História Três Amigas, Uma Sorte. - Procure Sua Felicidade Em Outro Lugar.

P.O.V. MARIANY

Eu corri para me esconder. Achei uma escada ao fundo do evento, escura, que ninguém utilizava. Sentei num canto e tentei chorar. Mas, as lágrimas não vinham dessa vez. Eu lembrava da cena do beijo entre Niall e Jessica, depois lembrava dela jogando isso na minha cara durante a briga. Era quase uma tortura e não tinha saída. Eu tampei o rosto com as mãos, exausta.

“Now I’m all alone and my joys turned to moping

Tell me, where are you now that I need you?

Where are you now?

Where are you now that I need ya?

Couldn’t find you anywhere”.

(Agora eu estou sozinho e toda minha alegria virou tristeza

Me diga, onde você está agora que eu preciso de você?

Onde você está agora?

Onde você está agora que eu preciso de você?

Não pude encontrar você em lugar nenhum).

Where Are Ü Now – Skrillex and Diplo ft. Justin Bieber.

- E eu achava que eu odiava esses eventos. – Eu ouvi a voz masculina e debochada ecoar um pouco a cima de mim nos degraus. Por que eu sentia que conhecia aquela voz? Eu virei lentamente e quase sai rolando pela escada.

- Justin. – Eu falei, assustada, com a mão na boca. Justin Bieber suspirou impaciente e desceu os degraus, preguiçosamente. Usava um terno bem alinhado, mas estava com a camisa semiaberta, sem gravata e as mangas arregaçadas. Ele devia estar ali por muito tempo.

- Que foi? Vai me pedir uma foto também? – Ele continuou, sarcástico, e eu o olhei, irritada. Sim, eu já fui Belieber. Mas, isso não quer dizer que eu aprovava alguns dos comportamentos dele.

- Eu não quero uma foto sua. – Eu falei com desprezo. Na verdade, eu queria. Mas, né, não é como se ele fosse tirar uma foto comigo. Ele me lançou um olhar surpreso e sentou ao meu lado no degrau. Seu perfume era forte e eu sentia de longe.

- E aí, por que você está aqui? – Ele me perguntou, me lançando um olhar de canto. Eu estava nervosa, mas não podia falar nada. Tinha medo de afastá-lo e aquilo era uma chance única.

- Acabei de bater numa garota. – Eu simplifiquei tudo e ele me olhou, ainda mais surpreso.

- Você bateu em uma garota?

- Jessica Serfaty, sabe?

- Não. – Ele balançou a cabeça negativamente, o que me fez sorrir. Uma zona livre de Jessica. Eu o abraçaria de tanta empolgação. Mas, me limitei ao sorriso. – Seja quem for, você acabou com ela?

- Espero que sim. – Eu ri, baixinho e ele continuou me analisando. Aquilo estava fazendo meu rosto queimar. Por que ele não desviava o olhar de mim? – E você? Por que está aqui?

- Eu não preciso de um motivo para não querer estar nesses eventos. – Ele riu, sarcástico e eu assenti. Era verdade. Ele fazia o que dava na cabeça. – Que tal fazermos alguma coisa?

- Alguma coisa? – Eu perguntei, em dúvida.

- É, alguma coisa. Vamos. – Ele se levantou e estendeu a mão para mim. Eu pensei bem. Não queria encontrar Niall, então ia aproveitar essa chance com Justin. Segurei em sua mão e ele me puxou com tudo para levantar, me fazendo desequilibrar e me apoiar nos ombros dele.

- Opa. – Eu falei, sem jeito, encarando seus olhos castanhos quase mel de perto.

- Seu nome? – Ele perguntou, com um sorriso malicioso nos lábios. Eu fiquei sem jeito na hora e me soltei, voltando a me equilibrar.

- Mary. – Eu simplifiquei e ele sorriu.

- Ok, vamos, Mary.

---*---

Eu olhei em volta, tensa. Estava noite demais para enxergamos direito e Justin começou a chacoalhar um spray e pichar uma parede. Não acredito que eu tinha topado uma loucura daquelas.

- Relaxe, garota. – Ele pediu, sem tirar os olhos dos rabiscos.

- Alguém pode nos pegar. Isso dá prisão aqui, não dá? – Eu perguntei, tensa e ele riu.

- Ninguém vai nos prender. – Ele garantiu, me estendendo um spray. – Vamos. Faça o que vem na sua cabeça.

Eu parei, encarando o muro. O que vem na cabeça? Nada. Raiva. Eu fiz um redemoinho com a tinta preta. Várias voltas negras, enquanto Justin me observava. Eu parei, ainda encarando o desenho. Ele sorriu para mim e pegou um spray vermelho do chão. Sem falar nada, ele começou a desenhar pétalas no meu redemoinho e o transformou numa flor.

- Transforme o caos em algo bom. É o único jeito de sobreviver nesse mundo. – Ele me alertou e eu sorri para ele enquanto ele voltou a pichar sua parte do muro. Então, eu comecei a desenhar uma boneca loira. Depois fiz chifres nela e um bigode. Nem preciso dizer quem é a loira, né? Escrevi em cima “Ladra de Felicidades” porque quis causar impacto. No entanto, Justin se aproximou de novo com o spray e eu sabia que meu desenho não ficaria intacto. Ele riscou minha frase e escreveu embaixo “vá achar sua felicidade em outro lugar então”. Eu dei uma gargalhada e ele piscou para mim. “Onde ela está?”, eu escrevi embaixo e ele virou para mim.

- Me dê sua mão.

- Por quê? – Eu perguntei em dúvida e ele continuou, mandando:

- Me dê sua mão. – Eu estendi minha mão e ele a segurou, pegando o spray azul e disparando na minha mão com tudo. Eu gritei e tirei minha mão correndo, toda manchada de azul.

- O que você fez?

- Sua felicidade está aí nas suas mãos. Use-a. – Ele falou, misterioso e eu estreitei os olhos.

- Vou usá-la já. – E passei a mão ainda molhada no rosto dele, deixando uma marca azul. Ele parou e respirou fundo. Por um momento, achei que ele fosse me bater, mas em vez disso, de surpresa, ele levantou o spray e espirrou diretamente no meu rosto.

- Não acredito que você fez isso! – Eu gritei, rindo.

- Você começou! – Ele riu pela primeira vez e meu coração acelerou. Eu peguei um spray e disparei contra ele, acertando sua camisa social branquinha. Ele veio com o spray na minha direção, sem medo de receber a tinta de mim, e começou a dispará-lo, me manchando inteira. Vestido, pele, cabelo. – Seu vestido é azul. Isso não está certo. – Ele concluiu e pegou um spray de cor diferente, verde, e disparou contra mim. Eu comecei a rir e tentei disparar a tinta contra ele. De repente, ele me puxou para perto com tudo, pelo braço e eu prendi a respiração quando nossos corpos colidiram. Seu rosto completamente manchado de tinta. O cabelo bagunçado com tinta vermelha. Ele olhou diretamente para os meus lábios e eu pressenti o que estava por vir. De repente, meu celular toca e ele se afasta, mal humorado. Eu demoro alguns segundos para conseguir achar o celular, sem jeito.

- Alô?

- Mary? – A voz de um homem ecoou do outro lado da linha.

- Sim?

- É o Joe. – Como ele conseguiu meu telefone?

- Oi, Joe! Como a Miri está? Eu vi que ela desmaiou e…

- Ela terminou comigo, Mary. – Ele disse, seco, me interrompendo e meu coração parou. Eu sabia o motivo.

- Quê? Ela não podia fazer isso. – Eu ralhei e ele se mostrou confuso.

- Eu só queria te avisar isso. Você pode ficar aqui em casa se quiser. Mas, a Anne está na casa do Harry.

- Tudo bem. Vou para a casa do Harry falar com ela.

- Mary? – Ele perguntou do outro lado da linha, mudando o tom. – Por que ela terminou comigo?

- Ela não te disse? – Eu perguntei, em dúvida.

- Ela disse que não queria essa vida cheia de brigas e polêmicas.

- Você sabe como ela é. A Miri é muito calma, ela só está se sentindo pressionada. – Era verdade. Eu só não disse por quem ela estava sendo pressionada.

- Foi de repente.

- Eu vou falar com ela.

- Obrigado.

Eu desliguei o telefone e Justin me olhou, desconfiado.

- Seu namorado?

- Não tenho namorado. – Pior que era verdade.

- Hum. – Ele assentiu, distraído com os sprays.

- Preciso ir para casa. – Eu decidi e ele me encarou.

- Eu te levo.

- Não precisa.

- Não tenho o que fazer mesmo. – Ele deu de ombros. Que cavalheirismo. Só que não.

- Tudo bem.

P.O.V. MARIANY OFF.

P.O.V. MIRIANE ON.

- MEU DEUS, ONDE VOCÊ ESTAVA? – Eu abri a porta da casa de Harry. Eram quase sete da manhã quando Mari chegou, com o vestido de festa destruído e coberta de tinta.

- Lugar nenhum. – Ela negou, passando direto por mim e por Harry. – Onde é o banheiro? Preciso de um banho.

- Lá em cima, terceira porta à direita. – Harry avisou e eu a segui, espantada.

- Onde você estava? Mary! Não me ignore!

- Eu conheci o Justin. – Ela me confidenciou e eu a olhei espantada.

- Como?

- Ele estava no evento. Nós pichamos um muro juntos! – Ela continuou contando.

- DEUS AMADO. VOCÊ PODIA SER PRESA.

- Cadê a Fany para eu contar para uma pessoa mais divertida? – Ela fez careta e eu bufei.

- Nem a Fany iria te apoiar nessa, mocinha!

- Por falar em apoiar. QUE DIABOS VOCÊ FEZ COM O JOE?

- Nada. – Eu me encolhi. Droga, como ela sabia?

- Ele me ligou dizendo que você tinha terminado com ele!

- Você sabe porquê eu fiz isso. E com certeza não foi para você passar a noite pichando muros com o Justin!

- O Niall beijou a Jessica. Não importa se a Jessica sair do nosso caminho. Nada vai mudar o que aconteceu. Então, volte para o seu namorado e deixe que eu resolvo minha vida. – Ela declarou, orgulhosa e bateu a porta do banheiro na minha cara.

P.O.V. MIRIANE OFF.

P.O.V. STÉFANE ON.

- All my life, you stood by me when no one else was ever behind me! – Liam começou a cantar empolgado e eu ri, porque ele sempre fazia isso.

- Liam, pare. – Eu pedi e ele continuou mais alto:

- All these lights, they can’t blind me. With your love, nobody can drag me down! – Eu dei uma gargalhada, enquanto ele fazia uma dancinha dentro da banheira, na minha frente.

- Liam, já chega! – Eu pedi e ele parou de cantar, me encarando.

- As mulheres amam quando eu canto. – Ele protestou, me fazendo rir mais ainda.

- Nós estamos numa banheira e você está quebrando o clima!

- Que clima? Ele não sobe mais hoje. Desculpe. Foram muitas vezes na noite passada e...

- Liam! – Eu o repreendi, jogando água nele, o fazendo rir.

- Tudo bem, amor. Com um pouquinho de ajuda, ele sobe. – Ele continuou a me provocar, rindo, e puxou minhas pernas para me trazer para perto, fazendo com que a água da banheira saísse um pouco para fora. – Opa! – Ele falou, olhando para fora da banheira e vendo o chão molhar pela milésima vez, porque ele não conseguia se manter parado.

- Daqui a pouco, poderemos tomar banho do lado de fora se você continuar jogando água assim. – Eu o provoquei e ele deu de ombros. De repente, uma idéia lhe ocorreu.

- Eu nunca fiz no chão! Podemos tentar? – Ele falou, empolgado e eu ri.

- Não, não vamos tentar no chão. – Ele se mexeu mais na banheira, jogando mais água para fora.

- Pronto. Tem mais água lá fora. Vamos tentar? – Ele insistiu e eu me levantei, ficando de joelhos e me apoiando sobre os ombros dele.

- Você disse que ele não subia mais!

- Com essa visão, ele sobe. – Liam falou, encarando meus seios de perto. Eu dei um tapa no ombro dele. – Ai! Eu disse que com uma ajudinha, ele subia. – Ele se defendeu, fazendo bico e eu tive que rir novamente.

- Quem sabe mais tarde? – Eu recusei, porque estava exausta. E preocupada com as meninas que ainda não tinham dado notícias. – Estou com a cabeça cheia. – Eu disse, lhe dando um selinho e ajeitando o cabelo molhado dele. Ele sorriu para mim e me segurou na frente dele, dando um beijo no vão dos meus seios.

- Vai ficar tudo bem com elas, amor.

- Se eu conheço bem as duas, é capaz de a Mari fazer algum ato impulsivo e perigoso. Já a Miri vai terminar com Joe na primeira oportunidade.

- Já são dez horas. Você quer ver elas? – Ele me perguntou, gentil e eu sorri.

- Quero.

- Vamos, eu te levo. – Ele disse, sorrindo e me dando um selinho demorado.

- Às vezes, você é um cara muito legal, sabia? – Eu ri, baixinho. A verdade é que ele era ótimo. Acho que era o melhor namorado que já tive.

- Só às vezes? – Ele perguntou, me dando mais um selinho.

- Só às vezes. – Eu confirmei e ele riu.

- Eu me contento com isso. – Ele piscou para mim e me beijou.

---*---

- VOCÊ COMETEU UM CRIME COM O JUSTIN E VOCÊ TERMINOU COM O JOE? – Eu gritei na sala de Harry com as minhas amigas. As duas fizeram cara de paisagem, uma olhando para cada canto. – EU SABIA!

- Ai, gente, foi só um muro e vocês já fazem parecer um crime! Estão piores que a minha mãe. Alguém aqui liga para o fato de que eu conheci o Justin Bieber? Alguém quer saber como ele é?

- Não! – Miri e eu gritamos em coro. Talvez, eu estivesse ficando certinha demais como Liam. Eu tinha que me controlar, então suspirei e sentei no sofá na frente delas.

- E você cedeu à chantagem da Jessica. – Eu briguei com a Miri. Só que ela odiava brigas e se encolheu no sofá, fazendo bico.

- Eu fiz isso pela Mari. Eu não esperava que ela fosse trocar o Niall pelo Justin.

- Eu não troquei ninguém! – Mari se defendeu e eu bufei.

- Missão de hoje: Último dia de evento. Você vai falar com o Niall e você vai falar com o Joe!

- NÃO! – As duas gritaram em coro para mim.

- Você sabia que o caminho está livre para a Jessica agora, né? E isso vale para as duas, ela pode até escolher qual ela quer. Niall ou Joe? – Eu as provoquei e elas ficaram ainda mais de mal humor.

- Você viu que a Gigi Hadid está solteira de novo? – Mari perguntou para Miri.

- Quê?

- Está solteira. Mais uma para o Joe. Parabéns. – Eu confirmei, irônica e Miri fez cara de choro.

- Parem! Eu fiz isso pela Mari, suas ingratas!

- Obrigada, Miri. – Mari se forçou a dizer e depois respirou fundo. – Mas, eu não pretendo perdoar o Niall agora.

- Mas, vai perdoar? – Eu perguntei.

- Não sei. – Ela admitiu.

- Você devia conversar com ele. – Miri deu sua opinião.

- Nisso, nós concordamos. – Eu assenti.

- Talvez. Vou tentar. – Ela cedeu, sem jeito.