História To Steal my Heart - O início de um plano que não vai dar certo.

POV: Louis.

                Então tinha sido minha mãe que tinha armado tudo aquilo? Ela deveria estar realmente louca se achava que eu não notaria que aquela coincidência era improvável demais para ser uma coincidência. Claro que eu tinha precisado da ajuda de Niall para descobrir como tudo aquilo fora armado, mas agora tudo parecia claro demais.

                A mensagem que o garoto loiro tinha me mandado, respondendo a minha de boa noite, tinha três páginas (claro que, em um smart phone, não seria tão dividida assim). E explicava exatamente o que tinha acontecido.

                “Boa noite também, Louis!! Ei, acabei de descobrir uma coisa. O babaca do Zayn (longa história) e o Liam (você não sabe a vergonha que eu estou... culpa sua) estão aqui em casa, no meu quarto (fala sério!!!). Bom, estamos assistindo filme e o Zayn me contou que o nosso grupo no projeto da bolsa de estudos foi tudo uma armação! A mãe dele e a sua mão (sem querer arranjar encrenca) foram até a escola e pediram para que a gente ficasse no mesmo grupo. Estranho, né? Pois é... bem que parecia mesmo coisas que nossos pais fariam. De qualquer forma, teremos que trabalhar juntos e, Zayn sugeriu, podemos ter uma reunião na sexta depois da escola, naquela loja de milk-shake que fica na esquina.”

                Essa mensagem tinha vindo seguida com uma escrita: “Eu mandei boa noite, né? De qualquer forma... boa noite”. Era estranho fato de que estávamos trocando mensagens um com o outro após apenas um dia conversando, mas, de alguma forma, depois de passarmos a infância inteira juntos, mesmo que sendo forçado, nós tivemos uma facilidade incrivelmente inesperada para nos aproximar.

                Depois de vermos nossos nomes juntos no quadro, não conseguimos mais prestar atenção na aula e passamos as três últimas aulas conversando sobre como aquilo tinha sido esquisito. A conversa foi mudando de assunto e acabamos conversando sobre coisas diversas da nossa infância.

                Eu até tinha perguntado a ele sobre o porquê dele não estar mais tão próximo de Zayn, pois eles eram, de longe, os mais unidos de nós cinco, mas ele tinha falado o mesmo que pela mensagem: “longa história”. O que acontecera com Harry e Liam era óbvio, mas a situação de Niall e Zayn era realmente estranha.

                Eu estava acabando de acordar e me arrumando para o café da manhã, minhas irmãs já corriam pela casa, vestidas de uniforme, e eu estava me preparando para o grande embate, mesmo sem saber muito bem o que eu iria falar. Cada peça da farda parecia um pedaço da armadura. Eu estava me preparando para a guerra.

                - Louis? Acorda, pelo amor de Deus! – Minha mãe começara a gritar. – Você não pode se atrasar para o segundo dia de aula. Não perca o ritmo!

                Decidi não responder, apenas descer o mais rápido que eu pude. A surpresa que ela teve ao me ver, totalmente vestido, foi tanta que o café quase queimou.  Sentei, sorridente, na mesa e me servi com duas panquecas.

                - Bom dia, mãe. Como está se sentindo hoje? – Perguntei com a minha voz doce mais ensaiada.

                O espanto dela foi tamanho que o café, finalmente, queimou. Era possível notar sua sobrancelha arqueando por causa da confusão. Mas, é como dizem, antes da tempestade, vem sempre a calmaria. E, é claro, eu queria que ela pensasse que eu estava totalmente satisfeito com a sua decisão.

                Mesmo que a primeira coisa que passou pela minha cabeça tenha sido fazer o maior barraco do século e acusar ela de ser uma manipuladora fascista, entre outras ideias que passavam na minha cabeça. Usei meus neurônios malignos para me acalmar e pensar em algo melhor.

                Ela ia se sentir culpada e, quando uma mãe se sente culpada, tudo pode acontecer.

                Eu queria que ela achasse que eu estava sofrendo calado e que não estava me sentindo bem perto dos outros garotos, que aquela ideia dela tinha sido péssima, mas ela não acreditaria em mim se eu fechasse a cara logo na primeira oportunidade. Eu precisava fingir que estava satisfeito para então entrar com o número de mestre.

                - Filho? – Ela perguntou preocupada. Claro que aquilo era exagero, eu não era tão antipático assim... ou era?

                - Oi?  - Fingi todo meu olhar sínico de quem não entendeu o motivo da preocupação. – Ah! A propósito, eu soube que foi você que pediu ao diretor que fizesse com que eu ficasse no grupo dos filhos dos seus amigos. Niall me disse.

                Eu não tinha motivos para mentir, mas foi óbvia a reação de quem esperara que aquele segredo durasse por mais tempo. Enquanto cortava a parte queimada da torrada das meninas, que tinham acabado de se acomodar na mesa, seu olhar não se desviava de mim. Tentei ao máximo não ter qualquer reação. Apenas comi sossegado.

                - E está tudo bem? – Ela perguntou preocupada, sentando-se ao meu lado. Seus olhos fixaram-se nos meus, procurando qualquer sinal de mentira. – Eu achei que sua reação seria diferente, por isso não te contei nada.

                Mal sabia ela que tinha criado um pequeno psicopata. Claro que eu conseguia dissimular todas as minhas expressões, tinham sido anos de treino. Ela nunca que duvidaria das minhas intenções. Mesmo assim, foi impossível impedir que um pouco de veneno não escapasse da minha boca.

                - Por que você achou que eu reagiria diferente? Só porque você manipulou o grupo que eu terei que trabalhar durante todo o ano para ganhar uma bolsa de estudo que talvez mude completamente minha vida? Eu sou assim tão infantil? – Abri um grande sorriso, seguido por uma gargalhada.

                Acho que ela não conseguiu entender bem a ironia ou identificar o sarcasmo, apenas deu um sorriso nervoso para acompanhar minha gargalhada. As garotas riam também, sem fazer ideia do por que estava rindo.

                - Então, tá tudo bem, né? Você não ficou com raiva? – Ela ainda parecia apreensiva.

                - Claro. Tudo ok. – Passei a mão pelo cabelo dela. – Agora, se me dá licença, tenho que me apressar. Combinei com o Niall que iriamos para a escola juntos de novo e, dessa vez, não vou atrasar o garoto.

                Eu não conseguia entender se ela estava mais surpresa com o fato de eu estar tranquilo ou pelo fato de eu ir para a escola com o filho de Bobby. Dessa vez, sua expressão de choque foi tão grande que eu não aguentei e tive que perguntar o porquê de toda aquela surpresa.

                - Nada, só não acreditei que você realmente fosse ficar amigo de Niall. – Ela parecia sem ar. – Depois de... tanto tempo... é só... improvável.

                Em seguida, lançou-me aquele olhar de mãe que dizia: “você está fazendo alguma coisa errada, me diga logo o que é”. Tentei parecer tranquilo, mas era óbvio que ela sabia a cobra que criava. Eu tinha jogado muita coisa nela de uma vez, era realmente difícil de ela não perceber nada.

                - Mãe, você que quis que fôssemos amigos, agora, por favor, aguente as consequências. – Beijei sua testa e me dirigi a porta.

                Ela teria que aguentar as consequências, mas, ao contrário do tom que eu usei. Não seria uma brincadeira.