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História Treinada Para Matar - Wrong Choices


Escrita por: KrystellWright

Notas do Autor


Meus amores, me perdoem a demora, mas eu não parei em casa esse fim de semana, fora que eu tive que acordar cedo no domingo, e por consequência disso acabe dormindo cedo também e perdendo o sono durante a madrugada. Inclusive to morrendo de sono nesse momento kkkk
Mas enfim, espero que gostem :)

Capítulo 43 - Wrong Choices


Fanfic / Fanfiction Treinada Para Matar - Wrong Choices

POV KRYSTELL

- SEU FILHO DA PUTA – tentei avançar em Jeremy, mas fui impedida por mãos fortes que me agarraram, mais especificamente as mãos de Justin – DROGA – gritei novamente tentando me soltar – OQUE VOCÊ QUER DE MIM? JÁ NÃO BASTA TER FEITO DA MINHA VIDA UM VERDADEIRO INFERNO? – Justin me colocou novamente atrás de seu corpo, antes que eu me soltasse e acabasse fazendo alguma merda.

- Você sabe o que eu quero doce Angel – em passos lentos começou seu caminho até mim, mas foi barrado por Justin antes de concluir seu destino. Olhou para o filho e sorriu cinicamente - eu quero sangue, mais do que você e meu filho podem conseguir – cerrou os dentes – agora imagina, um criança com o sangue de um Bieber e uma Blayckan, sendo treinado, ou treinada da mesma forma que você e Justin, só que melhor – fez uma pausa – por mim e seu pai –arregalei levemente os olhos. Jeremy estava maluco e nem percebia – criaríamos o monstro perfeito, você não concorda Justin? – sorriu para o filho se afastando – tudo o que vocês precisam me dar pra conseguirem suas mães de volta... – desligou a televisão me fazendo entrar em desespero por “perder a imagem” da minha mãe – é essa criança – apontou para minha barriga – e eu mesmo farei com que Erick diga sim, independentemente de quantas partes de seu corpo terei que arrancar para isso.

Aquela era uma das poucas vezes que eu não sabia o que fazer. Eu estava literalmente entre a cruz e a espada. A única certeza que eu tinha era de que mais sangue seria derramado de um jeito ou de outro, e provavelmente não seria pouco.

Jeremy disse a verdade quando mencionou que eu não queria a criança, eu não saberia como controlar a situação, como ser algo que eu nunca tive, mas entrega-la á ele pra ter o mesmo destino que eu e o Justin tivemos era cruel. Mas por outro lado havia nossas mães, que não sabia como estavam vivas.

- Por que soltou aquela frase todas as vezes que acreditou que eu morreria? – perguntei baixo vendo Justin me olhar surpreso, provavelmente ele achou que eu nunca tivesse escutado – eu também sei falar francês Justin, e se tem uma coisa que eu não sou mais é um anjo – completei a frase assim que percebi o grande sim que daria á Jeremy.

Justin abaixou a cabeça pensativo, como se pensasse na resposta, ou se deveria dá-la. Finalmente seu olhar voltou a subir até parar em mim – os anjos caem Krystell, e mesmo que estejam machucados, com asas escuras, ainda continuam sendo anjos – neguei com a cabeça, suas palavras só pioravam as coisas, eu me sentia cada vez pior – meu pequeno anjo – sussurrou mostrando-me no final um sorriso acolhedor.

Respirei fundo, talvez esperando por um milagre, mesmo sabendo que ele não viria. Acredito ter ficado uns dois minutos calada, minutos que pareciam horas.

- Eu não sei... – sussurrei por fim – eu não sei, droga! eu... não consigo pensar – neguei freneticamente com a cabeça me sentindo maluca. Todas as vezes que eu me aproximava de Jeremy eu ficava confusa, me sentia fraca. A única coisa que eu sentia garantir sua morte era a raiva, porque eu sabia que quando estava com raiva, eu conseguia ser o pior dos monstros.

- Por que tanta negação Krystell? – Jeremy perguntou divertido – basta dizer sim e terá sua vida de volta, exatamente como era antes de sua mãe morrer – ri desacreditada de suas palavras. Ele sabia melhor do que eu, que não importava o que eu fizesse, era tarde demais para as coisas voltarem a ser como antes.

- Essa não é uma decisão que caiba só á ela Jeremy, e adivinha? – Justin se pronunciou pela primeira vez em relação à proposta – a minha resposta é não – arregalei os olhos ao ouvi-lo. Por algum motivo ela parecia querer essa criança mais do que qualquer um presente ali.

- Continua o mesmo não é Justin? – ergui uma sobrancelha em confusão – me lembro de quando completou quinze anos e teve sua primeira namorada – eu não sei exatamente o porquê, mas de uma hora pra outra fiquei ansiosa pelo fim daquela história – vivia dizendo a sua mãe como estava sendo pra você sua primeira paixão, e logo depois veio o amor por crianças, isso de fato é uma coisa que eu nunca entendi em você. Crianças babam, e outras coisas que você nem imagina, mas... – fez uma pausa – mesmo assim você queria... como era mesmo? – parou tentando lembra de algo – um time de futebol – e depois de soltar suas palavras começou a rir – ser pai não combina com você meu filho.

Então esse era o motivo da sua reação. Justin sempre quis ser pai, e agora finalmente conseguiu.

- Só queria que alguém tivesse dito isso a você – ele o olhou com os olhos semicerrados – antes que estragasse a vida de alguém tendo filhos.

- Ah, se anime garoto – sorriu fingindo animação – vai me dizer que não gosta da sua vida? Come as vadias que quiser, além de ter uma puta fixa que vai lhe dar um filho – semicerrei os olhos em sua direção apertando com força a faca que ainda estava nas minhas mãos. Sem nem ao menos pensar, joguei o objeto afiado em sua direção vendo o mesmo desviar. Justin me olhou surpreso, enquanto Jeremy mantinha seu olhar divertido – acho que ela ficou ofendida.

Negue lentamente com a cabeça – cansei de papo furado Jeremy – desviei de Justin que tentou me segurar assim que percebeu minha tentativa de tentar me aproximar de Jeremy – você vai me levar até elas, e vai fazer isso agora – parei em sua frente – caso contrário eu vou fazer você gritar muito.

Ele riu por algum tempo. Seu riso sessou e agora ele só me encarava fixamente. Não notei quando sua mão se fechou em punho, e levantou em minha direção me acertando. Me desequilibrei tendo que segurar na mesa ao meu lado.

Justin lhe acertou um soco, e talvez tivesse feito de novo se não fosse sua preocupação comigo e com o bebê. Suas mãos tocaram meus braços com delicadeza.

- Krystell... – levantei a cabeça a tempo de ver Jeremy sair pela porta. A essa altura do campeonato eu sabia que minhas íris azuis estavam em sua cor mais profunda.

Me soltei de Justin sai para o corredor. Olhei em volta, mas foi em vão, Jeremy havia sumido mais rápido que fumaça.

Sem um destino certo, comecei meu caminho pelo extenso corredor. Não tardou até que eu ouvisse passos atrás de mim, Justin estava me seguindo, mas sinceramente? Foda-se. Eu sei o que ele quer de mim, mas eu cheguei à conclusão de que não posso dar.

- Krystell – ele me chamou, mas o ignorei continuando a andar sem um rumo fixo – MERDA KRYSTELL, SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊ PARAR E MEU OUVIR? – seu grito ecoou por todo o ambiente me causando um leve susto. Parei de andar com os olhos fechados. Respirei fundo e lentamente virei em sua direção o vendo ofegante. A raiva era um sentimento expresso por toda sua face.

- O que você quer que eu faça? – perguntei já sabendo onde aquela conversa nos levaria – eu já disse que eu não posso, que eu não consigo. Oque mais você quer que eu faça? – respirei fundo tentando me acalmar, mas foi a mesma coisa que nada – É A MINHA VIDA JUSTIN.

- Essa decisão não é só sua Krystell – o encarei sabendo que no fundo era verdade, mas sinceramente, eu não sabia se tinha escolha – Porra, para de ser infantil.

- Infantil? Eu? – perguntei desacreditada me aproximando em alguns poucos passos – quando completei quatorze anos, a primeira coisa em que eu pensei foi “e se?”. E se eu engravidasse? E se eu tivesse filhos? Sabe qual foi minha conclusão? – Justin permaneceu calado esperando por minha resposta – eu sabia Justin, sempre soube que não poderia ser uma boa mãe. Oque eu daria para o meu filho de aniversário? Uma arma? Eu não sei nem por onde começar – ri nervosa.

- Você não tem mais quatorze anos, e sabe que as coisas mudaram – se alterou – as coisas mudaram, o tempo passou, e por mais que você saiba disso, insiste em continuar agindo como se o tempo tivesse parado – se aproximou de mim – sabe qual é o seu problema Angel?

- É KRYSTELL – gritei. Justin sabia como eu odiava ser chamada por aquele nome.

- ANGEL – gritou de volta mostrando que podia ser tão teimoso quanto eu – SABE QUAL É O SEU PROBLEMA? O medo é o seu problema. Você age como se tivesse presa naquele porão – meus olhos se prenderam aos seus por um instante. Justin estava certo, eu agia como se ainda tivesse presa naquele porão porque era assim que eu me sentia, e era por isso que eu precisava da minha mãe, a Krystell está aqui, mas a Angel continua presa.

Neguei com a cabeça demonstrando o quanto eu queria fugir daquela conversa, mas Justin parecia não querer desistir, porque enquanto eu continuava meu caminho em passos rápidos e pesados, ele vinha atrás de mim chamando por meu nome.

Parei em frente a uma porta qualquer, apenas desejando que Jeremy estivesse ali, e eu pudesse descontar toda a raiva que eu estava sentindo. Girei a maçaneta sem nem pensar duas vezes, o que certamente foi um grande erro.

Senti a pausa que minha respiração fez perante o contato da minha mão com o aquele grande caco de vidro, cujo a maior e mais pontuda das suas extremidades estava apontada para mim. Minha mão segurava firme o objeto que fora lançado em minha direção, mas por mais que eu houvesse conseguido agarra-lo, isso não impediu que minha mão fosse levemente cortada, e o sangue manchasse o objeto transparente, enquanto algumas gotas escorriam em direção ao chão.

Fiquei por um tempo encarando o caco ainda no ar, até que finalmente desviei o olhar para a pessoa que havia lançado, e como se nada pudesse se tornar pior naquele dia, vi Jazmyn com os olhos arregalados e as mãos na boca, enquanto Taylor e Ashley estavam perplexas ao seu lado.

Justin apareceu atrás de mim, encarando o objeto transparente ainda em minhas mãos, na exata posição com o qual eu agarrei.

- Ai meu Deus – Jazmyn finalmente tirou a mão da boca dizendo algo, não que houvessem sido palavras úteis, mas pelo menos ela já não parecia mais uma estátua criada pelo pior dos artistas – Krystell... – tentou se aproximar de mim, mas fiz um sinal com a mão ainda livre para que ela parasse – eu sinto muito, eu achei que... Ai meu Deus, eu quase matei você – ou me deixou cega.

- Jazmyn, o que você está fazendo aqui? – Justin passou por mim indo até a irmã que ainda possuía seus olhos fixos em mim como se estivesse garantindo que eu realmente estava bem – tem ideia do que podia ter acontecido a você? Ou do que podia ter feito? – perguntou um pouco alterado. Era visível sua preocupação com o fato de que algumas pessoas poderiam ter morrido naquele momento.

- Eu sei, mas é que vocês não me disseram nada, simplesmente passaram pela porta sem me dar nenhuma explicação. Daí eu vi a porta se abrir e pensei que fosse um deles, então eu surtei e... – Suas palavras saíram atropeladas, como se respirar fosse impossível – eu jamais pensei que a Krystell passaria por aquela porta – falou por fim.

Justin respirou fundo passando as mãos pelos cabelos. Sua mão foi ao braço de Jazmyn firmemente – eu quero que você saia daqui com as suas amigas. Não olhe pra trás, corra e nem pense em voltar, você entendeu? – perguntou com a voz firme, aquela voz que fazia qualquer um pensar duas vezes, mas de uma forma impressionante e inesperável, Jazmyn não foi essa pessoa. Ela puxou seu braço com força se livrando da mão do irmão. Ergui a sobrancelha interessada no que viria a seguir.

- Não Justin – recebeu o olhar surpreso dele – não vou ficar parada enquanto vocês arriscam suas vidas, se não estou no meio disso é porque você me protegeu a vida toda, mas eu cansei, não quero ser apenas a garotinha indefesa que foge – adoraria ter ouvido essa iniciativa todas as vezes em que tive que arriscar minha vida por ela.

- Jazmyn... – Justin passou a mão no rosto já nervoso. Respirei fundo desacreditada no que iria fazer, mas os dois teriam um ataque de fúria se eu não interferisse, e Jazmyn precisava entender que mesmo que tenha decidido “parar de ser indefesa”, aquela não era a hora para colocar a vida em risco. Me aproximei dos dois colocando minha mão no ombro de Justin na intensão de acalmá-lo. Ele me olhou e eu dei de ombros, era o melhor que eu podia fazer naquele momento.

- Por mais que eu tenha esperado muito por isso – considerando todas as vezes que eu tive que me arriscar pela Jazmyn, foi realmente muito tempo – o seu irmão está certo, aqui não é o agora e nem o luar certo. Pessoas vão morrer hoje, e Justin só está tentando impedir que uma dessas pessoas seja você – ela me olhou começando a entender a gravidade da situação.

- Mas e se uma dessas pessoas for você ou Justin? – seus olhos brilhantes me olharam em súplica. Justin também me olhou, provavelmente por saber que a minha intensão de estar ali era realmente morrer. Eu deveria negar e dizer que ficaria tudo bem, mas eu não queria que aquilo fosse verdade, e mesmo que fosse o contrário, eu não poderia lhe dar certeza.

- Então você só vai seguir em frente, sem nunca – dei ênfase no nunca – olhar para trás, porque... – segurei seus braços com delicadeza vendo-a ficar presa as minhas palavras – no momento em que você olhar por cima do seu ombro você morre, entendeu? – se assustou um pouco com as minhas palavras me fazendo suspirar pesado – uma coisa é eu matar com minhas próprias mãos ou me machucar, outra é deixar que outras pessoas se firam no meu lugar sabendo que aquela nunca havia sido minha intenção – assentiu entendendo que sua presença ali não era a melhor coisa naquele momento. Olhei por cima de seus ombros e vi Taylor e Ashley perdidas em minhas palavras - entenderam? – perguntei as duas que me olharam um pouco surpresas, mas sorriram assentindo. Abaixei meu olhar de volta a Jazmyn – agora saiam daqui – ela assentiu. Se afastou de mim e segurou nas mãos das duas amigas passando pela porta em passos rápidos.

Virei-me para Justin. Franzi o cenho ao ver sua reação. Olhar surpreso e um pequenos sorriso de canto. Revirei os olhos e passei por ele sem a menor intenção de tentar descobrir o que se passava em sua mente naquele momento. Mas antes que eu pudesse completar totalmente tal ato, ouvi sua voz rouca como um sussurrar no pé do ouvido.

- Achei que não pudesse ser uma boa mãe – parei por um instante, não posso dizer que suas palavras não me afetaram, mas ainda assim não eram o bastante.

(...)

Chaz, Chris e Ryan correram até nós. Assim que se aproximaram o suficiente pararam e colocaram suas mãos nos joelhos ofegantes, como se houvessem corrido uma maratona, o que considerando o tamanho desse lugar, eu não duvido nada.

- Nunca pensei que os veria nesse estado – me encararão desacreditados que ainda pudesse estar viva – sinceramente, com o porte físico que vocês têm, eu esperava mais – sorri de canto achando graça na cara que eles faziam, como se ao invés de mim, houvesse um fantasma.

- Eu não sei qual o seu problema – Chaz apontou pra mim ainda ofegante – pode ser macumba ou bruxaria, mas eu estou feliz que você ainda esteja vida – ri. O meu caso é aquele velho ditado, vaso ruim não quebra.

- Onde vocês estavam? – Ryan perguntou assumindo uma posição ereta.

Abaixei o olhar por alguns segundos, mas o suficiente pra que notassem que havia alguma coisa errada. Se entreolharam como se tentassem descobrir se era uma boa ideia perguntar ou não, mas pelo grande suspiro vindo de Justin eu sabia que não seria necessário.

- Nossas mães estão vivas – respondeu por fim – Jeremy manteve-as em cativeiro durante esse tempo todo – as expressões expostas em suas faces eram mais confusas que a que fizeram quando me viram. Era como se houvesse mil perguntas, mas não soubessem por onde começar.

- Se ele revelou isso á vocês depois de todos esses anos – Chris se pôs de volta à realidade começando com uma das várias perguntas que provavelmente passavam pela sua cabeça feito furacão – então ele quer alguma coisa em troca, certo? – Justin assentiu em silêncio – o quê? – ergueu uma sobrancelha com o cenho levemente franzido.

Desviei o olhar esperando pela resposta de Justin, e como um peso sobre minhas costas, as palavras saíram de sua boca:

- Ele quer o bebê – fechei os olhos respirando levemente.

- Bebê? – Chaz parou por um tempo tentando refletir o que essas palavras queriam dizer, enquanto Justin simplesmente assentia mais uma vez. Quando percebeu que não chegaria pôr fim a resposta da sua pergunta sozinho, continuou – qual bebê? – Justin me olhou como se esperasse que eu desse essa reposta, mas eu nem queria estar nessa situação pra começo de conversa. Os meninos não ouviriam da minha boca que eu estava grávida. Mas eu percebi que não seria necessário quando todos me encararam um pouco perplexos.

- Antes que você digam alguma coisa, a decisão é minha – disse antes que a chuva de perguntas e comentários caíssem sobre mim – talvez eu seja uma pessoa cruel por isso – continuei – mas eu melhor do que ninguém sei que não posso ser mãe – abaixei a cabeça pedindo mentalmente que ninguém abrisse a boca.

- Jeremy também não é um bom pai – Ryan comentou me fazendo levantar a cabeça surpresa enquanto que ao mesmo tempo Justin o olhava curioso – Justin e Jazmyn não são as piores pessoas do mundo – deu de ombros apontando para Justin – bom... talvez Jazmyn não seja – sorriu de canto fazendo com que o loiro ao meu lado revirasse os olhos. Talvez eu tivesse rido da piada se as coisas não se confundissem ainda mais toda vez que alguém soltava um comentário.

- Está mesmo pensando em trocar a criança? Deixar que ela passe pelo o que vocês dois passaram ou até mesmo pior? –  Chris ergueu uma sobrancelha. Eu sobrevivi, ela ou ele também sobreviveria – quais são as intenções dele?

- Uma cópia minha e da Krystell – Justin respondeu com seu olhar pesando sobre mim.

- Um monstro? – perguntou novamente. Aquele foi o suficiente pra que eu surtasse internamente. Eu sabia que naquele momento estava sendo provavelmente pior do que Jeremy, mas que escolhas eu tinha considerando que fui treinada a vida inteira pra não ter sentimentos, pra lutar por meus ideais e nada além disso? Talvez esses doze malditos anos tenham finalmente surtido efeito no fim das contas.

O silêncio que havia se alastrada era enlouquecedor. Todos esperavam por uma resposta minha.

Levantei a cabeça, e soltei o ar que nem sabia que estava prendendo.

- Vocês não percebem, não é? – eu podia tê-los deixados confusos, mas estavam interessados demais na minha explicação pra assumirem outra expressão a não ser a de curiosidade – durante doze anos pessoas diziam para mim que eu não devia me importar, que eu era uma assassina e meu trabalho era matar as pessoas e não salvá-las – Ryan ía se manifestar, mas eu o interrompi – agora finalmente isso é verdade, eu sou um monstro, e por mais que eu tente mudar eu não consigo, ok? Não consigo me importar de verdade e dizer não ao Jeremy – suspirei como se tivesse me livrado de um peso – ele tem uma coisa que eu quero muito, e eu não to afim de perde-la – dei as costas e sai correndo antes que eles pudessem dizer algo mais que terminasse por afetar o resto de sanidade que ainda me restava. Enquanto me movimentava em passos rápidos ouvia a voz de Justin gritar por meu nome, com medo que eu fizesse alguma besteira se á caso saísse de perto dele.

Entrei em uma sala qualquer fechando a porta atrás de mim. Com a respiração descompensada e ao mesmo aliviada por estar longe de tantas vozes me dizendo o certo e o errado, apoiei minha testa contra a madeira fria tentando regularizar minha respiração. Tudo estava em silêncio finalmente, e eu podia me martirizar sozinha sem a ajuda de ninguém.

Fechei os olhos por um instante antes de sentir uma mão em minha boca, enquanto o braço livre do ser atrás de mim me puxava contra seu peitoral. Qualquer pessoa que me conhecesse sabia que eu não agia bem sobre ameaça ou perigo, e considerando a bagunça que eu estava, chegar perto de mim podia ser considerado um grande erro. Mas antes que eu resolvesse de fato alguma coisa, uma voz rouca sussurrou contra meu ouvido.

- Pode pensar em me matar ou arrancar um de meus membros – identifiquei a voz como sendo a de David – mas aí teria que arcar com a culpa de receber o corpo da Jazmyn em um saco plástico – parei de me movimentar e eliminei toda a possibilidade de mata-lo. Isso o fez sorrir, já que senti seu hálito quente contra meu pescoço – boa garota – sussurrou e começou a me puxar.

(...)

- Vem logo – David puxou meu braço com brutalidade (mais do que já havia puxado o caminho todo). Eu sabia que provavelmente meu braço estava vermelho, e que quando sua mão se afastasse da minha pele, eu poderia ver seus cinco dedos. De repente meu corpo foi impulsionado para frente, e sua mão finalmente se afastou de mim.

Estávamos do lado de fora da grande residência abandonada, mais especificamente atrás dela.

Levantei a cabeça vendo Jazmyn a minha frente parada na ponta de um penhasco. Seus olhos estavam vermelhos e molhados pelas lágrimas, assim como seu rosto. Um homem moreno, alto e forte segurava seu braço com firmeza mantendo uma expressão fria em sua face, como se o fato de estar ali não fosse nada além de seu trabalho, e para ele, tanto fazia estar naquela situação. Seu olhar era intenso sobre mim, denunciava uma mistura de medo com um sincero pedido de desculpas. Suspirei pesado. Eu deveria saber que aquilo aconteceria.

- Jeremy vai não vai gostar de saber disso David – falei sem me virar para encará-lo. Ele sabia ao que eu estava me referindo, Jeremy queria ouvir meu sim, e faria qualquer coisa por isso, mas ainda assim duvido que arriscaria a vida da própria filha.

- Sabe que Jeremy faz tudo por seus ideais. Jazmyn só foi um pequeno detalhe que eu resolvi inserir – senti seu corpo se aproximar parando atrás de mim – quanto á você – sua mão agarrou meus cabelos com força me fazendo tombar a cabeça para trás – ainda esta no início de uma bela e próspera gestação. Acho que ainda podemos nos divertir – sussurrou contra meu ouvido me soltando.

- Quanto tempo acha que essa palhaçada vai durar? – me virei para David vendo mais um de seus capangas se aproximar – o que faz você pensar que eu faço questão dessa criança? Olha pra mim David – abri os braços abaixando-os logo em seguida – eu realmente tenho cara de quem seria uma boa mãe? – perguntei debochada – achei que já me conhecesse – ele riu. Levantou seu dedo indicador na frente do rosto e o moveu de um lado para o outro fazendo um sinal de não, enquanto um som saía de sua boca.

- Não quero que isso seja fácil Krystell. Você vive escapando das minhas mãos feito água. Tem ideia do quão frustrante é? E agora, você finalmente se importa com alguém além de si mesma – parou por um tempo pra curvar seus lábios em um pequeno sorriso de canto – agora Krystell, neste exato momento, morreria por alguém? Permitiria ser machucada por alguém? Mais especificamente por ela? – apontou para a garota loira, chorosa atrás de mim.

Abaixei o olhar. Nunca pensei que teria dificuldades em responder essa pergunta. Nunca me importei com outra pessoa além de mim mesma, e mesmo que isso um dia chegasse á acontecer, eu nunca tive medo da morte. Sabe quanto tempo eu desejei que alguém simplesmente atirasse na minha cabeça? Mas e agora? Agora eu estou grávida, agora não é mais apenas uma única e patética vida, são duas, e além de precisar pensar em nós dois, ainda tinha a Jazmyn, em provável estado de choque apenas desejando que tudo isso acabe.

Respirei fundo. Pela primeira vez na vida eu não tenho uma resposta, ou uma estratégia.

Vi uma sombra parar á minha frente. Essa pessoa depositou sua mão sob meu queixo e o ergueu me fazendo encará-lo. Encarar o grande sorriso confiante na boca de David.

- Não sabe quanto satisfação eu sinto por vê-la assim, pensativa... – sussurrou a última palavra próximo ao meu rosto. Sua mão antes em meu queixo foi até a lateral do meu rosto acariciando o mesmo – pequeno anjinho – murmurou – você tem que aprender que uma hora os anjos caem, mas nunca sem antes agoniarem-se em dor – fechei meus olhos ao ouvir as mesma palavras que Justin sussurrou a mim – eu sei o quanto você desejou e ainda deseja morrer, sei que também pensou que esse seria o momento do seu alívio – abri os olhos encarando suas íris agora escuras. Sua mão apertou minhas bochechas, não com muita força – mas eu faço questão que esse momento seja de pura agonia.

E após dizer isso se afastou dando espaço para que seu capanga que estava atrás de si se aproximasse. David então deu as costas e sumiu de meu campo de visão. E enquanto as coisas ocorriam bem embaixo do meu nariz, eu só conseguia pensar no quão erradas as minhas escolhas foram até aqui.

FLASHBACK ON

Sentei-me ao pé da cama com o teste em mãos. Eu me sentia tão mal por estar naquele momento, naquela situação, sem saber oque fazer que o enjoo que eu sentia era um mero detalhe.

Abaixei a cabeça confusa. Eu podia contar ao Justin que ele seria pai, podia aceitar isso como uma forma de voltar á ser aquela pequena garotinha com uma boneca em mãos que sorria toda vez que pensava como poderia ser me tornar mãe. Mas não, eu estava ali, encarando o chão aos meus pés, pensando em como acabar com nossas vidas.

Eu só não queria vê-lo passar pelo mesmo que eu, ou ser rejeitada pelo Justin ainda mais agora que ele me considera uma vadia depois de todas as palavras de Gregg; agora que eu o odeio por eu ter sido uma idiota ter preferido sua vida a minha, por ter decidido poupar sua vida. Eu era uma péssima pessoa em acreditar que aquele bebê estaria melhor estando em qualquer lugar que não fosse o mundo?

Suspirei e coloquei a mão sobre a barriga...

FLASHBACK OFF

... exatamente como havia acabado de fazer agora. E como algo que estava preso dentro de mim, eu soltei, em palavras curtas e leves:

- Está tudo bem – sussurrei – mamãe está aqui – fechei os olhos e respirei fundo, pela primeira vez depois de semanas eu me sentia leve. Voltei a abrir os alhos ao sentir uma mão agarrar meu braço e me virei de costas.

- Quero que veja sua amiga caindo por aquele precipício – falou perto do meu ouvido, com seu queixo apoiado em meu ombro. Vi Jazmyn negar com a cabeça, como um pedido de desculpas. Imitei seus movimentos, mas ao contrário dela eu queria dizer que não, que não deixaria que aquilo acontecesse.

Ele ía empurrá-la de qualquer forma. Eu tinha a chance de permitir ou de tentar impedir. De qualquer forma, minhas escolhas me levariam todas a mesma porcentagem de chances que Jazmyn tinha de sobreviver.

Ri inclinando meu pescoço para o lado. Eles brincaram e se divertiram comigo, é a minha vez.

Levantei o braço acertando uma cotovelada no estômago do homem atrás de mim. Enquanto ele se curvava na tentativa de diminuir a dor, eu lhe acertei um chute vendo o mesmo cair desacordado. Me virei de volta à cena à minha frente, agora restava apenas um. E enquanto eu me aproximava, vi seus lábios se curvarem em um pequeno sorriso e o braço de Jazmyn ser solto, e como se aquilo não bastasse, ele á empurrou.

Mas eu já estava perto o suficiente para que conseguisse segurar seu pulso antes que seu corpo despencasse precipício abaixo. Agora tínhamos uma situação á qual eu estava á mercê por estar segurando Jazmyn, enquanto ainda restava um dos capangas de David atrás de mim, disposto á me matar, a nos matar.

- Krystell – Jazmyn suplicou por meu nome olhando de relance para a paisagem abaixo de seus pés.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, senti o golpe que me fez desequilibrar e meu corpo ser impulsionado para frente.


Notas Finais


Normalmente essa é a aparte em que eu deixo meus comentários á parte, mas como mencionei nas notas iniciais, estou quase desmaiando de sono, então só vou desejar e esperar que vocês gostem meus anjos <3
Vejo vocês essa semana ainda (já que acidentalmente atrasei o capítulo kkkk). Até o próximo meus amores :)


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