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História Trekking - Trecho 01. Deslocamento. Siga em frente. Velocidade 52 mmim


Escrita por: RED_BOSS

Notas do Autor


Olá, amados! espero que todos estejam bem e prontos para começar essa aventura, que eu prometo, será bizarra haha

Preciso só falar uma coisinha aqui:

Trekking não é muito conhecido, mas basicamente é uma trilha de longa duração onde você precisa calcular seus passos, velocidade, medir distâncias, fazer desafios etc etc., tudo isso dentro de uma competição, com várias equipes, jurados etc etc; é algo bem divertido, na real. Eu já fiz algumas vezes, porém ainda prefiro a velha trilha haha
Nas notas finais irei deixar uma planilha regular de competição, apenas para aqueles que tiverem curiosidade em saber como funciona.

~isso não afetará a fic diretamente, ok? porém é o universo em que as personagens vivem, então alguns comentários sobre isso serão feitos e acho que é uma ótima oportunidade para conhecer coisas novas~ AH, por curiosidade: "Rishikesh", que é onde nossos meninos estão, é bem conhecida no mundo do trek e é um lugar lindo aaaaaaa

sem mais delongas, peguem os calmantes e vão lá! ~boa leitura ^^

Capítulo 2 - Trecho 01. Deslocamento. Siga em frente. Velocidade 52 mmim


 

[power on]

REC - 00:00:00:09 – 50Mbps 1920 x 1080

 

A imagem que aparecia na câmera estava instável, com dificuldade para encontrar seu foco e o objeto com riscos constantes de cair no chão. Tudo era causado pelo balanço constante que a mão de Chanyeol fazia.

— Dá isso aqui! — Disse Baekhyun, impaciente. A câmera foi apertada com força e seu foco encontrado, porém a resolução não estava tão boa. Tudo chacoalhava e Baekhyun suspeitava que o falatório das pessoas ao redor fosse o principal fator da resolução de merda em que a filmagem se encontrava... ou, aquilo era apenas um pretexto para sua dor de cabeça. — Estamos dentro de um ônibus, um ônibus muito velho por sinal... nosso destino original era a trilha do Sul, cortava o morro Ashram e iria nos deixar bem próximos do rio Ganges, bom... a estrada para descermos essa trilha foi interditada, o terreno estava encharcado, segundo a polícia ambiental, alertaram a todos os moradores sobre o risco de desmoronamento...

Um buraco na estrada de terra fez com que os passageiros pulassem de seus bancos.

— Merda! — Chiou Baekhyun, contente o suficiente por estar em um país onde pouquíssimos falassem coreano, sua língua nativa. — Com nossa trilha interditada, teremos de contornar todo o morro Ashram. Cerca de doze, treze quilômetros?

— Treze quilômetros e duzentos metros. — Falou Junmyeon, sentado no banco da frente com Jongdae.

Baekhyun suspirou.

— Ficaremos atrasados cerca de três horas... vai ser foda cobrir esse tempo. Junmyeon? Tem algo que queira deixar guardado?

A câmera sacudiu levemente, desta vez com o propósito de indicar o objetivo da conversa para o homem sentado no banco da frente. Junmyeon ergueu os ombros, mas aceitou a máquina vinda das mãos de Baekhyun.

— O que eu deveria dizer? — Perguntou ele, seja para a câmera ou para seus amigos. A tela filmava o automóvel arruinado pelo qual os quatro amigos viajavam, o enquadramento conseguiu ainda pegar Jongdae e os outros dois garotos sentados no banco de trás. Junmyeon gostaria de ter passado por cima daquelas policias indianos e entrado na trilha que o grupo havia idealizado desde o início da viagem, seria nove horas no meio da mata fechada, em cima de um despenhadeiro, com o rio Ganges ao Sul e o mar aberto ao Norte. Todos os quatro tinham equipamentos adequados e Junmyeon, junto com Baekhyun, havia garantido que nada lhes faltassem nem facões para abrir caminho caso encontrassem caminhos fechados nem cordas o caso de escaladas ou descidas improvisadas tivessem de serem feitas. — Bem... nosso destino continua o mesmo: Rio Ganges, porém agora teremos de contornar toda a montanha para chegar até ele... e faremos isso por baixo, perderemos o cartão postal mais famoso de Rishikesh.

— Acampamos uma noite no rio e subimos. — Disse Jongdae erguendo os ombros.

— É uma opção. — Concordo Junmyeon. — Se tivermos mantimentos o suficiente não vejo o porquê de não fazermos desta forma.

Um novo buraco fez com que todos os passageiros pulassem de seus bancos, Junmyeon mantinha a câmera erguida e bem segura, não havia riscos de ela cair.

— Enfim, — continuou ele, — não será difícil contornar a montanha ou chegar até o rio, mas não temos mapa para fazer nossa contagem... o que deixará tudo muito chato. E obviamente não iremos conseguir criar um, então

— Acho legal explicar como dividimos as contagens, — disse Chanyeol de repente, agarrando-se com cada vez mais força a cada novo buraco que o ônibus passava, — quem ver o vídeo irá gostar de saber.

Junmyeon pensou em ele mesmo falar em como a equipe era dividida, porém em um segundo virou a câmera com agilidade, arrumou o foco e chutou aquele que sentava ao seu lado. Jongdae assustou-se e quase não percebeu a câmera virada para si.

— Jongdae está muito distraído, — cochichou Junmyeon, próximo a câmera, — fala um pouco sobre como dividimos a equipe, nossa preparação para o trekking.

Jongdae tentou balançar a cabeça em negação, mas Baekhyun, sentado logo atrás de si, empurrou seus ombros com insistência e continuou empurrando até que ele decidisse enfim falar.

— Para competir no trekking, — começou a dizer Jongdae, da forma mais eloquente possível, — cada equipe necessita de, no mínimo, três integrantes: um navegador,

— Presente! — Gritou Chanyeol.

— Um contador de passos.

— O melhor contador de passos que você conhece. — Disse Baekhyun, esticando os braços em cima da cabeça.

— E um calculista, — e aqui, o próprio Jongdae ergueu seu braço, — para que tudo isso funcione, temos nosso amado líder, aquele que cuida para que todas as funções sejam exercidas corretamente.

Junmyeon fez um sinal de positivo com a mão livre em frente a câmera, fazendo com que Jongdae risse e se desequilibrasse do banco. O ônibus fez uma curva grande, deixando com que todos os passageiros pendessem para o lado esquerdo do automóvel. Era possível ver pela janela o enorme precipício que se estendia abaixo deles; as árvores mais altas transformavam-se em prédios de madeira, enquanto a neblina, causada pelo tempo chuvoso, fazia-os parecer que estavam andando em cima de nuvens.

— Bom… — prosseguiu Jongdae, ainda com o fôlego instável pela visão pavorosa que teve, —  a categoria do trekking destinava as competições possui um mapa com cálculos, marca de pés e direções de bússolas, pontos estratégicos como canoagem, escalada, corrida... tudo surte efeito em nossa pontuação final.

Um novo tremor fez com que Jongdae engolisse suas palavras, olhou novamente para o precipício, parecia ainda mais íngreme.

— Nosso navegador cuida de toda a interpretação da planilha, — disse Jongdae, tendo os olhares dos três amigos sob si, — ele, em muitos casos, precisa sair correndo na frente para que a equipe consiga encontrar com mais facilidade esses pontos estratégicos.     

Junmyeon começou a tossir, abaixando a câmera o suficiente para que a voz de Jongdae fosse cortada novamente. Ao erguer-se, murmurou um pedido de desculpas que Jongdae aceitou no mesmo instante.

— O contador de passos, como o nome já diz... conta os passos. — Falou Jongdae, sentindo a garganta seca; o estômago agitava-se e as mãos, que seguravam com força o banco, estavam frias. — Baekhyun controla toda a distância que percorremos, se ele fizer qualquer coisa errada a equipe pode errar o caminho, perder os pontos estratégicos e acabar perdendo muita pontuação.

— O que, obviamente, — disse Baekhyun, puxando as mãos de Junmyeon, junto a câmera, para si, — nunca aconteceu. Eu sou o melhor contador de passos, se o mapa diz quarenta e cinco passos para o Norte, eu irei levar a equipe quarenta e cinco passos para o Norte.

— Tirando a vez que você fez a equipe atravessar um rio, — acusou Chanyeol, — ou aquela em que ficamos duas horas andando pela trilha errada...

— Você está bem? — Perguntou Junmyeon a Jongdae, enquanto Chanyeol e Baekhyun discutiam qual dos dois havia cometidos mais erros ao longo dos anos de trekking.

— Um pouco enjoado, apenas isso. — Disse com simplicidade.

Junmyeon teve a câmera arrancada de suas mãos por Chanyeol, que havia se cansado de discutir com Baekhyun.

— Não podemos nos esquecer... — disse Chanyeol, demorando para posicionar a câmera de maneira estável em suas mãos, — do nosso calculista! Jongdae cuida do nosso tempo, da nossa velocidade, ele tem o trabalho mais chato.

— E o mais difícil. — Disse Junmyeon.

  Jongdae não teve tempo de dizer palavras modestas sobre sua função na equipe, pois o ônibus começou a diminuir gradativamente sua velocidade.

— Estamos parando. — Comentou Chanyeol, filmando pela janela a vegetação espessa que se encontrava ao redor.

— Parabéns, gênio. — Retrucou Baekhyun, observando que os passageiros do ônibus começaram a se agitar, chamando uns aos outros, segurando suas coisas mais próximos ao corpo, encarando lugares aleatórios com ansiedade. — Junmyeon, consegue entender o que estão dizendo?

Junmyeon não tinha um grande conhecimento da língua indiana, porém conseguia identificar números, alguns substantivos, verbos não conjugados e pequenos advérbios.

— Vamos parar em algum restaurante... ou talvez seja um mercado. Vinte minutos. — Disse ele.

 

[battery low]

REC - 00:00:35:02 – 50Mbps 1920 x 1080

 

— Merda! — Anunciou Chanyeol ao ver o aviso que a câmera lhe dava.

— O que foi? — Quis saber Junmyeon, ainda prestando atenção na conversa de duas senhoras sentadas não muito distante de si.

— Preciso trocar a bateria.

— E você trouxe bateria?

O grandalhão bufou.

— É claro! Tenho cinco baterias recarregáveis na mochila e pilhas... caso precise carregar.

O ônibus passou apenas por mais um buraco antes que todos pudessem avistar uma pequena lanchonete perdida no meio do mato, havia apenas dois carros policiais e mais dois outros ônibus parados no estacionamento. Jongdae foi o único a ter arrepios ao olhar o estacionamento da lanchonete, ficava diante do precipício, encostado na beirada de uma queda enorme e perigosa. Chanyeol estava filmando aquilo também e as primeiras visões que tiveram na lanchonete.

— Lugar medonho. — Sussurrou ele para a câmera.

— Quantas horas de filmagem ela faz? — Quis saber Baekhyun.

 

REC - 00:00:39:41 – 50Mbps 1920 x 1080

 

Chanyeol virou a câmera para que pudesse enquadrar a si próprio e o amigo junto.

— Essa belezinha faz vinte e sete horas de filmagem contínua e doze de filmagem noturna. Temos 1TB... o que equivale a trilogia do filme O Senhor dos Anéis completa... com erros de gravação e cenas delatadas.

O motorista, ao estacionar o veículo, deu um pequeno aviso a todos os passageiros, Chanyeol o filmou, era um homem de pele escura com cabelos castanhos e olhos claros, uma barriga gorda e braços pequenos, o pescoço ficava totalmente escondido pelo enorme casaco que vestia e as bochechas grandes deixavam com que sua voz se assemelhasse ao motor daquele automóvel, rouca, grossa e abafada.

O homem avisou em sua língua nativa que teriam cerca de vinte minutos e que a viagem se estenderia por mais uma hora, razoavelmente. Poderiam deixar as coisas no ônibus, portanto que não ficassem subindo a todo o instante. Junmyeon avisou os amigos das coisas que tinha conseguido entender, as demais ficariam por conta da pura e mágica, adivinhação.

 

[power off]

 

O grupo não estava satisfeito com o atraso que haviam se metido, deveriam ter pulado a faixa de proibição amarela e sumido para dentro da trilha, a trilha que eles conheciam e que os levariam para o caminho que todos haviam decorado.

 

AM 10:25:03

9 de agosto de 2017

 

[loading]

 

— O que eles vão fazer? — Quis saber Jongdae, que até então estava aturdido em seus próprios pensamentos.

Chanyeol e Baekhyun caminhavam juntos em direção ao ônibus, alguns moradores dos vilarejos e comunidades mais distantes nem sequer se deram o trabalho de saírem do veículo, crianças brincavam em roda; algumas garotas haviam feito uma amarelinha no chão e pulavam despreocupadas, garotos corriam ao redor da lanchonete e das árvores, os pais e familiares gritavam pelas crianças e estas, obedientes ou não, voltavam até eles.

— Chanyeol quer testar o carregador solar que trouxe. — Disse Junmyeon, este olhava aflito para seu grupo, todos tiveram seus planos jogados no lixo e a cada minuto que passavam naquele lugar as esperanças de concluíram seus objetivos ficavam cada vez mais distantes. — Você tá legal mesmo?

Jongdae ergueu os ombros, decidiu fingir que estava distraído demais, odiava deixar qualquer um, amigo ou não, preocupado consigo. Contudo, observou que Junmyeon continuava encarando-o. O mais velho esperava por uma resposta.

— Eu estou bem, — disse por fim, — talvez só um pouco cansado.

Junmyeon continuou encarando-o por alguns instantes, mas pareceu aceitar as desculpas esfarrapadas que Jongdae havia lhe dado.

— Talvez, — murmurou Jongdae, observando Chanyeol e Baekhyun discutirem dentro daquele ônibus velho, — talvez a ideia de estar tomando um cafezinho na beirada de um precipício não agrade tanto minha mente.

Junmyeon sorriu.

— Achei que não tivesse medo de altura.

— Não tenho.

— Acampamos do lado de um precipício, Jongdae... um mini precipício. — Falou Junmyeon, relembrando ao amigo do pequeno acampamento que havia feito na noite anterior, logo não havia sentido na preocupação que o outro sentia, já haviam feito e estado em situações piores, em locais piores.

Jongdae assentiu. Mas aquela sensação estranha continuava ali, as palavras convincentes de seu amigo não conseguiram tirar o nó na garganta que sentia.  

— Na verdade acho que você não tem medo de nada. — Disse Junmyeon.

— É... talvez. — Murmurou Jongdae, encarando o céu cinza daquele dia que prometia com todas as forças esbanjar um sol forte e brilhante. Conseguia ouvir de onde estava a voz alta de Baekhyun e ver, através do vidro sujo do ônibus, os movimentos espalhafatosos de os braços de Chanyeol. — Eles estão brigando de novo... não vai demorar até que algum morador se irrite e entre para a briga também.

 

[power on]

REC - 00:00:00:07 – 50Mbps 1920 x 1080

 

— Desliga isso! — Esbravejou Baekhyun de dentro do ônibus, uma mulher coberta com tecidos neutros segurou seu bebê com mais força entre seus braços, encarando os dois coreanos em um misto de raiva e surpresa; como podem ser tão barulhentos, pensava a mulher. — Espere a bateria carregar por completo.

— Mas eu preciso testar as reservas.

— Você já fez isso! Duas vezes desde que saímos da Coreia.

Chanyeol ergueu a mão para tentar contra argumentar quando batidas fortes no vidro do ônibus chamaram a sua atenção, assustando-o. Era Junmyeon, não muito distante estava Jongdae, encarando a paisagem cinza de braços cruzados.

A câmera continuava ligada, conseguiu pegar o interior do veículo, o precipício e os dois garotos do lado de fora do ônibus.

Junmyeon sinalizou para que descessem, mas não obteve nada além de uma nova discussão e olhares assustados da mulher com seu bebê.

— Vamos descer, Chanyeol. — Pediu Baekhyun. — O bebê está dormindo e você está assustando ele.

O grandalhão riu.

— Eu? Eu estou assustando o bebê? O único que está gritando aqui é você, Byun Baekhyun.

Junmyeon, desistindo cedo demais dos dois amigos, retornou até Jongdae, este continuava encarando o precipício fixamente, com os braços cruzados ao redor do peito e os olhos castanhos vidrados, vazios.

— Talvez seja melhor dormirmos em alguma pousada, — falou Junmyeon, — procurarmos algo barato na cidade e quando a polícia liberar, subimos novamente.

Duas crianças passaram correndo envolta dos dois, usando-os de obstáculos para seus adversários, suas mães gritaram e eles correram para dentro do ônibus.

— Acha melhor? — Perguntou Jongdae, distraído demais para ter notado as crianças que passando por eles.

Junmyeon assentiu em um murmúrio simples.

— Então vamos ficar na cidade. Estamos parados aqui a quanto tempo, Junmyeon? — Perguntou Jongdae de repente.

— Eu não sei. — Disse o outro. — Talvez tenha completado uma hora. Os policiais mandaram um rádio avisando que era arriscado descer, estamos muito pesados. Terá de ser um ônibus por vez.

           

REC - 00:00:04:12 – 50Mbps 1920 x 1080

 

— Isso é legal! — Disse Chanyeol, retirando um microfone e fones de sua mochila. — Coloque no ouvido... e o microfone na janela do ônibus.

Baekhyun pegou os objetos, porém não realizou nenhuma ação.

— Por que?

— Faça o que eu digo. — Bufou Chanyeol. — Será legal!

Baekhyun jogou os ombros para cima, colocando os fones de ouvido e segurando o microfone do lado de fora do ônibus, diante de uma janela aberta. Duas crianças observavam tudo com curiosidade, falavam através de sinais e cochichos, achavam a língua dos estrangeiros estranha demais e ambos eram estranhos demais, com olhos escuros, pele clara e altos.

 

[microphone on]

REC - 00:00:04:53 – 50Mbps 1920 x 1080

 

— Ok... — disse Chanyeol, — agora mire em Junmyeon e Jongdae.

Baekhyun seguiu as instruções do amigo, mirando o microfone nos dois amigos parados fora do ônibus.

— Se o vento não estiver muito forte lá fora... — começou Chanyeol.

— Estou ouvindo! — Berrou Baekhyun, colocando a mão na boca em seguida. Ouviu inicialmente um pequeno ruído, em seguida, como se estivesse escutando um rádio antigo, alguns sinais de interferência foram captados, as vozes foram se sobressaindo e sobressaindo, os ruídos ficaram constantes, porém era possível ouvir a voz de Junmyeon. — ... os ônibus estão muito pesados... um de cada vez... voltar para a trilha... Acho que Junmyeon está sugerindo que voltemos para a nossa trilha.

— Sério? — Perguntou Chanyeol, encarando os amigos do lado de fora. — Eu não acho uma ideia tão ruim, mas não sei... a polícia mandou todos se afastarem.

— Chiou! — Pediu Baekhyun de maneira séria, assustando seu amigo e deixando-o curioso para ouvir a conversa. — Junmyeon não presta...

Baekhyun sorria de maneira irônica.

— O que foi?! — Quis saber Chanyeol, observando o amigo direcionando uma maior atenção a conversa dos dois do lado de fora. — O que foi, porra?!

— Junmyeon... Junmyeon... — dizia Baekhyun, retirando os fones e puxando o microfone para dentro do ônibus. Baekhyun aproximou-se de Chanyeol, desejando sussurrar aquilo, mesmo que estivessem de um país onde a língua coreana nem sequer era conhecida. — Junmyeon está marcando um horário para que ele e Jongdae consigam transar sem levantar suspeitas.

Os olhos de Chanyeol ficaram arregalados, a boca escancarou-se ao mesmo tempo em que um soco era dirigido ao ombro de Baekhyun.

— Como você é trouxa! — Riu ele, sentindo-se tão trouxa quanto, por ter dado crédito para Baekhyun.

Os dois riram juntos, sem perceber que a curiosidade das duas crianças só aumentava.

— Eles vão entrar aqui no ônibus, está frio lá fora. — Disse Baekhyun, ainda com aquele sorriso maroto nos lábios. Estendeu os aparelhos para Chanyeol, o sorriso ainda preso em ambos os rostos. — Guarde isso.   

 

[microphone off]

REC - 00:00:06:41 – 50Mbps 1920 x 1080

 

— Eu sou um puta ator! — Vangloriou-se Baekhyun, jogando-se no banco, vendo que não sairiam daquele lugar por algum tempo.

— Você é um ator de merda, — rebateu Chanyeol, com todas as suas baterias testadas e carregadas; pelos seus cálculos, devia haver quase quatro dias de gravações constantes, sem que fosse necessário recorrer as pilhas ou a bateria solar.

Jongdae e Junmyeon subiram no ônibus junto com outros passageiros; um dos ônibus já havia descido, porém a policial local não havia liberado a estrada para os outros dois. A lanchonete estava cheia de crianças barulhentas, óleo queimado e, para deixar aquele dia que nascerá tão ensolarado melhor, uma chuva fraquinha começara a cair. Os ônibus eram a melhor opção.

Chanyeol gravava a entrada dos dois amigos quando ouviu um dos policiais gritar algo no idioma local e chacoalhar o braço em uma agitação estranha.

— O que ele quer desta vez? — Indagou Baekhyun, observando o homem agitado do lado de fora. Alguns passageiros ergueram-se com pressa, pegando seus pertences de maneira eufórica. Baekhyun ergueu seu corpo do banco onde estava deitado, viu que mais de um policial começou a se agitar, porém os sinais para que saíssem do ônibus foram cessados.

Do lado de fora, a chuva começava a apertar, era possível imaginar que no topo do morro esta mesma chuva deveria estar ainda mais forte e mais densa; o tempo havia mudado completamente, mesmo que o sol tivesse nascido belo e o céu sem nuvens escuras.

Chanyeol filmou a correria que se iniciou. Todos saiam da lanchonete com pressa, perdendo alguns pertences pelo caminho, erguendo as crianças no colo. Corriam para os dois ônibus restantes.  

Os passageiros nativos, de dentro do ônibus, continuaram ali. Tinham expressões assustadas, porém pareciam entender o que estava acontecendo, diferente dos quatro estrangeiros que estavam agindo copiando os atos uns dos outros.

Junmyeon tinha alguma ideia do que estava acontecendo e rezava para que estivesse errado, certamente entendeu errado.  

Um dos policiais começou a bater na janela de seu ônibus, avisando-os. O homem fardado falava rápido, seu rádio disparada com vozes aleatórias, ele estava encharcado; os trovões não podiam ser vistos, a neblina impedia, porém, seu som fazia com que a carcaça do ônibus estremecesse. Com as portas abertas, os demais passageiros começaram a entrar. Imitando a ação dos nativos, os quatro amigos sentaram-se nos bancos e colocaram seus cintos.

As crianças choravam, alguns adultos também choravam, os quatro amigos olhavam ao redor, confusos. Chanyeol gravava aquela agitação.

— Não sabemos o que está acontecendo. — Disse ele. — Mandaram todos entrarem nos ônibus, tem pessoas em pé aqui... é o pessoal da lanchonete. Alguns policiais estão aqui dentro também.

Tudo era filmado. A câmera tremia, mas as imagens eram todas salvas.

Os policias dentro do ônibus começaram a erguer a voz, pediam por atenção, por calma, aquilo era notável, mesmo que fossem culturas diferentes, idiomas diferentes.

— Consegue entender alguma coisa? — Perguntou Baekhyun para Junmyeon.

Este balançou a cabeça, os gritos ao redor abafavam completamente a voz dos policiais; ele conseguia captar algumas palavras, algumas poucas palavras que soltas não lhe diziam muita coisa.      

— Acho que estão passando algumas informações de segurança.

— Segurança? — Indagou Baekhyun, batendo suas costas com força no banco.

Em segundos, todos os passageiros que estavam em pé começaram a se agachar, seguravam-se nas laterais das cadeiras, fechavam os olhos com força, mantinham as pernas presas ao chão. Aqueles que estavam sentados acomodaram as crianças entre suas pernas, e debruçaram-se em cima delas, cobrindo os filhos e netos com seus corpos e protegendo sua própria cabeça. Todos seguravam-se com força.

Um estrondo na parte inferior do ônibus foi ouvido. Toda sua estrutura tremeu, causando novos gritos, novas lágrimas.

— Keep calm! — Disse um dos policias, para os estrangeiros.  — Keep calm and keep your head down.

Novamente um estrondo na parte inferior do ônibus. A imaginação contava-lhes o que estava acontecendo, não precisavam que um professor ou qualquer ambientalista lhes dissesse o que acontecia quando uma chuva forte atingia morros e montanhas.

Todos estavam com as cabeças baixas, as mãos apertavam qualquer lugar que achassem apoio seguro, a agitação ao redor impedia que a calma pudesse ser conquistada. Estavam desesperados.

— Desliga isso, Chanyeol! — Berrou Junmyeon, sentado com a cabeça encostada no joelho, mas podendo ouvir o “bip” que a câmera fazia sempre que Chanyeol batia-a na janela ou no próprio corpo.

Chanyeol não deu ouvidos, continuou gravando o desespero e a chuva densa que caia lá fora agora. Os dois ônibus se chocaram. Uma batida forte e arrastada.

— Chanyeol! — Gritou Junmyeon.  

— Não!

Baekhyun tentou forçar a cabeça do amigo para baixo, porém este continuou filmando.

— Desliga essa merda!

— Não!

Os gritos apavorados ecoavam pelas montanhas, eram todos abafados pela chuva que a cada instante ficava cada vez mais densa.

— Chanyeol!

— Não vou desligar! — Dizia ele.  

A câmera foi virada, revelando o que acontecia no topo do morro, nas costas do ônibus. Chanyeol escancarou a boca ao ver a catástrofe que ocorria lá em cima, descia com velocidade, causando um barulho alto como se fossem trovões, arrastava tudo, não havia tempo para correr. As mãos de Chanyeol mal tiveram tempo de tremer, no mesmo instante em que a cachoeira de lama, pedra e árvores ia caindo, arrastando cada vez mais aquela areia lamacenta, o ônibus começou a se mover.

Chanyeol manteve a câmera erguida, por mais alguns segundos e abaixou sua cabeça até seus joelhos.

Não havia nada a ser feito.

Os policiais não podiam mais ser vistos, mas a enxurrada escura e densa, trazida pela chuva, derrubando as casas e a lanchonete medonha, fez-se notável. O ônibus continuou a tremer, se mexia com mais força agora. Se as despedias foram feitas, nenhum deles escutou. Todos estavam rezando em suas mentes, alguns gritando suas próprias orações.

Os gritos mais esganiçados vieram na parte da frente do ônibus, mas todos os passageiros puderam sentir. O ônibus se inclinava. A parte traseira já não encostava mais no chão, estavam caminhando para o precipício, sendo arrastados por lama e pedras.

Alguns se recusavam a olhar, mas havia aqueles, como Jongdae, que ergueram a cabeça no instante exato em que o ônibus se preparava para descer, como um carrinho de montanha russa. Algo em sua mente gritava para que não visse, para que se protegesse, mas a curiosidade nata sempre fora maior. 

Não havia nada abaixo deles nem mesmo uma árvore com galhos longos ou um pedaço de terra.

Junmyeon puxou a cabeça do amigo para baixo, ambos se olharam, mas não disseram anda, a voz havia se perdido.          

Chanyeol ergueu a câmera só mais uma vez; corpos foram arremessados, retirados do chão com violência e atirados para o teto, para as janelas, para todos os lugares. Objetos voavam e batiam nas cabeças dos passageiros. Um tiro foi disparado acidentalmente e tudo que puderam sentir havia sido a neblina fria e úmida, causada pelo frio e pela chuva forte que caia nos morros de Rishikesh.

           

[power off]

 


Notas Finais


... power off // pasmem

E, então? Como estamos? Todo mundo vivo? haha

Estão gostando desse lance da câmera? pq eu to amando kkkkkkkkkkkkkk acho muito divertido ~me perdoem se eu estiver sendo muito enrolada (?), eu amo histórias que possuem um bom enredo, então não gosto de correr

ah, sim! descobri ontem que terei aula vaga nas terças, hm... então, deixarei para postar toda terça a noite, ok?

Planilha p/ competição de trekking: http://www.brasileiraodetrekking.com.br/2017/Planilha%201a%20Prova%20Brasileirao%20-%20GERAL.pdf

Por hora é só, bjs e espero encontrar vocês no próximo cap., sim? ^^


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