História Ties of blood - Katy? - Part II

Refletiu muito e chegou a uma conclusão obvia. Aquela mulher só podia ser Katy, não havia outra explicação plausível.

Tinha que ser ela!

Não existem dois seres humanos completamente idênticos, a não ser que sejam gêmeos... Mas isso estava fora de cogitação, só não conseguia entender como ela tinha sobrevivido ao acidente e vindo parar aqui.

Mas nada disso importava...

O que importava era que a mulher de sua vida estava viva!

Ainda não conseguia acreditar que teve ela em seus braços e a perdeu, mas iria encontra-la novamente, não importava o que fosse preciso.

John havia decidido que precisava de ajuda e a única pessoa que acreditaria nele e estaria disposta a fazer tudo para desvendar esse mistério era Angela.

Tum, Tum, Tum...

O toque do velho telefone da mercearia de Harry se ecoou pelo ouvido esquerdo de John e se repetiu por mais umas três vezes até que ele pode escutar a voz de Angela.

- Oi John.

- Angela você está ocupada? Preciso falar com você... – começou ele um tanto nervoso.

- Não John, estou em casa, pode falar. Como você está? Esta gostando da viagem?

- É justamente sobre isso que eu queria falar... Angela...

- O que foi John? Aconteceu alguma coisa? – A voz de Angela pareceu mais atenta ao que John falava.

- Aconteceu sim Angela... Eu só não sei como te falar isso...

- Você está me deixando preocupada.

- Tudo bem, eu vou falar... Mas eu preciso que você me prometa que não vai achar que eu estou ficando louco.

- John, o que está acontecendo?

- Prometa, por favor...

- Tudo bem, eu prometo. Agora, fale!

- Angela... Eu não sei como te falar isso, mas você é a minha única esperança e eu preciso que você acredite em mim... – disse ele nervoso e logo continuou. – Então eu vou falar tudo de uma vez, Angela eu vi a Katy.

- A Katy? – Angela indagou completamente surpresa e um tanto quanto desacreditada. – Não John, você está nervoso, você deve ter se confundido...

- Não Angela, eu não me confundi... Está um pouco diferente mais é ela sim, não sei como isso aconteceu, mas ela está viva. – disse nervoso esperando por uma resposta de Angela, mas como ela não disse nada ele continuou. - Eu falei com ela e ela não me reconheceu... eu não sei Angela, acho que eles fizeram alguma coisa com ela...

- Eles quem John?

- Os comparsas do Russell.

- John está difícil de acreditar em você... Infelizmente a Katy morreu...

- Angela pelo o amor de Deus, é ela. Você tem que acreditar em mim. Quando você ver ela, eu garanto que você também vai ter certeza.

- E o que você quer que eu faça John?

- Eu quero que você venha pra cá, por favor.

- Eu não posso John, e a Stella? Não, eu não posso.

- Angela, pelo o amor de Deus eu preciso da sua ajuda. Você pode deixar a Stella com o Svend e... só venha, por favor. Você não vai se arrepender, eu posso estar sofrendo muito Angela, mas eu ainda não estou louco, era ela! – disse ele completamente desesperado, Angela passou alguns minutos em silencio, mas enfim o quebrou.

- Tudo bem John, eu vou.

- Obrigado mesmo Angela, eu prometo que o que eu estou dizendo é verdade.

- Eu não tenho tanta certeza disso John, estou indo por que estou preocupada com você... – disse ela pausadamente. – Vou tentar conseguir uma passagem para amanha mesmo, daqui a pouco eu ligo de volta para avisar a hora.

- Tudo bem, eu vou esperar...

John ficou por ali algum tempo esperando a ligação de Angela, o que não demorou muito. Angela conseguiu um voo para o outro dia de manha mesmo. Ela chegaria em Denver mais ou menos as 10 e 30.

***

O vento frio batia levemente em seu rosto, a medida que as folhas balançavam de um lado para o outro, provocando um leve zumbido em seu ouvido. A noite já estava em sua plenitude e a escuridão prevalecia. Apesar do balançar das folhas das árvores dificultando sua visão, John analisava atenciosamente qualquer movimento da casa com olhos atentos, mas tudo parecia está calmo.

John não se importou nem um pouco com o fato de que estava invadindo uma propriedade privada sem ser convidado. E agora escondido por entre as arvores observava cada movimento possível e esperava o momento certo para agir.

A casa em questão não era muito diferente da dos seus tios. Era um pouco menor e mais modesta, porém não deixava de ser bonita e carregar aquele típico estilo fazendeiro. A pequena varanda era revestida por uma madeira de um tom escuro e nas paredes um tom de bege predominava, contrastando com o telhado harmonioso. As luzes estavam acessas, mas nenhuma voz podia ser ouvida.

Porém John já tinha decidido, iria ficar ali quanto tempo fosse necessário...

Depois daquele episodio John ficou em um estado inexplicável e totalmente sem rumo. Não conseguiu falar mais nada coerente, Oliver quem ligou para Margareth e avisou que estava tudo bem, preferiu omitir aquele fato, não queria preocupar a irmã.

Depois de esfriar a cabeça ligou para Angela e voltou para a fazenda com seu tio, mas como era de se esperar não aguentou ficar dentro de casa sem fazer nada.

Quando anoiteceu disse aos tios que precisava dar uma volta, esfriar a cabeça e seus tios não se oporam. Sabiam muito bem o que ele estava passando e que ele estava precisando disso, talvez pensar um pouco e colocar a cabeça no lugar fosse o certo a se fazer. Também não tiveram nenhum receio de John sair a noite sozinho pela fazenda, pois John conhecia muito bem aquele lugar, já tinha perambulado muito por aqueles caminhos quando mais novo.

... Passou-se mais ou menos uma hora naquela espera aflitiva até que simplesmente a porta dos fundos foi aberta e ela apareceu. Imediatamente o coração de John disparou.

Era ela, não restava duvidas...

Ela agora estava com o cabelo preso em um coque mal feito, com um vestidinho bege soltinho e uma sapatilha nos pés. Ela se distanciou um pouco da casa e caminhou por uma certa distancia, em direção a um gato preto que por ali brincava, ela abaixou-se e o pegou no colo.

- É agora ou nunca. – sussurrou John antes de sair de trás da arvore e começar a caminhar na direção dela, mas depois de dois ou três passou ele acabou pisando em um galho o que resultou em um pequeno barulho que ela pode escutar.

- Quem está ai? Responda!– disse ela levantando-se assustada com o gato nos braços. – Pai?

- Filha? – disse Lewis saindo de dentro de casa e indo de encontro a filha. – Está tudo bem?

- Acho que sim... Tive a impressão que escutei um barulho, mas acho que não foi nada... – respondeu ela um tanto incerta, olhando para os lados.

- Tem certeza? – perguntou preocupado e ela apenas assentiu com a cabeça. – Então vamos pra dentro, sua mãe já se deitou, mas ela fez um chazinho ótimo de camomila. Você quer? – indagou e ela só assentiu com a cabeça.

Depois disso caminharam juntos até a porta, adentram a casa e mais uma vez deixaram John sozinho. Ele permanecia paralisado e sem acreditar no que tinha acabado de presenciar...

 O que diabos estava acontecendo?

Por que Katy estava chamando aquele homem de pai?

Não conseguia entender, a única explicação que ele encontrava era que eles haviam dado algum tipo de droga a ela. Isso também explicava o fato dela não ter o reconhecido e nem ao menos ter se lembrado do próprio nome, sim porque Megan era um nome que eles haviam criado para ela.

Depois de algum tempo John resolveu voltar pra casa, seus tios já deviam estar preocupados e por enquanto ele não podia fazer mais nada.

Era melhor esperar Angela chegar, estava decidido.

***

John acordou-se cedo, pois precisava de tempo, teria que dirigir até Windsor e depois até Denver. E assim fez, tomou seu café rapidamente e saiu na caminhonete de Oliver. No horário combinado estava no aeroporto esperando por Angela e não demorou a vê-la saindo da sala de desembarque, acompanhada apenas de uma pequena mala.

- Graças a Deus você veio.

- Não vou poder demorar muito John, vim por que realmente estou preocupada com você. – disse ela lhe dando um abraço.

- Eu sei, mas você vai ver que eu estou falando a verdade. Vamos!

Entraram na caminhonete e John começou a dirigir rumo ao seu destino, trocou algumas palavras com Angela no caminho, no entanto sua cabeça se mantinha distante. Seus pensamentos estavam nela, estavam em Katy.

Angela por sua vez estava preocupada, não tinha acreditado muito na história de John, afinal de contas um corpo tinha sido encontrado no carro junto com Russell e possuía as mesmas características de Katy, só poderia ser ela e sem falar no anel de noivado que o próprio John encontrou próximo ao acidente.

No entanto Angela ficou mexida, não queria admitir para si mesma, pois parecia loucura, mas lá no fundo ela ainda tinha esperanças que Katy aparecesse novamente em sua frente e que tudo aquilo não tivesse passado de um pesadelo.

Enfim chegaram em Windsor, passaram rapidamente pela pequena cidade e logo John foi em direção as áreas mais distantes, onde se localizava a fazenda dos tios, mas esse não era o rumo que ele queria, era outro.

- É aqui. – disse ele estacionando em frente a porteira.

- A casa dos seus tios? Pensei que fosse maior... – disse ela observando o local.

- Não, aqui é onde a Katy está... ou a pessoa igual a ela... quer dizer... não sei Angela... – disse ele totalmente confuso.

- Você está querendo me dizer que a minha irmã está aí? – disse apontando para a casa.

- Sim... Só pode ser ela.

- E o que você pretende fazer?

- Eu não sei, sinceramente eu não sei o que fazer e nem sei o que está acontecendo... Ontem eu vim aqui a noite e escutei uma conversa muito estranha, é como se não fosse a Katy, eu acho que eles deram alguma droga pra ela...

- John, eu não sei o que você viu pra colocar essas ideias na cabeça, mas nós vamos tirar essa história a limpo agora mesmo. – disse decidida e saiu do carro rapidamente, deixando John sem reação.

- Angela! – disse depois de alguns segundos também saindo do carro. – O que você está fazendo?

- Vou resolver isso. – Angela abriu a porteira e adentrou a propriedade.

- Angela, isso pode ser perigoso. – disse tentando impedi-la, mas a mesma não deu ouvidos, continuou caminhando e parou na porta da casa, já na varanda e John por sua vez parou um pouco atrás.

Angela deu duas batidas na porta e esperou alguns segundos até que a porta foi aberta, no mesmo instante um arrepio correu por todo o corpo, seu coração parou e ela ficou mais pálida que um papel.

Não estava conseguindo acreditar que isso estava mesmo acontecendo, isso era real?

- No que posso ajudar? – disse a morena de olhos azuis os olhando desconfiada, ainda não tinha percebido que John era o homem que havia lhe abordado.

- K-Katy... – gaguejou Angela.

- Desculpe, acho que vocês estão me confundindo com outra pessoa.

- Você... você realmente não sabe quem nós somos? – indagou Angela com dificuldades e a outra apenas negou com a cabeça.

- Filha, quem é? – disse uma senhora de cabelos castanhos também aparecendo na porta. – Quem são vocês? – indagou quando os viu.

- Eu acho que precisamos conversar... – Angela disse e ambas fizeram uma cara desconfiada. Angela então abriu a bolça, pegou seu celular, mexeu em alguma coisa e depois o mostrou a elas. – E então?

Nenhuma das duas conseguiu dizer mais nada, Angela tinha procurado uma foto de Katy e mostrado para elas, precisa entender o que estava acontecendo ali e essa foi a única maneira que encontrou para que elas cedessem.

A senhora então, depois de alguns segundos abriu mais a porta dando passagem para os dois e os mesmos entraram na casa.

Megan continuava em transe, quem era aquela mulher da foto? Não era ela, mas se não era ela, que poderia ser?

- Megan, vá para o seu quarto, por favor, acho que essa conversa... – antes mesmo de concluir foi interrompida por Angela.

- Não, se ela realmente não é a Katy, a minha irmã, eu acho que ela também tem direito de saber o que está acontecendo aqui. – disse Angela firme.

- É mãe, eu quero saber... quem é a mulher da foto? – disse nervosa e totalmente confusa.

- Filha...

- Eu acho melhor a senhora começar a explicar. – disse John, que até agora tinha permanecido calado.

Não estava entendendo o que estava acontecendo ali, mas sabia que era algo muito serio.

- Eu tentei manter seguro esse segredo por tanto tempo e agora...

- Que segredo? – disse Angela já nervosa com todo esse circo.

- Não sei como falar isso, nós fizemos tudo por amor... – disse a senhora já começando a chorar.

- Mãe, do que a senhora está falando? – Megan olhava assustada da mãe para a Angela.

- Eu não vou conseguir falar... Alias eu não vou falar nada, a Megan é minha filha e pronto.

- Mãe, agora sou eu quem quer saber o que esta acontecendo aqui, eu exijo saber a verdade.

- Olha aqui Senhora...? – indagou John.

- Meu nome é Grace.

- Então Grace, eu acho que assenhora nos deve explicações. Se ela não é a Katy, a minha noiva, então existem duas? Ou existia... – sussurrou para si mesmo a ultima parte.

- Eu exijo que a Senhora explique isso ou eu vou chamar a policia. – disse Angela a ameaçando, não estava aguentando mais toda essa confusão.

- Tudo bem... Isso vai ser bem difícil, mas acho que eu não posso mais esconder isso de você filha... – disse Grace claramente nervosa e com os olhos lacrimejando. – Mas antes de tudo eu quero que você saiba que eu e o seu pai te amamos muito...