-Festa na casa da Lox na sexta. -disse Jackson. -Vocês vão?

-Se o Jae for. -Rosé e Sam disseram ao mesmo tempo. Demos risada.

-Não posso ir. -disse Gabriela.

Começou uma conversa sobre a festa e me desliguei. Não estou a fim de ir para festa nenhuma. Ainda mais na casa de uma veterana que eu nem conheço. Prefiro ficar em casa, comendo pizza e assistindo os meus desenhos.

O sino tocou de novo e me levantei. Não terei aula agora por isso vou voltar para a sala e tentar terminar aquela música.

-Vocês vão lá em casa hoje? -Gabi e as meninas me acompanharam.

-Eu posso ir. -dei de ombros. -A Lexee vai levar os clones para casa e não quero ficar lá.

-A ralação de vocês ainda não melhorou né? -Sam balançou a cabeça. -Já tem messes, deviam conversar.

-É impossível conversar com ela. -suspirei. -A Lex fica se fazendo de vitima e isso me irrita.

-Conversamos mais tarde. -Gabi sorri fraco. -Teatro agora.

Nos separamos no corredor principal e cada uma foi pra sua respectiva sala. Subi as escadas voltando para a mesma sala que estava antes. Deixei minha mochila no chão, mas meu celular começou a apitar. Bufei e peguei o aparelho no bolso interno. É uma mensagem do Yugyeom.

Porque não conversa mais comigo? 

Revirei os olhos, mas meus dedos correm pelo teclado respondendo.

Tem razões muito fortes que impedem a gente de conversar.

Tipo o que, Ash? Para com isso. Sinto falta de falar com você. Eramos amigos.

Esse é o problema,Yugyeom.

Olha, eu não posso falar com você.

Não pode ou não quer?

Fiquei olhando para a tela do celular sem saber o que responder. Se dizer o verdadeiro motivo, que não quero falar com ele, sei que o Yugyeom vai ficar magoado. Não quero fazer isso com ele, mesmo sabendo que sou a mais machucada da história.

Suspirei, pensando no que deveria fazer. Acho que é melhor parar com essa bobagem de não ser amiga dele. Fiquei messes tentando esquece-lo e mesmo não falando com ele,  não tive sucesso. Mais apaixonada e trouxa do que já sou não posso ficar né?

Desculpa, Gyeom. Podemos conversar depois então? 

Claro, loirinha. Te vejo depois.

Meu coração pulou quando vi o loirinha escrito. Só amigos, Ash. Nós dois somos apenas amigos. Tenho que me concentrar nisso e não esquecer.

Gabriela Wate P.O.V

Sai da aula de teatro com a notícia de uma nova peça para o começo da primavera. Nikki, uma das minhas colegas de teatro, sugeriu que eu deveria fazer o papel principal, como fiz em Alice no País das Maravilhas. A peça é Lancelot e Guinevere, é algo relacionado ao Rei Arthur e as lendas inglesas. Não estou muito animada, mas peguei o roteiro para fazer um teste.

Entrei em um banheiro e fui direto para a frente do espelho. Tem muitas garotas checando o cabelo e a maquiagem antes de ir para a próxima aula, por isso demorei um pouco tentando amarrar o cabelo de novo.

O sino indicando o fim da aula tocou cinco minutos depois. Passei no meu armário, pegando meu caderno de inglês e esperando as meninas para irmos embora. Vi de canto a Sam se aproximando enquanto conversa com o Mark. Meu sangue gelou. A Sam sempre foi a que me deu mais força para me declarar. Será que ela falaria algo com o Mark? Sobre mim?

Meu celular começou a tocar. Tirei do bolso e vi o nome da Sasha escrito. Recusei a chamada. Deve ser sobre alguma série idiota que eu não vou fazer.

Depois de messes, finalmente me sinto como alguém normal. As pessoas da escola se acostumaram comigo, posso fazer compras com as minhas amigas sem ter seguranças e não sou obrigada a ir em festas apenas para ser promovida. Não quero voltar a ser "famosa".

-Oi. -diz Jaebum sorrindo.

-Oi. -sorri de volta. -Procurando a Sam?

-Sim. Sabe cadê ela?

-Estou bem aqui. -Sam abraçou o Jae por trás. O mesmo se virou e a beijou.

Desviei o olhar. Não preciso observar essa cena de troca de saliva.

-Quando vamos estudar? -Mark se escorou ao meu lado.

-Não quero estudar matemática. -fiz bico. -É muito chato.

-Mas você tem que passar não tem? -ele ergueu a sobrancelha. -Ou quer ficar no segundo ano pra sempre?

-Pode ser na quarta? -perguntei. 

-Quarta sem falta. -ele sorriu.

Bia chegou conversando com a Ash. Reparei em uma marca roxa no pescoço dela e quase engasguei com a minha própria saliva. Faz algumas semanas que desconfio que a Bia está com alguém. Ela sempre dá um perdido na gente e volta depois com a boca vermelha, cabelo bagunçado ou um sorriso bobo no rosto.

-Bia, vai comigo hoje? -perguntei.

-Claro.- ela respondeu meio confusa.

-Tchau gente.- me despedi de todos.

Saímos da escola indo direto para o estacionamento. No Natal, meu pai me deu um carro. Eu já tinha carteira, mas eles nunca me deixaram dirigir. Agora não preciso ficar pedindo carona para a minha mãe ou vindo para a escola com a Sam.

-Você quer falar sobre alguma coisa, né? -Bia perguntou enquanto coloca o cinto.

-Quem fez essa marca no seu pescoço? -liguei o carro saindo da escola.

Percebi que Bia ficou nervosa. Suas mãos subiram para o pescoço no exato lugar do chupão. Ela murmurou alguma coisa e olhou para a escola que ia se afastando.

-O que disse? -perguntei.

-É só...um garoto da escola. Nada demais. Não é alguém que eu goste.

-Sei.- revirei os olhos. -Reparei que isso acontece tem um tempo já. Isso parece sério e você parece apaixonada.

-Você está vendo coisas, Gabriela. Estou falando sério. Não é nada demais.

-Certo.Vou fingir que acredito nisso.

-Já tomou coragem para conversar com o Mark? -ela muda de assunto.

-Mark não quer nada comigo e não vou perder a amizade dele.

-Mas ele pode gostar de você, Gabi. -ela retruca. -Não devia ser tão insegura.

-Chegamos. -disse quando parei na frente do prédio da Bia.

Ela revira os olhos.

-Valeu pela carona. Te vejo na escola.

Dei um tchau para a Bia e suspirei colocando minha cabeça no volante. Ela está certa. Eu devia ser mais segura de mim e ter coragem suficiente para falar com Mark, mas e se ele não gostar de mim do mesmo jeito? Vou acabar com uma amizade por nada. Não posso perder o Mark por causa disso.

Pensando bem, não posso perder o que nunca foi meu.