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História Todo Homem Naufraga - Heroes


Escrita por: Swagonbizzle

Notas do Autor


Bom queria dizer que estou amando escrever essa fanfic!
É uma história com um enredo bem diferente.
Aceito críticas construtivas e opiniões.
Não pretendo fazer apresentação de personagens quero que vocês os conheçam ao longo da história.
Boa leitura!

Capítulo 1 - Heroes


Fanfic / Fanfiction Todo Homem Naufraga - Heroes

1819- Ilha Calahans

Me posicionei em frente a porta rapidamente, fechando a passagem.

— Vamos ver quem vence esse ano! — Gritei, tentando sobrepor minha voz com a da multidão na praia do lado de fora. 

— Meus heróis estão do outro lado dessa porta! Deixe-me sair! 

Semicerrei os olhos decidida, mas no fundo, na verdade, me sentia muito mal, proibindo uma criança de participar de um evento anual, com sorte, ele só veria aquilo novamente no próximo ano. Mas era perigoso, a aglomeração prostrada na beira do mar compartilhava da mesma ansiedade que o menino de dez anos na minha frente, todos esperando seus heróis, era absurdo. 

— Olha, eles chegaram! — O menino apontou para além de mim. 

Cometi o erro de ingenuamente olhar para trás, ele aproveitou o tempo para passar por de baixo da minha saia e correr.

Novamente ele havia escapado, todo ano era a mesma coisa. Corri atras dele, sentindo a luz da manhã pinicar meu rosto, a areia da praia entrar no meio dos meus dedos do pé e o cheiro do mar invadir minhas narinas. Aquela sensação de liberdade que eu amava junto com a adrenalina de correr logo ao despertar me fizeram gargalhar. 

James passou pela multidão e entrou na água pulando as ondas, muitos homens já estavam no mar, mas James era pequeno e miúdo, ninguém o havia percebido.

— Olha só como esses homens são lindos. — Tina, uma mulher que costumava ser amiga da minha mãe se abanou. — Minhas pernas estão bambas. 

Revirei os olhos. 

Ela balançou a cabeça em direção ao navio gigante ancorado um pouco longe da praia.

Prestei atenção e consegui enxergar os homens que escalavam o navio e puxavam cordas para conseguir colocar alguns pequenos barcos na água, mais homens colocavam caixas de madeira dentro desses barcos, provavelmente eram o ouro e o suprimento que eles traziam para nossa Ilha anualmente, alguns já remavam para a praia e eram ajudados pelos nativos. Os homens mal se esforçavam para fazer o trabalho em ritmo frenético. 

Desviei o olhar de volta para as mulheres inquietas que observavam a mesma coisa que eu, elas babavam, se abanavam e mexiam as pernas como um animal no cio, algumas estavam praticamente se jogando na água, até mesmo as casadas. Revirei os olhos e voltei a minha atenção para o navio, eu não podia mentir, eram homens extremamente viris e bonitos não tinha como não babar, mas o que eles eram e suas atitudes tiravam toda a beleza e o encanto deles.

— James não vai se afogar? — Tina estranhou.

Sorri.

— O ensinei a nadar esse ano. — Ergui a cabeça orgulhosa.

—  Não é o que parece! — Ela apontou para o mar. 

Em alerta levei a mão aos olhos para proteger da luz enquanto, com um pouco de esforço, consegui observar um chumaço de cabelo loiro se debatendo na água.

Mal pisquei e meus pés já me levavam para dentro do mar. Eu sabia que isso aconteceria, que James se afogaria novamente e que todos estariam tão distraídos que não teria ninguém lá para ajudá-lo. 

Então nadei com todas as minhas forças. Briguei com as ondas até ver James, ele se debatia e gritava com a mesma intensidade em que as ondas vinham e o cobriam. Senti medo por ele e raiva por ser uma criança tão desobediente. 

O segurei e comecei a arrastá-lo para fora do mar, mas algo o havia prendido, uma mão, a mão de um homem. 

— Já o peguei! Solte-o! — O homem gritou. 

— Não! Eu vim salvá-lo! Solte-o! 

Eu não conseguia vê-lo direito, ambos fazíamos muito esforço para ficar com a cabeça para fora da água já que ali não dava pé para ninguém. 

— Senhorita! Seria mais sensato que eu o levasse. 

— Porque sou mulher? Tire as mãos dele! 

— Eu cheguei primeiro! 

— Não quero morrer! — James lutava para deixar a cabeça fora da água. 

— Deixemos que ele decida. 

James não demorou muito para se apoiar no ombro do homem. Traíra. 

Sorridente o homem nadou e saiu do mar segurando James como um herói. 

Me senti mais pesada assim que pisei na praia novamente por conta da roupa que pingava no meu corpo. 

— Não espere que eu lhe agradeça, Senhor. — Cruzei o braço na frente do homem. 

— Não espero, a Senhorita não parece muito educada. 

Ele torcia a blusa e sacudia a perna, como um cachorro. Quando levantou o rosto me encarou por mais tempo que o necessário. 

O homem era alto e forte, tinha os cabelos castanhos bem claros e seus olhos brilhavam como se o oceano todo refletisse neles. Suas roupas estavam sujas e os músculos molhados, fiquei me perguntando se ele sabia o quão sexy era, em outra ocasião eu até pensaria em manter uma conversa civilizada com ele mas era só lembrar o tipo de homem que ele era que essa vontade passava rápido. 

— Tome conta do seu filho melhor da próxima vez.

— Ele é meu irmão. E o Senhor, não se meta da próxima vez. — sorri o mais sarcástica possível.

— Sem querer ser rude mas seu vestido está molhado e seus seios estão aparecendo. — ele sussurrou a última parte.

Abri a boca indignada, cobrindo os seios com os braços. 

— Pare de encarar meu busto!

Mas ele continuou, descaradamente, me medindo.

— Você me enoja. — revirei os olhos. — Vamos James!

Peguei James pela gola da blusa e caminhei de volta pra casa o mais rápido possível.

Correndo, subi os degraus de madeira que davam para a porta de casa e antes de entrar bati os pés para tirar a areia. 

— Vá se secar garoto.

James obedeceu prontamente. 

Me encostei na bancada de madeira pensando na atitude depravada do homem na praia, mas se eu o achava tão depravado então por quê meu corpo queimava? Era como se eu o quisesse e, Deus me livre, eu não o queria.

Espiei pela janela, tentando avistá-lo novamente e lá estava ele, na beira da praia, a maré molhando suas botas enquanto ele cumprimentava alguns homens, percebi ele olhando de relance para a janela e me escondi prontamente. Era um nojo pensar que de alguma forma meu corpo respondia aos olhares daquele devasso, e eu sequer sabia seu nome, por um momento fiquei parecendo igual às mulheres lá na praia desesperadas por um marido.

Balancei a cabeça afastando qualquer pensamento.

Com sorte, aqueles homens iriam embora rápido e eu não teria mais que passar por situações como essa. Então tudo voltaria ao normal.

Geralmente o dia-a-dia na ilha Calahans era bem calmo. É uma Ilha grande porém com uma população reduzida, o que torna fácil conhecer cada morador já que todos éramos praticamente vizinhos, fazendo de nós uma grande família. Éramos orgulhosos pelo nosso pequeno paraíso. 

No entanto, mesmo o paraíso tinha problemas, tive que visitar Nantucket uma vez quando a economia da Ilha estava em crise e precisei me mudar para arrumar trabalho e sustentar minha família, não aguentei ficar nem quatro dias lá. Eu já estava enlouquecendo na cidade com todo aquele barulho de comércio e as carroças que circulavam dia e noite e não me deixavam dormir, as pessoas mal educadas, a fumaça que me dava falta de ar e aquele cheiro horrível de peixe, foi quando recebi a carta, mamãe me escreveu para que eu voltasse para a Ilha, a crise finalmente tinha acabado, passávamos por tempos difíceis, não conseguíamos mais nos manter independentes sem a ajuda do Continente, sabíamos que em Nantucket a caça as baleias se fazia necessária para adquirir óleo usado na iluminação pública e na lubrificação das máquinas industriais então nosso governador fez um acordo com o governador de Nantucket. Uma vez por ano deixaríamos os baleeiros caçarem ao redor da nossa Ilha e mandaríamos homens para ajudá-los durante suas expedições, em troca o condado mandaria metade do lucro em ouro e suprimentos para nós. Peguei o primeiro navio de volta para Calahans. A alegria só durou até a primeira visita dos baleeiros. Não foi difícil perceber que eles eram homens diferentes, passam a vida no mar caçando baleias e vivendo em perigo o que acabava os tornando peculiares, faziam o que queriam e se achavam os donos do mundo. Todos estavam tão animados com a nova aliança com a cidade, nossos homens passaram o ano nadando e se exercitando para ajudar os baleeiros, todos se preparavam para recebê-los mas ninguém estava preparado para a carnificina que viria a seguir. Quando os homens chegaram em seu grande navio tudo parecia maravilhoso eles traziam nosso ouro e nossa comida ali, mas quando colocaram os pés na nossa Ilha tudo mudou, eles trouxeram um pouco da cidade com eles, eram homens arruaceiros e mal educados, desde a primeira caça deles até a última foi um banho de sangue, eu entendia que a caça as baleias era necessária mas eles faziam com tamanha brutalidade e frieza que me assustava. Porém, só quando foram embora percebi: eu era a única que tinha me incomodado com tudo aquilo.

Depois de cinco anos que a aliança funcionava eu ainda não me sentia satisfeita com a situação porém não havia nada que eu podia fazer além de ignorar e odiar esses homens. 

Conheci muitos deles. Eles não eram homens confiáveis, eram imprevisíveis e tinham destreza para conseguir o que queriam da forma que fosse necessária. Eles viviam em perigo e gostavam disso. Eram assassinos escondidos atrás do título de heróis. Eram Baleeiros e estavam chegando para mais uma temporada de caça.



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