Minha mão direita segurava firmemente a alça do pequeno bule de chá, o virando, e assim despejando todo o líquido amarelo quase transparente em minha xícara. O aroma da camomila junto ao hortelã era inalado pelas minhas narinas, levando o cheiro delicioso até meus pulmões; meus olhos vagaram a parede branca à minha frente e pararam sobre o relógio que marcava 01h16.
Jimin até agora não havia chegado, e eu sabia o motivo, pois ele está com ela, a sua amante. Ele pode até achar que eu não sei de seu caso com aquela vadia, mas ele está tão errado... Ah, e como! Mas meus caros, eu não deixarei barato, não mesmo.
Ele é tão baixo que, ao invés de acabar com o nosso casamento de uma vez por todas, ele gosta de estar comigo e com ela. Dois anos de casados e a fidelidade é apenas de minha parte, já que de ambas foi até um certo tempo. Não o traio também porque não quero ser baixa como ele, que além de me trair, sua amante é esposa de seu companheiro de trabalho e amigo: Jeon Jungkook.
Ah, Jimin, ela é tão baixa quanto você, mas meu querido, eu irei te fazer pagar por todas minhas lágrimas derramadas quando eu era uma simples trouxa. Agora as coisas mudaram, e eu faço questão de acabar com o joguinho de vocês dois. Firmei os lábios e soprei levemente a pequena fumaça que saía de minha xícara, a levei até meus lábios e pude degustar do sabor maravilhoso, não muito doce, certamente no ponto.
Dei curtos passos até a grande pia e coloquei minha xícara, que até poucos minutos atrás estava cheia; uma de minhas mãos foi até o registro e o afrouxou, não tardando a sair água e em seguida colocando o pires com minha xícara sob o líquido que caía.
Alcancei o pano de prato e, após secar o que eu havia acabado de lavar, voltei para o meu quarto e me acomodei entre os lençóis de seda que cobriam toda a cama. O barulho de chaves e da porta da sala sendo destrancada e em seguida sendo trancada novamente era presente. Senti passos curtos e silenciosos dados por ele, que não tardou a passar pela porta do nosso quarto. Ele era silencioso em seus movimentos.
Abri meus olhos de fininho e pude observar seu estado: cabelo todo alvoroçado, seus lábios cheinhos estavam marcados e mais vermelhos do que o normal, seu pescoço era visível e pude observar chupões, sua camisa era marcada por um batom vermelho que, com toda a certeza, nunca foi meu.
A ponta da cama foi afundada por ele, onde estava tirando seus sapatos e em seguida colocando-os embaixo da cama.
Meu olhar o seguiu até o banheiro, onde o mesmo entrou. Não demorou muito e meu celular vibrou, observei e ignorei as notificações, exceto uma que eu já sabia muito bem de quem era. Abri-a e pelo horário, foi recebida agora mesmo. As fotos carregaram rapidamente e não deixei de vê-las.
Elas eram basicamente beijos e amassos entre eles dois. Receber aquelas fotos já era costume pra mim, e não me afetava mais como antes.
Bom, eu não amava mais Jimin como antes. Mas ele acha que eu ainda o amo, que eu acredito em suas desculpas de que estava no trabalho e por isso chegou tarde...
O som da água caindo e se chocando no chão parou e a porta foi aberta. Apenas a toalha cobria seu quadril, deixando seu abdômen e músculos à mostra, e em sua mão havia outra toalha com a qual ele secava seus fios castanhos.
— Está acordada há quanto tempo? — A rouquidão estava em sua voz.
— Há alguns minutos. Chegou agora, certo?
— Sim, me perdoe. Eu tive que cobrir Namjoon, ele teve que viajar de última hora. — Que cara de pau, mente na maior cara dura.
— Uhum.
— Querida, me desculpa, você sabe que eu estou falando a verdade. — Aproximou-se. — Eu estava doido para vir logo para casa ficar contigo.
— Tudo bem, vá se vestir. — Deu-me um selar rápido e, ao virar de costas, esfreguei meu pulso em meus lábios para tirar qualquer requisito. Nojo é o que eu sinto.
Deitei-me novamente e me aconcheguei entre os lençóis. Poucos minutos depois, o lado da cama foi afundando e ele se pôs debaixo dos lençóis, virou para o lado oposto, e depois já estava dormindo.
É incrível como ele age tão naturalmente.
Minhas pálpebras pesaram e em segundos fui pega pelo sono. Amanhã será outro dia.
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