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História Towards Eternity - O tempo, escasso tempo...


Escrita por: Pifranco

Notas do Autor


Olá!

Fazem uns meses, né... Pois é...
Emprego bom, pós graduações boas, casamento bom... Vida boa, mas corrida... Desculpem a demora, eu sei que é péssimo, de verdade, não é demagogia. Eu queria aparecer mais, escrever em todas as fics atrasadas e pá, mas eu sou uma mulher com vida corrida que não tem tempo nem pra revisar...

Amo todos, peço desculpas pelos imensos atrasos.

Obrigada pelo apoio.

Capítulo 27 - O tempo, escasso tempo...


Fanfic / Fanfiction Towards Eternity - O tempo, escasso tempo...

                                                                                           As coisas aconteceram muito rápido, não houve tempo para ponderar ações, sentimentos, atitudes. Ao vislumbrar a cena de intenso horror, Raijin fechou seu coração para o amor, em todos os sentidos. Ver nos olhos de sua mãe o intenso desprezo acompanhado da raiva, rejeição e nojo, ele sentiu-se a pior e mais degradada criatura existente em sua Era. O rapaz foi tão implacável em sua decisão raivosa, que nem ao menos esperou Sesshoumaru tomar decisões ou dar-lhe algum conforto. Partiu, sem mais explicações.

                                                                                           O Lorde do Oeste, por sua vez, atônito observava o fundo do poço maldito. Sim, agora, o albino amaldiçoava aquele lugar com todas as suas forças, afinal, sua ruína saíra dali. A ruína era a menina, a doce Kagome que viera de muitas Eras a frente para viver seu primeiro e grande amor ao lado do hanyou cão. A jovem tinha sonhos, era livre de preconceitos, o sofrimento que passara naquele tempo antigo e hostil mexeram com seu coração e convicções. Sesshoumaru sentia em sua cintura o pulsar da herança deixada por seu pai, a espada que não podia matar ou ferir, mas salvar vidas. Naquele momento, Tenseiga mostrava ao seu mestre os mensageiros do outro mundo circundando a frágil Emi, em forma totalmente humana, deitada e encolhida no local úmido e escuro. Com um salto gracioso o youkai pousara ao lado da sobrinha, e de coração partido percebia nas feições contraídas a extrema dor com a qual ela deixara este mundo. Estava tão escuro e frio ali… Obviamente era perceptível ao experiente youkai a energia emanada, como se algo divino e cheio de magia houvesse se manifestado ali.

                                                                                           Com um movimento preciso, a katana foi movida aos alvos com perfeição e a alma da garota, agora humana, retornava ao ponto de origem. O albino aninhou a sobrinha em seus braços, num salto único saíram do claustrofóbico espaço e logo ambos estavam lado a lado na relva úmida de fim de tarde. As luzes do dia já se esvaíam, mas aos acurados olhos do Lorde youkai, foi impossível não “reconhece-la”. Sesshoumaru a viu há centenas de anos pela primeira vez, em sua antiga vida, foi o grande amor e paixão e seu falecido pai, Ino no Taisho. Tudo fez sentido na cabeça da criatura poderosa. Era ela, Izaioy, mãe de seu meio-irmão.

— Como pode ser possível? — questionou a si mesmo, observando agora com facilidade os traços da reencarnada princesa.

                                                                                           Com a jovem desacordada e com o sangue retornado aos poucos a pintar a face descorada em seus braços, o albino deslocava-se ao seu castelo em sua costumeira esfera de energia esverdeada. Culpava-se por não ter percebido… Quanta dor poderia ter sido evitada! E que destino cruel para os jovens amantes, carregar o peso de um amor não vivido por conta de circunstancias trágicas. Parecia um grande caos! Eram seus sobrinhos reencarnações de seu pai e “madrasta” e seu primeiro e único neto a reencarnação do próprio Inuyasha…

— Hunf… — Amargo, bufou.

                                                                                           Parecia que o destino queria que fossem uma bela família, afinal, todos unidos pelo amor fraternal e próximos. Contudo, algo deu errado, como sempre, se tratando de mágoas trazidas de outras experiências em vida, e tudo o que foi vivido por esses jovens foi dor e sofrimento. Com certa acidez em seu coração, o Lorde imaginava qual seria sua ligação com aquela sacerdotisa Kagome. Seria o destino, pregando-lhe peças e o desviando de sua verdadeira felicidade? Ele teria, em algum momento, genuína felicidade em sua vida, que já fora tão longa e cheia de desavenças?

                                                                                           Isso atormentava o coração do youkai, que chegava ao seu destino e passava, agora, pelas portas de sua imponente morada. A jovem fora colocada em um futon confortável de um dos quartos do andar térreo, coberta com uma manta bem grossa e teve seu sono vigiado até o momento que recobrou a consciência, despertando em um choro sentido e compulsivo. Emi soluçava tanto, que seu tronco balançava e ela sentia que seu coração havia sido arrancado de seu peito e espremido entre os dedos de um algoz. O Lorde se compadeceu, aproximando-se do futon e se ajoelhando ao lado da jovem, puxando-a para chorar em seu colo. Meio desajeitado, acarinhou os cabelos da jovem que chorava tanto, que ele sentia a pele sua coxa molhando com as lágrimas dela. Era um choro doído, lamentoso e angustiado.

— Oji-san… — chamou-o num tom gemido e fanhoso.

— Hum?

— Eu sou um monstro?

                                                                                           Na garganta, um nó. Sesshoumaru não conseguia, antes desse momento, compreender o significado dessa expressão popular. Mas sentiu na pele a impotência, de simplesmente não ter palavras para acalentar alguém. Ele sentia que sufocava, como se alguma coisa apertasse os músculos de sua garganta a ponto de faltar o ar. Engasgo.

— Oji-san?

— Er… Estou bem. — Longe dos olhos da jovem ele balançou a cabeça, reprovando a si mesmo.

— Diga-me… — fungou, — eu sou um monstro?

                                                                                           Ele respirou profundamente, pensando no que poderia dizer e de que maneira, de qualquer forma, seria sincero.

— Defina monstro.

— Essa criatura vil que eu sou, me deixando levar por instintos…

— Tsc… Criatura vil? Por quê? — Levemente irritado ao lembrar-se das acusações de Kagome, Sesshoumaru questionou.

— Uma youkai, com essas… Esses rompantes bestiais…

— Emi, Emi… — Começou ele, massageando as próprias têmporas. — Ser um youkai não faz de ninguém, necessariamente, ruim ou bom.

— Mas…

— Esqueça o que sua mãe disse… Ela estava com raiva. — Engoliu em seco antes de continuar. — O que ela sentiu, foi… Foi… Foi por causa do que você e Raijin faziam, não é comum… Digo, não é normalizado para os humanos. Isso. — Balançou a cabeça em afirmação, como para afirmar melhor o que dizia.

— Eu juro, Oji-san, pela minha alma! Não queria que aquilo acontecesse, tentamos fugir disso, eu juro!

— Não precisa jurar pra mim, Emi, nem pra ninguém. — Respirou fundo. — Agora, vamos entender mais uma coisa.

— O quê?

— O motivo pelo qual está humana.

                                                                                           A jovem não havia se dado conta disso até o momento, e meio cambaleante, ergue-se do futon e mirou-se no espelho próximo que havia na parede do quarto. Ela via uma desconhecida diante de si. Os cabelos curtos, porém, muito negros emolduravam sua face, que mesmo tendo a tonalidade da pele ainda muito clara não se comparava ao tom de quando era youkai. Os olhos intensamente negros, nenhuma marca em seu rosto, as presas e garras ausentes e um frio imenso em sua pele arrepiada, a sensação de fragilidade e desesperança… Emi vestia o peso da mortalidade.

 

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                                                                                           Raijin chegara ao seu quarto cheio de ódio e sentimentos conflituosos em seu cerne. Para ele, toda aquela tragédia era culpa da sua mãe, da humanidade que havia nela e isso deveria ser extirpado de todo o planeta. Cego de raiva e revolta, pegou as armaduras e espada que eram sua herança. Tomaria seu destino, faria o mundo pagar pela sua dor.

                                                                                           Nada o faria parar, o sentimento enorme de rejeição que sentia o movia para um caminho tortuoso e de difícil volta, algo que provavelmente ele se arrependeria mais tarde, quando caísse em si. Impulsivo, partiu diretamente para o continente africano a fim de desposar a a bela filha de Tau e Dakarai. Aceitaria o seu destino, não o que ele queria escolher, mas sim, o que lhe foi imposto pelas circunstâncias.

                                                                                           Os poucos pertences que levou consigo balançavam fortemente com seus ágeis movimentos de youkai, e de forma graciosa e até mesmo presunçosa, transformou-se em um imenso cão branco e cinza, cortando as nuvens com sua cauda longa. As estrias azuis enfeitavam as faces do demônio-cão, cuja meia-lua destacava-se no centro da testa, e tal qual seu avô, Inu no Thaiso, Raijin desbravava os céus com fúria e determinação seguindo os passos fadados ao arrependimento. Ora, mas o destino ou Karma, como deseje chamar, tinha seus próprios fios a desenrolar e o que é para ser vivido o será, nesta vida ou em outra, para que o plano eterno e perfeito de felicidade das almas se cumpra; afinal, de que nos adianta um destino se o mesmo nos for revelado para o sofrimento? Por certo que nada… Mas esse não era o caso.

 

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                                                                                           Pablo remexia-se em seu sono de fim de tarde. Melhor de seu estado de doença, o caucasiano sentia que algum desequilíbrio energético havia começado, só não sabia dizer onde. Suas questões internas seriam logo respondidas, pois, logo após desperto e vestido ao tomar sol em uma varanda, via ao longe seu sogro Sesshoumaru chegar ao castelo do Oeste com uma jovem humana a tiracolo. A jovenzinha de aparência frágil e semblante “dolorido” cruzara as grandes portas atrás do corpo do Inu youkai, fungando e coçando os olhos inchados de choro quase que constantemente. Sua grande surpresa foi perceber quem era a tal mocinha, senão ninguém mais, ninguém menos que a prima de sua parceira.

Entonces ... De ahí es de donde vienes de una magia tan intensa. — disse ele, como que para si mesmo.

                                                                                           Com velocidade moderada, o espanhol adentrara no quarto, passando o portal quadrado que dava acesso à varanda onde estava, momentos atrás. Percorreu não grande distância até chegar ao baú de tamanho médio escondido atrás de móveis do dormitório. Os dedos finos alcançaram a corda que ficava envolta em seu pescoço, na ponta, uma chave dourada mas de extremidades escurecidas, como o cobre. O metal morno pelo contato com sua pele logo foi tocada e pega com firmeza. Encaixou-a na abertura e girou, revelando em seu interior uma garrafa feita de osso, que se agitava em leves tremores como o ribombar de um coração.

¿Dónde estás, maldita sea? — resmungou logo antes de tirar a rolha que selava a garrafa, com a força dos dentes.

                                                                                           O odor de enxofre, desagradável e fétido se fez presente por alguns instantes. O selo lacrado com pactos ao submundo fora quebrado, e assim, um rolo de uma espécie de papel saía pelo bico da garrafa, recém sacudida pelo homem. Esse papel envelhecido, amarelado, era uma mapa vivo. Com magia, Pablo conseguia ver perfeitamente onde os outros sacerdotes das sombras estavam, e com imenso desgosto, percebia que as manchas nebulosas moviam-se diretamente para eles, no oeste do Japão.

 

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                                                                                           Tsunade sentiu um cheiro conhecido, mas há muito tempo não sentido. Ainda segurava o filho nos braços quando viu Doragon e Satori surgirem no horizonte não muito distante. Seu coração ficou imediatamente apertado, não sabia explicar o motivo. Não deixou que sua ansiedade fosse percebida pelo filhote, que agora era envolto em uma pele macia e quente, para dormir após um banho morno. A presença dos visitantes não foi ignorada pelos demais membros da tribo dos Lobos do Norte, e logo, Ayame e Kouga faziam as honras para o atribulado casal.

                                                                                           Também não foi difícil para a primogênita de Inuyasha perceber a gravidez da Inu youkai completa, que apesar de altiva e prepotente em alguns gestos, mostrava uma inquietude não natural à sua essência esnobe, e aquilo a preocupou. Ainda em meio à tantas surpresas, Tsunade viu Satori hime sinalizar com um menear de cabeça que elas deveriam ter uma conversa a sós, e intuitiva e perceptiva como sempre, a mais jovem o fez.

— Tsunade, pequena… — disse a mais velha, após um demorado suspiro. — Não podemos dizer tudo o que está para acontecer, apenas que você deve confiar em nós, se quiser salvar sua família.

— Minha família? Minha tribo? — questionou a hanyou, movendo sua cabeça levemente para o lado, como indignação.

— Ora… Não. Sua tribo, esta tribo, não. — Engoliu em seco. — Sua família, digo, seu filhote e seu macho, isso se ele aceitar te acompanhar.

— Como assim? Do que está falando?

— Droga! Não posso dizer, Doragon fez-me jurar pela minha filhote e é o que farei, silêncio quanto aos propósitos… Mas você tem um papel importante, porque é a primeira, a pura filha… Eu não posso dizer, apenas confie em seus instintos e venha, traga seu rebento e seu companheiro, não temos mais tempo.

— Tempo… Para o quê? — Tsunade sussurrou, estreitando os olhos, confusa.

— Para sobreviver.

 


Notas Finais


Obrigada por lerem mais um capítulo, quando possível responderei aos comentários de todos.


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