História This is Love - Diário ll

Diário II

Romeu

"Caro Shakespeare,

Hoje vou te contar de como Sungmin mais uma vez salvou o meu dia,

Dessa vez foi sendo Julieta.

Sim, isso mesmo, você não entendeu errado, nós somos o casal romântico do seu livro.

Nós chegamos atrasados na aula e tivemos que ser uma dupla de meninos.

E ele se ofereceu para ser Julieta quando me viu envergonhado demais para pedir a ele.

E Sungmin, um doce, se sacrificou.

Quando eu lembro disso, sorrio sozinho, me sinto muito bem.

Mas vamos combinar, ele seria uma Julieta muito melhor que eu, afinal, era perfeito, como já te disse antes, ele é lindo.

E se não bastasse isso, de ser lindo e cavalheiro, continuou me salvando.

Contei o drama da minha vida, e ele se ofereceu para me ensinar a cantar.

Ele é um anjo ou o quê?

Ficava pensando quando estava deitado antes de dormir sobre quem ele era.

Desde que o revi no musical passava horas e horas do meu dia pensando nele. Tentando entendê-lo.

Como alguém, lindo, perfeito, cavalheiro, rico, inteligente, nerd, certinho podia ser tão legal, engraçado, palhaço, implicante, brincalhão? Como podia se tão parecido comigo nessas coisas? 

E agora estou me lembrando do quanto ficava procurando Sungmin pela escola e nunca o via, antes sempre passava por ele, mas depois de realmente nos conhecermos, era impossível vê-lo, e no dia do terceiro ensaio, eu já na expectativa de vê-lo, afinal começaríamos a ensaiar, apenas o vi sentado próximo ao prédio do auditório com os amigos, um inclusive também estava no musical, Ryeowook. Eu queria tanto que Sungmin falasse comigo, mas quando passei com meus amigos, ele estava tomando sol na grama, com os olhos fechados para o sol.

Como um girassol lindo, preguiçoso e reluzente aproveitando do calor.

E foi nesse dia que meu coração se agitou pela primeira vez por ele. Antes não sabia o porquê, mas hoje entendo que foi nesse momento que meu coração percebeu que eu estava apaixonado.

            Como fiquei desesperado naquele ensaio, vi Sungmin conversando com a Se Kyung e depois com o professor e quando cheguei sem graça para confessar que não conseguir ler o livro que me deu, ele falou em trocar de dupla.

            Pensei que ele estivesse incomodado comigo, mas quando ele disse que não era nada daquilo, e que apenas estava preocupado com minha opinião, senti que podia respirar outra vez.

            E ainda me perdoou por ser um péssimo leitor, já que dormi em cima do livro, Sungmin foi tão compreensivo e me mandou ler durante o dia e não antes de dormir. Ele é um garoto esperto.

            Esse dia ficou marcado para mim, pois falamos de tudo e inclusive a cena que eu quis fazer foi a mesma que ele preferiu, a da Cotovia.

            Lembro de como fiquei chocado ao ouvi-lo dizer que havia mais de anos que não beijava na boca.

            Cara, como um adolescente bonito e perfeito não lembrava a última vez que havia beijado?

            Inaceitável.

            Como eu disse, esse dia me marcou. Nós implicamos um com o outro pela primeira vez, brincamos de sermos mesmo Romeu e Julieta, o professor chamou nossa atenção por falarmos demais.

E ainda teve a nossa aula particular.

            A primeira e melhor aula de canto, e o melhor professor.

            Estava apavorado por não saber ler partitura, e Sungmin provavelmente sabia disso desde antes de ter nascido, e isso me deixou muito envergonhado.

            Mas Sungmin é Sungmin, e a primeira aula foi divertida, engraçada, e relaxante.

            Cantamos a musica Candy do HOT, que era da empresa que eu sonhava em debutar.

            Cantamos os Três Ursinhos e outras músicas infantis e músicas que estavam em auge, mas sem nos preocuparmos muito com técnicas.

            A hora correu rápida enquanto eu me mantive sentado ao lado do garoto do piano, literalmente, já que ele tocava o instrumento enquanto cantávamos.

            Então quando ele se cansou, sim, cansou, pois deu para perceber que ele estava com dores nos dedos, e ainda assim, eu descaradamente pedi outra música, e minha Julieta perfeita aceitou.

            E mais, ainda me deu carona de bicicleta até o ponto de ônibus, ele era infinitamente mais Romeu que eu, cavalheiro, bom, e eu um ser imaturo que só ferrou tudo.

            Mas enfim.

            Voltando para casa, já no ônibus, me senti em paz, bem, como se finalmente estivesse completo."

            Sungmin fechou o diário querendo chorar, e Eunhyuk segurou em sua mão, compreensivo.

            _ Não quero mais ler._ Sungmin conseguiu dizer._ Não posso mais.

            _ Aonde vai?_ Eunhyuk levantou apavorado quando viu Sungmin jogar a mochila nas costas e sair da sala reservada do restaurante onde estavam.

            _ Eunhyuk._ disse já com duas lágrimas começando a rolar pelos olhos.

            _ Ah?_ Eunhyuk murmurou chorando também, mas ao contrário de Sungmin, seu rosto já estava banhado em lágrimas.

            _ Ler isso é pior que a ignorância de não saber o que você sentia. De que me adianta saber disso agora se passamos mais de 10 anos separados? Se sofri longe de você esses anos todos? Só me faz sentir ainda pior sabendo que eu poderia ter vivido os 10 melhores anos da minha vida com alguém que me amava.

            _ Eu sei, Sungmin. Mas ainda assim, eu descaradamente te imploro que não vá.

            _ Eu vou. Por favor, me deixe ir Eunhyuk, faça como sempre fez, se embebede, e acorde sem lembrar dessa noite._ falou tirando a mão de Eunhyuk de seu braço e saindo rápido do restaurante.

            Eunhyuk caiu ajoelhado no corredor chorando descontroladamente, sentindo seu peito rasgar de dor.

            Depois ligou para Sora, sua irmã, pedindo que ela fosse buscá-lo, e mesmo vendo os olhos inchados do irmão não perguntou nada, apenas o levou para casa e o deitou na cama.

            _ Quer mais alguma coisa?_ ela perguntou acariciando seus cabelos.

            _ Chocolate quente._ falou dengoso.

            Ela voltou com a caneca fumegando e colocou no criado mudo, ele sentou e a segurou com as duas mãos, que estavam com luva.

            _ Noona._ a chamou.

            _Oi, Hyukjae?

            _ Quero Sungmin.

            _ Vou buscá-lo para você._ falou sorrindo solidária.

            Sora voltou com um coelho grande de pelúcia e deu para ele.

            _ O lavei essa semana, tive o pressentimento de que precisaria dele, ou seja, sempre que dorme aqui._ falou sorrindo.

            _ Obrigada, noona. Saranghae.

            _ Eu também te amo._ e antes de sair, já na porta ela continuou:_ Hyuk, agarre Sungmin de verdade, esse coelho é fofo como ele, mas não é ele. Tome vergonha na cara, ou melhor, tome coragem, seja corajoso antes que seja tarde demais.

            _ Noona, eu tomei vergonha na cara, e é tarde demais, esse Sungmin será tudo que me resta agora._ disse abraçando ainda mais o coelho._ Sou lamentável, não é?

            _ Sim. É. Mas ele te ama ainda, nem tudo está perdido. Agora vá dormir.

            _ Sim, mas antes vou ler um pouco. Boa noite.

Sora fechou a porta e ele pegou o diário de Sungmin e o abriu.

Julieta

"Caro Will,

            Lembro da loucura que fiz ao me oferecer para ser Julieta no musical.

            Não, não voltamos para sua época onde os homens que interpretavam todos os papéis.

            Mas é que chegamos atrasados e tinha mais homens que mulheres, então alguns meninos, como eu e Eunhyuk, formamos uma dupla.

            Lembro de como ele ficou sem graça com a possibilidade de ser Julieta, então me ofereci.

            Sim, sou um gay emocionado que me derreti por um sorriso.

            Me julgue se puder, senhor apaixonado.

            Quem nunca fez uma loucura por amor?

            Se bem que eu ainda não o amava, mas já estava, mesmo sem saber, me apaixonando.

            E as loucuras não pararam por aí.

            Me ofereci para seu professor de canto, sim, sou louco.

            Já ensinei matemática, física, química, literatura, coreano, artes marciais para alguns amigos e colegas, mas nunca canto.

            Mas ao ver seu rosto triste não pude resistir.

            Aquele rosto só deveria sorrir, sempre.

            E ele sorriu com meu convite, e quis que começasse logo, mas infelizmente tive que viajar.

            Mas voltei ansioso do Japão, querendo vê-lo sozinho, mas ele sempre andava em bando, ora com os amigos, ora com as garotas radares, então eu fazia de tudo para não cruzar com ele.

            Eu fazia isso para não obrigá-lo a falar comigo por obrigação, ou para não sentir a dor de ser ignorado, caso ele não falasse comigo por vergonha de mim.

            Me recordo do terceiro ensaio, cheguei ansioso, enfim iria vê-lo, mas ele estava rodeado de garotas outra vez e uma delas veio querer trocar de lugar comigo.

            Senti uma dor só de pensar que ele queria se afastar de mim, e me senti estranho por estar me sentindo assim.

            Mas o professor negou qualquer troca de dupla, porque sim, Se Kyeon foi pedir para Eunhyuk ser a dupla dela. 

            Quando vi o Eunhyuk vindo envergonhado até mim, achei que ele falaria que queria trocar e sem nenhum remorso eu disse que o professor tinha se negado.

            Me senti mal por ser mau.

            Mas ele veio dizer que não queria mudar, e sim confessar que não havia lido o livro.

          Eu sei que ele é preguiçoso, Will. Como ousou dormir no seu livro? Mas enfim, o perdoei porque sou um idiota, por isso o perdoe também, okay? Eu o aconselhei a ler o livro de dia.

            Esse dia foi maravilhoso... 

            Saber que ele não queria trocar de parceiro, escolher a mesma cena que eu, a da cotovia, implicar comigo, sorrir das coisas que eu dizia, ficar inconformado por eu não saber quando beijei na boca, me contar sobre sua vida e ainda ensaiarmos até a noites... todas essas coisas nos aproximaram.

            Enquanto o levava para o ponto de ônibus na garupa da bicicleta, me senti feliz.

            Não que fosse triste, mas algo faltava, como se faltasse uma peça para o quebra-cabeça ficar completo.

 E ao conhecer Eunhyuk, descobri que a peça era ele.

Ao vê-lo me dar tchau já dentro do ônibus, me senti completamente feliz.

Julieta Lee