História Tragedy - Capítulo Bônus

October, 2017

Helena's Point Of View

Hoje faz dois anos desde o dia em que eu e Justin nos conhecemos. A partir desse dia, minha vida mudou completamente. Quando eu desci daquele avião, estava aterrorizada, mas também ansiosa para conhecer aquela pessoa tão cheia de barreiras internas. Eu sabia que precisava derrubar cada uma delas e foi isso que eu fiz.

Não existe um dia em que eu não pense nele e no impacto que teve em minha vida. Posso dizer que minha história se divide entre antes e depois dele, e sou grata a ele por muitas coisas em minha vida.

No começo, foi tudo completamente maravilhoso. Nosso primeiro encontro foi um jantar no The Foreign Cinema. Sentamo-nos no pátio do local que é extremamente romântico, com baixa iluminação, o que lembra um jantar a luz de velas.

Justin me contou mais detalhes sobre a sua vida e eu me sentia cada vez mais fascinada enquanto ele falava. Ele teve uma vida sofrida e isso era evidente em seus olhos. Ele me contou como passou de vendedor de drogas a um dos maiores empresários dos Estados Unidos. Mas também me contou como era chegar em uma casa enorme todos os dias e se sentir infeliz.

Nós transamos pela primeira vez quatro meses depois, em um dos melhores hotéis de Miami. Desde o começo ele havia me contado que sexo era algo doloroso para ele, e que ele não sabia se teria condição de fazer algum dia. Mas depois de tanto conversarmos ele se acalmou e até se empolgou com isso.

Ele planejou tudo sozinho. Alugou o hotel, enfeitou todo o quarto com flores e me buscou em casa. Nossa noite foi maravilhosa e, ao final disso, ele me pediu em namoro. Eu aceitei, sentindo-me completamente radiante.

Tudo parecia estar bem e Justin parecia ter se recuperado. Até o dia em que eu o encontrei em casa praticamente morto. Ele havia tomado uma enorme dose de remédios e estava inconsciente. Sabia que não daria tempo de uma ambulância chegar, então coloquei-o em meu carro e dirigi até o hospital mais próximo.

Justin ficou um mês internado, desses, uma semana ele estava em coma. Depois disso, conversamos e decidimos que as coisas não davam mais para continuar do jeito que estavam. Ele precisava ser internado em uma clínica psiquiátrica, para que ele pudesse melhorar de uma vez por todas.

Antes de ir, ele resgatou outro cachorro de rua e me deu, para que eu sempre me lembrasse dele. Agora tenho sete cachorros em casa. Justin pediu para que eu não o visitasse, pois ele não queria que eu o visse dessa maneira. Mas prometeu que me ligaria quando estivesse para sair da clínica.

Hoje faz exatamente um ano que ele entrou na clínica. E recebi sua ligação ontem à noite, dizendo que eu poderia buscá-lo na hora do almoço se eu quisesse.

Antes de sair de casa, preparo um almoço delicioso para que eu possa apenas esquentar quando ele chegar. Tomo um banho demorado e visto minha melhor roupa.

Dirijo o caminho todo sentindo o coração querer sair do peito. Fico imaginando como ele estará agora. Será que está bem, feliz? Será que está completamente recuperado? Será que sentiu minha falta? Ou será que conheceu outra pessoa lá e agora me vê apenas como uma amiga?

São tantas dúvidas e eu não sei como lidar. A única coisa que me importa é que ele esteja bem e feliz. O resto nós podemos resolver depois.

Estaciono o carro em frente à clinica e vou até a recepção, dizendo que vim buscar Justin Bieber. A recepcionista vai chamá-lo e minutos depois ele aparece. Meu coração para.

Seu cabelo está mais comprido e sua pele sem marcas de espinha – ele tinha muitas antigamente. Justin deixou a barba crescer um pouco e os seus olhos não mostram mais dor. Ele sorri para mim e eu vejo que é um sorriso diferente. Ele finalmente está em paz consigo mesmo e eu não poderia estar mais feliz.

Ando até ele, que me abraça apertado. Começo a chorar desesperadamente, enquanto ele faz carinho em meu cabelo e sussurra:

— Ei, eu estou aqui agora. Não tem nada com que se preocupar, agora nós estamos juntos.

Seco minhas lágrimas e a recepcionista pede para que eu assine o termo de saída de Justin. Andamos até o meu carro, eu coloco suas malas no compartimento e tento me recuperar antes de sair.

— Como você se sente? – pergunto quando finalmente consigo parar de chorar e sair com o carro.

— Bem. – ele sorri. – Pela primeira vez na vida me sinto bem. Consegui praticar o perdão e agora não sinto mais raiva das pessoas. Sou uma pessoa melhor agora. Estou completamente em paz comigo e com o mundo.

— Você não sabe o quanto me deixa feliz ouvir isso. Eu estou muito orgulhosa de você, Justin. Dois anos atrás você colocou uma bomba em um avião e hoje você é uma pessoa completamente diferente.

— Eu não gosto nem de lembrar disso. Seria um monstro se eu fizesse isso. Mas, por outro lado, eu compreendo os meus motivos. Eu estava exausto, Helena, não aguentava sentir tanta dor. Nunca tive ninguém ao meu lado. – ele olha para mim. – Até você chegar.

Fico em silêncio, sem saber o que dizer. Minutos depois, chegamos em minha casa. Justin coloca suas coisas em meu quarto e vai tomar um banho, enquanto eu esquento o almoço para nós dois. Preparei uma espaguete à bolonhesa, sua comida favorita.

Logo que ele sai do banho, sentamo-nos à mesa e almoçamos juntos. Justin elogia minha comida, dizendo que eu me tornei uma cozinheira melhor nesse tempo em que ele esteve na clínica.

Quando terminamos de almoçar, nós dois nos sentamos no sofá para assistir televisão, com meus cachorros sentados ao lado. Entretanto, algo ainda me incomoda. Desde que nos encontramos, Justin e eu agimos como amigos. Não andamos de mãos dadas, não trocamos carícias e nem nos beijamos. Minha sensação de que ele conheceu outra pessoa se torna cada vez mais forte e meu coração fica extremamente apertado.

— Então... – Justin diz. – Acho que está sendo muito bom ser recebido em sua casa, mas acho que você não é tão boa anfitriã assim.

— Por quê?

— Falta alguma coisa.

Ele me puxa mais para perto e me beija. Seu toque me faz arrepiar, enquanto sua boca devora a minha com saudade. Quanta falta eu sentia daquilo. Como é bom poder beijá-lo novamente, sentir sua pele na minha.

— Essa é a hora em que você me dá um tapa na cara e diz que já está com outra pessoa. – ele diz assim que paramos de nos beijar.

— Não estou com outra pessoa. Pensei que você pudesse estar com outra pessoa, por isso não fiz nada.

— Eu te esperei, Helena. Tinha dias em que eu me arrependia de ter pedido para que você não me visitasse. Eu sabia que iria melhorar mais rápido com suas visitas, mas não queria que você me visse ali, daquele jeito. Às vezes eu sentia que o mundo iria desmoronar em minha cabeça, mas eu pensava em você e acabava melhorando, nem que fosse um pouco. A única coisa que me deu forças para permanecer ali e melhorar foi você. Imaginar sua felicidade ao me reencontrar e quão orgulhosa você ficaria de mim quando eu estivesse bem. Tudo que eu fiz foi por você. Antes de você minha vida não tinha sentido, eu era apenas um cara solitário e cheio de dinheiro. Você mudou tudo. Então não teria como eu estar com outra pessoa no mundo que não fosse você. Eu te amo e tenho mais certeza disso do que qualquer outra coisa nesse mundo.

Não preciso dizer mais nada, pois ele sabe que eu sinto o mesmo. Volto a beijar seus lábios com desejo e logo ele me carrega até o meu quarto. Fazemos amor lentamente, tentando aproveitar cada segundo juntos. Meu corpo se contrai a cada toque seu e eu sei que ninguém no mundo me faz sentir dessa maneira que ele faz.

Ficamos a tarde toda naquele quarto, como se tentássemos compensar todo esse tempo separados. Quando os dois ficam exaustos, Justin olha no fundo dos meus olhos e diz:

— O que acha de ir morar comigo? Minha casa é muito grande só para mim e acho que seus sete cachorros gostariam de um pouco mais de espaço.

Assinto e o beijo. Continua sendo difícil acreditar que o que poderia ser uma tragédia me trouxe o meu grande amor.