História Training wheels. - Capítulo único.

— Eu já posso soltar o banco? — gritava Felix com as mãos no assento da bicicleta de Changbin.

— Idiota! Você não tem que falar quando for soltar! — rebateu Changbin.

O pequeno Seo acionou os feios da bicicleta e olhou para seu amigo Lee, com medo.

— Por favor não solta — murmurou entre o tecido de sua camisa, meio tímido.

Felix assentiu com a cabeça; mas ele estava decidido que soltaria o banco, apenas para que Changbin conseguisse aprender a andar de bicicleta sozinho.

E se Changbin caísse, não tinha problema algum. O Lee já havia preparado os band-aids em seu bolso para caso o joelho de seu amigo batesse com força nas pedrinhas do chão e viesse a sangrar.

Então naquele percurso, o pequeno Lee observou que as rodinhas da bicicleta do seu amigo não estavam tocando no chão. Ele só estava com medo de tirá-las.

Então desprendeu a destra do assento da bicicleta e observou o garoto andar pelo parque como se Felix ainda estivesse em sua companhia.

Na hora de fazer uma curva, Changbin percebeu que o amigo não estava mais segurando o banco e olhou para as suas rodinhas erguidas. Arregalou os olhos e então gritou o nome do amigo antes de cair da bicicleta.

Felix, assustado e preocupado, correu até o amigo, já tirando um band-aid de seu bolso.

— Você é burro pra' caralho! Minhas rodinhas estão quebradas! — exclamou o garoto, sentando-se na calçada do parque.

— Mas você foi tão bem! — rebateu Felix, colocando o band-aid no joelho machucado do amigo.

— Promete pra' mim que não vai mais fazer isso? — Changbin estendeu o mindinho.

— Só se você prometer que vai tirar elas — apontou para as rodinhas desgastadas da bicicleta do Seo.

Changbin olhou com receio para as rodinhas e em seguida para Felix. Inflou uma bochecha e virou o rosto.

— Feito! — enlaçou seu mindinho ao de Felix, que sorriu largo.

No dia seguinte;

Felix carregava consigo uma chave de seu pai, pois sabia que Changbin não ia ter cumprido a sua promessa.

Chegando no parque, visualizou a rotineira figura de seu amigo um pouco menor que si e sorriu, acenando para este.

— Você não cumpriu a promessa — observou Felix.

— E o que você tem na sua mão? — perguntou Changbin, com uma sobrancelha erguida.

— Nada de muito especial — Felix deu de ombros e se abaixou.

O Lee começou a tirar as rodinhas da bicicleta do amigo, que observava tudo aquilo com medo.

— O-o que você tá' fazendo? — Changbin engoliu em seco.

— Sem rodinhas pra' você — Felix pegou as duas rodinhas com as mãos e sorriu.

— M-mas eu v-vou cair! — disse o pequeno Seo, com medo.

— Confia em mim — Felix sorriu e estendeu um mindinho.

Changbin respirou fundo e enlaçou o seu mindinho ao de Felix.

O Lee colocou a ferramenta e as rodinhas em um canto qualquer e então segurou o assento da bicicleta de Changbin.

— E se eu cair? — perguntou o Seo, com receio.

— Eu tenho band-aids — sorriu Felix — Confia em mim, Bin — deu um beijinho na testa do garoto.

Changbin assentiu com a cabeça e começou a pedalar com Felix segurando seu assento.

— Não se preocupe. Relaxe. Confie em mim, você consegue — motivou Felix, com um sorriso no rosto.

Tempos depois, o Lee soltou o assento. E como esperado, Changbin continuou pedalando sozinho e tranquilo. Até olhar para trás e ver seu amigo acenando para si.

Sorriu e então continuou pedalando sozinho, confiante. Após chegar onde Felix estava, saiu da bicicleta e abraçou o amigo

— Eu disse que você conseguia — afirmou Felix, com toda a convicção. Seus bracinhos envolvidos no tronco do amigo, que tinha os seus envolvidos ao redor do pescoço do Lee.

Quatro anos depois...

— Você não me alcança! — gritou Changbin, com toda a velocidade que conseguia com a sua bicicleta.

— Chang, você tá' indo rápido demais! — alertou Felix — Você vai...

Antes mesmo das palavras saírem da boca do Lee, Changbin perdeu o controle da bicicleta e caiu com força no chão. Felix jogou a sua bicicleta no chão e correu para ajudar o amigo.

— Eu avisei... — disse o Lee, retirando o band-aid de seu bolso para colocar no machucado do amigo.

Retirou a proteção e então colocou no joelho de Changbin, deixando um beijinho assim que terminara de colocar.

— Onde dói? — perguntou o mais alto.

Changbin apontou para o cotovelo, levemente ralado. Felix, sem hesitar, retirou outro band-aid do bolso e colocou no cotovelo do outro, logo desferindo outro beijinho ali.

— E agora? — perguntou novamente.

Changbin apontou para a sua bochecha. Felix sorriu e inclinou-se para dar um beijinho na bochecha do amigo e logo depois um no canto de sua boca. Afastando-se e sorrindo enquanto levantava.

— Vem, vamos andar cuidadosamente dessa vez — estendeu a mão para Changbin, que se apoiou e levantou-se.

Cinco anos depois...

— Changbin, onde estamos indo? — perguntou Felix, desconhecendo a trilha de terra que estavam adentrando.

Felix, na verdade, nem se importava para onde estavam indo. Contanto que fosse com Changbin, ele não se importava onde iria.

— Você vai ver — disse o Seo por cima do ombro, com um sorriso aconchegante nos lábios.

Algumas pedaladas depois, os garotos, de agora dezessete anos, chegaram em um mirante, onde podiam observar tranquilamente e de modo límpido a cidade em que moravam.

Changbin encostou a bicicleta em uma pedra grande qualquer e caminhou até um lugar limpo, sentando-se ali. Felix fez o mesmo, mas com certa timidez.

— Por que me trouxe aqui? — perguntou o Lee, desajeitado.

— Porque aqui é especial para mim.

Felix ficou calado, não entendendo muito bem a sua resposta. O Sol estava prestes a se por na frente dos garotos.

— E porque lugares especiais merecem a companhia de pessoas especiais — completou depois de um tempo, sorrindo para o garoto ao lado, que sentia suas bochechas queimarem.

Calmamente Changbin se aproximou de Felix, levando sua canhota até a bochecha do garoto, dando uma última olhada em seus orbes escuros antes dos seus se fecharem completamente para aproveitar da sensação que os lábios macios do Lee o trariam.

Um singelo beijo havia se iniciado e Felix, meio desajeitado e apressado, abriu minimamente os lábios, logo sendo seguido por Changbin e tendo suas línguas entrando em atrito, o que o deixou um tanto assustado.

Logo se acostumou com a sensação tão nova para si e continuou aproveitando daquele beijo quentinho e singelo, permitindo-se levar a destra até os fios curtos da nuca do Seo, acariciando o local.

A falta de ar se fez presente, então Changbin se afastou com um selinho estalado, fazendo Felix fazer um barulho de desgosto. Encarou os lábios cheinhos e vermelhinhos do amigo e sentiu vontade de continuar aquele beijo até faltar fôlego, mas se conteu.

Changbin acariciou a bochecha cheia de sardas do amigo e inclinou a cabeça para o lado sorrindo de um jeito aconchegante.

— N-não é como se eu estivesse pedindo pra' ser o s-seu esposo mas... Eu quero passar a vida junto a você, Binnie... — disse Felix, de modo desajeitado — E-eu quero te fazer meu mas... Soa um pouco brega...

Changbin soltou um pequeno gargalhar, negando com a cabeça.

— Eu vou andar de bicicleta com você pra' sempre, Felix — disse — E você vai sempre estar aqui pra' me colocar band-aids e beijar os meus machucados, sim?

— Isso significa que você é meu? — perguntou de modo inocente.

— Eu acho que sim.

— Então estamos juntos? — indagou Felix, com seus orbes brilhando como um milhão de estrelas.

— Parece que sim — Changbin sorriu, deixando um selar na testa do garoto.