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História Time! - Velho Amigo! (Especial)


Escrita por: Vang4lis

Notas do Autor


Desculpa a demora para postar um novo cap, eu tenho tido pouco tempo ultimamente então espero que vocês entendam. Espero que gostem ;)

Capítulo 19 - Velho Amigo! (Especial)


Fanfic / Fanfiction Time! - Velho Amigo! (Especial)

 

 

       Alguns dias mais tarde eu visitei um lugar a muito tempo esquecido, com algumas flores em mãos. Uma praça perdida por entre os montes autos de York, algumas arvores bonitas dispostas pelo caminho, uma vista mais do que bela da cidade. Entretanto, as boas memórias que eu resguardava do lugar foram enterradas com o tempo. Foi aqui aonde eu havia conhecido um pouco da dor da perda. Muitas pessoas passavam por aqui querendo jamais voltar, enquanto eu mal sabia o porquê disso. Acontece que uma hora a verdade chega e você nunca estará pronto para ouvi-la.

         Me sentei no primeiro banco que vi e fechei os olhos sem pensar. A dor estava se espalhando gradativamente pelo meu corpo. Os efeitos colaterais da minha dádiva, o preço a se pegar pelos meus dons. Não era tarde para admitir que eu havia mentido para todos desde que comecei a minha excursão de volta para o meu passado. Eu estava morrendo aos poucos e a culpa era somente minha.

        Foi então que eu senti sua mão em meu ombro, como costumava fazer quando estava prestes a me dar um conselho. Seus dedos finos apertando a minha camisa velha. Eu não fiz questão de me virar com rapidez, eu queria aproveitar o pouco da nostalgia que aquele ato me trazia.

         - Está com problemas de novo, não é? – sua voz dentre tantas, me trazia alivio.

         - Eu acho que sim – eu tinha certeza.

        Me recostei sobre o banco e só então eu pude ver o vento brincar com o seu cabelo, aqueles fios pretos que ele tinha. Leonard Henry, o próprio. E como todos os outros, ele não havia mudado em nada.

         - O que está acontecendo Vince? – ele perguntou.

         - Eu estou tentando fazer a coisa certa dessa vez Leo. Tentando arrumar todas as besteiras que eu fiz. Eu digo a todos que eu estou tentando cumprir a promessa que eu fiz. Mas, isso já não importa mais. Não para eles.

         - Já considerou, que talvez eles não queiram isso. Que isso seja apenas você tentando cumprir uma promessa de cinco anos atrás. Eles querem o amigo deles que os deixou e nunca mais voltou. É isso que eles querem – o vento soprou novamente, silenciando nossas palavras – Eles não querem perdão Vince, eles querem o seu velho eu de volta.

          - Eu senti a sua falta Leo – as malditas lagrimas – Eu senti tanto a sua falta.

          - Eu senti a sua também, velho amigo – ele sorriu, de um jeito que só ele conseguia. De um jeito que não havia tristeza, apenas uma sensação calorosa. De alegria – Enquanto a você Vince? Como foram esses últimos anos?

           - Longos. Controversos. E ainda assim, tão cheios de vida. Eu vivi como sempre sonhei Leo. Eu fiz o que sempre quis, conheci pessoas que eu jamais irei esquecer. Eu vi o que a vida tinha de melhor a me oferecer. Mas, ainda assim, eu sofri cada dia pensando no que eu poderia ter feito, para mudar tudo isso – eu limpei as árduas lagrimas, deixando a boca seca cuspir as palavras ao vento – Eu fui e voltei no tempo, repensei cada passo que eu dei, mas, no fim eu não pude mudar nada, talvez isso é o que deveria acontecer e eu estava assustado demais para mudar alguma coisa, perder tudo que eu tenho. Minha realidade.

            - E agora você está aqui. Tentando consertar as coisas pela ultima vez – com as mãos nos bolsos do casaco, ele ergueu seu rosto, deixando tudo claro aos meus olhos – É poético. Você voltou no tempo para salvar a minha vida naquela noite e mesmo assim não conseguiu voltar no tempo para consertar a sua.

            - Eu mereço isso. Cada segundo.

            - E agora está morrendo – ele afirmou – Sinto muito Vince.

            - Estou pagando o preço pelos meus dons – encarei o céu acima de nós, ele estava cinzento, poucos pássaros a voar. O vento batia forte vindo das montanhas. Tudo indicava que a hora estava chegando – Eu sempre encarei a morte como uma saída fácil para as coisas e agora que ela está aqui, bem na minha frente e eu não a quero.

             - Eu sei como está se sentindo. Aquela sensação de imponência te rondando. Você tem tanto a fazer que deseja apenas mais alguns segundos. Mas, está tarde demais para se arrepender. Você está tremendo, você está com medo, pois talvez essa possa pode ser a ultima vez que iria vê-los e você ainda tem tanto a dizer. Eu sei como se sente Vince.

            Ele estava certo. Sobre tudo. Eu estava com medo. Eu estava morrendo de medo. Eu tinha tanto a dizer a eles, tantas desculpas a dar. Tantas coisas que eu gostaria de fazer e mostrar a eles. Mas, eu estava contra o tempo dessa vez. Eu viajei tanto pelo tempo, que meu corpo aos poucos foi sendo levado por ele. A tosse, o sangue, os pesadelos. Tudo isso se tratava apenas da chuva que viria antes da tempestade chegar.

               - Eu acho que desta vez, você é quem está me salvando Leo.

               - Eu estava te devendo.

            Eu mal podia o olhar, sem pensar no que havia acontecido. Então finalmente o peso caiu sobre mim. E desta vez eu chorei sem me segurar, eu precisava disso, ao menos dessa vez. Havia sido a dois anos atrás. Eu não estava aqui para falar, eu não estava aqui para tentar fazer algo e eu me culpo por isso desde então, pois naquele dia tudo mudou. Leo havia morrido.

              - Você não precisa fazer isso Vince.

              - Eu sinto muito Leo – a culpa agora me remoia por dentro – Eu sinto muito por não ter estado aqui. Que tipo de amigo deixa o outro morrer?

              - Não foi sua culpa – ele disse – Eu estava perdido a muito tempo Vince. Eu estava em um caminho sem volta daquela vez.

              - Eu podia ter feito algo, eu poderia ter falado com você. Eu apenas podia ter estado aqui pra você – com os dedos afundados em meu rosto, eu soluçava ainda em prantos. A verdade é que eu nunca havia entrado em luto por ele, exceto pelas vezes em que eu gritava em meu quarto, pedindo desculpas para as paredes – Eu nem sequer vim no seu enterro. Eu não conseguiria te ver daquele jeito.

               - Você não precisa se desculpar.

               - Não, todos vocês me dizem a mesma coisa, mas, quer saber a verdade. Eu sou culpado. Eu deixei vocês aqui, eu deixei você aqui sozinho. Eu não estive aqui para nenhum de vocês nos últimos cinco anos e olha pra mim agora. Olha pra mim. Eu estou morrendo Leo. Eu estou morrendo, porra – eu gritava em alto e bom tom para que até mesmo as arvores ao redor se assustassem – Eu não mereço o perdão de vocês. Eu não mereço nada.

                Um silêncio profundo para que a raiva voasse para longe de nós. Os segundos mais dolorosos que eu tive até então.

                - Eu acho que essa é a minha deixa. Pense a respeito Vince, você não sabe quando irá acontecer. Então apenas aproveite o tempo que ainda tem. Faça o seu melhor enquanto ainda pode, eles ainda estão aqui não é mesmo – ele se ergueu enquanto eu voltei a me sentar – Mais uma coisa. Encontre-a, diga a ela tudo o que você sempre quis dizer. Não leve isso com você para o além. Você jamais irá se perdoar. Te vejo por ai Vince.

                E com um aceno ele se foi pelo parque, até as arvores. Até desaparecer. Eu estava sozinho novamente. Segurei em mãos as flores que eu havia trazido e segui pelo caminho de pedras próximo ao lugar em que estava. As covas preenchiam o local por inteiro, enquanto as rosas cresciam ao seu redor. Quando a encontrei eu deixei que a ultima lagrima deixa-se os meus olhos.

                - Leonard Henry. Descanse em paz, velho amigo – então as larguei próximo de onde ele descansava agora. Para lembra-lo o que ele era para mim, o quanto ele significava e além de tudo. O tanto que eu o amava.



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