História Thriller Night - Capítulo Único

Pov Irene

Você sabe o que é sentir uma raiva tão grande que você quer que alguém exploda? É exatamente o que eu estou sentindo agora.

- Espero que se enrole nas cobertas e fique presa... – murmurei, jogando com violência o travesseiro na cama.

Me enfiei no meio das cobertas, logo após fechar a porta, e peguei meu celular. Eu leria aquela história infeliz de qualquer jeito... Eu estava tão brava que nem sabia quem era pior, Sooyoung, por ter me mandado essa merda, ou Seulgi, por ter feito o que fez.

O que Seulgi fez? Ah, aí o buraco é mais embaixo.

- Qual filme nós vamos ver, Baechu? – Seulgi disse, enquanto eu me deitava ao seu lado, me aconchegando em seu abraço.

- Frozen. – falei, sorrindo para a mais nova.

- Não acredito que eu namoro uma criança. – ela disse, levando um tapa em resposta.

- Me respeita que eu sou mais velha! – falei, fazendo com que ela risse, ao mesmo tempo emq eu meu celular apitou, sinalizando uma nova mensagem. – É a Joy.

- Sooyoung te mandando mensagem ás 23 horas? Lá vem... Se prepara que é besteira. – ela disse.

- Hm... Ela quer que eu leia uma fanfic. – falei, enquanto esperava a página abrir. – É uma história de terror, a personagem principal é a Taeyeon Unnie.

- Sooyoung é meio idiota... Até parece que você vai ler uma história de terror. – a mais nova disse, revirando os olhos.

- Por que eu não iria? A sinopse é boa. – falei, dando de ombros.

- Fala sério, Joohyun. Você quase chorou de medo assistindo Coraline e quer ler uma história que tem... – ela se arrastou mais para perto de mim, buscando ver a tela do celular. – Canibalismo, necrofilia, mutilação, suicídio, tortura, violência e ainda mistura tudo isso com eventos sobrenaturais?

- Sim, quero. – falei, cruzando os braços.

- Você não pode ler isso, vai ficar sem dormir por um mês. – Seulgi disse, me encarando.

- Mentira! – falei, indignada. Eu não era tão medrosa assim!

- Você não vai ler isso. – a outra disse, tomando o celular das minhas mãos, segurando junto com o seu próprio aparelho.

- Seulgi! Você não pode fazer isso! – falei, me esticando para pegar de volta o aparelho, mas o meu grande problema é o fato de que ela é maior que eu. – Me dá!

- Eu vou te dar, mas você não vai ler isso. – ela disse, rindo da minha cara emburrada enquanto me devolvia o celular.

- Eu vou sim. – falei, decidida a ler toda a história naquela mesma noite.

- Não vai não. Sério, Joohyun, não estou afim de ficar tomando conta de você a noite inteira. – ela disse, revirando os olhos.

- Então não cuida, eu não pedi sua ajuda. – falei, já ficando brava. Eu nunca disse que queria que ela cuidasse de mim! E ela não pode me proibir de ler as coisas.

- Aham, ta bom. – ela disse, ao passo que o seu celular apitou. – Você não conseguiria aguentar uma noite sem mim, Baechu, você é medrosa demais.

- Mas... – comecei a falar, mas logo fui cortada pela mais nova.

- Espera um segundo que eu já te convenço a não ler isso, deixa só eu responder a Moonbyul. – ela disse, com os olhos fixos no próprio telefone.

Meu sangue ferveu.

- Boa noite, Kang. – falei, pegando meu travesseiro e me dirigindo para fora do quarto.

- Baechu, volta aqui. – ela disse, se virando em minha direção.

- Não. Vai conversar com a Moonbyul, eu vou dormir no outro quarto e vou ler a história. Não quero que venha atrás de mim. – falei. Mentira, eu só queria que ela viesse atrás de mim e me mimasse, além de dar tchau logo pra outra lá, mas Kang Seulgi é uma imbecil.

A menina apenas deu de ombros e se sentou novamente na cama.

Como deixar sua namorada puta ao ponto de querer te matar, tutorial por Kang Seulgi.

E foi isso. Ela continuou lá no quarto e eu aqui, querendo cometer um assassinato. Já com o celular aberto na página da história, comecei a ler.

Quatro capítulos. Quatro capítulos foram o suficiente para que até o vento soprando mais forte me assustasse.

Eu detestava admitir, mas sabia que Seulgi estava certa. Mas o jeito com que ela falou comigo, dizendo que não cuidaria de mim e que eu era medrosa demais pra tudo me tirou do sério. E agora não interessava se eu estivesse morrendo de pavor por causa daquela história, eu não iria atrás da Kang por hipótese nenhuma.

E foi aí que eu ouvi passos. Eu sabia que Seulgi já havia ido dormir há um bom tempo, porque ela tinha desligado a televisão, então só pude pensar em uma coisa “Eu vou morrer”.

No mesmo instante lembrei que Taeyeon tinha a chave do meu apartamento, e me amaldiçoei por ter dado tal coisa para a mais velha. Agora a versão monstro dela estava ali e ia arrancar minha garganta.

Me encolhi na cama, me cobrindo inteira. Algumas lágrimas de puro pavor escorriam, e eu sentia que ia desmaiar.

Senti uma mão na minha cintura, e o outro lado da cama pesou. Toda a cor do meu rosto se esvaiu e eu já estava pronta para encarar a morte quando um timbre bem conhecido falou, próximo ao meu ouvido.

- Calma, Baechu. Sou só eu. – foi Seulgi quem disse, enquanto se deitava ao meu lado. – Você está tremendo, se acalma.

Minha primeira reação? Socar ela inteira, lógico.

- Ei! Calma! – a mais nova disse, segurando com facilidade os meus braços. Maldita hora em que ela cresceu mais do que eu.

- Sai daqui, Seulgi! – falei, me virando para o lado oposto ao que ela estava.

- Omo! Tem uma sombra na janela! – ela disse.

Nem raciocinei direito, somente soltei um gritinho agudo e me agarrei com tudo na menina, escondendo o rosto em seu pescoço e envolvendo as pernas em sua cintura. Logo pude escutar seu riso escandaloso.

- Kang Seulgi. – pronunciei lentamente enquanto me afastava, ficando sentada sobre o quadril da maior.

- Calma, calma... Não briga comigo, amor. Eu só não queria que você ficasse de costas pra mim. - ela disse, levantando as mãos em sinal de rendição.

- O que você está fazendo aqui? Você foi bem clara quando disse que não cuidaria de mim e tal... A conversa com Moonbyul acabou? – falei, demonstrando minha mágoa.

- Eu falei da boca pra fora, poxa. – ela disse, descansando as mãos em minha cintura. – Eu sempre vou cuidar de você, Joohyun. Você é a minha namorada, o meu bebê. Eu nunca deixaria você desamparada... Só o fato de entrar aqui e te encontrar tão encolhidinha na cama, parecendo um montinho de coberta, já me apertou o coração. Eu tinha que cuidar de você.

Não vou mentir, corei tanto que devia estar parecendo um pimentão. Graças a Deus está escuro...

- E... E a Moonbyul? – questionei, meio desnorteada pela fala fofa da mais nova.

- Eu não estava falando com a Moonbyul, estava xingando a Sooyoung por te mandar essa história. Eu só queria mesmo era te provocar. – ela disse, rindo.

- Yah! Tão cruel! – falei, batendo de leve no braço da mais nova. – Seulgi-ah...

- Fala, amor. – ela disse, e mesmo que eu não pudesse enxergar com clareza, senti seus olhos em mim.

- Por que demorou tanto? – falei baixinho, um biquinho involuntário se formando em meus lábios. – Eu estava esperando você vir atrás de mim desde que saí do quarto...

- Desculpa, Baechu. Prometo que da próxima eu venho mais rápido. – ela disse, se sentando repentinamente, acabando por me ter em seu colo. Seulgi se aproximou de mim, mas a parei antes que chegasse onde queria.

- Tem certeza de que está merecendo um beijo? – questionei, com uma sobrancelha arqueada.

- Tenho. – ela disse, com um sorriso sapeca, antes de colar seus lábios aos meus.

Levei minhas mãos até o pescoço da maior, enquanto ela permanecia me segurando pela cintura. Seulgi aprofundou o ósculo, fazendo com que eu suspirasse entre o beijo. Quando o ar fez falta, a mais nova nos separou com uma série de selinhos, me fazendo sorrir bobamente.

- Agora, vamos voltar pro quarto. – ela disse, já se levantando.

- Está louca?! – falei, parando-a antes que concretizasse o ato. – Vai que a Taeyeon está debaixo da  cama? Eu não saio daqui nem morta!

- Hm... Eu vou aceitar só porque a ideia de dormir com você em uma cama de solteiro me parece bem tentadora. – ela disse, sorrindo maliciosamente.

- Cala a boca, Seulgi. – falei, antes de sair de seu colo, me deitando novamente. Não demorou para que eu a sentisse deitar ao meu lado.

A mais nova me abraçou pela cintura, enquanto eu deitei a cabeça em seu peito. Eu estava tão confortável, que o sono veio rápido, tanto que quase não senti o beijo que Seulgi deu na minha testa.

- Boa noite, meu amor.