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História Transcendental - Ebulição


Escrita por: MimeFalk

Notas do Autor


Hej på er! (Olá a todos!)

Para sair um pouco do núcleo asgardiano, resolvi escrever essa pequena fanfic focando em Shaka e Shina. Essa história é de caráter reflexivo e usa alguns preceitos budistas. É a forma como enxergo o Shaka com todo o viés espiritual dele. Inicialmente seria uma one shot mas, como estava ficando muito comprida, decidi dividí-la em capítulos curtos.
Não sou budista, e, caso alguém seja ou nej concorde com algum conteúdo, por favor me avise por MP que farei as correções devidamente creditadas - e se assim for possível.
Quero agradecer a Lisle por ser minha Beta sem ela saber (XDDDD), pelas capas e sinopse. XDD Tack så mycket! Sei que sou horrível com isso, por isso espero que apreciem a história.

Capítulo 1 - Ebulição


Fanfic / Fanfiction Transcendental - Ebulição

"Feliz é aquele que consegue satisfazer os desejos do seu coração! Mas quando não se consegue satisfazer os próprios desejos egoístas, o que se experimenta é a dor como quando se é ferido por uma flecha.

  Aquele que se acautela  contra as os prazeres dos sentidos, assim como o faria para não pisar numa cobra, como fruto mesmo da permanente vigilância, evita o perigo dos desejos que possam ter consequências infelizes."
(Sermão sobre o desejo - Kama Sutta)

 

Logo pela manhã no santuário, vários cavaleiros e aprendizes de guerreiros treinavam até o entardecer. Era comum ver guerreiros e amazonas de diversas patentes treinando juntos, assim poderiam tirar o melhor de cada um. Ao fim do dia, cada um dele se retiravam para os seus aposentos ou aproveitavam para conversar e espairecer. Todos, menos um deles: Shaka, o cavaleiro de virgem. Dizem ser o homem mais próximo de Deus e que até seja a reencarnação de Buda. Sua rotina consiste em meditação e exercícios diários. Sozinho. Ele não era muito propenso aos treinos em conjunto, sentia como se aquilo lhe tirasse o foco.

Mesmo o homem mais próximo de Deus precisava se alimentar. E foi numa dessas saídas ao mercado de Rodório que Shaka se dava ao luxo de falar com algumas poucas pessoas. No caminho ao sexto templo ele a avistou.

— Shina, é você?

A guerreira de cobra nada respondeu. Continuou sentada abraçando os joelhos, perto de um morro. Estava ali paralisada, pensando na vida ou pensando na morte. Não queria conversa, queria que a deixassem só. Shaka entendeu o recado. Entretanto, algo em seu interior dizia para não sair sem dizer algo.

— Tudo bem. Se não quer falar eu não irei importuná-la. Mas saiba que, com o cosmo agitado e descontrolado como está agora, não consegue esconder de ninguém que algo a perturba. Até mais.

Ele se virou e voltou a caminhar quando ouviu uma voz.

— Espere! O que me disse é verdade? Sobre o cosmo?

— E porque mentiria sobre isso? — Ele respondeu sereno, e tudo o que recebeu foi outro minuto de silêncio. — Se continuar assim seus treinos nunca irão avançar, Shina.

A amazona sentia que seus treinos realmente não avançavam. Algo a incomodava e tomava conta de seus pensamentos. Tudo por culpa dele: Seiya de pégaso. Desde que a viu sem a máscara teve que se decidir entre matá-lo ou amá-lo. Inicialmente queria acabar com a raça de Seiya por tamanha desonra, mas com o avançar do tempo, percebeu que ele não era uma pessoa ruim. Ainda mais com todos os acontecimentos no santuário, passou a admirá-lo, quando percebeu ele já estava em seu coração. E agora ela sofria por isso, pois sabia que nunca teria seu amor correspondido. Todavia, sentia sua honra ser roubada. Aquela lei da máscara era um enorme fardo para as mulheres guerreiras. Pégaso poderia ter a vida que quisesse, mas e ela? O que ela faria com todo aquele sentimento engasgado em sua garganta e em seu corpo? Quantos anos mais fingiria que tudo estava sob controle? E agora um dourado lhe dizia aquelas palavras sem ao menos pedir-lhe consentimento. Não se conteve e algumas lágrimas caíram por seu rosto coberto.

  Shaka nada via, apenas sentia, pressentia. Ele permanecia de olhos fechados, ouvindo o choro contido sob a máscara daquela amazona que sempre se fez passar por uma rocha. Sentiu-se um pouco culpado. Seria melhor deixá-la em paz. Mas agora que ela se remoía, não podia simplesmente abandoná-la. Ajudar a quem necessita era um dos principais preceitos budistas, algo que aprendeu desde novo e carregava consigo.

— Não quer mesmo conversar? Talvez só precise despejar aquilo que a incomoda. — Tentou apaziguar a dor da esverdeada, oferecendo um lenço para que limpasse suas lágrimas, na qual ela acabou aceitando; tanto o lenço quanto os ouvidos. Ele já a vira vulnerável, o que mais poderia ocorrer? Agradeceu o apoio e por último um convite para tomar chá no sexto templo.

Pensou inúmeras vezes em dar uma desculpa e ir para casa, mas sabia que não conseguiria enganá-lo. E algo em seu íntimo dizia para seguir em frente. Não havia mais saída para ela mesma. Quem sabe fosse um sinal divino? Zeus sabe o que faz. Assim ela pensou.

Shina adentrou a casa de Virgem. Era tudo muito simples e básico como esperado de uma moradia de um suposto monge. A sala era bem arejada e iluminada pela luz do sol, havia apenas uma mesa baixa com alguns zabutons, uma imagem de Buda e um pequeno altar onde havia um incenso aceso e algumas frutas. Ela retirou os sapatos e se sentou perto da mesa de centro. Logo Shaka voltou com o chá e algumas xícaras, igualmente simples.

— Espero que goste de chá verde. — Ele sorriu e despejou o líquido quase fervente em sua louça. Normalmente tomava um chá típico indiano com leite e especiarias, mas sabia que a italiana poderia estranhar o sabor e decidiu por algo mais básico. Ofereceu algumas frutas in natura e as deixou sobre a mesa, não havia nada melhor a oferecer já que era muito modesto, inclusive a sua dieta.

Shina agradeceu e tomou a xícara vazia com as duas mãos trêmulas e depositou a louça na mesa.

— Quer me falar o que te aflige? — O loiro incubiu de ser direto. Ameaçou despejar o líquido quente na xícara de sua convidada, mas ela negou um pouco sem graça.

Ainda estava incomodada, ficou um tempo em silêncio olhando o vapor do líquido fumegante saindo do bule.

— Fique tranquila. Sou um cavaleiro de ouro mas ainda preciso de meus olhos para enxergar feições com exatidão. Pode retirar a máscara sem medo para beber seu chá, eu prometo não abrir os olhos. — Contou, espantando a amazona, ele parecia ler a mente dela. Ainda assim, decidiu permanecer com a máscara e beberia o chá quando tivesse vontade. Shaka não quis incomodá-la, sabia que, assim que ela quisesse, se serviria da bebida.

A amazona respirou fundo e aos poucos foi se abrindo e contou sobre o ocorrido. Sobre a lei da máscara, sobre Seiya, sua vingança e tudo que a incomodava. O virginiano apenas ouviu com atenção sem nada demonstrar. O chá em seu copo já esfriava quando ela terminou de contar tudo. O silêncio invadia aquela sala, a leve brisa circulava e o sol logo morreria.

— E o que pretende fazer? — Ele perguntou colocando mais do líquido em sua xícara.

— Se eu tivesse a resposta eu não estaria aqui te contando! — Ela respondeu alterada. Que diabos de pergunta ridícula era aquela? Sentia seu tempo perdido, assim como suas palavras.

— Enquanto o seu coração não se aquietar nunca encontrará uma resposta.

— E o que me recomenda então? Que eu medite? — A amazona zombou nervosa.

— Porque não? Era isso mesmo que recomendaria.

— Está de brincadeira, não está?

Shaka pegou a xícara vazia de Shina e derramou o chá ainda quente até a borda. Pediu para que ela segurasse e assim ela o fez. Logo pousou o chá sobre a mesa, ainda estava quente e teria que esperar um pouco mais para consumir.

— Porque não toma o chá? Não gosta?

— Gosto sim. Só está quente demais. Mal consigo segurar a xícara...

— Então irá esperar esfriar?

— Lógico que sim.

— E depois irá tomar?

— Claro! Onde quer chegar?

— Sua vida é como este chá.

— Que?

— Não percebe? Tudo está em constante ebulição dentro de você, impossível de carregar sem se machucar. Quem consome água fervente? — Calmamente ele explicou e Shina apenas ouvia tentando manter a paciência —  Se você tem paciência de esperar o chá esfriar, tem paciência para meditar e esfriar seus ânimos. Verá que no final ficará mais fácil carregar tudo que a incomoda e poderá degustar a vida com calma, como deseja...

— Fala isso porque é fácil para você…

— O que é fácil e difícil é relativo. Para você esquecer tudo isso é difícil, entretanto para mim é fácil como tomar este chá.

— Eu me sinto desonrada, Shaka!

— Esta lei sobre as máscaras é ridícula. Foi algo imposto e criado por alguém que desconhece a realidade das amazonas. Alguém que desconhece seus pensamentos, seus sentimentos e sua vida. Não deveria se culpar por isso, sabe que esta regra logo estará em desuso. Você não tem obrigação de carregar este peso para sempre. Ninguém está te pedindo isso, Shina. Tudo está em suas mãos, não vê? Pense nisso. Caso queira começar a meditar e entender o que atormenta seu espírito, estarei aqui para te ajudar.

Shaka se levantou e deixou Shina só em sua sala, assim ela poderia desfrutar de sua bebida sossegada. Ela ficou pensativa, retirou a máscara, olhou para a xícara e tomou o seu conteúdo aos poucos.

— Delicioso este chá… — Disse olhando para as folhas boiando na água, saboreando com calma num pequeno sorriso reconfortante, pois imaginou que, se a sua vida era como aquele chá, então estaria tudo bem.


 


Notas Finais


Nej me perguntem quando sairá o resto porque eu também nej sei... XDDD


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