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História Três Lados do Apocalipse - Primeiro Estágio


Escrita por: comiseupao

Notas do Autor


Eaiiii, pessoas, como têm passado? Sabe, não tenho entrado muito aqui ultimamente, então a sensação é de que não posto há tempos, sendo que não faz nem sete dias, haha! Saudades... :p as reações do último capítulo foram loucas DSAKÇLDLASKÇASKÇLADSKL acalmem seus kokoros, e continuem lendo! Tem muita coisa pra acontecer ainda...
Obrigada mais uma vez por acompanharem... vcs são maravilhosos... :)
Ah, e não me responsabilizo por corações partidos neste capítulo, bjokas.

BOA LEITURA!

Capítulo 15 - Primeiro Estágio


Fanfic / Fanfiction Três Lados do Apocalipse - Primeiro Estágio

     Tudo havia acontecido rápido demais. JongIn estava deitado em cima da mesa de jantar, levando grandes quantidades de descargas elétricas de um desfibrilador antigo o qual Yixing levara um século para encontrar naquele arsenal, junto com o kit de primeiros socorros. Quem agora tomava conta da tarefa de reavivar JongIn era KyungSoo, talvez mais desesperado que todos pelo seu melhor amigo.

“Acorde, seu filho da puta!” – ele gritava enquanto dava as descargas elétricas no moreno, e grande parte dos meninos estava a sua volta, todos aflitos, principalmente Suho, que estava louco para saber o que aconteceu, após desesperadamente correr para apagar as chamas da sala de interrogatório que já se encontrava em cinzas.

   Mas nada dava certo. Já foram feitas inúmeras tentativas, e o peito de JongIn já devia estar fritando a essa altura. KyungSoo gritava para que aumentassem a carga, mas já estava no limite. O rapaz rosnava de raiva e desespero querendo trazer o amigo de volta. Todos já haviam perdido esperança, e após a última falha tentativa, o aparelho fora desligado, provavelmente da tomada.

“O quê? O QUE É ISSO?!” – ele grita. – “Por que desligaram?!”

“KyungSoo...” – MinSeok disse se aproximando, mas o outro se afastou.

“Como podem desistir? Como podem deixá-lo morrer?”

“Mas ele já está morto.” – YiFan responde com frieza, mas ao mesmo tempo com pena no tom de voz. KyungSoo vai à direção do chinês, e antes que pudesse esmurrá-lo, JongIn puxa o ar com toda força que resgatara, e volta à vida, literalmente.

   Todos agora olham para o rapaz. Suho, o mais desesperado, quase se joga em cima dele.

“JongIn? JongIn? Você está vivo!” – Suho grita.

“Não a deixe fugir, não, ela está escapando... fogo, fogo!” – JongIn grita coisas sem nexo em meio às tosses, e Suho o segura para acalmá-lo.

“Está tudo bem, JongIn, está tudo bem. Vamos, olhe pra mim! Está tudo bem, estamos aqui, você está seguro.” – em seguida, JongIn o olha assustado.

“Não, não estamos, você sabe que não estamos seguros em lugar nenhum.” – JongIn responde com uma calma repentina, para depois voltar a tossir e gemer ao mesmo tempo. Um de seus dedos indicadores está inchado e quebrado e o corte que por sorte não atingira seu olho precisaria de pontos.

“O que você quer dizer?”

“Ela escapou, Isabella escapou!”

“Todas escaparam, JongIn, e há mais feridos” – Suho responde, alertando o outro. JongIn não responde, mas apesar de sua respiração ter melhorado, o desespero ainda era visível, e o sangue do seu corte profundo acima do olho continuava a escorrer, agora quente. – “Vamos lhe tratar; tratar os outros, e depois você me conta exatamente o que ela lhe disse, ok?” – JongIn não responde novamente, mas relaxa os músculos e deita sua cabeça na mesa, finalmente calmo.

 

x x x 

 

      BaekHyun gritava como nunca. Sua voz soava cada vez mais rouca, mas ele não se poupava.

“Merda, BaekHyun! Cale a boca e me deixe te ajudar! – Yixing grita ao se revoltar com o coreano. – “Eu já te forneci essa toalha para morder, e você não a usa pra nada!”

   Em seguida, BaekHyun segura as extremidades da toalha e encara Yixing com perversidade, e grita com toda força que pode enquanto rasga a toalha em dois.

“Me conserte!” – ele rosna para o chinês. – “Ou eu mato você junto com aquelas vacas!”

   Yixing não responde, apenas olha para o outro com um olhar repreensivo, e extremamente irritado, mas com toda a misericórdia que tem, começa a costurar o ferimento de BaekHyun.

“Para além de ter pego meu arco, ela utilizou a flecha que eu forjei para me ferir. Elas apenas vieram aqui para arruinar nossas vidas.” – BaekHyun diz cínico.

“Ou talvez você devesse lembrar que quem as encarcerou aqui fomos nós, e elas têm todo o direito de nos ferir como ferimos à elas.” – Yixing responde com calma e sem olhar para o outro.

“Talvez.” – BaekHyun responde. – “E, é claro, se encontrarmos elas, não vou resistir foder Saori até o coro antes de matá-la.”

“Você é louco, e mau.” – o outro diz quando finaliza a costura.

“Não, Yixing.” – BaekHyun responde, já não mais pálido e com um sorriso no rosto. – “Você que é inocente demais.”

   Yixing se levanta bruscamente com um olhar sério e bravo e BaekHyun ri.

“Te chateei?” – o coreano pergunta.

“Na verdade, sim. Você não era assim, BaekHyun. Há três anos atrás eu via graça em você. Depois você ficou louco e eu tive que lhe aguentar. Há uma semana, eu já não suporto mais.” – Yixing responde com raiva. – “Você ficou cínico e não parece mais que tem coração.”

 “Nunca parou para pensar que talvez eu nunca tivesse? Ninguém muda, Yixing. Todos somos maus. A natureza verdadeira das pessoas apenas espera para um momento de desespero, como esse, para aparecer.” – BaekHyun diz com calma e uma tranquilidade de outro mundo.

“Então por que eu não estou assim também?” – Yixing pergunta e o outro respira fundo antes de responder.

“Acredite, você não está tão desesperado quanto eu.”

 

x x x 

 

   O monstro rastejava de forma que nem mesmo omitia sons. Ninguém saberia por onde ele andava caso não tivesse os olhos nele. De princípio, ele não encarou Maria até chegar muito perto do teto e ter um relance perfeito de como ela estava: na beira da piscina, e suas amigas sendo afogadas pela ‘água reluzente’.

“Meninas...” – ela tenta dizer. Mas Isabella e Saori estão encurraladas, indo cada vez mais ao fundo da piscina.

   Elas sentem como se algo estivesse as puxando freneticamente, e agora, mais desesperadas do que nunca, o ar de seus pulmões está lentamente sendo substituído por água. Elas tinham de fazer alguma coisa, antes que morressem ali mesmo.

   Minhas flechas, Saori tenta gritar – impossivelmente –, observando suas flechas se deslocando da aljava e lentamente flutuando na superfície, até se deparar com seu arco fazendo o mesmo. Mas as duas já se sentem suficientemente sufocadas, e não aguentariam por tanto tempo. Isabella tateia o peito na esperança de sentir seu colar, e ao não sentir nada, se desespera vendo-o flutuar junto com as várias flechas de Saori. As duas se encaram, e com o minuto que as resta, elas tentam descobrir o que fazer e fazê-lo a tempo.

   O monstro agora encara Maria com frieza e, vendo que não tem resposta, ela opta por já se preparar para um contra-ataque. Quando vê o monstro novamente descendo as paredes. Ainda com os olhos nele, ela começa a correr. O local é realmente grande e a piscina ocupa a maior parte. Não é possível que um colégio tão antigo tenha todo esse porte de colégio atual, com arquibancadas e trampolins altos demais. Ela dá a volta pela piscina e agora ele está no chão, há dez metros de distância. Faz a posição de ataque, mas não tem a menor ideia de como lutar com um monstro enorme daqueles. Ela podia ser a mais alta, mas isso não a beneficiava em momentos como esse. Maria nota as flechas de Saori flutuando, e o colar de Isabella é apenas um ônus. Ela sente suas pernas bambas ao cogitar o que poderia tê-las acontecido.

   Mas elas estão observando a piscina. É claro que nadar de volta pra cima não daria em nada, já que a água as arrastaria para o fundo novamente, e Isabella nem sequer sabia nadar. A cena mais bonita foi quando elas perceberam uma ‘falha’: um tampa ralo. Haveria mesmo uma forma de esvaziar essa piscina marota por completo? Elas se entreolharam e assentiram, pois poderia mesmo ser a única maneira. De todo modo, com a água sendo sugada, ou elas seriam sugadas também ou... é isso. Elas seriam sugadas. A menos que Isabella conseguisse pegar seu colar a tempo, e impedisse tal fato de acontecer, incluindo evitar que as flechas de Saori fossem sugadas e/ou as matassem. E como todas as outras vezes em que as opções tornaram as consequências ambíguas, elas pensam: ou morrem afogadas, ou morrem tentando sair dali, sendo sugadas pela água. Se Isabella conseguisse fazer alguma coisa como havia feito antes, ou as duas conseguissem no mínimo se segurar, não haveria problema e elas sobreviveriam.

    O monstro começa a andar para trás como se estivesse tentando pegar impulso, e Maria já previa seus movimentos.

“Ah não...” – ele aumenta o passo e Maria faz o mesmo, mas para o lado oposto.

   Em segundos o estrondo da queda do monstro no local onde ela estivera pôde ser ouvido, e ela corria demasiadamente para o outro lado. Ela não deveria fugir, mas lutar com algo assim sozinha certamente não funcionaria, ainda mais sem saber qual o ponto fraco do inimigo.

   Ele parecia irritado, e começa a correr na direção dela. Ele se aproxima com passos largos, e ela decide deixar um golpe para depois. Ao perceber que ele a atropelaria, ela rapidamente se atira no chão ficando de bruços, e o monstro passa por cima dela com todo o impulso. Ele quase bate na parede, mas se vira a tempo, e novamente a observa. Ela se levanta de imediato, segurando sua espada. Parece que ele dá tempo para que ela corresse, mas ela decide ficar ali, encarando-o de volta, esperando seu retorno. Jogar uma mera kunai não daria certo, e as probabilidades de ela acertar a espada no coração do monstro eram incertas. Ela deveria subir nele, como no modo antigo.

   O monstro, percebendo a coragem de Maria, pega impulso outra vez e agora, aos poucos, acelera o passo na direção dela. Ela se prepara em forma de ataque para a chegada do inimigo, com a lâmina apontada para ele. Perto demais, ela começa a correr contra o monstro, e quando a boca aberta dele está a apenas um metro de distância, ela crava a espada contra o chão, e literalmente como num salto com vara, ela tira os pés do chão pegando o impulso e pula por cima dele. Ela conseguiu levar a espada junto consigo, e enquanto ele continua a corrida, ela está praticamente fazendo rotações no ar, mas ao ver o tronco dele, ela se prepara e, a tempo, consegue segurar a ponta da cauda, e se segura ali. Se ele não tivesse dado um pulo aleatório, ela teria batido de cara no chão. Mas aos poucos ela consegue se estabelecer e ‘escala’ o monstro, rapidamente chegando ao pescoço. Maria gostaria muito de poder parar o tempo e digerir o que acabou de fazer, e como suas habilidades chegaram a esse ponto. Ela não era uma pessoa flexível, e muito menos tinha facilidade para coisas assim. Mas era evidente que algo mudou, e agora ela devia continuar.

   Ao sentir a presença de Maria em si, ele fica louco e uns sons estridentes saem de sua boca. Ele começa a se debater por todos os lados e a pular freneticamente, querendo soltá-la de si. Ela grita já sentindo seus braços doloridos com a força que faz para não se soltar, e com o impacto causado pelo inimigo. Ela quase deixa a espada escapar de sua mão, mas no exato momento, ela a crava nele para ver o efeito que o causaria. Ele apenas grita mais alto e fica parado por alguns instantes, se remoendo com a dor. É claro que, com isso, ele se irritaria mil vezes mais. Ele faz um movimento brusco com o corpo, com intenção de fazê-la finalmente se soltar, e é isso que acontece. Ela cai com muita força no chão, causando-a espasmos e dores fortes pelo corpo todo. A espada escorrega de suas mãos, e sua visão fica turva. Ela bateu forte com a cabeça, e levaria uns minutos até que a concussão passasse. Maria se vira de lado e vomita mesmo que não tivesse nada no estômago, as vertigens tomando conta de si, e seu óculos plenamente quebrado já se encontrava longe de onde ela estava.

   Realmente não o mataria sozinha. Não com ele extremamente irritado daquela forma.

   Enquanto isso, as outras duas encurraladas na piscina, já começaram há um tempo o processo de alcançar a tampa do ralo. Saori se segura na escada da piscina pra quando tudo começasse a acontecer. A pressão ainda estava forte, e elas já estavam demasiadamente tontas, mas ainda conscientes. Chegando, Isabella tenta descobrir o ralo segurando uma corrente grossa ligada à tampa. Aos poucos foi escapando, e elas já podiam sentir a água as empurrando. Deveriam ser rápidas, mas bem provavelmente morreriam ali. Não daria tempo o suficiente de o colar alcançar as mãos de Isabella e de ela fazer alguma coisa, e se a pressão da água já estava forte assim.

   Mas não custa tentar. O impossível já aconteceu tantas vezes desde que chegaram ali, que passar por isso não seria um grande problema. Isabella destampa o ralo, e Saori segura firme. Ambas se desesperam quando a alemã começa a ir à direção do ralo, e Saori sente estalos vindos do seu ombro. Não havia forma de se segurar ali, pois viria a perder os braços. Mas antes de Isabella chegar ao ralo, ela novamente tateia seu peito. Dessa vez, não esperava nenhum colar. Na verdade, sentia uma dor imensa em seu pulmão, e não aguentaria ficar mais um segundo naquela piscina. Mas de repente ela sente algo no seu pescoço, e tateia seu peito novamente. Seu colar voltara, assim, simplesmente aparecera ali como num passe de mágica.

   Vendo Saori sendo desprendida da escada e revirando os olhos, e as flechas indo na direção das duas, Isabella faz um movimento impulsivo com as mãos, como se estivesse empurrando a água, como se fizesse a mesma mudar de direção. Ela não pensava que isso iria ajudar em alguma coisa, mas seu corpo faria qualquer coisa para se proteger, é claro, até aquilo que fosse mais inútil. A pressão que antes empurrava a água para o ralo e as meninas para baixo, agora mudou, repentinamente. A água começou a ser sugada para... cima? Ela literalmente subia e ia em direção ao teto do ginásio, deixando todos os objetos dentro da piscina para trás. As flechas caíram no chão duro da piscina e, por sorte, nenhuma atingiu as meninas, ou era o que achava. Saori estava jogada no chão, inconsciente, mas esse não era o pior. De longe via-se a poça de sangue, já incrivelmente grande ao redor da menina, e parecia vir do rosto dela. Isabella cuspia e vomitava toda a água para fora de seus pulmões, e começou a correr com alguns tropeços.

“Saori...” – ela tenta dizer, e mais água sai de seus pulmões.

   Quando chega, ela fica de joelhos e vê o real estado da menina. A cena era talvez a coisa mais horrível que Isabella já vira, não se comparando nada àqueles filmes de terror que já a atormentaram. Aquilo a atormentaria bem mais, ela pensa. Saori estava sem o olho esquerdo, e com o outro fechado provando sua inconsciência. Isabella se desespera e sua respiração ofega, enquanto ela olha pro lado e se depara com algo que não vira antes: uma flecha e... um olho. De Saori. Ela grita.

   Não sabia o que fazer, e nem se Saori estava inconsciente por causa do afogamento ou da falta de um olho. Ela não queria piorar as coisas, mas devia fazer algo. Não poderia deixar assim. Nunca fizera o processo de boca a boca, mas não deixaria Saori morrer. Ela pega o rosto da japonesa e abre a boca da mesma, soprando. Logo, ela começa a fazer força com as mãos contra o peito de Saori, ‘revivendo-a’. Mais uma vez o processo, e mais uma vez, e ela não acordava. Talvez, Isabella pensa, isso fosse a única coisa a se esperar.

   Nesse meio tempo, o monstro encarava a água no teto com medo. Não da água, mas do que havia acontecido. Decepção. A raiva anterior agora se tornou uma fúria incontrolável. Maria ainda estava deitada, tentando recobrar sua consciência. Quando ela abre os olhos e vê a água contra o teto, ela sorri. Elas estão vivas, pensa.

   Isabella sente sua visão embaçada pelas lágrimas, e sua expressão de choro e as fungadas já se faziam presentes. Ela se culpava por tudo isso, afinal, fora ela quem incentivara as outras a entrar naquele lugar, e ela quem fora lenta demais para ajudar Saori.

“Por favor...” – ela diz num sussurro em meio a um choro deprimente, quase sem voz. – “Por favor, não morra...”

   Então, de forma desesperada, ela volta a tentar ressuscitá-la, com pressa. De novo, de novo e de novo. Mas nada. Isabella não contem o choro alto, e deita no peito parado de Saori.

“Isso não pode ficar assim!” – ela grita e o som soa abafado. – “Volte!”

   Ela segura seu colar, sentindo-se perdida, talvez esperando alguma coisa. Sua mão envolta dele começa a esquentar, e como se fosse por ela, o peito de Saori sobe. Isabella se assusta e rapidamente tira a cabeça dali e põe a encarar a outra, que agora começava desesperadamente a tossir a água, sem parar. A alemã não sabe se ri ou chora mais, ou se apenas fica quieta. Mas depois de Saori terminar de tossir, vem a parte ruim. Ela começa a gritar de agonia e coloca a mão no rosto.

“Ahhhhhh! Socorro, alguém me ajude, por favor!” – ela grita rouca e desesperadamente esperando por alguém fazer a dor parar. Isabella, sem saber o que fazer, rasga um pedaço de sua blusa por baixo de seu casaco.

“Me deixe colocar isso em você!” – ela diz, tentando segurar Saori para conseguir fazer o trabalho. Saori fica parada e Isabella consegue enrolar o pedaço inteiro na cabeça da outra, como um tapa-olho. Em seguida, começa o processo de consolação, enquanto Saori pede por ajuda novamente.

“Eu. Eu vou te ajudar.” – Isabella diz séria, enquanto se esforça para segurar Saori em seus braços de novo.

“Por favor, faça parar...” – Saori diz.

   Isabella a segura ainda mais forte, e a outra se acalma, mas continua com o choro mais silencioso. Isabella não se importa com o sangue em sua roupa molhada, ela apenas acaricia a cabeça de Saori, e espera que algum milagre aconteça novamente e tire ela de seu sofrimento.

    As duas ouvem um grito desfigurado do monstro lá de cima, que nenhuma percebera até então. Nesse instante, Maria se levanta, com a consciência plenamente recobrada, e antes de mais nada ela procura seus óculos, mas ao perceber que eles já não fariam uso, ela se desespera. Em seguida, Maria encara o monstro, e se surpreende ao perceber que o enxergava tremendamente bem. Ela sorri. Afinal, ela pensa, alguma vantagem a situação deveria ter. Ela corre a tempo de pegar a espada e já sabe o que fazer. Ele ainda estava vivo, e ela já chegou à conclusão de que ele não deve ter um coração. Mas ele é uma serpente dragão sem asas, o que mais seria de valor para ele? É isso, pensa. Sua língua.

   Ela devia ao menos tentar.

   Primeiro ela corre em direção à piscina para ver como estão as garotas, e percebe que as duas estão lá no fundo, mas Isabella tem Saori nos braços, e há uma poça imensa de sangue. Ela se desespera por um momento, mas lembra-se do que tem que fazer primeiro quando Isabella olha na direção dela e acena com a cabeça. Novamente, o inimigo encara Maria. Ela precisaria pensar em uma maneira de cortar a língua dele. Antes de correr, ela observa o local, e lembra-se do trampolim, mas precisaria de uma distração até chegar lá.

“Maria!” – Isabella grita – “Vá! Eu acho uma maneira de distraí-lo!” – logo após, ela solta Saori com cuidado. – “Fique aqui, ok? Eu já volto. Nada vai te acontecer.”

   Isabella corre e pega uma das flechas no chão, em seguida jogando-a com todas as forças no monstro.

“Ei!” – ela grita – “Vem, monstro!” – e ouve o som estridente do animal. Ele ia à direção dela, e se ela corresse ele pegaria Saori.

   Então, ela apenas olha para a imensa quantidade de água ainda no teto, e como se fosse a coisa mais fácil do mundo ela movimenta a água na direção do monstro. Ele se assusta e fica desnorteado, enquanto ela, apenas utilizando suas mãos, faz com que a água empurre-o numa das paredes, formando um constante ciclo para forçá-lo a ficar ali.

   Mas Maria já havia chegado ao trampolim, e como se já soubesse, Isabella para o que estava fazendo, levando as mãos acima da cabeça instruindo a água a voltar onde estava: no teto, e depois corre na direção de Saori, e se joga em cima da mesma, ‘protegendo-a’.

“Isa, mas o que-“ – Saori pergunta sem entender.

   No momento em que ele começa a se mover, Maria corre e pula do trampolim, e ele expõe a língua. Maria consegue rapidamente cortá-la no momento em que passa por ela. Por um milagre, ela conseguiu se estabelecer quando tocou o chão, caindo preparada. Isso traria câimbras, ela pensa.

  Seria uma pena se a língua caísse em cima dela também.

“Merda.” – ela diz. O monstro dá um último grito antes de se sentir fraco e se jogar no chão, sem vida.

 

x x x 

 

   Maria rapidamente tira a língua de cima de si, e vai à direção das duas ainda sentadas no chão da piscina.

“Vocês estão bem?!” – ela começa demonstrando preocupação enquanto encarava a poça de sangue – “O que acontece-“ – ela é interrompida pelo próprio susto, colocando rapidamente uma das mãos na boca em choque. Isabella havia se afastado de Saori, e a mesma continuava com a mão no rosto, ainda que o ‘ferimento’ estivesse coberto. Maria olha para o lado, se deparando com a flecha e o olho. Ela deixa a espada cair no chão colocando a outra mão sobre aquela que já estava na boca, e vira o rosto para não observar a cena. – “Isso é horrível...” – ela diz baixinho, quase sem voz.

   Era evidente que Saori havia parado de chorar, mas ainda assim permanecia desnorteada. A dor aguda ainda lhe cobria todo o rosto, e ela sabia que no momento não havia nada que poderia fazê-la parar. Ela nem sequer sentira o que Isabella havia feito com a água e, de certa forma, nada lhe fazia mais diferença. Era como se isso tivesse sido um basta, e ela não queria mais fazer parte. Se dependesse de Saori, ela ficaria ali pelo resto de sua vida, parada, esperando a morte chegar – o que ela desconfiava, não demoraria muito.

 “Saori, deixe-me ver.” – Isabella diz com suavidade na voz enquanto coloca as suas mãos sobre as de Saori, esperando por fim a permissão da outra para que pudessedescobrir o rosto da menina.

   Ela acaba cedendo, e aos poucos se vai vendo melhor o estado em que Saori se encontra. O tecido na parte do olho estava completamente ensanguentado, mas mesmo assim o sangue ainda escorria em gotas pela face. Ela perdera talvez cerca de um litro a essa altura, e provavelmente estava fraca demais para continuar. Isabella faz uma expressão dolorosa e morde o lábio inferior, em seguida olhando para Maria com receio. A mesma ainda se encontrava virada, recusando-se olhar para a cena.

“Não consigo...” – a ruiva diz.

“Está coberto, eu pus um tecido sobre...” – Isabella não sabe bem como completar a sentença e desiste, tendo uma ideia. – “Eu preciso de pelo menos um pedaço de tecido de cada uma de vocês. O fluxo está muito forte, e precisamos parar o sangramento. Maria, você não precisa ver se não quiser.”

   Maria, ainda sem olhar, tira as mãos da boca e começa o processo de rasgar um pedaço de sua camisa de algodão que algum dia fora branca. Depois de tirar o máximo que era aceitável, ela fecha os olhos e entrega à Isabella. Quando Saori fora fazer esse mesmo processo, Isabella a impede.

“Eu faço.” – ela diz, logo em seguida arrancando um pedaço do vestido de Saori que já se encontrava bem mais acima dos joelhos devido aos rasgos anteriores. Isabella arranca mais um de sua própria blusa, depois começando a juntar os pedaços formando um emaranhado grosso de tecidos sujos. Um pouco floreado, um pouco branco na medida do possível e preto.

   A pior parte era encarar diretamente a órbita ocular vazia e ensanguentada de Saori. A pálpebra estava inchada como o resto do rosto, e semicerrada, deixando apenas uma parte da órbita à mostra. Rapidamente ela faz o processo de enrolar os tecidos envolta da cabeça de Saori diagonalmente, formando um tapa-olho.

   Um minuto de silêncio se seguiu com elas no mesmo lugar, sem reação. Era preciso, pensaram. Muito havia acontecido, e por mais que nem todas tivessem perdido tudo, estavam surpresas demais. Era como se, de um mundo normal e medíocre, elas estivessem se transportado para um mundo surreal, um lugar onde tudo que desacreditavam provava ser possível. Aqueles monstros, e a história na qual estavam envolvidas, não pareciam se desenrolar, e elas literalmente não chegavam a lugar algum. Isso estava as deixando loucas, e tendo noção de que ainda havia um exército de soldados de pedra lá fora, elas lutariam sem alguma emoção. Ou talvez, sem a mesma necessidade de viver anterior.

“Nós vamos ficar aqui para sempre, ou...?” – Maria diz enquanto se vira na direção das outras duas, ainda sentadas no chão.

“Você nem consegue olhar para mim.” – Saori diz para Maria, o tecido cobrindo o olho já manchado pelo sangue.

“Estou olhando.” – a outra responde determinada em manter um contato visual com Saori. Depois de três segundos, ela respira fundo e olha para outra coisa. – “Não podemos ficar aqui para sempre.”

“Então, vamos. Não temos muito a perder a essa altura.” – Isabella se manifesta enquanto começa a se levantar com dificuldade. Ao ficar em pé, é inevitável que ela encare o teto, com a água parada lá em cima, como se realmente houvesse um vidro impedindo-a de cair. As outras duas fazem o mesmo.

“Como isso aconteceu?” – Maria pergunta estupefata, lembrando-se de ter confirmado a vida das duas ao perceber a água no teto. – “Eu lutava com um monstro” – ela para e encara o monstro ainda sem vida atrás delas –“e vocês faziam a água voar?”

“Eu não fiz nada. Foi a Isa.” – Saori diz enquanto Isabella ajuda-a se levantar. As três estão em pé, ainda olhando pra cima.

“Ah...” – a alemã diz demonstrando aborrecimento. – “Não sei como fiz isso, de novo. Apenas precisava fazer alguma coisa, e foi o que deu na telha. Acho que, enquanto vocês lutam para caralho, eu tenho uma espécie de poder sobrenatural.” – as três se observam enquanto tentam digerir a última frase. Isabella coloca as mãos na cabeça em desespero. – “Deus! Eu nunca disse algo tão escroto!”

“E o pior de tudo: é verdade.” – Maria completa.

“Se isso realmente fosse ruim, o que seria bom? Se não fosse por essas nossas habilidades estranhas, já estaríamos mortas.” – Saori diz.

   Faz sentido, pensam. Maria nunca fora tão boa com espadas, e essas não eram o único treinamento que recebia, mas agora, é nisso que era boa. Saori não usava arco com frequência, geralmente tramava outras coisas, ainda assim, havia escolhido essa arma na hora de fugir, e como num passe de mágica, ela podia lutar com esse instrumento de caça. Isabella esperava acertar algum tiro, mas tudo que estava ao seu favor era sua mente. Se elas não tivessem essa capacidade, talvez – ou mais que certo – estariam mortas.

“Em compensação, é bem provável que essa seja a causa de toda essa confusão. Estamos aqui porque sabemos alguma coisa, ou somos alguma coisa, principalmente para aqueles meninos. Então...” – Isabella é interrompida por Saori.

“Podemos não falar sobre isso agora?” – ela respira fundo. – “Acho que isso já não importa mais, certo? Afinal, não é como se pudéssemos mudar isso tudo. Vamos apenas sair daqui ou morrer tentando, e acabar logo com isso.”

   Então, já sabendo o que deveriam fazer, elas se preparam para sair da piscina, e Maria é a primeira a subir a escadinha.

“Droga, minhas flechas...” – Saori xinga ao ver as flechas e o arco ainda jogados.

“Eu pego! Não se preocupem, já podem dar um jeito de sair! Isso vai demorar de todo jeito...” – Isabella corre e começa a apanhar as flechas aos poucos, e não leva muito para que todas estivessem fora da piscina e Saori com suas armas.

“E agora?” – Isabella pergunta.

“Vamos descobrir se os soldados ainda estão lá, e precisamos de um plano.” – Maria responde. – “Aliás, não me perguntem sobre meus óculos. Um milagre aconteceu e acredito que não irei mais precisar deles.”

“Mas como?” – Isabella pergunta mais uma vez.

“Vou saber? Apenas ignorem. Vamos continuar.”

   As três agora se preparavam ao máximo para quando fossem abrir a porta. Primeiro Isabella abriria de fininho. Elas tirariam a escada com muito cuidado, e ela só teria um relance. Ela abre a porta com cautela, sem que houvesse algum barulho. Alguns centímetros aberta, Isabella dá uma olhada e eles estavam lá. O único problema é que, na verdade, o que antes eram soldados em ‘pouco a pouco’, agora era um aglomerado. Isabella fecha a porta novamente com cautela, e se põe a olhar para as meninas.

“E então?” – pergunta Maria.

“Tem um mutirão de soldados chineses de pedra lá fora.” – as outras duas ficam estáticas.

“O que faremos?” – Saori pergunta – “Eles vão nos perseguir até sairmos daqui!”

“Se esse é o caso, então precisamos de... uma distração. Algo que os tire da nossa cola.” – sugere Maria.

“Tipo?” – Saori continua – “Eles estão mesmo atrás de nós. Provavelmente nada vai os distrair.”

“Mas se eles estão atrás de nós, então uma de nós pode os distrair. Enquanto as outras duas acham uma maneira de escapar!”

“Quem seria?”

  Todas se entreolham. No final, Saori e Maria param os olhares em Isabella. Esta respira fundo.

“Se vocês insistem...” – a escolhida responde.

 “Isa.” – diz Maria.

“Sim?”

“A água vai ficar daquele jeito?” – todas olham para o teto.

“Hmm...” – Isabella murmura, e sem querer ‘deixa a água cair’, e esta cai com tudo na piscina, respingando nelas. Saori e Isabella estavam molhadas de todo modo, mas Maria...

“Isa, você...” – ela quase a xinga. – “Esquece.”

   O plano seria: Isabella sairia primeiro e os levaria para o outro lado de forma que não a matassem. Nisso, as outras duas iriam entrar na escola novamente. A missão de Isabella era distraí-los constantemente. De todo modo, elas já chegaram à conclusão de que toda vez que entrassem em um local onde havia outros tipos de monstros, os soldados as deixariam até que elas saíssem. Isabella arranjaria uma forma de se esconder, até que, por ventura, todas as três finalmente se encontrassem. Não estavam com paciência para formular um plano decente, ainda mais quando não se importavam tanto com os resultados.

   Por agora, as duas ficariam atrás da porta. Isabella entreabre-a silenciosamente, saindo dali e fechando-a de novo. No momento em que a fecha mesmo sem um ruído, todos os soldados a encaram. Ela se vira, com calma, e os encara de volta. Respira fundo.

“Será que vocês entendem o que eu digo?” – logo, eles fazem a posição de ataque. – “Não? Ok.”

   Isabella sai correndo com tudo que tem. Provavelmente, teria que dar a volta no colégio inteiro. Ela viu o que parecia ser uma pequena casa, mas de fato era uma sala de aula lá fora, do outro lado. Isso daria uns bons metros de corrida. As lanças já estão caindo na direção dela, e ela os ouve marchando. Em uma circunstância onde ela seria normal, as lanças já a teriam atingido. Então pensou nas lanças desviando, e elas nunca chegaram perto demais de Isabella. Ainda assim, os soldados pareciam mais rápidos. Ela poderia fazer algo melhor que isso, mas precisaria pensar, e isso tomaria tempo até eles a alcançarem.

   Ela continua com os passos acelerados, já sentindo uma gota de suor na testa. Corria ainda mais rápido do que antes, já que o caminho era longo. Ela estava quase lá. Rezava para que a porta se abrisse e, por sorte, no momento em que girou a maçaneta, conseguiu entrar na sala e a fechou logo em seguida. O único problema é que, deveria novamente dar a volta, pois os soldados estariam logo ali na sala. É claro, caso não houvesse um monstro ali dentro.

   O estranho foi que ela já não ouvia o som da marcha, e o clima da sala havia esfriado demais. Ela até mesmo podia ver a fumacinha do frio saindo da sua boca quando respirava. Isabella olha em volta da sala e percebe que é bem maior do que aparenta. Também havia várias mesas redondas e minúsculas, com cadeiras de porte para crianças. O local tinha vários desenhos mal feitos e o quadro negro estava arranhado.

   Essa era a sala do primário.


Notas Finais


O OLHO DA SAORI, NINGUÉM SAI!!!!!!!!!!!! DSAKÇLSKADÇLDASLK ai, admito que fiquei com uma peninha... MASS, pelo menos o Kim JongIn está vivo, né? DSKÇLSLKÇDASK e como será que isso aconteceu? Poxa, as chances de uma pessoa ressuscitar num caso desses, inclusive o da Saori, são praticamente nulas! Como isso foi possível? Suposições, kd vcs;;;;; ASDKLDSÇAKLSKKDLS aliás, GRANDE MARIA, EIN? DASKÇLDASKÇLAD aquele golpe do salto foi lacrante! E a Isa fazendo a água voar? Sem sombra de dúvidas, elas não são normais!
DE TODO MODO, quero a opinião de vocês!!! Espero que tenham gostado...

Annyeong <3 <3


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