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História Together (CANCELADA) - Luz


Escrita por: Radu_

Notas do Autor


Peço desculpas caso tenha algum erro. Bom, eis aqui mais um capítulo para vocês.
Tenham um ótima leitura! :33

Capítulo 5 - Luz


Fanfic / Fanfiction Together (CANCELADA) - Luz

— Acorda! — uma pata cutucava freneticamente o ombro de Barry.

Os olhos do lobo ficaram semicerrados e ele observou o ambiente ao seu redor. Um aglomerado de estudantes transitava pela porta da sala e outros conversavam com o professor.

— Hm…já é intervalo? — indagou esfregando os olhos com as costas da pata.

— Uhum — concordou Romeo. —, mas acabou de tocar.

Barry executou um longo bocejo, levantando-se vagarosamente da carteira e ainda não acreditando que dormira no fim da aula. Ao tentar perguntar para o amigo o que havia perdido, percebeu que Romeo já tinha saído. O lobo deu de ombros e se dirigiu ao refeitório.

Uma brisa suave percorreu os pelos de Barry enquanto andava pelo corredor. A sensação de que tinha era a de estar distante do mundo, mesmo tendo acordado de seu devaneio. Sim, devaneio. Tinha a incontestável certeza de que não havia dormido e sim mergulhado na própria mente. No próprio mundo.

O baque de transitar pela própria mente e vivenciar o mundo real ao mesmo tempo causava uma sensação peculiar de distância. Como assistir um filme que possui sons abafados e ao mesmo tempo participar dele.

O lobo branco-pérola estava aturdido e um tanto quanto desorientado. Ao passo que pegou seu copo de suco na cantina, seu olhar avistou involuntariamente o mural. Aquele quadro repleto de avisos o remeteu ao passeio. Barry tomou uma quantia de suco generosa. O passeio…o estopim de tudo aquilo. Seu peito ardia e sua emoção aflorava por aquele lobo pardo. Queria muito conversar. Porém, não conseguia tomar a devida iniciativa.

Então aquilo aconteceu.

— Oi Barry!

Uma voz distante todavia inteligível ecoou pelas orelhas de Barry. Todo o seu corpo experimentou a sensação de ser puxado bruscamente para a realidade. Os olhos castanhos piscaram e focalizaram o refeitório da escola como se há tempos não enxergassem. Os sons se regularam e se despiram do ar abafado. Uma certa ânsia de vômito tomou o lobo.

— Sério, Barry, você não parece bem.

Ele ergueu toda a coragem que tinha e correu seus olhos para os do lobo pardo. Sentiu seu rosto corar e suas mãos tremeram. Larry esboçava muita preocupação e, ao mesmo tempo, curiosidade. Barry tentou articular palavras mas tudo o que conseguira foi um gesto gutural deveras constrangedor.

— Hm. — continuou Larry, como quem não sabe muito o que dizer. — Mesmo que não eu te conheça direito, sei que você não parece normal...está mesmo bem?

O olhar penetrante do lobo pardo tornou-se acolhedor e amigável. Com muito esforço Barry levantou um pouco sua pata esquerda e fez o sinal de mais ou menos. Um vento cortante atingiu o refeitório. O suor do lobo branco ficou frio e desconfortável.

Larry coçou sua nuca desajeitado.

— Entendi. Melhoras.

Larry se aproximou de Barry, ergueu seus dois braços e envolveu Barry. O lobo branco sentiu os pelos macios e sentiu um doce cheiro indescritível. A cabeça de Larry recostou-se sobre o ombro do semelhante. Confortável, macio, acolhedor, bom, carinhoso. Um abraço.

Barry era muito acostumado a abraços e carinhos. A sua família geralmente o tratava bem e seus pais sempre foram acolhedores. Entretanto, não imaginava que um simples abraço o traria de volta ao mundo real.

O alicerce para sua confusão emocional e mental lhe tirou da confusão que ele próprio criou sem nem saber.

— Ei… — chamou Barry. Sentiu um alívio imenso ao finalmente conseguir dizer algo. O abraço amigo se desfez depois de alguns segundos.

— O quê? — indagou.

— Eu preciso falar com você… — olhou para baixo com muita vergonha.

— Tudo bem. Quando?

Barry não encarou mais Larry no rosto.

— Na hora da saída. — explicou.

— Tá.

Estava decidido. O lobo branco iria conversar com Larry sobre tudo o que sentia. Sua confiança subiu consideravelmente. Alguns pensamentos negativos voltaram a perturbar seu raciocínio, mas então o lobo lembrara de Pathy.

"Escute, o errado não é amar, pois o amor é universal. O errado é sabotar você mesmo."

○ ○ ○

12h56min

— Começa às 13:30. E vejam só quantos já estão aqui! — comemoreu Karl. O panda pulou animado. Tom, no entanto, demonstrava certo receio.

— Não acha que seremos detidos pelo governo ou algo assim?

— Não, não, não. — respondeu. Falara tão rápido que suas palavras soaram quase que incompreensíveis.

— Afinal, se vamos executar executar a maior empreitada que essa cidade já viu, talvez essa passeata soe desnecessária. — replicou emburrado.

Karl o encarou, sério. Mesmo possuindo feições fofas e notórias de um panda comum, sabia ser sombrio.

— Ah, francamente! — vociferou Tom. — Você não dá medo.

Ambos riram.

— Vamos lá, Tom. Muitos em Zootopia irão nos apoiar hoje. Agora. — riu-se. — E então, ao realizarmos o xeque-mate, já teremos alguns apoiadores.

O leão abriu sua boca sutilmente, pensou um pouco e a fechou. Seus lábios formaram então um longo sorriso.

— Ótimo.

○ ○ ○

Barry estava terminando de resolver a última progressão geométrica quando a porta da sala se abriu com certo estrépito. Era o diretor.

Ele pediu licença e andou até a frente do quadro. Não precisou silenciar ninguém, pois todos já estavam suficientemente absortos.

— Boa tarde. Peço que todos guardem o seu material e ouçam com atenção. Iremos liberar vocês hoje por uma decisão da secretaria de educação. Não se sintam privilegiados, pois todas as escolas fizeram o mesmo.

— Por quê? — indagou Romeo.

— Uma reunião será feita daqui a uma hora, e alguns professores e diretores foram convocados. Não sabemos ao certo do que se trata, mas amanhã, caso pudermos, informaremos. Tenham uma ótima tarde. Até amanhã.

Sair cedo? Logo no dia daquela passeata? Que coincidência…, pensou Barry. Mas seu coração não palpitava por causa disso. Todos foram liberados. Logo, ele poderia conversar com Larry naquele exato momento.

O lobo branco despediu-se de Romeo e caminhou pelos corredores à procura do pardo. Ele viu Larry virar o corredor em direção ao portão da escola.

— Ei! — ofegou após apressar o passo e alcançar o semelhante.

— Eu ia te esperar no portão. — comentou. — E então, o que queria me dizer?

Barry observou todos que estavam ao seu redor e sentiu seu rosto iniciar um certo rubor.

— Acho que aqui não seria ideal. — revelou.

Larry concordou com a cabeça, mesmo sem saber do que se tratava. Os lobos saíram da escola e foram caminhando pelo mesmo caminho o qual iam para casa.

O vento gélido e fresco da tarde perpassou pelos pelos de Barry e isso fez seu sentimento interior aumentar ainda mais. Não conseguiria mais aguentar. Tinha que contar, ali e agora.

— Hmm… — grunhiu. O lobo pardo percebeu o movimento de Barry e atentou-se ao seu semelhante.

— Não entendo… — disse por fim Larry. Havia notado que o lobo branco movera os lábios várias vezes, mas nenhuma palavra ou sequer um som saia. O rosto corado de Barry já era notório.

Barry soltou um longo suspiro e olhou com dificuldade para Larry. O lobo pardo também parecia carregar um rubor em seu rosto. Então, em um sobressalto, Barry percebeu que havia levado sua pata até a do outro.

— D-desculpe. — soltou a pata, altamente envergonhado.

O que irei fazer agora? Isso com toda a certeza foi estranho. Não consigo esconder meu rosto. Deveria ter sido mais cuidadoso. Eu posso ter estragado tudo…, pensou.

Assim como sua pata havia tocado a do outro em um gesto involuntário, as lágrimas já marejavam o rosto de Barry. Sem pensar duas vezes, o lobo saiu correndo dali. Não queria olhar para trás e tampouco imaginar a reação de Larry. Tudo o que queria era se jogar em cima da cama e cobrir seu rosto com o travesseiro.

Entretanto, o braço do lobo pérola fora agarrado por um forte e semelhante ao seu. Ele parou abruptamente e quase tropeçou. Ofegante e com as lágrimas tomando seu rosto, não relutou.

— Você ia falar algo, eu sei disso…eu só quero saber... — Larry disse baixinho.

Com a êxtase de sentimentos tomando o seu âmago, o lobo branco corajosamente encarou os olhos azuis e profundos do pardo.

Barry ergueu sua pata e puxou inesperadamente o lobo para perto de si. Um segundo se passou e os lábios dos dois já se encontravam. Surpreendido com a própria ação, Barry apenas fechou os olhos e contemplou o calor do outro.

Sua única ação explicou o que mil palavras não conseguiriam.

Larry desfez o beijo, empurrando vagarosamente o rosto de Barry com a pata esquerda. Uma onda de medo e receio invadiu Barry neste mesmo momento. O seu semelhante poderia ter ficado com muita raiva ou se sentido constrangido. De toda forma, ele havia beijado o seu amigo sem mais nem menos. Ainda que possuísse um rosto corado e um olhar culposo, continuou encarando Larry.

O lobo branco se moveu assustado quando viu a pata direita do lobo se mover. Por um momento delirante, achara que o outro lhe daria um belo soco — e com toda a razão.

— Calma. — falou Larry. Sua voz continuava a mesma. Sem nenhum resquício de raiva ou rancor. Parecia, na verdade, muito dócil.

A pata que o lobo pardo levantara tocou a bochecha macia de Barry e a acariciou. Barry sorriu.

— Então…agora eu entendi. Entendi porque você às vezes me olhava feito um bobo ou corava de repente. — disse brincando. Os dois riram. Larry encostou carinhosamente seu focinho no do outro. — Poxa, poderia ter me dito, Barry.

O lobo pérola se moveu envergonhado. Estava imaginando a si mesmo, todo bobo e desajeitado perto de Larry.

— Quer saber? Também estava nutrindo um sentimento diferente em relação a você. Legal, divertido, simpático, compreensível, carinhoso, conservado, educado… — ele deu uma risadinha breve ao observar o rosto do lobo branco corar ainda mais. — , fofo. Muito fofo, na verdade.

Apertou as bochechas de Barry.

— Aparência? — respondeu ao olhar estranho que o lobo pérola lhe deu. — Não, não. Milhares possuem uma aparência esbelta. Só que… — aproximou-se da orelha pontiaguda de Barry. — Eu amo o que você é.

O sentimento aflorado no lobo branco se intensificou ainda mais. Estava feliz. Feliz porque a confusão que havia se instaurado em sua mente tinha se cessado e, assim, uma luz percorreu e iluminou a escuridão que havia se instaurado em sua mente. E ainda mais feliz por saber que existia alguma reciprocidade no seu amor descomunal.

— Não ficou com raiva? — indagou Barry.

— Do quê?

— Er…eu te beijei sem avisar.

Larry soltou uma gargalhada.

— Fiquei sim. Não vê a fúria em meus olhos? — disse rindo. — Só surpreso.

À medida que o tempo passou, os lobos se deram conta que estavam na calçada de uma rua. Afastaram os focinhos.

—Larry... — chamou Barry de repente. — Aceita namorar comigo?

— Sim! — respondeu de imediato.

Os dois voltaram a caminhar. O lobo pardo passou o braço pelos ombros do branco e assim caminharam abraçados, sem ligarem para o fato de estarem em uma rua movimentada.

— Só mais uma coisa... — disse Barry, receoso de estar falando demais. — Aquele movimento anti-predador…acha que vai dar em algo?

Larry olhou para o céu anuviado, pensativo.

— Eles ganharam força. Neste exato momento a passeata deles está percorrendo a Praça Saaqra. Talvez não passe disso. Talvez…

○ ○ ○

Muitos estavam presentes na passeata. Haviam animais de todos os tipos. Ironicamente, alguns carnívoros também participavam do movimento. Entre os milhares de animais, Tom se concentrou em achar Karl no meio de todos.

Ao encontrar o inconfundível panda, o qual estava na liderança da caminhada, dirigiu-se rapidamente a ele.

— Karl! Karl! — bradou. — Conseguimos! A primeira investida ocorreu como você planejou! Não tem mais erro!

O panda não conteve o sorriso maquiavélico. Conseguira executar a parte que considerava mais difícil em todo seu projeto. Sentia-se agora em cima de uma enorme torre, observando todos aqueles animais ali, inferiores. Estava no topo.

O panda se afastou da multidão e saiu do ponto de visão de Tom, que agora o procurava curioso .

Entre os diversos animais haviam dois grandes carros, que estavam carregando os alto-falantes e a bandeira do movimento.

Karl observou de longe a passeata se afastar. Ele levou sua pata até o bolso da capa que usava e retirou um controle negro e de formato retangular.

— Desculpe, Tom. Mas sacrifícios são necessários. Só assim um mundo perfeito se inicia.

Apertou o botão.

Um brilho forte abrangeu boa parte da rua e assustou outros que passavam por ali. Segundos depois um som estrondoso se espalhou por várias quadras e arrancou gritos dolorosos de todos. Os veículos que passavam próximos dali pararam bruscamente, causando um engarrafamento. Ao longe, via-se apenas uma fumaça cinzenta e o arder de chamas impiedosas.

(…)


Notas Finais


Bom, Karl pode ser um panda mas talvez não seja tão dócil quanto um.
Aah, espero que tenham entendido o nome do capítulo. Ele se chama Luz por dois motivos. Um vocês já devem saber, e o outro é por causa do acontecimento final.
Fui um pouco cruel com essa ambiguidade...


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