Acho que a primeira vez que comecei a pensar sobre a minha vida foi quando tive que fazer um diário, por um mês, para um trabalho de escola. Nunca tinha percebido o quanto de si pode ser colocado num papel.
Mas talvez como Magritti previu, nunca estamos presentes no que escrevemos. Apenas imprimimos modelos do que se passa na nossa mente.
Vejo minha mente como essencialmente boa. Boa, bondosa mesmo, ela se preocupa com as coisas ruins à sua volta, principalmente com as que não a afetam. Ela projeta realidades utópicas pra se tranquilizar. Ela não gosta quando é tirada de sua fantasia.
Ela mudou drasticamente desde que teve que se mostrar à um diário. Mas essencialmente, continuou boa.
Sim, há um excesso de parágrafos. São pensamentos soltos, não necessariamente se conectam. Não gosto de dar a falsa impressão de continuidade. Sempre que houver um rompimento, haverá um parágrafo.
Quando criança, a curiosidade me movia. A vontade de ser especial, mais ainda. Queria que meus pais e todos à minha volta me achassem diferente. Tentava chamar a atenção pra mim a qualquer custo. Mas era reprimida. Minha mãe não gostava de crianças amostradas. Moldou-me tímida, insegura e temerosa. Assim fiquei.
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