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História Three Days - Capítulo Único


Escrita por: Derby_

Notas do Autor


Será que alguém vai ler isso? Todo mundo só lê GazettE... enfim... vou tentar. Boa leitura. Críticas construtivas são bem vindas :) Não conheço muito de Deluhi, mas acho o Aggy extremamente tudão. Coloquei ele nessa fic porque ele tem cara de pamonha... sei lá... pra combinar com o personagem banana '-'

Capítulo 1 - Capítulo Único


Pegou a mochila com os pertences que sempre usava para trabalhar. Jogou-a nas costas e saiu do estúdio onde havia acabado de fazer mais uma sessão de fotos com a banda. Não estava feliz com o rumo que as coisas estavam tomando. Seu guitarrista estava sendo convidado a trabalhar em uma outra banda, e o pior era que ele via que o rapaz estava pensando seriamente em aceitar a oferta. Tudo isso por conta de uma briga idiota que havia terminado em uma troca de socos infantil entre ele e o guitarrista. Ambos bêbados. Ambos errados em discutir daquela maneira na frente dos fãs. Ambos magoados. Caminhou até o carro e abriu o porta-malas para jogar a mochila lá dentro, não sem antes tirar o baixo do caminho, para não jogar a mochila por cima dele. Entrou no carro, passou as mãos no rosto e deu a partida, tomando o rumo de casa. A única coisa que ele precisava agora era de um banho. E um bom filme.

Assim que estacionou o carro na vaga correspondente ao seu apartamento, na garagem do prédio, trancou o veículo e entrou no elevador que estava parado no subsolo. Apertou o botão referente ao décimo quarto andar e esperou até que chegasse onde queria, mexendo na chave do carro dentro do bolso da calça larga de tecido negro que usava. Olhou para o espelho, arrumando com os dedos os dreads que estavam desalinhados.

- Preciso cortar essa droga.

Assim que o elevador parou no andar que ele queria e ele pode alcançar o corredor, encontrou com um pequeno garoto, de aproximadamente uns oito anos no corredor.

- Konnichiwa Kamiya-san.

- Konnichiwa Kenichi-kun. Onde vai sozinho?

- Ano… até o apartamento de baixo. Vou brincar um pouco com Yoshi-kun. Quer ir comigo?

- Iie... quem sabe uma outra hora pequeno? Não estou uma boa companhia hoje.

Bagunçou levemente os cabelos do menino, enquanto sorria docemente para a criança.

- Então até mais, Kamiya-san.

- Até.

Sorriu enquanto via o pequeno entrar no elevador, e esperou até que a porta se fechasse. Assim que chegou na porta do apartamento, deu um tapa na própria testa, se dando conta de que a chave do apartamento havia ficado dentro do carro.

- Kamiya Ryo... você é muito burro. Muito burro.

Disse em voz alta para si mesmo no meio do corredor do prédio, enquanto apertava o botão e chamava o elevador novamente. Assim que se encontrou novamente no subsolo, estranhou o fato de tudo estar silencioso. Aterrorizantemente silencioso. Aquela era uma das horas de maior movimento dentro do estacionamento do prédio, quando as pessoas estavam chegando do trabalho. Deu de ombros e seguiu até a vaga do carro, desativando o alarme e abrindo o porta-malas. Assim que alcançou a mochila, levou um leve empurrão pra frente, o que fez com que sua cabeça batesse na tampa do porta malas e isso lhe rendesse um pequeno corte.

- Mas o que...

- Shhh... fica quieto. Eu não quero te machucar.

- Que merda é essa? Assalto dentro do prédio? Como você entrou aqui?

- Não é assalto gatinho.

- Então é o que?

- Eu só preciso da sua ajuda.

- Ajuda? Isso não ta com cara de um pedido de ajuda.

Tentou se virar, mas a garota segurou seu ombro no lugar onde ele estava, impedindo que ele virasse o corpo. Ela era quase da altura dele, e aparentemente era forte. Obviamente ele ainda era mais forte que ela, mas ele sabia que usar a força nessas situações não resolveria muito. A garota parecia estar armada, e muito segura de si.

- Mas é um pedido de ajuda. Você vai me ajudar.

- E se eu simplesmente não quiser te ajudar?

- Mas vai.

- Porque?

Sentiu a garota quase o abraçar por trás, e alguma coisa encostando em sua região íntima.

- Porque eu tenho uma faca muito afiada encostada no seu pinto. Eu não quero seu dinheiro, eu não quero seu carro... eu só quero sua ajuda. Vai me ajudar ou não gatinho?

- Tá. Tá. Não precisa de tudo isso. Me solta. Eu te ajudo. O que você quer?

- Você mora aqui?

- É o que parece né?

- Vamos subir, sua testa tá sangrando.

- O que? Você quer que eu te leve pra dentro da minha casa? De jeito nenhum.

- Ou a gente sobe ou é outra coisa que vai sangrar aqui.

A garota olhou pra baixo e instintivamente ele cobriu a região íntima com as duas mãos.

- Era só o que me faltava.

- Vamos, pare de reclamar.

Subiu até o apartamento novamente, agora na companhia da garota. Dentro do elevador, não pode deixar de reparar nela. Longos cabelos negros, presos em uma trança que ia até a curva de suas costas. Olhos negros, profundos, e a pele extremamente branca faziam daquela moça uma das mulheres mais bonitas que ele já havia visto. Uma calça negra, justa, uma camiseta também negra e igualmente colada ao corpo denunciava a ele que ela tinha músculos no corpo bem desenhado, e extremamente feminino.

- Tá olhando o que?

- Hein?

- Você. Tá olhando o que?

- Nada. Estou... pensando.

- Posso saber no que?

- Em como a minha vida tá uma merda.

- Porque isso agora? Olha o lugar onde você mora cara! Se eu morasse num lugar desse eu estaria era muito feliz.

- Não é tão simples.

- Vocês ricos nunca se contentam com o que tem.

- Olha, meu trabalho ta uma droga tá? A banda tá praticamente indo pro buraco, eu saí no soco com um dos meus melhores amigos porque estávamos bêbados e agora um tem vergonha de olhar na cara do outro. Ele tá querendo sair da banda por conta disso. E como se não bastasse agora tem você apontando uma faca pro meu pinto me ameaçando se eu não te ajudar numa coisa que eu nem sei o que é. Então não me enche mais o saco tá?

- Cara... você ta precisando relaxar. Uma massagem. Um bom uísque e uma boa noite de sexo.

- O QUE?

- Era o que eu procuraria se fosse comigo.

- Sério? Achei que sua terapia fosse sair por aí apontando facas pro pinto dos outros.

- Escuta gatinho, eu só quero sua ajuda pra uma coisa tá? Você queria o que? Que eu tivesse te desmaiado, te trancado no porta-malas e roubado seu carro?

- Seria o mais óbvio, não?

Assim que a campainha do andar avisou que eles tinham chegado, ele tirou as chaves da mochila e abriu a porta do apartamento, sendo seguido pela garota. Assim que acendeu as luzes ela foi até o banheiro e antes que ele pudesse sequer pensar em pedir ajuda ela já estava de volta, com uma pequena caixa de primeiros socorros na mão.

- Me deixa limpar a sua testa.

- Sai de perto de mim.

- Volta aqui gatinho. Por favor. Eu não queria ter te machucado. Eu só queria pedir a sua ajuda.

- Você por um acaso pensou em pedir a minha ajuda antes de bater minha cabeça na tampa do porta malas?

- Você não ia me ajudar se eu pedisse.

- Como sabe?

- Eu preciso sair do Japão.

- E porque...

- Eu preciso fugir. Por favor. Eu só preciso que me leve até Sasebo.

- Sasebo?

- É. Até o porto de Sasebo.

- Nagasaki? Não tem um lugar mais perto não?

- É o porto mais perto da China. É o único lugar onde eu sei que posso conseguir uma embarcação clandestina pra lá.

- Clandestina?

- Sim. Eu não tenho documentos no Japão.

- Mas é só ir até a embaixada.

- Não. Onegai. Não é tão simples assim. Peço apenas que confie em mim. Por favor, me leve até lá.

- Como não tem documentos? Você não é japonesa?

- Teoricamente sim. Sou filha de japoneses que moravam na China. Meus pais morreram, eu vim pra cá sem ter nenhum documento, nasci na China, mas sempre quis conhecer a terra dos meus pais. Eu vim dentro de um navio de cargas, e vivi bem aqui durante algum tempo, sem existir nas estatísticas japonesas. Sem documentos, sem passaporte, sem visto, sem emprego, sem conseguir alugar uma casa, sem nada. Apenas uma mochila de roupas.

- Você não tem documento nenhum?

- Apenas os chineses.

- Então. A gente pode ir até a embaixada. Se você quer voltar pra China, eles vão te deportar.

- Não! Eu não posso!

- Mas...

- Por favor. Confie em mim. Não chame a policia. Eu te imploro.

- Confiar em você? Você apontou uma faca pra mim!

- Me perdoe. Por favor...

- Certo. - Enquanto ela terminava o curativo na testa dele, ele tinha uma visão privilegiada do decote da blusa dela, deixando a mostra um sutiã também preto. – Se você quer que eu confie em você, você vai ter que confiar em mim. Porque eu não posso chamar a polícia? Você é uma criminosa? É isso?

- Não. Eu não sou.

- Tem drogas na mochila?

- Não. Eu não uso drogas.

- E então?

- Eu... não posso te contar. Você não acreditaria.

- Tenta. Se você não pode me contar, eu vou ter que chamar a polícia.

- Certo. Eu vou... tentar. Como é seu... nome?

- Kam... Aggy. Me chame de Aggy.

- Bem. Aggy. Meu nome é Lin.

- Certo Lin. Comece.

- Depois de algum tempo aqui, eu conheci um rapaz... e... bom... ele não era um bom rapaz. Estávamos na rua, precisando de dinheiro, e ele estava drogado... ele acabou tentando assaltar um rapaz, mas o rapaz reagiu... e... bom... ele acabou matando o rapaz. Mas eu não tive culpa nenhuma, eu... apenas... assisti.

Lágrimas começaram a rolar dos olhos da garota, enquanto ela se lembrava dos acontecimentos que contava ao moreno.

- E...

- Testemunhas. Disseram que eu estava junto, que eu ajudei. Mas... eu juro que eu não fiz nada. Eu não ajudei ele a matar aquele rapaz, eu não ajudei nem no assalto... eu... por favor. Acredite em mim.

- Fica difícil.

- Se eu fosse uma assassina, uma ladra... eu já teria feito alguma coisa. Seria mais fácil roubar o seu carro e ir até o porto.

- Mas existem bloqueios policiais pelo caminho se você fizer isso.

- Eu sei. Por isso estou pedindo ajuda. Oficialmente eu não existo para o Japão. Não vai ser difícil me levar até lá. Eu não quero trazer problemas pra ninguém. Eu só quero voltar pra China.

- Lin... eu...

- Onegai...

Respirou fundo enquanto se sentava no sofá do apartamento de alto padrão que vivia. Ainda não se conformava como aquela garota havia conseguido entrar no prédio.

- Onde foi que você aprendeu a manejar facas assim?

- Meu pai... era... mestre de kung fu. Ele me ensinou tudo o que eu sei. Tudo o que eu sei de bom. As coisas ruins eu aprendi nas ruas.

- Quantos anos você tem garota?

- Hmm...

- Sem mentir pra mim.

- Dezessete.

Aggy colocou a cabeça entre as mãos. Estava com uma garota menor de idade, foragida, sem documentos e armada dentro de seu apartamento, pedindo sua ajuda. E ele não sabia se podia confiar nela ou não.

- E como seus pais morreram?

- Uma enchente. Eles... foram levados pelo rio enquanto tentavam...

A garota baixou a cabeça e logo ele percebeu que ela chorava. Sim, ela tinha o ameaçado pouco antes, mas ele ainda era um banana no que dizia respeito a belas mulheres com os nervos à flor da pele. Foi até ela e a abraçou, fazendo com que ela praticamente se jogasse em seu ombro para chorar a morte dos pais.

- Há quanto tempo?

- Três anos.

- Você está no Japão há três anos?

- Dois.

- Você é uma irresponsável.

- Eu sei.

- Você é uma maluca, irresponsável.

- Ei! Não precisa esculachar não tá? Eu sei que eu fiz besteira.

- E ainda tá fazendo né? Passou pela sua cabeça que eu poderia ter virado a mão na sua cara no estacionamento? Que eu podia ser tão maluco quanto você e também andar armado por aí?

- Eu sei me defender.

- Além de maluca, irresponsável, é teimosa, convencida e insolente. Eu to bem arrumado com você né?

- Escuta, eu não vim aqui pedir um pai tá? Eu só vim pedir ajuda. Como se você nunca tivesse tido dezessete anos.

- Com dezessete anos eu estava terminando meus estudos garota, não batendo a cabeça das pessoas em tampas de porta malas por aí.

- Me perdoe.

Ele baixou os olhos e ficou mudo por um tempo.

- Se... quiser tomar um banho, tem toalhas limpas no armário do banheiro.

- Sério?

- É. Pode... pode tomar um banho.

- Obrigada.

A garota foi até a porta do apartamento, trancando-a com a chave que Aggy havia usado momentos antes. Pegou a faca que trazia embainhada no passador da calça e cortou os fios do telefone.

- Mas o que...

- Me dá seu celular.

- O que?

- Por favor. Eu preciso ter certeza que você não vai pedir ajuda.

- Trancado dentro do meu próprio apartamento por uma maluca de dezessete anos.

- O celular Aggy.

- Tá. Toma. Tá aqui.

Tirou o aparelho do bolso e o entregou a ela, que levou o aparelho até o banheiro juntamente com a chave da porta do apartamento. Enquanto isso, o rapaz se jogava no sofá, olhando incrédulo para a porta do banheiro, agora trancada.

- Eu. Não. Acredito.

Fechou os olhos e aos poucos o barulho da água caindo pelo chuveiro foi ficando cada vez mais longe, até desaparecer por completo.

 

............................................

 

- São três dias de viagem.

- É.

- Já estamos na metade do segundo.

- É.

- Vai ficar assim comigo até quando?

- Olha Lin... não somos amigos tá? Você praticamente me obrigou a te ajudar, eu to aqui, indo sabe Kami pra onde, não sei onde eu estou, estou com sono, com fome, com frio, precisando dormir. Não me peça pra ter bom humor.

- Ei! Não fale comigo como se eu tivesse culpa do seu sono!

- Tá de brincadeira comigo? Se não é sua culpa de quem é? Quem foi que invadiu o estacionamento do prédio e bateu com a tampa do porta malas na minha cabeça? Quem foi que ameaçou me castrar se eu não te ajudasse? Se não fosse você, eu estaria em casa, ou no ensaio, tentando me acertar com...

- Com...?

- Com aquele idiota do Leda. Tão idiota quanto eu.

- Seu... namorado?

- O QUE?

- Não sei... você falou dele de um jeito tão...

- Claro que não. Somos amigos. Éramos amigos.

- E afinal de contas porque foi essa briga?

- Eu não me lembro. Foi um motivo tão idiota que eu nem me lembro. Estávamos bêbados, e quando dei por mim, estávamos discutindo e trocando socos, enquanto os outros dois tentavam nos segurar. Foi ridículo. Eu não me lembro de muita coisa. Éramos amigos. Agora quase não nos falamos mais.

- Já pensou em pedir desculpas?

- Já... eu...

- Apenas pensou. Está esperando ser tarde demais pra tentar se acertar com as pessoas que gosta? Já pensou que você pode não ter a oportunidade certa? O momento certo?

- Como assim?

- Se agora você bater o carro... se você morrer... não terá feito o que poderia ter feito antes, só porque ficou esperando o momento certo.

- Não fala isso nem de brinca...

Um barulho oco fez com que o moreno parasse de falar instantaneamente.

- O que foi isso?

- O carro é seu Aggy. Como eu vou saber?

Estacionou no mesmo momento que percebeu que os pedais do carro não respondiam tão bem ao seu comando. Desceu e abriu o capô do carro, procurando alguma coisa que fizesse sentido para ele. Lin desceu também, olhando curiosa para dentro do motor.

- Entende alguma coisa?

- Nada.

- E o que está olhando então?

- Não sei... alguma coisa que pudesse... sei lá.

- Ficar olhando não vai resolver. Eu vou procurar ajuda.

- Onde?

- Não viu a placa ali atrás? Tem um posto de gasolina a três quilômetros daqui.

- E você vai andar até lá?

- São só três quilômetros. Eu já volto.

- Não tem medo que eu fuja?

- Como? Com o carro nas costas?

- Carona.

- E largar esse carro na beira da estrada? Você não seria louco. Eu já volto.

Ele viu a garota desaparecer na estrada, enquanto o dia já estava quase acabando. Não demoraria muito para anoitecer. Mas ao contrário de se preocupar consigo mesmo, curiosamente se preocupou com a menina que seguia pela estrada para procurar ajuda pra ele. Bom, ele acreditou mesmo que ela procuraria ajuda pra ele. Mas ela também poderia deixá-lo ali e seguir seu caminho, não? Mas ele não sabia porque, sentia que podia confiar naquela garota, apesar de tudo. E apesar do pouco tempo de ‘convivência’ entre eles. Fechou o capô do carro e se sentou novamente no lugar do motorista, esperando que a garota aparecesse. Sozinha ou com alguém pra ajudar. Ele apenas queria que ela voltasse. E nem sabia o porque. Na verdade, ele tinha que ficar feliz se ela não voltasse, certo? Olhou para o banco do carona e viu seu celular sobre ele. Deu um sorriso débil e pegou o aparelho. Procurou um número na agenda e fez uma ligação.

- Moshi moshi.

- Leda?

- Aggy?

- Eu... queria... falar com você. Tem um minuto?

- Eu... na verdade... bom... claro. Pode falar.

- Eu sei que não deveria dizer isso por telefone... mas... estou meio longe de casa... e precisava te pedir desculpas.

- Pelo... que?

- Por tudo. Eu... eu não queria que as coisas ficassem assim entre a gente. Tá... estranho. Eu não queria que você... saísse da banda magoado comigo por uma coisa idiota que fizemos.

- Tudo bem... eu... também te devo desculpas pelo mesmo motivo né?

- Tá tudo certo.

- E onde é que você está?

- Eu... não sei. Perto de Okayama, eu acho.

- Trem?

- Carro.

- O que foi fazer em Okayama de carro?

- Estou indo pra Nagasaki.

- Pra que?

- Eu estou ajudando uma pessoa.

- Uma pessoa?

- Uma amiga... é. Uma amiga minha. Quando eu voltar eu te conto tudo.

- Então ta certo. Viaja tranqüilo cara. Tá tudo bem entre a gente. Sempre foi tudo bem entre a gente.

- Até mais cara.

Desligou o telefone se sentindo mais leve. Enquanto isso, o sol se punha lentamente, e nem sinal de Lin voltar. Será que ela tinha mesmo o abandonado ali? Logo que pensou na hipótese, viu um caminhão vindo na direção dele na estrada. Vinha devagar, e na medida que se aproximava, diminuía mais ainda a velocidade. Estacionou na frente do carro, e logo Aggy viu a morena descendo do lado do carona. Inconscientemente, abriu um belo sorriso, e foi correspondido por ela na mesma intensidade. O motorista desceu do caminhão cumprimentando o moreno, que ainda olhava para a garota.

- Sua namorada deu sorte de me encontrar no posto rapaz, eu estava quase indo embora.

- Namo...

- É amor. – A morena se aproximou dele abraçando seu braço direito. – Eu disse a ele que você estava aqui parado me esperando buscar ajuda.

- Ahn... é. Sim... eu... estava esperando.

O motorista do caminhão abriu o capô do carro e não precisou de muito tempo para achar o problema. Enquanto isso, Aggy olhava para a morena procurando algum tipo de explicação para o fato dela dizer que era sua namorada. Ela por sua vez, olhava a interessante paisagem de folhas secas do fim do outono.

- Aqui... achei. Isso é fácil de resolver. Amanhã logo pela manhã eu...

- Espera... amanhã? Se é fácil... não tem como resolver isso hoje?

- Olha moço... eu trabalhei o dia todo. É fácil de resolver, mas vai me levar umas três horas. E eu quero ir pra minha casa, dar um beijo na minha esposa e brincar com meus filhos. Reboco o carro de vocês até o posto. Tem um hotel lá. Vocês podem passar a noite. Amanhã pela manhã eu volto pro posto e mexo no seu carro. Certo?

- Hmm... tá né? Pode ser.

O homem arrumou o carro para ser puxado pelo caminhão, e pediu para que eles entrassem no veículo. Aggy abriu a porta para que Lin entrasse e ficasse entre ele e o motorista, mas ela negou.

- Vai você no meio.

- Mas...

- Onegai. Não gostei da forma que ele me olhou quando cheguei no posto. Nem da forma que me olhava enquanto vínhamos pra cá. Por isso eu disse que você era meu namorado. Impor respeito, sabe?

- Hmm... porque não bateu com a cabeça dele na tampa do porta-malas também?

- Engraçadinho. Eu já te pedi desculpas. Agora entra logo no caminhão vai. Estou ficando com frio aqui fora.

- Frio. Sono. Fome. Ter passado a noite toda dirigindo não me fez bem.

- Eu sei. Também estou precisando de um sono.

- Poderia ter dormido no carro.

- Sim, e você me levaria pra polícia.

- Eu já disse que não vou te levar pra polícia. Não confia em mim?

- Não totalmente.

O moreno ia responder quando o motorista do caminhão abriu a porta e entrou no veículo.

- Frio.

- Muito.

Aggy deu um sorriso sem graça ao homem, e seguiram caminho até o posto, sem trocar mais nenhuma palavra. Assim que chegaram ao lugar, um hotel de beira de estrada anexo a um posto de gasolina, ele percebeu que o lugar era simples, mas de bom gosto. Desceram do caminhão enquanto o homem deixava o carro na frente da oficina anexa ao posto, e eles rumavam para o pequeno hotel que ali havia. Já estava noite, e o corpo do moreno precisava de um descanso. E de um bom banho quente. Entraram na recepção e uma senhora simpática os atendeu.

- Dois quartos simples, por favor.

- Ah sim. Os seus documentos, e os documentos da moça.

- Documentos...?

- Sim, são dois quartos, não? Preciso de dois documentos.

Lin sentiu seu sangue gelar naquele momento. Trocou olhares rapidamente com Aggy, e então abraçou seu braço novamente.

- Amor... tem certeza que quer dormir brigado comigo?

- Eu... mas...

A simpática senhora se intrometeu na conversa do casal.

- Não pode dormir brigado com sua esposa. Não é bom.

O moreno tentou disfarçar o rubor em sua face, mas não obteve sucesso.

- Certo... um... quarto.

- Preciso só dos seus documentos então meu jovem.

- Aqui... aqui está.

Tirou a carteira do bolso e entregou a identidade para a simpática mulher.

- Aqui... Kamiya-san. Tudo certo... só... preciso do nome de sua esposa.

Antes que pudesse falar alguma coisa, o rapaz foi interrompido pela voz suave da morena que viajava consigo.

- Aiko. Kamiya Aiko.

Lin sorriu para a simpática senhora um de seus mais belos sorrisos, cheios de docilidade e encanto. Assim que pegaram a chave e rumaram para o andar de cima do hotel, perceberam que o mesmo estava vazio.

- Esposa? Mesmo quarto? Você pode me explicar o que está acontecendo, Kamiya Aiko??

- Se eu fosse pegar um quarto pra mim, precisaria dos meus documentos. Não ouviu o que ela disse? Quer a minha cabeça em uma bandeja, Kamiya Ryo?

- Eu... você... mas que merda! - Trancou a porta do quarto jogando a mochila sobre a cama de casal. – Você sempre consegue enganar e manipular as pessoas dessa forma?

- Não estou enganando ninguém. Estou apenas me mantendo viva e livre até chegar em Nagasaki. Por favor Aggy. Só amanhã e você estará livre de mim. Com a certeza de que eu sempre serei grata a você pelo que está fazendo.

- Isso é loucura. Isso é loucura. Eu posso ser preso sabia? Eu estou ajudando uma suspeita de assassinato a fugir do país. Eu posso ser acusado de ser seu cúmplice! Eu posso... ser preso por isso!

A garota se aproximou dele e tomou o belo rosto do moreno entre as suas mãos.

- Ei. Calma gatinho. Só mais um dia. Eu juro que não quero te trazer problemas.

- Eu... não estou preocupado comigo Lin. Eu quero saber o que você vai fazer depois? Como você vai... viver?

- Eu me viro Aggy. Não se preocupe.

- Não me preocupar? Você invade minha vida, me tranca dentro do meu apartamento, praticamente me seqüestra, me faz atravessar quase o país todo de carro com você sendo procurada pela polícia... e agora me fala que não é pra eu me preocupar?

- Shh... - Selou seus lábios aos do moreno de uma forma suave e carinhosa. – Calma. Vai dar tudo certo. - Soltou as mãos do rosto do rapaz e o deixou parado com cara de paisagem no meio do quarto que dividiriam naquela noite. - Vou tomar um banho. – Anunciou simplista, enquanto pegava a mochila e rumava para o banheiro.

O moreno sentou-se na ponta do colchão, enquanto ouvia a água do chuveiro ser ligada e então percebeu que ela havia deixado a porta do banheiro semi aberta. Não sabia se entendia aquilo como um convite, um descuido, ou apenas o costume de uma garota despudorada que não se importava com a opinião alheia. Se jogou no colchão, passando as mãos pelos dreads negros espalhados sobre o lençol e tirando os sapatos com os pés.

- Essa garota ainda vai me enlouquecer até amanhã.

Ficou ali por um tempo sem saber o que fazer e como agir. Pensar na água escorrendo pelo belo corpo de Lin fez com que seu membro despertasse.

- Não... não... ela tem dezessete anos... ela... é... uma... menina... linda... dissimulada... sem nenhum resquício de inocência... mas... ainda... uma menina.

Levantou-se rapidamente da cama, tirando o casaco que ainda vestia por conta do frio que fazia na rua. Assim que o colocou sobre a cadeira no canto do quarto, ouviu a voz de Lin chamando seu nome.

- O que foi?

- Pega a toalha pra mim? Eu... esqueci.

Ele deu um sorriso débil quando viu a toalha branca do hotel sobre a cama. Não, ele sabia que ela não tinha esquecido. A toalha deixada no quarto e a porta do banheiro semi aberta mostravam claramente as intenções da garota. Pegou a toalha e foi até o banheiro, dando duas leves batidas na porta, enquanto a garota ainda esperava pela peça debaixo do chuveiro quente. Assim que ele entrou, ela se virou pra ele, sem se importar se estava nua na frente de um cara que havia conhecido há dois dias. Ele admirou mudamente o corpo bem torneado da garota, provavelmente esculpido com muitos treinos de kung fu. Belos seios, nem grandes e nem pequenos, uma cintura fina e coxas fortes, não muito grossas. Uma barriga bem definida enfeitada por um pequeno e delicado piercing no umbigo.

- Lin...

A garota esticou sua mão, e assim que ele lhe entregou a toalha, ela jogou a peça no chão e o puxou pela mão.

- Vem pra cá gatinho. Tá frio aí fora.

Sem muito pensar ele passou pelo box do chuveiro, segurando a mão da garota e devagar entrando embaixo da água junto com ela. A camiseta branca sendo molhada, ficando transparente e colada ao corpo. A calça preta ficando ainda mais pesada. A abraçou fortemente enquanto a garota explorava sua boca com a língua. Ela não era uma mulher. Ela era a personificação da tentação. Uma tentação a qual ele não conseguiria resistir. E nem queria. Levantou os braços para que ela pudesse retirar a camiseta que estava colada em seu corpo. Assim que a peça ganhou o chão, foi a vez dela se dedicar a abrir o cinto que ele usava, e logo depois correr seus dedos por dentro da calça, tocando seu membro ereto por cima da peça de roupa íntima. Ela sorriu contra seus lábios e então ele se deu conta de que havia realmente perdido a pouca sanidade que ainda restava em sua mente, em relação àquela garota. Virou-a de costas para ele, segurando seus seios e beijando suas costas e seu ombro. Passeou com suas mãos grandes pela pele molhada da garota, acariciando-lhe o corpo todo, até chegar em sua intimidade. Sentiu o corpo dela se enrijecer quando lhe tocou a parte mais frágil de seu corpo. Enquanto isso, a garota tinha as mãos pra trás do corpo, massageando o membro que mais parecia feito de pedra, tamanha a excitação do moreno. Distanciou seu corpo do dele por alguns segundos, e logo tratou de ajudá-lo a tirar as calças que já pesavam e incomodavam em seu corpo. junto com a calça, puxou também a boxer branca dele, que já estava transparente. Sorriu e beijou o peito do rapaz, descendo com os beijos até a barriga, e depois seu membro. Se deliciou ali por alguns minutos, fazendo o moreno gemer baixo enquanto jogava a cabeça pra trás e deixava à mostra o pescoço de pele branca. Quando sentiu que não demoraria para chegar a seu limite, o rapaz a puxou suavemente pelos longos cabelos negros, e a beijou mais uma vez, enquanto empurrava seu corpo e a prensava contra a parede. A garota deu um pequeno grito, a sensação do corpo quente indo de encontro ao azulejo gelado fez com que ela se arrepiasse. Enquanto ele a beijava, colocou seus dedos dentro do corpo dela, fazendo a morena gemer uma pouco mais alto do que o necessário. Enquanto brincava com seus dedos dentro dela, sua língua passeava pelos seios da garota que agora tinha em suas mãos. O prazer que ela sentia se denunciava pela forma que ela emaranhava os dedos em seu cabelo negro e completamente bagunçado. Percebendo a respiração ofegante da morena, ele retirou seus dedos de dentro dela, puxando-a pela mão e desligando a água do chuveiro.

Abraçou o corpo dela mais uma vez e a empurrou na cama, sem muito cuidado. Alcançou a mochila e rapidamente pegou um preservativo de dentro da carteira. Lin tomou a peça de sua mão ela mesma teve o trabalho de colocar a proteção no rapaz. Denunciando toda a vontade que ele tinha em seu corpo, rapidamente a penetrou, com força, com vontade. Agora ele tinha a morena sob seu corpo molhado, gemendo gostosamente seu nome de um jeito bem sensual. Depois de algum tempo estocando o corpo da morena com força, sentiu o limite de seu corpo se impor, enquanto a morena gemia alto, deixando claro que também tinha chegado ao seu limite. Depois de mais um banho junto com a morena, ele se jogou na cama ainda quente, puxando os cobertores sobre o corpo nu. Não demorou para que se sentisse abraçado por ela. Depois de um tempo recebendo carinhos em seu ombro, foi vencido pelo cansaço e adormeceu.

 

......................................

 

- É aqui.

- Não tem nada aqui.

- Por enquanto. Liguei para um amigo em Shangai... ele me disse que tinha uma embarcação vinda de Zhoushan programada pra chegar hoje.

- Amigo?

- É. Um... atravessador.

- Mas...

- Eu me viro. Eu só precisava vir até aqui sem que ninguém me descobrisse.

- Você... tem mesmo que ir?

- Pelo menos por enquanto. Me deixa... voltar pra China... deixar as coisas certas na minha vida toda torta. Depois quem sabe eu volte pro Japão de uma forma correta. Eu posso entrar e sair daqui quando quiser com pais japoneses, certo? Só preciso ter dezoito anos.

- Mas... você pretende voltar?

- Talvez. Porque não? Agora eu preciso ir. Se eles já chegaram, devem estar me esperando. Até mais gatinho.

- Eu...

Foi surpreendido por um beijo intenso. Mas dessa vez era diferente. Não era um beijo que mostrava só desejo. Ele também mostrava carinho. Apertou o corpo da morena contra o seu o mais forte que conseguiu, sem machucá-la. Não queria que ela saísse de seu abraço. Não sem saber para onde ela iria, nem o que faria da vida.

- Volte.

- Quem sabe?

- Eu... como eu faço pra te encontrar na China?

- Estou roubando seu celular. Se quiser falar comigo, sabe como.

Viu a morena se distanciar, enquanto encostava no carro e via o brilho da lua refletido nas águas do porto de Sasebo. Não tinha a mínima idéia de como voltaria pra casa. Não sabia o caminho. Mas isso era o de menos.

- LIN!

A morena se virou de longe, parando para ouvir o que ele tinha a dizer.

- Eu... conversei com o Leda ontem, enquanto te esperava.

- Amigos de novo?

- Como sempre.

- Eu sabia que ia fazer a coisa certa gatinho.

- Obrigado. E... adeus.

- Adeus não. Não fale como se eu não fosse voltar.

- Mas você vai voltar?

- Talvez. Se eu tiver pra quem voltar.

A morena virou-se e continuou andando até desaparecer na escuridão da noite que já havia se imposto há algum tempo. Assim que ela sumiu do alcance de seus olhos, o moreno baixou os olhos enquanto colocava as mãos no bolso, antes de entrar no carro.

- Tem a mim.

Tomou o caminho de volta para casa, dessa vez dirigindo mais devagar do que quando fora até Nagasaki. Várias vezes se pegou pensando na morena no caminho de volta. Sorria a cada vez que lembrava que ela havia levado seu celular. Isso era um sinal de que ela também queria vê-lo novamente, não? Sorriu novamente ao pensar que rever a morena agora era só uma questão de tempo. Não importa se muito ou pouco tempo. Era apenas uma questão de tempo.

 

 

[FIM]


Notas Finais


E então? :3


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