História This is Hollywood - Sorvete e Decepção

Ashley Astor P.O.V

Tudo bem, o nosso plano de ver a Gabriela no dia seguinte foi por água abaixo quando acordamos. Eu não iria conseguir encara-la e ainda mentir na cara dura dizendo que não aconteceu nada demais na festa. As meninas concordaram comigo.

A Sam me deixou em casa depois do meio-dia e fui direto para o meu quarto torcendo para não encontrar a Lexee em casa. Por sorte, tem um bilhete na cozinha dizendo que ela foi a Bervelly Hills com a Penélope e que não tem hora para voltar. Felizmente, nada de Lexee o dia todo. Posso relaxar por algumas horas.

Deitei na minha cama e fiquei um tempo ali, olhando para a parede me sentindo péssima por não contar nada a Gabi. Detesto mentir para as pessoas.

Meu celular vibrou indicando uma nova mensagem. Olhei na tela e vi o nome Gyeom gravado. Desbloqueei o celular e abri a mensagem.

Quer sair um pouco? A festa foi um fracasso.

Claro. Desculpa por isso, tive alguns imprevistos.

Sem problemas. Passo aí em meia hora, Ash.

Sabe meu endereço?

Sim, eu não moro longe.

Sorri ao me levantar e ir para debaixo do chuveiro. Tentei não demorar, mas estou um pouco nervosa. Quase chamei a minha mãe para me ajudar com a roupa, mas tive o bom senso de ligar para Sam. Infelizmente, nem ela e nem a Bia atenderam. Não vou ligar para a Gabi de jeito nenhum.

Acabei escolhendo uma jardineira jeans com um cropped branco com estampa e tênis da Adidas. Deixei meu cabelo solto e tomei muito cuidado para não exagerar na maquiagem.

-Ashley! -minha mãe chamou do andar de baixo.

Peguei meu celular e desci as escadas quase correndo. Minha mãe quase nunca me chama de Ashley se não tiver algo importante acontecendo.

-Sim? -perguntei quando cheguei na sala.

Entendi o motivo assim que vi ele parado perto do sofá com o sorriso mais fofo do mundo.

-Seu amigo está aqui. Vocês vão sair?

-Vamos dar uma volta, mãe. -sorri envergonhada. -Volto depois.

-Toma cuidado. -pede.

-Eu cuido dela, senhora Astor. -Yugyeom sorriu.

Mordi o lábio, vermelha, e puxei Yugyeom para fora de casa. Por sorte, não foi o meu pai que o recebeu em casa. Se fosse, os dois estariam no sofá com o meu pai o intimidando com perguntas que ele nem saberia responder. 

-Sua mãe é legal. -disse Yugyeom depois de alguns minutos andando.

-Ás vezes ela é. -sorri de lado .-Mas nem todo mundo da minha família é assim.

-Sua irmã? -ele ri.

-É um bom exemplo. -dou risada. -Aconteceu mais alguma coisa na festa?

-Nada demais. -ele dá de ombros. -Coisas de festa como sempre. Porque vocês saíram?

-Aconteceram algumas coisas. -disse sem olha-lo. -Você não entenderia.

-Tenta me explicar.-Yugyeom vira o meu rosto com delicadeza.

-Não acho que mereça explicação. -falo olhando para a boca dele. -Não é da minha conta mesmo.

Yugyeom sorri, passando a mão no cabelo. Conversamos um pouco enquanto andamos até uma sorveteria perto do Griffith Park. Pedimos os nossos sorvetes e Yugyeom insistiu em pagar o meu. Aceitei achando a ação dele muito fofa. Nos sentamos em uma mesa perto da janela de frente para o outro.

Tomei uma colher do meu sorvete e observei algumas crianças correndo para atravessar a rua. Como eu gostaria de voltar a essa fase de inocência, sem preocupações. Tive o impulso de olhar para o Yugyeom e fiquei vermelha quando vi ele me encarando com um sorriso.

-Não me olha assim. -peço com um esboço de sorriso. -Fico com vergonha.

-Não precisa ficar com vergonha. Eu gosto de te olhar. -Yugyeom sorri.

Ele olha pra baixo e logo levanta a cabeça apoiando o queixo em uma das mãos.

-Ash, como você gosta de mim? -ele parecia um tanto tímido com a pergunta. 

Quase engasguei com o sorvete. Que droga de pergunta é essa? E porque agora?

-Ah você é meu amigo certo? -perguntei incerta.

-Apenas isso? -Yugyeom se aproximou ficando com a boca a centímetros da minha. -Você não parece ter certeza.

-Talvez eu não tenha. -respondi baixo.

Senti a pressão que os lábios do Yugyeom fizeram nos meus. Fechei os olhos de forma automática antes que ele pedi-se passagem com a língua. Cedi de bom grado completamente feliz e anestesiada. Nossa sincronia é perfeita e sinto o gosto de sorvete de morango no beijo.

-Eu quis fazer isso desde do dia que te conheci. -Yugyeom sorri.

Sorri com sua sentença. 

-Fico feliz que tenha feito. 

Gabriela Wate P.O.V

O fim de semana entrou para a lista dos mais estranhos da minha vida.

Além do jantar super sem graça na sexta, precisei aguentar dois dias sem falar com as minhas amigas. Nenhuma das três deu sinal de vida mesmo eu tendo ligado, mandado mensagem em todas as redes sociais existentes e ter feito centenas de chamadas no FaceTime e Skype.

Por isso fiquei ansiosa quando a segunda chegou. Mal dormi na noite anterior, imaginando o que poderia ter feito para ser ignorada por dois dias. Tive que passar uma camada de corretivo para esconder as olheiras. Até o Hunter notou que eu estava diferente.

Por conta da minha ansiedade, cheguei mais cedo na escola. Vinte minutos para ser mais exata. Passei no meu armário para pegar alguns livros  e subi para a sala de aula de inglês. Sentei no lugar de sempre e comecei a ler o meu roteiro para o teste de hoje a tarde.

Levantei os olhos das linhas marcadas para ter certeza do meu desconforto. É claro que as pessoas da sala estão me encarando e eu não sei o porque. Achei que eles estavam se acostumado comigo, mas parece que alguma coisa mudou de sexta para segunda. 

Sam, Ash e Bia entram na sala, vindo se sentar perto de mim. As três parecem nervosas, mas não temos tempo de conversar porque o professor entra na sala passando atividade avaliativa. Precisei me concentrar para fazer tudo certo.

O sino toca e o professor passa recolhendo as folhas. Peguei minha mochila e segui as meninas até a aula de matemática.

-O que houve com vocês? -perguntei enquanto descíamos um lance de escada para chegar a sala. -Nenhuma mensagem o fim de semana inteiro. Sério? 

-Precisamos te contar algo, mas ficamos sem jeito. -disse Bia, sincera como sempre.

-O que aconteceu? -perguntei preocupada. -Vocês estão me assustando.

-Bem, a Cleo...-começou Sam.

-Vocês vão ficar para fora? -a professora Montez nos chamou.

Reviro os olhos, mas entramos na sala. Tive que ficar em silêncio durante a aula por causa da explicação da nova matéria. Nunca mais quero ficar de recuperação, mesmo tendo o Mark como meu tutor.

Pensando em Mark, ele também não conversou comigo. Nós sempre conversamos pelo FaceTime no domingo para falar de como foi o nosso fim de semana, mas ele não me ligou. Estou começando a ficar preocupada com o que pode ter acontecido.

O sino tocou.

-Senhorita Wate, fique para conversar comigo. -chamou. -O restante da turma está liberada.

Juntei as minhas coisas e as meninas fizeram sinal de que me esperariam lá fora. Andei até a mesa da professora que me espera com a prova na mão.

-Tirou nove e meio, Wate. -Montez sorri. -Fico feliz que tenha recuperado sua nota.

-Tive um bom professor. -sorri de lado e ela me entrega a prova. -Obrigada!

Saí da sala muito feliz por ter conseguido tirar uma nota melhor. Vi o Mark conversando com o Jackson no corredor e corri até ele o abraçando, como forma de agradecimento. O garoto me abraçou de volta.

-Porque esse abraço? -ele perguntou sorrindo. 

-Obrigada por ter me ajudado em matemática. Eu tirei nove e meio.- disse contente.

-Que bom! -Mark sorriu fofo e meio desconcertado. -Quando precisar de ajuda é só me chamar.

Sorri de lado. Meu celular apitou, assim como o de Mark, Jackson e das minhas amigas que esperam a alguns metros de distância. Abri a notificação e caiu no site da escola.

Para o meu choque e desgosto, é uma foto do Mark beijando a Cleo na festa da Lox. Tem um texto abaixo que nem consegui ler. A primeira linha dizia que eu havia perdido o garoto e que a Cleo é a nova namorada do Tuan. Fiquei enjoada. 

-Gabi...-Mark me chamou.

Balancei a cabeça, guardando meu celular no bolso e comecei a andar em direção as escadas.

Então é por isso que todos estão me olhando? Porque sabiam que o Mark beijou a Cleo? As minhas amigas também sabiam disso? E se sabiam, porque não me contaram antes? Seria melhor do que descobrir desse jeito.

Mark me segura pelo pulso e vira o meu corpo em sua direção.

-Espera, eu posso explicar. -ele parece aflito. 

-Você não tem que me explicar nada, Tuan. -explodo sem conseguir me conter .-Eu não tenho nada com você. Sabe o que é pior do que essa foto? É que eu gostava mesmo de você, mas quer saber? Tomara que você seja muito feliz com essa vadia porque eu vou embora dessa escola.

Viro as costas novamente e corro escada abaixo. Ignoro, os gritos da Bia e do Mark. Sai da escola indo direto para o estacionamento. Demoro um pouco para pegar as chaves do meu carro na bolsa, porque as minhas mãos não param de tremer, mas consigo acha-las e ligo o  veiculo saindo rápido do estacionamento.

Esse não era o jeito que imaginei quando conta-se ao Mark que gostava dele. Pensei que seria em uma situação mais calma, mas não posso fazer nada. O que está feito, está feito. Quer saber? Foda-se. Mark agora tem namorada e eu vou sair da Hollywood Arts. Escola essa que eu nunca deveria ter entrado.