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História Too Much To Ask - Vingt-Quatre


Escrita por: DirtyMistress

Notas do Autor


Bom, sem nenhuma delonga, aqui vai o novo capítulo!!!!!
XOXO

Capítulo 24 - Vingt-Quatre


 

"Tive um sonho que eu estava morrendo, mas não encontrei ninguém lá. E se uma última noite é tudo que for nos dado, vamos vivê-la como se nos importássemos. Por uma última noite" 

One Last Night - Vaults

 

O céu de Los Angeles estava mais que estranho e escuro. Em pleno mês de maio chovia o que eu não tinha visto chover durantes esses quase três meses. Eram 07:00 da manhã e não passava dos 13° graus, e era mais que preciso se agasalhar.  Abraço a mim mesma para me esquentar e continuo a andar pelos corredores do supermercado. Precisava reabastecer minha dispensa

Aaron não estava em meu apartamento pois na noite anterior tinha ido dormir na casa de Pete. Os dois pareciam próximos, e mesmo que eu dissesse que não, eu estava surpresa porque ele não havia me contado que ambos passavam tanto tempo juntos. Começo a perceber que estou negligenciando nossa amizade. Eu e Aaron precisamos de mais tempo juntos, e eu simplesmente havia esquecido disso. Ele era a minha parte racional. Eu precisava de Aaron para pensar com clareza. Quando ele está por perto tudo fica calmo e parece fazer sentido. Ele é a parte mais importante da minha vida e sinto que estou devendo ao demonstrar meu amor por ele

Saio dos meus devaneios ao ouvir meu nome ser chamado. Audrey estava do meu lado com um sorriso adorável em seu rosto. Ela parecia sofisticada demais para o supermercado, mesmo sendo um dos mais luxuosos da Califórnia, e me vem a cabeça que possivelmente ela não seja muito de compras para a casa. Com passos rápidos, ela vem até mim e me abraça. Fico em choque e quando vou retribuir, ela se afasta sem abalar sua empolgação 

- Fico feliz em ver você! - Audrey tem uma voz doce, e muito de sua personalidade é de uma pessoa delicada e bondosa. Mesmo pelo fato de sairmos com o mesmo homem, é impossível não gostar dela

- É uma surpresa vê-la por aqui - Confesso lhe dando um sorriso. Ela balança a cabeça concordando 

-É meio óbvio que não faço muito parte desse lugar, não é? - Olho para suas roupas de grife, joias caras, salto alto e sorrio. Não, esse mundo não é o dela - Eu tinha planos de procurar você - Me surpreendo. Eu e Audrey não temos nada a ver. E duvido muito que o que ela queria comigo seja uma dia de garotas ou conselhos para roupas

- Me procurar?

- É... você tem um tempo para um café? - Concordo e empurro meu carrinho de compras até a luxuosa cafeteria do supermercado. Me sinto confusa sobre o que ela quer comigo. Não há nada que eu me lembre que possa ajudá-la. Audrey sorri nervosamente aparentemente envergonhada. Ela batuca os dedos na mesa depois que nos sentamos e pedimos um café - A última vez que nos vimos foi bem ominoso - Lembro que foi após nosso almoço desastroso com Zachary. Eu tinha ido na casa de Jared saber como ele estava e o encontrei bêbado depois de transar com Audrey

- Nem me fale... - Murmuro mais envergonhada que ela

Jared a havia tratado muito mal, como se fosse uma prostituta que tinha o dever de fazer tudo o que ele queria. Tínhamos brigado pela maneira que demonstrou seu comportamento e ficamos sem nós falar por dias, causando mais um briga em seguida. Penso que talvez ele sempre a trate assim, como um pedaço de carne sem muito valor e que talvez ela permita esse tipo de comportamento 

- Eu sou apaixonada por ele, Amelie - Audrey respondeu como se tivesse lido meus pensamentos. Sinto um enjoo imediato. Ela é apaixonada por ele! Mesmo tento plena consciência de que eu e Jared não temos nada, me sinto imediatamente ciumenta. Porém isso eu já sabia, mas era diferente ouvir saindo de sua boca

- Eu já imaginava

- Não tem como não se apaixonar - Ela fala com um tom sonhador e encantado - Jared é bonito, engraçado, bondoso, talentoso, na maioria das vezes gentil e cavalheiro. Mesmo tento esse relacionamento estranho, ele sempre foi sincero em nunca me prometer nada - Me sinto desconfortável ao ouvi-la dizer as coisas que eu já sabia. Eu podia ver sua beleza, o quanto era gentil e engraçado, e eu sabia que Jared não prometia o que sabia que não poderia cumprir. Ele tentava de verdade ser melhor

- Não entendo onde quer chegar - A interrompo mesmo sabendo que é falta de educação. Audrey me encara séria, quase tomando coragem para dizer alguma coisa

- Ele gosta de você - Levanto minhas sobrancelhas - Jared se importa com você, e eu morro de ciúmes disso - Ela ri de si mesma. Me sinto feliz por ouvir de outra pessoa que ele gosta de mim, mesmo sendo errado - Quer dizer, porque não se importaria? Você é absurdamente bonita, é gentil, educada e tem toda essa áurea misteriosa que é sexy... o que eu quero dizer, é que eu quero que ele goste de mim - Fico lisonjeada pelos elogios, e entendo que ela está pedindo para que eu me afaste. Ela quer uma chance com ele, e me vê como uma adversária 

- Audrey, se você está pedindo para me afastar, saiba que eu e Jared não nos vemos tanto quanto parece

Lembro da noite de ontem quando decidi me afastar. Essa era minha chance. Mesmo chateada pelo o que estou fazendo, sinto que é o necessário. Sendo totalmente sincera eu não queria me afastar e saber que Jared ficaria em definitivo com Audrey me fazia morrer de ciúmes. Saber que ele já a fodeu me deixa com raiva o que é ridículo porque eu estou com o pé no casamento. Eu não o queria com ela. Na verdade, estava muito perto de levantar e trancafia-lo em algum quarto para não deixá-lo sair mais. Porém esse era um sinal. Era a chance para me livrar desse vício e obsessão que tenho por Jared

- Não. Não é isso que eu quero - Ela atrapalha meus pensamentos levemente masoquistas, me deixando ainda mais confusa - Eu quero que me ensine a fazê-lo gostar de mim. Eu quero mostra-lo que eu posso ser mais do que Jared acha que sou - Ela está disposta a se anular para Jared. Não é surpreendente o fato dela ser tão apaixonada por ele, mas sim ela querer mudar a si própria para fazê-lo se importar

- Não sei como poderia ajudar você. Não sei muito do que o Jared gosta

- É claro que sabe. Você o agrada o tempo todo - Rio sarcástica. Ela definitivamente não o conhece muito bem

- Não sei porque acha isso. De dez frases dele, nove são para reclamar de alguma coisa que eu fiz ou deixei de fazer!

- Só me ensine a agrada-lo. Eu posso tentar - Eu não queria ajudá-la. Mas ela estava amando de verdade, e eu sabia que Jared merecia ser amado. Não podia priva-lo disso, porque amor não era algo que eu poderia dar

- Eu não sei mesmo como ajudar. Mas sei que você não pode anular você mesma dessa forma por ele. Se ame mais - Eu estava mesmo dando dicas que diziam se amar mais? Ridículo - Jared é um homem totalmente independe e cheio de negócios. Mostre ser o que ele precisa quando ele precisa. Ele não precisa de alguém igual a ele, e talvez alguém que o complete - Eu estava prestes a falar de suas imensuráveis qualidades e porque ele precisava de alguém que o completava, mas me segurei. Eu não sabia como ajudá-la e se fosse para ser sincera diria para desistir, mas quem era eu para dizer algo assim? - Eu não sei... de verdade - Estou confusa com esse turbilhão de sentimentos misturados. Só queria sair daqui e ir para meu trabalho, enterrar minha cabeça em algo que eu sabia fazer bem

- Ok, mas imagino que isso já vá me ajudar. Obrigada, Amelie. É bom saber que ao menos tenho seu apoio - De um todo ela não tinha meu apoio, mas eu não pensava em dizer isso em voz alta

Depois de jogar conversa fora, nós despedimos e termino minhas compras. Audrey era uma mulher agradável e sofisticada, e me perguntei o que ela via em Jared já que ele era o total oposto. Talvez por isso, penso. Esse também era um dos motivos para ser interessada nele também. Eu estava magoada comigo mesma pelo o que tinha acabado de fazer. Incentivei e dei a entender que Audrey estava correta ao lutar pelo amor de Jared. Bato no volante do meu carro irritada. Eu estava jogando contra mim mesma. Nunca fui a pessoa que conhecia mais do que o comodismo e a satisfação, mas agora um turbilhão de sentimentos estava me deixando apavora e confusa. Eu estava ansiosa e não sabia bem o motivo. Sempre fui uma conhecedora de mim mesma, mas desde que vim para Los Angeles eu não sabia mais quem eu era. Ah quem quero enganar? Desde que conheci Jared eu não sabia. Estava provando coisas que eu não tinha conhecimento da existência, e eu não queria abrir mão disso. Eu estava ficando muito maluca

Desço do meu carro quando estaciono na garagem do meu prédio. Vou até o porta malas e pego minhas compras. Era complicado levar tudo sozinha, mas eu tentaria dar um jeito. Fui completamente torta até o elevador e apertei o botão para o meu andar. Em poucos segundos eu já estava abrindo a porta do meu apartamento. Despejo as sacolas no balcão da cozinha e guardo tudo apressada. Já era mais de 08:30 e eu pretendia chegar ao trabalho cedo. Em menos de 15 minutos, eu já estava descendo para a garagem outra vez

*******

- Como foi sua noite com Pete? - Pergunto a Aaron que estava debruçado sobre a pia da cozinha. Eu estava disposta a fazer um jantar para nós dois e em seguida assistir um filme qualquer. Estava necessitada de sua presença, e tê-lo por perto, me acalmava profundamente

- Desculpe não ter falado sobre Pete. Você sabe, tenho um histórico de destruidor de relacionamentos, então não quis dar expectativa - Eu conseguia entender. Depois do problema "vídeo pornô", Aaron havia ficado inseguro sobre si mesmo, ainda mais sabendo que Pete tinha total conhecimento 

- Não há problemas, mas de agora em diante quero ser mantida atualizada. Sua vida é importante para mim, você sabe disso...

- Eu sei, gata - Ele concorda me dando um pouco de alívio - Sabe, Pete é um cara legal, e está me apoiando com todo esse lance de "vídeo pornô ". É bom ter alguém do meu lado - Faço uma careta e bufo 

- Ai. Essa doeu! - Aaron arregala os olhos e balança a mão na minha frete. Eu sabia que ele não tinha intenção de me magoar e que provavelmente estava me e excluindo dessa contagem já que eu sempre estou do lado dele

- Não conto com você, Ellie - Não disse? - Não importa o que aconteça você sempre vai estar do meu lado. É assim que funciona. Desde que meus pais me puseram para fora, você tem sido o motivo para me manter forte - Sorri feito uma bobona. Eu amo Aaron mais do que qualquer coisa que amo ou já amei, com exceção do meu pai. Eu sabia que ele faria qualquer coisa por mim. Ele estala a língua e revira os olhos - Pode tirar esse sorrisinho do rosto - Rapidamente me recomponho e fico séria 

- Você é o que me faz mais feliz, sabia? - Olho para ele tentando passar um terço da emoção que sinto no momento. Estávamos muito emotivos, talvez pela distância que havíamos nos imposto nos últimos dias

- Eu sei - Aaron me olha carinhoso, e assinto com a cabeça e levo a salada até o balcão da cozinha - Mas você não acha estranho que sua maior felicidade seja eu e não seu noivo? - Ronco indignada e o olho feio

- Porque você ainda insiste nisso? - Aaron não perdia a oportunidade de passar na minha cara que meu casamento poderia ser um dos maiores erros da minha vida. Eu não me sentia irritada com seu questionamento, mas o cansaço já estavam começando a bater - Eu entendo que queria ajudar e que a maioria das decisões que tomo é de forma conjunta, mas dessa vez é do meu jeito. É a minha decisão, e essa decisão já foi tomada há 10 anos atrás - Começo a me explicar tagarelando como sempre. Mesmo Aaron sabendo de tudo que estava dizendo, eu me sentia no direito de explicar - Zack é importante. Ele fez tanto por mim. Eu sinto que...

- Deve a ele por isso?

- Que ele faz parte do que eu sou - O corrijo franzindo minha testa, o repreendendo. É verdade que Zack fez por mim o que a maioria das pessoas não fariam. Me sinto grata a ele, mas me casar não é uma forma de demonstrar minha gratidão - Tem certeza que está me ouvindo?

- Esse casamento parece mais um acordo empresarial do que realmente um casamento - Eu sabia o que ele queria dizer e entendia, talvez até o desse razão, mas não pelos mesmos motivos

- Zack é podre de rico, bonito e inteligente. Ele pode ter qualquer garota, mas ele está comigo. Não estou tentando me gabar, até porque não o que para me gabar, mas pelo fato dele ser inteligente teria saído dessa se não quisesse

Aaron senta em um dos bancos da ilha da cozinha, cruza as pernas e põe um dedo no queixo para demonstrar que estava pensativo e que algum pensamento brilhante sairia dali. Eu já estava acostumada com sua forma enxerida de ser, mas tinha esperanças que ao menos cessasse quando meu casamento estivesse próximo. Pelo visto, eu estava bem enganada. Ele não estava nenhum pouco disposto a me dar uma trégua 

- Se tem uma coisa que eu sempre admirei no Zachary é o como ele é honesto, mas sejamos francos tudo isso é um circo. Acorda, Amellita. Muito do que ele faz é pelo seu pai. Pelo o que prometeu a ele

- E se parte do que eu faço é por essa promessa também?

- Então você é tão louca quanto seu pai e Zack. Talvez até um pouco mais...

- Se eu estou aqui é pelo o que Zack fez por mim

- Ai. Essa doeu - Aaron leva a mão para o peito e finge sentir dor

Aaron havia me ajuda do muito quando eu era criança. Ele esteve presente em toda a parente turbulenta da minha vida. Ele sabia que eu tinha problemas dos quais não queria falar, mas mesmo não sabendo o que era Aaron me apoiava e me mantinha feliz. Mesmo minha mãe sempre me proibindo de falar com ele, eu sabia que ele sempre seria meu Porto Seguro e minha rocha. Minha sanidade se mantinha nos pouco minutos que eu estava com ele. Então sim, ele era também um dos principais motivos para eu estar aqui

Bato em seu ombro e levo um prato para sua frente. O jantar seria servido, e aquele poderia ser uns minutos de paz, onde ele não estaria falando a cada segundo

- Bobo - Sorrio

- Então se não quer falar sobre isso, vamos falar do incrível amante que te comeu no meio da prova do vestido de noiva. Como foi a ida ao bar ontem? - Balanço a cabeça negando e chupo o meu dedo sujo com o molho da lasanha - Assunto proibido também?

- O irmão mais velho dele agiu como pai e me proibiu de vê-lo - Aaron arregala os olhos em choque, mas em seguida começa a ri descontroladamente quase caindo do banco de madeira onde estava sentado - E eu sabia que essa seria sua reação...

- Desculpe, Ellie - Ele pede ainda rindo quase chorando. Vou até a geladeira e pego um vinho - Achei que Jared tivesse 42 anos e não 12

- 43 na verdade - O corrijo - E eu posso entender... esse tipo de relacionamento não é legal. Muito menos para ele. Não quero continuar fazendo isso

- Serio? Porque você parecia muito bem relaxada depois de uma trepada com o pauzudo. Não me diga que aquilo era encenação - Ele estava se divertindo as minhas custas. Cerrei os olhos e pus a garrafa de vinho com força no balcão 

- É legal saber que você me acha engraçada! - Resmungo me sentando perto dele - E porque diabos está o chamando de pauzudo? - Pergunto exasperada

- Tem uns vídeos muito interessantes rolando na web. Jared é bem conhecido por cantar segurando o pau que mais parece um Miojo Lámen de tão grosso - Tento me ssegurar, mas rio audivelmente de sua piada extremamente grosseira. Só Aaron me faria rir de uma coisa do tipo

- Não diga coisas assim quando estamos prestes a comer macarrão - O repreendo mesmo tento gostado de sua piada

Começo a pensar no Lámen. Obviamente o pênis de Jared era o maior que eu já tinha visto, mas não era tão grosseiro quanto um Lámen. Junto minhas coxas quando penso que há dois dias atrás, Jared e eu estávamos transando. E então começo a lembrar de quando fomos para a casa de praia da minha familia e chupei seu pau. Tinha sido absurdamente gostoso. Ele tinha um gosto ótimo. Era aveludado e duro ao mesmo tempo. Eu morria de tesão pelas veias que Jared tem por todo corpo, mas as do seu pau eram sem dúvidas as minhas favoritas. Senti vontade de passar minha língua em cada uma delas, enquanto eu o assistia gemer de uma forma tão sensual e rouca que somente ele sabia...

- Você está vermelha e mordendo o lábio - Paro de pensar em pau alheio e me concentro no que Aaron diz. Ele sorri safado pra mim já sabendo o que eu possivelmente pensava - Você estava pensando no pau do Jared - Sinto meu rosto corar de vergonha

- O que? Não!

- Sei... - Não respondo nada e observo Aaron me servir e em seguida por a comida em seu prato

Eu não estava com muita fome, mas me esforcei para comer. Me lembrei que não tinha contado tudo o que tinha acontecido nos meus dias para ele. Aaron estava se esforçando para se abrir ainda mais comigo, e eu estava, de certa forma, guardando segredos porque não queria ser alvo de perguntas. Bebo uns goles de vinho e tomo um pouco mais de coragem para aturar seu questionamento

- Audrey é apaixonada por ele - Dou de ombros

- Audrey? - Ele pergunta com a boca cheia. Claro que ele havia esquecido

- A garota que foi visita-lo quando eu era sua hóspede - Concorda e bebe o vinho em vários goles, enchendo a taça novamente logo em seguida

- E você deduziu isso?

- Não, ela me disse hoje. Pediu para que eu a ajudasse a conquista-lo - Aaron quase se engasga com a comida. Bato em suas costas para acalma-lo e lhe estendo um guardanapo 

- Estou impressionado sobre como as pessoas são sem noção hoje em dia

- Eu tentei ajudá-la - Confesso. Ele me olha indignado e bate a ponta do garfo no prato - Ei, cuidado!

- Porque, sua louca?

- Porque Jared merece alguém que goste dele, e ele parece gostar dela... - Repenso e concluo - Talvez não dá maneira doentia que ela gosta, mas não há porque não tentar - Eu não queria que eles tentassem. Sinto coceiras quando penso nos dois como um oficial casal, mas infelizmente a decisão não vinha e nem dependia de mim

- Você sabe que tem que parar de sair com ele, não é?

- Eu não sou burra, é claro que sei disso. Além do mais, minha decisão de parar de vê-lo tinha sido antes de minha conversa com Audrey - Outro olhar de indignação é lançado e dessa vez não posso ignorar - Você tem que me olhar desse jeito quando digo que vou sair com ele é não quando vou dizer "já chega"

- O irmão dele foi bom na cena de "não chegue perto do meu irmão", não é? - Não respondo. Fico calada e volto a comer. Aaron já sabia minha resposta

Depois do jantar nos sentamos em frente a TV para assistir "Te Amo Para Sempre". Aaron tinha ouvido falar que era um filme de romance totalmente chorável e se ele queria assistir, porque não? A mocinha do filme até que era legal e cheia de personalidade, mas em alguns momento virava um pé no saco e totalmente mimada. Já o mocinho fazia de tudo para deixá-la feliz apesar do seu problema... viajar no tempo! Tá aí uma coisa que era impossível de acontecer na vida real. Em um relacionamento nós discutimos sobre quem é o mais certo em uma briga, quem não abaixou a tampa do vaso, ou que sujou a louça quando a pia estava limpa. Nunca em hipóteses normais discutíamos sobre quando é errado ou não viajar no tempo. Filmes e suas bobagens surreais

Ponho minha mão no saco para pegar mais pipoca e Aaron bate em minha nela para impedir

- Ei, seu chato! - Ele estava totalmente concentrado no filme, mas seu rosto era de uma careta irritada

- Sabe o que eu acho?

- O que?

- Eles deviam mostrar sexo - Ia dizer que na maioria dos filmes de romance tem sexo, mas percebo que não é exatamente isso que ele quer dizer

- Está falando sobre os atores realmente fazerem sexo? - Aaron se vira para mim com um sorriso e concorda

- É... Não acha que seria mais interessante um sexo selvagem ali no meio? Ia parecer mais real! Quer dizer, que tipo de cara viaja no tempo? - Finjo pensar em sua teoria e dou corda

- Talvez você pudesse dirigir o filme

- Pois é. Com meu histórico, ninguém iria se importar - Rio junto com ele e escutamos seu telefone tocar. Aaron o pega e atende sem nem mesmo ver quem liga. Sua conversa flui normal até que sua preocupação me dá um alerta e decido prestar atenção - Quando será essa reunião?... Claro, estarei lá, mas você não pode me adiantar o assunto?... Eu entendo perfeitamente... Não, sem problemas. Nos vemos amanhã a noite então. Tenha uma boa noite - Espero que ele me diga alguma coisa. Aaron se mantém em silêncio após desligar o celular e observa o nada, pensativo. Eu estava começando a suar frio, sem saber o que tinha acontecido

- O que foi? Você está me assustando 

- Era Hugh, meu antigo assessor 

- Antigo?

- Eu o demiti quando aconteceu o escândalo. Não me pareceu necessário ter seus serviços!

- E o que ele queria?

- Ele me ligou para marcar um reunião amanhã a noite - Imediatamente fiquei confusa. Se Aaron havia o demitido porque ele queria uma reunião?

- Não faz sentido - Aaron assente e volto a comer a pipoca para tentar relaxar. Ele estava claramente nervoso - Hugh disse o assunto da reunião? - Ele negou

- Não, somente disse que tínhamos que conversar sobre isso urgentemente - Eu ia perguntar mais, porém Aaron me olhou tentando me repreender. Ele não queria falar sobre isso

Passamos o resto da noite assistindo filmes e conversando, mas esquecer a ligação esquisita, era impossível

*********

O dia continuava frio. Vesti um vestido de lã e botas, mas não me pareceu o suficiente para me esquentar. Caia uma leve garoa, e eu estranhava o fato de Los Angeles estar tão fria nos últimos dois dias. Depois de chegar ao restaurante, checo como está indo a limpeza da cozinha e vou ao meu escritório. Jogo minha bolsa em uma das cadeiras e me mantenho em pé, observando os papéis de amostras dos novos menus. Eu estava cheia de coisas para fazer e minha cabeça estava a mil. Tinha que elaborar o novo cardápio, apresentação de pratos, fazer pedido de novos ingredientes, checar os que estavam previstos para chegar hoje, orientar o souschef, porque pelo visto hoje eu passaria bem longe da cozinha. Cozinhar era algo que me acalmava, mas minha dor de cabeça estava insuportável o suficiente para não estar nem mesmo afim disso

Batidas na minha porta me fazem tirar a atenção dos papéis das minhas mãos o pondo de volta na mesa. Pete sorri e sem entrar na sala diz:

- Os condimentos que você solicitou já chegaram e só esperam sua aprovação

- Claro, chego em quinze minutos - Pete continuou na minha porta e imaginei que ele quisesse mais alguma coisa - Sim...

-Imagino que saiba que eu e Aaron estamos nos vendo com mais frequência 

- Eu sabia sim. Porque? - Ele parecia envergonhado, e eu nunca o tinha visto assim. Estranhei 

- É só que Aaron vai dormir hoje lá em meu apartamento - Bom, eu já sabia disso, mas não entendi sua necessidade de me informar - E mesmo que parece esquisito, eu queria sua aprovação. Ele ama muito você e se eu souber que você nos apoia, me deixaria mais aliviado - É ridículo achar isso muito fofinho? Pete estava tenta e fazer dar certo, e queria que eu fizesse parte disso, e eu não poderia negar. Eu estava feliz por ser incluída 

- Aaron fica feliz ao ver você, e eu gosto de vê-lo feliz. Tente o seu melhor - Pete sorri com os olhos brilhando. Ele estava apaixonado. Mais um para a lista de conhecidos totalmente caidinhos 

- Obrigado - Sorrio. Ele parece mesmo agradecido. Não tem como não se sentir satisfeita - Vou deixá-la trabalhar - Pete sai e fecha minha porta

Os dois estavam bem. Senti um peso que eu nem sabia que existia sair das minhas costas. Me inclino na mesa e volto minha atenção para as várias opções e novos cardápios e me sinto confusa sobre qual escolher. Eu ainda teria que organizar a ordem dos pratos e fazer as seções e minha mente não conseguia projetar nenhuma ideia criativa para isso

Minha porta de abre de supetão e fico surpresa ao ver Jared com a cara mais raivosa que já vi na minha vida. O que ele queria? Ele tinha desistido de insistir... não tinha? Eu estava confusa, mas ao mesmo tempo feliz, o que me deu bastante raiva. Porém o que me deixava curiosa era o fato dele me olhar como se quisesse me estrangular de ódio. Suas sobrancelhas estavam quase juntas de tanto flexionar a testa. Sua boca estava em uma linha fina. Seus olhos duro e sem brilho. O que eu tinha feito dessa vez?

- Desculpe, Amelie - Naomi, a recepcionista da área administrativa do restaurante, fala nervosa assim que consegue chegar a porta ofegante - Eu tentei impedi-lo de entrar...

- Tudo bem, pode ir - Naomi se apressa em deixar minha sala. Com toda a força, Jared fecha minha porta e a tranca, mas ignoro a última informação e decido cutucar - Devia tentar de novo. Não foi dessa vez que conseguiu quebrar minha porta

Jared me empurra, e gemo de dor quando minha bunda bate na mesa. Ele está perto. Bem perto e me segura pelos braços. Começo a me debater, insistindo para que me solte, mas ele sacode meu corpo me deixando tonta. Minha cabeça doendo ainda mais

- Vim aqui para mostra-la que ninguém, nem mesmo você, consegue se livrar tão fácil de mim - Jared rosna pouco antes de chocar sua boca contra minha. Inicialmente é uma confusão de dentes. Batidas e sons quase insuportáveis que me faziam querer lutar contra ele ainda mais. Nossas a bocas se adaptavam uma a outra, e o beijo se tornava cada vez feroz

Ele ocupava minha língua, e eu retribuia mordendo seus lábios. Suas mãos apertaram a minha bunda me fazendo levantar e sentar na mesa. Jared chupou meu pescoço, apertando meu seio por cima do meu vestido e sutiã. Meus seios ficaram pesados e meus mamilos duros. Sua língua foi descendo para minha clavícula, aos poucos seus dentes mordendo minha pele e puxando com força. A dor vinha misturada ao prazer, e eu só conseguia pedir por mais. Enrolei minhas pernas em sua cintura, o puxando para mais perto, e com o alcance facilitado, apertei seu pau com minha mão. Ele rosnou contra minha pele e com raiva tirou minha mão do seu corpo. Irritado, pôs meus braços para trás, nas minhas costas, os segurando com uma mão, e com a outra acariciando a parte interna da minha coxa

Jared subia e descia a mão na minha pele sensível, e eu quase entrava em combustão, quando chegava perto da minha calcinha e voltava para perto do meu joelho. Eu estava encharcada de tesão, e sabia que ele estava duro também. Ele voltou a me beijar, me deixando encostar a língua na sua. Eu estava protestando pelas minhas mãos prestasse, tentando solta-las, mas ele era mais forte do que eu e estava disposto a não me deixar toca-lo

Cansado da minha insistência, Jared solta minhas mãos e rápido, puxa meus joelhos para frente me fazendo cair de costas na mesa. Meus cotovelos fazem um som oco quando batem na grossa madeira, e protesto pela dor. Jared não dá a mínima para isso, e se inclina para me beijar. Seu pau encosta na minha calcinha e ao sentir que estou molhada, ele começa a esfregar seu membro em mim. A fricção é incrível, e suspiro em sua boca. Puxo seu cabelo para deixa-lo mais perto, e ele geme

- Por favor - Imploro meio desesperada

- Cala a boca! - Ele vocifera voltando a me beijar, mas logo se afasta me deixando ofegante e querendo mais

Jared puxa uma cadeira e senta nela, me observando. Mas que merda! Levanto um pouco minha cabeça mas a abaixo assim que sinto sua língua lamber a parte interna das minhas coxas. Eu estava totalmente aberta, e ele bem no meio das minhas pernas, sentado. Naquela posição, ele poderia ver tudo o que quisesse. Com pressa, ele subiu meu vestido até a cintura e sem cerimônia, rasgou minha calcinha. Minha bunda estava na beirada da mesa, e meus dedos conseguiam encostar o chão, seu rosto estava bem de frente a minha vagina, e eu não tinha muita certeza do que vinha a seguir

Me olhando nos olhos, ele levou minha calcinha até o nariz e a cheirou. Fiquei vermelha na hora. Ele não podia cheirar minha calcinha! Em seguifa, a pôs com cuidado em cima da mesa. Beijos molhados, foram sendo dispostos em minhas pernas. Eu sentia a ponta de sua língua, enquanto ele subia, ficando cada vez mais perto do meu sexo. Contorci completamente o meu corpo quando chupou com vontade meu clitóris. Abri minha boca para gritar, mas nada saiu. Eu estava vulnerável enquanto ele chupava incessantemente minha vagina

Senti quando sua língua percorreu todo o desenho da minha parte mais íntima, e chupou o clitóris novamente. Meus quadris passaram a ter vida própria e começaram a se mover junto com ele. Mordi meus lábios para controlar os gemidos/gritos que eu queria soltar. Movimentos rápidos, curtos, longos, lentos, estavam me deixando louca. Jared sabia chupar uma mulher como ninguém. Bom, eu não tinha muito com quem comparar, mas tinha sérias dúvidas de que algum e conseguiria ser melhor do que ele

Bati meus punhos na mesa para me apoiar, e levantei um pouco meu tronco, ficando um pouco de lado. Quase gozei quando vi que ele se masturbava enquanto me chupava. Eu não conseguia ter uma boa visualização, mas tinha plena consciência de sua mão descendo e subindo no pau, que eu estava morrendo de vontade de chupar

Eu estava louca pelo momento. Esqueci completamente de onde estava. Observava seu braço forte flexionando enquanto se masturbava... para mim! Isso era mais do que poderia aguentar. Minhas pernas começam a endurecer e meu ventre queimar, assinando meu orgasmo. Mas por pura maldade, Jared para suas ministrações, me impedindo de gozar. Ele estava me punindo!

Segundos depois, sua língua volta a me atacar. Seguro em seu cabelo com força. Ele me penetra com a língua, lambe e chupa. Era uma completa tortura e ele sabia disso. Eu já estava quase gozando outra vez, até que ele percebeu e me deu a entender que iria parar

- Não. Por favor, me deixe gozar - Jared para por um pequeno segundo e em seguida volta com tudo

Ele geme em minha pele enquanto dá prazer a si mesmo e a mim. Percebo os movimentos de sua mão ficarem mais rápido e imagino que ele também esteja perto de gozar. Minha mente o imagina se masturbando enquanto eu observava e morro de tesão pela cena. Ouço os urros sufocados vindos de sua garganta, e isso é o combustível para me fazer gozar querendo gritar como uma louca. Meu corpo treme em meio ao orgasmo. Abro os olhos quando sinto seu pau entrar em mim, rápido e forte

O vai e vem é desesperado e frenético. Jared estava em busca do orgasmo e queria fazer isso dentro de mim. Me sinto construir mais uma vez, e gozo o vendo me ter duro. Suas mãos agarram minha cintura, apertando minha carne por cima do vestido. Ele jorra dentro de mim, com seu rosto retorcido e as veias de seu pescoço quase explodindo. E por incrível que pareça, o ver daquela forma estava me levando pra perto de um próximo orgasmo

Seus movimentos, antes incessantes, vão parando aos poucos enquanto Jared recupera o fôlego. Eu já tinha gozado... duas vezes, mas eu o queria de novo. Estávamos ofegantes e suados. Meu corpo estava mole e indefeso, deitado na minha mesa de trabalho. Jared abre os olhos e me encara. Agora eles estavam com um brilho que não existiam quando chegou aqui. Não tinha ideia do que passava em sua mente

Somente agora me lembro do que ele disso quando chegou aqui. "Vim para lembra-la que ninguém, nem mesmo você, se livra tão fácil de mim". O que isso queria dizer? Ele está chateado pelo o que aconteceu no bar dois dias atrás?

Sem cerimônias, tira seu pênis de dentro de mim e olha ao redor. O observo se recompor e ficar completamente vestido, sem nenhuma parte de seu corpo explicitamente exposta. Jared olha para a porta do banheiro e entra, ficando lá por quase um minuto, e volta com uma toalha nas mãos. Me limpa entre as pernas totalmente calado. Eu estava confusa demais para perguntar o que ele estava fazendo. Porque isso agora?

Sua atitude não é a das mais normais e isso estava me assustando. Era mais um momento esquisito com ele em menos de uma semana e eu não sabia como tentar entender. Eu por quase dois dias pensei que tivesse desistido de me procurar, e eu sabia que se demorasse um pouco mais, eu que iria atrás dele. Porém, eu ainda não tinha certeza se era assim que eu o queria

Fico completamente chocada quando vou tentar falar mas ao mesmo tempo, Jared joga a toalhinha no lixo após me limpar e vai embora da minha sala, me deixando sentada na minha mesa embasbacado

O que porra aconteceu aqui?

*******

Durante todo o dia minha cabeça fica martelando a mesma coisa. Pela segunda vez eu estava me torturando, estava tentando entender o impossível. Meu trabalho costuma ser a maior parte do meu dia e eu focava nisso, mas quando minha mente insiste em querer me levar para outro caminho, é lá que meus pensamentos permanecem. Compreender Jared era complicado. Eu não falava, ele não falava. Temos sérios problemas de comunicação, e mesmo num relacionamento puramente sexual, conversa sobre onde exatamente estamos e porque as vezes é bom, só para manter as coisas um pouco mais leves

A verdade é que esse lance de só sexo não combinava comigo. Eu sabia disso, Aaron sabia, meu psicólogo sabia, só procurei fingir que nada nem mesmo os sinais eram o suficiente para me fazer parar. Eu tive uma pequena prova do que é somente sexo a poucas horas atrás e não gostei nenhum pouco. Conversa nunca foi meu forte, mas sexo sendo só sexo, não ia funcionar

Entro em meu apartamento já sabendo que ia ficar sozinha. Havier tinha me dado a noite de folga, assim como algumas outras noites também. Ele estava sendo gentil para me levar a França. Mal sabia que esse tipo de "incentivo" não me incentivava a nada. Me jogo no sofá fechando meus olhos. Meu corpo estava exausto, minha mente também. Eu estava um caco. Passou pela minha mente pegar o vinho da geladeira e beber até dormir até o meio dia do dia seguinte. Uma loucura dessas talvez fizesse bem para mim

Ameaço levantar e meu celular começa a tocar de dentro da minha bolsa. O pego e vejo que é número desconhecido e prefiro não atender. Vou até a cozinha e encho uma taça de vinho ao mesmo tempo que meu celular volta a tocar a música estridente. Número desconhecido outra vez. Me dou por vencida e atendo

- Alô - Atendo entediada

- Posso ir aí? - Não me surpreendo pela pergunta e sim por Jared saber meu número, e então lembro que pedi a operadora o uso do meu número antigo

- Claro - Eu quero vê-lo depois dele ter sido tão insensível? É claro que sim! Meu Deus, onde foi para minha dignidade?

Pouco tempo depois a campainha toca e dou alguns segundos a mim mesma antes de abrir a porta. Eu estou chateada, mas não tanto quando eu pensei que ficaria se um dia me tornasse apenas um buraco para emissões seminais rotineiras. Ou talvez, eu esteja no meu momento "exagerando". Vou até a porta e a abro. Dou um sorriso ao ver Jared com uma mão na cintura e outra se apoiando na parede. Ele me olha e desfaço o sorriso, mas o puxo pego pelo braço e o puxo para perto

Meu corpo relaxa imediatamente quando Jared rodeia seus braços em mim e descansa suas mãos no topo da minha bunda. Seu beijo é delicado e luxurioso, fazendo me perguntar se essa era alguma maneira de se desculpar. Retribuo seu beijo e somente nos deparo quando me falta fôlego. Olho diretamente para seus olhos e espero que fale primeiro

- Você tentou me entregar a Audrey - A desgraçada me dedurou. Ou talvez pensou que sendo sincera demais fosse fazê-lo se apaixonar.... boba. Fecho os olhos para encontrar uma resposta. Tento me afastar, mas Jared me segura firme no lugar. Na verdade, eu achava que ele estava chateado por ter sido uma vaca no bar, e não por isso

- Achei que você estivesse bravo pelo o que eu disse no bar 

- Aquilo foi irrelevante. Acho que nós dois percebemos que atacar é seu mecanismo de defesa - Eu ia protestar, mas ele estava certo. Quando você passa a vida toda sendo alvo de acusações e julgamentos, atacar para não ser atacado é o caminho mais fácil - Você não pode decidir por mim com quem eu saio!

- Me desculpe, mas eu não sabia que ajudar alguém é algum tipo de crime - Me defendo

- Você e Audrey não são amigas. Porque quer trocar receitas agora? - Ele está começando a me irritar e passar dos limites. Me afasto e dessa vez ele deixa. Pego o meu vinho e bebo um pouco antes de responder

- Se não posso decidir com quem você talvez tenha um relacionamento ou não, então você não pode decidir quem são meus amigos ou não - Ele ri

- Audrey é sua amiga agora? - Jared debocha querendo ser o dono da razão 

- Sinceramente porque está se importando tanto? Ela é mais uma, não é? Assim como eu sou e todas as outras que já passaram por você. Não seja hipócrita para bancar o bonzinho monogâmico, porque isso nós dois sabemos que você não é! - Jared passa os dedos na testa em um gesto nervoso e em seguida suspira. Porque diabos não consigo ler a mente dele?

- Não vim aqui para brigar sobre isso!

- Sério? Não é o que parece - Me aproximo outra vez e procuro entender o motivo de todo o estresse. Não era de hoje que estávamos assim - Porque você está tão estranho? Não é de hoje. Uma hora estamos bem e você rouba meu papel de louca e começa agir esquisito. Porque? - Ele nem mesmo para para pensar. Como se a resposta estivesse ali, já projetada para ser dita

- Meu trabalho... Ele está me matando. É normal ficar cheio, Amelie. Você tem um emprego e parece tão cansada quanto eu. Não há o porque achar que eu sou o esquisito!

- Há o porquê quando você trás isso para mim! - Jared sorri sarcástico e com o tom elevado responde

- Sério? Você não pareceu se importar tanto assim enquanto eu comia você! - Levento minhas só sobrancelhas chocada e atacada com sua resposta. Ele percebe que poderia ter sido menos infeliz e passa a mão no cabelo suspirando em seguida. Eu conseguia ver o arrependimento em seus olhos - Desculpe. Não foi minha...

- É bom você se retificar mesmo antes que eu expulse você daqui!

- Cala a boca, Amelie - Abro a boca pelo seu atrevimento e me aproximo pronta para lhe dar um tapa na cara

- Não me mande calar a boca. Quem é você para fazer isso? - Grito para ele porque seu direito de me mandar ficar quieta, morreu há muito tempo. Seu celular começa a tocar em seu bolso da calça e perco minha paciência ao ver que ele vai atender a chamada - E nem pense em atender essa lig... - Antes de terminar a frase Jared já está dizendo alô, me fazendo de completa idiota ao ter que esperar

- Quando? - Ele soa tão concentrado em sua ligação que minha atenção fica 100% nele - Você precisa de mim agora?... Tudo bem nos vemos em 20 minutos - Quem precisa dele e porque? Trabalho outra vez? Jared Guarda o celular no bolso após desligar a ligação. Espero algum tipo de explicação, mas ao contrário disso vem a sua fuga - Eu tenho que ir

- Enlouqueceu de vez agora? Você não pode ir - Ele me olha debochado como se estivesse se divertindo com meu surto ao tentar impedi-lo de ir emboa. No fundo eu sabia que ele estava

- E porque não?

- Porque estamos discutindo! Seja homem suficiente para ficar e conversar - Ele semi cerra os olhos e percebo que falei besteira

- Você acha que estou indo porque quero fugir da discussão? Cresça, Amelie. Isso é importante. Extremamente importante. Muito mais do que esse seu chilique

- Do qual você começou! Eu estava bem disposta a receber você, se não percebeu. Mas os sérios conflitos da sua personalidade nos arrastaram para cá - Não sei porque eu estava insistindo. Se uma coisa ele tinha razão, era de que essa briga não levaria a nada, assim como todas as outras brigas não levaram. Colo meu couro cabeludo e encaro. Jared esperava a resposta. Mesmo que seu trabalho fosse importante, ele só iria se tivesse minha permissão. Reviro meus olhos e balanço minha cabeça em negativa ao mesmo tempo em que levanto minhas mãos rendida a situação - Não pense que essa conversa acabou!

Ele não sorri, não me irrita mais nem nada do tipo. Somente caminha até mim, me puxa pela cintura e me beija. Mesmo brava retribuo, segurando seu rosto para me apoiar. Meu corpo é projetado naturalmente para relaxar ao seu toque mesmo quando estou puta de raiva. Minha reação sempre era essa, e eu já tinha desistido de lutar contra isso. Jared se afasta me dando um outro beijo antes de sair do meu apartamento. Eu sempre quis que fosse assim. Com toda a liberdade, eu fazia o que queria e ele também. Mas dessa vez eu não estava satisfeita só com isso

********

- Meu amigo no FBI não quer lhe ajudar com o caso Lefebver. Como eu disse, todos os agentes são muito protetores quando o nome Amelie está na mistura

- Então você não tem nada para mim...

- Não pretendia contar, mas vou lhe dizer o pouco que sei. ... Ao que parece, John Lefebver não cometeu suicídio e sim foi assassinado. Forjaram a morte do empresário, não se sabe como e nem o porque. E não me pergunte porque também não quero saber. Consegui a cópia do testamento de John Lefebver e devo dizer que é curioso - Mark tirou um papel da envelope que trouxe e entregou a Jared. Antes que pudesse ler, o investigador já foi dizendo - John Lefebver tinha dois sócios. Ezra Norton e Jacob MacBride, pai de Zachary MacBride. Todos eles eram amigos, mas as ações não era igualitárias. John mantinha a maior parte das ações, que ao longo dos anos chegaram a 90% de todo o capital

- Não entendi. Porque isso é relevante?

- Duas semanas antes de sua morte, uma notícia sobre o poder de 90% das ações foi embargada. E após sua morte, dos 100% da empresa, 10% pertence a Jacob MacBride e 44% a Amelie Lefebver

- Ainda sobram 46%. A quem pertence?

- John Lefebver, em seu testamento, ao invés de deixar tudo para a filha, deixou a maior parte das ações de sua empresa incrivelmente rentável para Zachary, que na época aliás, não tinha o mesmo relacionamento que tem hoje com Amelie. Do resto, você pode tirar as conclusões sozinho...

(...)

Eu estava dolorida e impaciente. Sabia que minha menstruação estava muito perto de vir. Já estava começando a dar nome a minha impaciência. Esse era o motivo para estar tão insegura

Depois que Jared havia saído, fiz um jantar simples para mim, tomei banho e sentei em frente a TV para assistir qualquer bobagem. Mesmo depois do vinho e da comida, minha cabeça continuou martelando e a sensação ruim ainda estava lá. A distração não tinha funcionado como achei que iria. Mudo de canal para canal tentando encontrar algo interessando, mas a única coisa que tinha chamado parcialmente minha atenção foi um documentário sobre as invenções mais inúteis, e foi nesse momento que percebi que o que eu precisava era dormir

Pego a taça de vinho para levá-la até a cozinha, mas no meio do caminho minha campainha começa a tocar insistentemente. Quem quer que esteja do outro lado da porta estava realmente desesperado, pois apertavam o botão várias e várias vezes causando um som horrível e agoniante. Ao mesmo tempo em que a campainha soa insistente, começam a tentar abrir a fechadura. Fico assustada, mas mesmo assim vou até a porta e olho pelo olho mágico. Abro a porta rapidamente ao ver Jared do outro lado

- O que deu em você? Fiquei assustada - Ele não pareceu prestar atenção na minha pergunta, somente fechou a porta e voltou sua atenção para mim

- Eu cresci em um mundo onde as pessoas diziam ser uma coisa e eram outra. Aprendi a conhecer esse tipo e me afastar o mais rápido possível, mas agora eu vejo que não tenho uma intuição tão boa quanto pensava - Do que ele estava falando?

Sua aparência estava transtornada. Eu não sabia dizer qual era o sentimento naquele momento, mas podia dizer que ele estava fora de si. Seus olhos estavam focados, não em mim, mas em qualquer coisa que estivesse ao meu redor. De repente ele começa a andar de um lado para o outro como um leão enjaulado. Eu não sabia como ajudar e estava muito confusa para julgar sua reação por algo que eu também não tinha ideia do que era

- Não estou entendendo - Jared joga no sofá um envelope pardo que só percebi que estava com ele agora. Enquanto ele ainda parece desesperado pego o envelope e abro tirando de lá vários papéis

Começo a ler e o chão foge dos meus pés. Informações minhas... mais especificamente sobre meu passado. Notas sobre o suicídio do meu pai, meu atestado na clínica de reabilitação, certificado de óbito do homem que acabou com a minha vida, materiais que falavam sobre o possível assassinato do meu pai e seu testamento, partes sobre a investigação sobre a minha família, e um documento falando sobre os agentes do FBI que investigaram o caso...

Como essas informações tinham chegado até ele?

Comecei a tremer violentamente e me senti sufocada com a insuportável dor no meu peito. Lembranças vieram a minha mente e senti que iria explodir. Minha respiração ficou pesada e senti o pânico tomar conta de mim. Ele tinha descoberto tudo! Eu queria sumir me enfiando no buraco mais próximo. Senti vergonha de mim imediatamente. Jared estava trazendo a tona os meus traumas do passado, e me senti como a garotinha de 7 anos novamente, indefesa e sem ninguém para oferecer uma mão como ajuda. Eu estava indo de volta para meu passado perturbador, do qual lutava todos os dias para esquecer

- Vai ficar calada? - Voz de Jared me chama de volta para o presente e começo a suar frio. Porque isso comigo? Porque agora?

- Como conseguiu isso? - Pergunto em um murmuro 

- Por você que não foi! - O que? Ele estava bravo? Eu sou a vítima aqui!

- Isso não interessa - Grito - Como conseguiu?

- Você devia ter confiado em mim. Devia ter me dito tudo o que eu precisava saber

- Quer mesmo falar sobre confiança? Não acha que bem parecido comigo nesse ponto? - Sua hipocrisia chegava a níveis extremos. Pelo o que parecia, ele havia me investigado. Havia caçado informações sobre mim. Eu não sabia o que responder. Minha vida estava ali, sendo jogada para qualquer um que pudesse ver. Eu estava aterrorizada. Não conseguia respirar 

- Estou te dando a chance de se explicar, porra! - Jared grita me fazendo pular

- Eu não tenho que me explicar para você. O que? Você é o dono da verdade agora? - Entro em desespero. Levo minha mão para barriga. O bile sobe até minha garganta, e sinto que vou vomitar a qualquer momento. Eu não queria falar, conversar e nem muito menos permanecer no mesmo local que ele - Você podia ter deixado isso para lá - Grito aterrorizada - Você podia ter deixado as coisas como estavam. Podia ter esquecido e acreditado em mim

- Acreditado em você? - Ele ri amargurado. Jared parecia tão apavorado quanto eu. Essa era uma situação diferente para ele. Fugia do seu controle e não era algo que pudesse ser resolvido - Não, eu não podia e nem posso acreditar em você! - Me apoio na mesinha atrás do sofá. Minhas pernas estavam bambas de tanto que meu corpo tremia. Não era assim que as coisas deviam ser - Quem matou o seu pai, você ou Zachary?

Olho surpresa para seu rosto e em seguida começo a rir. De tudo que podia pensar, ele achava que um de nós tinha matado o meu pai? Enquanto rio, me vem a mente o motivo para pensar isso. Jared teve acesso ao testamento do meu pai. Ele deve ter pensado que me juntei a Zachary para pegar a herança e ser totalmente rica. Ou pior, poderia estar pensando que eu havia matado meu pai acreditando ter toda a fortuna, mas Zack tinha 46% da empresa e por isso ia me casar com ele. De tudo que ele poderia pensar de mim essa era a pior. Jared não tinha ideia do quanto eu rezava para poder voltar no tempo e ter morrido no lugar do meu pai. O único que sempre esteva lá por mim. O único que me amou como um pai deveria amar sua filha

Jared me olha sem entender enquanto rio como uma histérica. Ele não sabe nem metade da minha vida. Acha que seria capaz de matar o meu próprio pai por dinheiro. Não tinha como não rir disso. Quando cesso minha gargalhada olho diretamente para seus olhos e respondo

- Eu quero que você saia!

- Não vou a lugar nenhum até ter as respostas que preciso - Preciso me proteger. Sinto meu casulo se fechar e me vejo pronta para atacar

- Não, você não precisa de respostas. Quem você pensa que é afinal? É somente o cara que me comeu esporadicamente. Não me serve para mais nada além disso. Você não me conhece e acha que pode cobrar de mim respostas por algo que não é da sua maldita conta? Minha vida pertence a mim e você é o intruso nela. Volte para seu mundinho nojento que você acha perfeito, e saia da minha casa. AGORA!

Grito cada palavra com o veneno escorrendo por entre meus dentes. Ele acha que ataco para me defender, e é assim que realmente faço. Eu não queria que Jared fosse mais uma vítima minha, assim como minha mãe, Zack e meu pai foram. Ele não precisava disso. Mas precisava do choque de realidade

Mesmo com todas as minhas palavras dolorosas, ele não parece ter a intenção de ir. Jared queria saber a verdade. Se ele pensasse mais um pouco descobriria e eu não estava disposta a deixá-lo fazer isso. Aponto para a porta, mas ele se mantém imóvel 

- Não vou sair! - Meu pânico cresce. O que ele quer de mim? Eu precisava ficar sozinha. Jared era uma parte aparentemente boda minha vida e agora eu estava contaminando. Estou assustada e encurralada. Meu peito estava doendo. Meu coração estava mais uma vez esmagado com as lembranças e ele não quer ir embora para me deixar esquecer

Corro cambaleante até ele e começo a empurra-lo até a porta. Jared lutava contra mim, mas eu estava irredutível. Não o queria aqui. Ele estava contaminando meu espaço. Meu lugar feliz. Continuo batendo em seu peito e o empurrando para a porta que eu teria que abrir com uma mão, enquanto grito que o quero fora da minha casa. Jared tenta me segurar, mas eu tinha tirado forças de onde eu não sabia de onde vinham. Depois de muita luta, o empurro para o corredor e fecho a porta com uma batida, a trancando em seguida. Jared volta a bater na minha porta enquanto grita

- Abra a porra da porta, Amelie - Me encosto na madeira e toda a força que usei em Jared me faz ficar fraca e caio no chão, agarrando minhas pernas, tentando fazer o medo passar - Eu vou derrubar essa merda se você não a abrir imediatamente. Não me force a fazer isso, caralho. Abra a porta! - Ele permanece batendo na porta fazendo meu corpo ir para frente várias vezes. Será que não percebe o quanto isso está me fazendo mal?

- Vá embora, por favor. Estou implorando. Vá embora - Peço de olhos fechados e me encolhendo em mim mesma ainda mais e desejando que ele tivesse ouvido - Você está me assustando... Por favor - As batidas e os gritos se transformam em silêncio, e segundos depois, percebo que agora eu estava sozinha



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