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História Tropical Hysteria - Único;


Escrita por: Mothra

Notas do Autor


Recebi uns comentários tão lindos nas minhas fics de mirona que resolvi ressuscitar essa fic que eu tinha postado apenas no falecido nyah, e que é uma das minhas preferidas sobre eles.

Espero que gostem! <3

Capítulo 1 - Único;


Nas ruínas do antigo reino Shikkearu na ilha Kuraigana, vivia uma princesa e um espadachim.

Viviam juntos a mais de dois anos, e mesmo sendo livre para ir embora, ela voltou para o castelo. Perona tinha seguido viagem com Roronoa Zoro até o arquipélago Sabaody porque ele não tinha noção alguma de navegação, além de deter um péssimo senso de direção. Apesar de todas as possibilidades, ela retornou para a ilha, para o seu lar.

Uma de suas queixas quando voltou foi o fato de ter que trazer suprimentos para eles, o que tornou a estadia dela em Sabaody mais longa, e seu retorno para casa mais demorado. Quando propôs no jantar com Dracule Mihawk que eles usassem alguma área atrás do castelo para fazer uma horta, não imaginou que ele aceitaria a ideia de bom grado.

Ele até afirmou que era uma boa ideia.

Perona tinha certeza que era uma excelente ideia, uma vez que tinha vindo dela.

As preparações não tardaram, no dia seguinte o Shichibukai reuniu os humandrills que viviam nos arredores da floresta que cercava o castelo e delegou tarefas, juntando-se a eles ao limpar a área escolhida por Perona – que não participou do trabalho braçal, mas teve a compaixão de fazer lanches e levar refrescos para todos eles.

Com a convivência, os humandrills acostumaram-se com a presença da Princesa Fantasma e já não a viam como uma ameaça ou presença indesejada; eles copiavam o comportamento humano, então a reconheceram como reconheciam o espadachim - uma figura de autoridade. Os próximos dias se seguiram com todos se esforçando – à sua maneira – para retirar as ruínas e terraplanar o solo, deixando-o favorável para o cultivo. Mihawk saiu da ilha por alguns dias para comprar as sementes e quando ele voltou, os dois plantaram juntos; mesmo com a mulher de cabelos rosados reclamando de ter que tocar a terra com suas mãos tão alvas.

O Olhos de Falcão a ouviu reclamar por dias a respeito da terra que entrou em suas unhas.

xxx

Meses se passaram, e chegou a colheita. O Shichibukai acordou cedo e se juntou aos babuínos, Perona levantou horas mais tarde. Passou pela cozinha e a encontrou intocada, então tomou seu tempo em fazer onigiris recheados com as sobras do jantar da noite anterior. Ajeitou os bolinhos numa grande bandeja e antes de sair, passou por um dos cômodos onde guardavam as roupas de cama e pegou uma toalha de rosto preta e jogou sobre o próprio ombro.

– Que tal uma pausa? – sugeriu assim que os viu, quando saiu pela porta dos fundos do castelo.

Os humandrills que aravam a terra com suas enxadas abriram um sorriso ao vê-la, e principalmente o que ela carregava – comida.

– Oh, então a bela adormecida finalmente acordou. – a recepcionou com seu tom jocoso habitual.

– Bom dia para você também, Mihawk. – disse, com um timbre dócil forjado.

Odiava quando ele a tratava assim. Sempre que tentava fazer algo legal, ele agia daquele jeito. Ainda se perguntava a razão de se preocupar com aquele espadachim idiota, e prometia a si mesma que um dia o deixaria de joelhos se desculpando por sua existência patética - uma promessa que nunca cumpria, porque não era tola o suficiente para atacá-lo.

– Percebi que você não tomou café da manhã e como a pessoa generosa e solidária que sou, fiz onigiris para você. – os humandrills a encararam com um olhar perdido no rosto. – Para vocês também. Fiz o suficiente para todos.– espero, completou mentalmente.

Os lábios dele se curvaram num esgar.

– Preocupada comigo, garota fantasma?

– Cala a boca…

Estava pronta para virar o rosto e desviar o olhar, até ver que mesmo com um grande chapéu de palha, a pele dele estava avermelhada e o suor escorria por sua testa e laterais do rosto. Deixou a bandeja sobre o tronco cortado de uma árvore e andou até ele em passos apressados, e quando se aproximou, o homem se ergueu de uma vez.

– Há algo de errado com o meu rosto? – indagou.

Só então, ela percebeu que estava impedindo a passagem por estar parada encarando-o por instantes. Voltou a si ao vê-lo com uma cesta cheia de legumes recém colhidos e prontos para a lavagem.

– Seu rosto está todo vermelho. – disse, por fim. – E suado.

Ele a encarou com uma expressão desinteressada. Ela bufou em resposta, rolando os olhos. Pegou a toalha que tinha trazido consigo e ergueu-se ao máximo na ponta dos pés para alcançá-lo – ele era quase 40 centímetros mais alto que ela. Primeiro a encarou desconfiado, até que percebeu o que Perona pretendia. Estava com ambas as mãos ocupadas, impossibilitado de impedi-la de fazer o quê quer que fosse. Inclinou-se para baixo, levando o rosto de encontro às mãos dela.

Uma das mãos o tocou em pele no rosto, pela primeira vez.

Podia ter reclamado do suor. Devia reclamar do suor, mas não disse nada. 

Se entreolharam. Ambos sustentaram o olhar, enquanto Perona via-se hipnotizada pelas orbes douradas, refém delas. Mihawk era igualmente atraído pela imensidão escura dos olhos negros da garota fantasma. Percebeu as pequenas olheiras que se formavam abaixo deles, consequência da noite anterior dos dois, que após o jantar dirigiram-se para a biblioteca para lerem juntos, embora ela estivesse deitada no sofá e ele sentado em sua poltrona predileta. Ela adormeceu com o livro sobre o peito e ele a tomou nos braços com cautela e subiu as escadas até o andar dela com a graciosidade de um felino, até deixá-la em sua cama de dossel, em seu quarto de princesa.

Quase roubou-lhe um beijo antes de sair, mas se conteve. Queria que ela estivesse acordada quando se atrever a beijá-la pela primeira vez. Sentia a mesma vontade imperiosa da noite passada em tomar os lábios delas com os seus, mas tinham uma platéia nada convencional. Os dois eram o centro das atenções dos babuínos que estavam ali, encarando-os. Estudando o comportamento dos dois. Aparentemente a tensão entre ambos era visível até para os humandrills.

– Seja breve… – a voz rouca não foi mais que um sussurro.

Como quem despertasse de um sonho, Perona suspirou ao sentir as bochechas esquentarem diante daquele timbre enrouquecido mais próximo do que ela tinha assimilado. Deslizou o tecido felpudo pelo rosto dele, secando e limpando o suor. O contato visual foi quebrado quando ele fechou os olhos e apreciou o gesto, embora não fosse admitir em voz alta. Quando terminou, a Princesa Fantasma pegou a toalha com ambas as mãos e a passou por cima do chapéu dele, colocando-a sobre seus ombros e então se afastou.

– P-Pronto. – disse, com a voz vacilante. – Quer que eu pegue protetor solar?

Analisou-a por segundos.

– Não é necessário. A não ser que seja para você, seu rosto está vermelho também.

Tocou as próprias bochechas, como se pudesse escondê-las.

– Não diga bobagens. A culpa é desse sol insuportável. – e sua, mas isso ela não expressaria. Arrumou o chapéu de palha decorado com uma coroa sobre a própria cabeça.

O vislumbre de um sorriso quase foi visto nos lábios de Dracule Mihawk, mas logo manteve aquela linha dura e isenta de emoções.

– Vamos comer. – anunciou, desviando-se dela ao deixar a cesta perto da parede do castelo.

Perona estava pronta para algum tipo de protesto quando se lembrou de algo. Sentou-se numa extremidade do sofá que obrigou os humandrills a trazer para fora, para apreciar o chá enquanto observava o homem vistoriar a pequena plantação todos os dias. O esperou lavar as mãos, e aproveitou para se aconchegar no estofado – só não ficou mais à vontade porque estava com uma saia relativamente curta.

– O que vamos fazer a respeito do Reverie? – inferiu, sem rodeios.

– Falaremos sobre isso mais tarde.

Ele usou aquele tom que ela conhecia bem, aquele de quem finaliza uma discussão – que ela não quis dar continuidade, embora estivesse curiosa sobre o que ele faria com aquela convocação para o Conselho Mundial. Não sabia como o Governo Mundial descobriu que aquela ilha voltou a ser habitada, e pensar nisso lhe causava calafrios. O fato é que Mihawk teria que comparecer ao Reverie como um dos reis, se ele atendesse ao chamado.

Somente quando ele sentou ao seu lado e pegou um dos bolinhos de arroz, Perona parou com os devaneios. Ela estendeu a mão e pegou um também, e então os humandrills se aproximaram e cada um dos que os ajudavam se serviram. Um deles trouxe o News Coo, que o Shichibukai começou a ler sem dar abertura para uma conversa – ela entendeu o recado, reunindo toda sua força de vontade ao se manter calada, o que era praticamente impossível. Falou de um assunto ou outro, sendo respondida com o balançar da cabeça dele, focado demais no jornal para lhe dar alguma atenção.

Bufou e desistiu, e então concentrou-se no seu café da manhã, tomando cuidado para não deixar o recheio do onigiri cair em sua camisa branca, ou na gravata preta e frouxa que adornava o colarinho. Quando se tratava da Princesa Fantasma, as vestes sempre estavam impecáveis, não importando o quão casual fosse a situação. Deixou-se distrair pela paisagem, pelas ruínas que os rodeavam, pela sombra que o castelo projetava sobre eles naquele horário da manhã. Bartholomew Kuma não errou em mandá-la para aquele lugar, embora ela ainda não entendesse a razão de ter parado ali.

Um lugar sombrio numa ilha longínqua, onde ela passaria seus dias cantando maldições.

E o mais importante: nunca mais estaria sozinha.

– Por que você está sorrindo como uma idiota? – a voz grave indagou.

O sorriso desmanchou-se nos lábios dela dando lugar para um beicinho infantil.

– Não é da sua conta. – endireitou-se no estofado, cruzando os braços.

– Que malcriada. – murmurou.

– Já disse que não gosto quando você me trata como uma criança. – reclamou, ainda de braços cruzados, beicinho e rosto virado para não encará-lo.

Perona era um ser tão paradoxal que ele tinha que se controlar para não rir da cara dela.

– Vou tratá-la assim sempre que agir como uma. – respondeu, dando a última mordida em seu quinto e último onigiri.

– Hmpf. – bufou, mantendo aquele biquinho de criança emburrada.

– A folga acabou, vamos.

Nem deu tempo de se queixar, quando Mihawk se levantou, os humandrills fizeram o mesmo, para segui-lo. Sabia que teria que se levantar também, o que era um incômodo – fora acometida por aquela preguicinha que se tem depois de comer alguma coisa. Deixou a preguiça de lado e foi atrás deles, tinha que ajudar de alguma forma, afinal, aquela horta era tão dela quanto do Olhos de Falcão.

Vestiu as luvas, pegou suas ferramentas de jardinagem e agachou-se do outro lado do canteiro onde ficavam as folhagens, ficando de frente para o homem. O Shichibukai estava centrado em sua função, mas as feições estavam relaxadas. Perona podia jurar que viu a sombra de um sorriso sincero nos lábios dele. Vê-lo engajado em outras atividades que não exigiam o manejo da espada o fazia parecer ser mais jovem. Naquele momento, a Princesa Fantasma se deu conta de que não sabia a idade dele. Moravam juntos há dois anos e ainda assim, sabia muito pouco sobre a vida alheia e de alguma forma, via-se mais interessada nele do que antes.

Queria conhecê-lo por completo. Sua história, sua origem, como se tornou o maior espadachim do mundo, por quê se tornou um Shichibukai e por quê escolheu essa ilha para fazer sua morada. Também queria compartilhar sua história, mesmo temendo que não soasse tão interessante para ele. Tinha mudado todo o seu guarda-roupa, adotando um estilo que combinava mais com a sua idade e também para se equiparar a ele em elegância e austeridade. Mas seu comportamento ainda era infantil em alguns aspectos, não podia culpá-lo por vê-la como uma criança.

Suspirou, os pensamentos lhe cansava mais do que a colheita.

Afastou os devaneios para focar no que fazia, a horta foi, durante algumas horas, o centro de sua atenção. Colheu legumes e verduras, sempre sendo ajudada por Mihawk ou um dos humandrills quando alguma raíz era difícil demais para ser puxada por ela. Seus fantasmas também lhe fizeram companhia, e ela cantou maldições durante todo o tempo – o espadachim se juntou a um dueto com ela quando passou para as canções de pirata, impressionando-a com a voz potente e agradável para o canto.

Levaram mais algum tempo ali, até que Mihawk anunciasse o fim das atividades – após alguns murmúrios da princesa chatinha que se queixava do cansaço extremo. Caminhavam lado a lado, enquanto ela carregava uma pequena cesta com alguns frutos da colheita, selecionados por ele, para serem usados no jantar daquela noite.

– Ah, Olhos de Falcão. – chamou a atenção dele, que a fitou. – Você nunca me disse a sua idade. Quantos anos você tem?

Ergueu uma das sobrancelhas, intrigado com a pergunta. Ao invés de dar uma resposta sucinta, preferiu instiga-la, aproveitando que estava de bom humor.

– Quantos anos você acha que eu tenho? – indagou, ansioso pelo tipo de resposta que ela daria.

A gótica ponderou enquanto andava em passos curtos ao lado dele. Daria uns 35 anos para o Shichibukai, nada mais do que isso. Era a idade máxima que sua aparência física demonstrava ter, embora ele fosse tão sábio – e rabugento – como um velho de 80 anos. Podia falar o que realmente pensava, mas resolveu implica-lo.

– Não sei... Uns 60? – fingiu um ar de desentendida.

E ela deu exatamente o que ele queria. Uma resposta insubordinada.

Nem em seus sonhos mais obscuros, a Princesa Fantasma imaginaria aquela reação vinda dele. Dracule Mihawk parou abruptamente e a encurralou contra a parede externa do castelo, apoiando-se na mesma com uma das mãos, deixando o braço acima do ombro dela e perto de seu rosto. Ele só não colou seu corpo ao dela porque as mãos da mulher de madeixas rosadas segurava uma cesta incômoda que impedia o contato maior entre os corpos.

– Pareço tão velho assim – começou, erguendo o queixo dela com a mão livre, ao nivelar o rosto ao dela. – para você, Perona?

Suas terminações nervosas entraram em crise. Com a aproximação sorrateira, com o timbre rouco e ao mesmo tempo potente, embargado de lascívia. Seus lábios estavam a uma ínfima distância, distância essa que nenhum dos dois ousou encurtar. Os olhos dourados reluziam toda a intenção que queria deixar explícito com aquela investida brusca. Ele a encarava, esperando uma resposta, enquanto a mente dela estava em branco. Seus pensamentos foram anuviados pela presença altiva de Mihawk; sua língua pesada não a deixava formular frase alguma, pois se falasse sua voz vacilaria e ele venceria. Mas as feições de Perona não mentiam, ou sequer disfarçavam o que ela sentia. Cada traço facial dela, bem como a pele arrepiada a delatava de um jeito que somente conseguiria decifrar.

Não precisava de nenhuma palavra dela. Os olhos a denunciaram também, os grandes olhos negros como a noite fantasmagórica e cheia de horrores. As orbes de diamante negro só refletiam o ardor do desejo que a consumia em segredo.

Aquela era a confirmação que o Shichibukai precisava.

Abriu um sorriso predatório, daqueles que ela nunca tinha visto antes mas que a hipnotizou como a presa que ela tinha se tornado. A caça à mercê do caçador. Prendeu a respiração e semicerrou os olhos, pronta para o toque dos lábios, desejosa por eles. Mas houve apenas o resvalar breve dos lábios, cálidos e curvados num sorriso vitorioso, quiçá, cafajeste.

– Eu sabia que não. – proferiu contra os lábios carnudos dela.

Mihawk afastou-se dela, e tomou a cesta das mãos de Perona. Deu alguns passos adiante e disse.

– Te espero no jantar, garota-fantasma. – o tom sugestivo sobressaiu na voz do homem que a olhou de soslaio antes de adentrar o castelo.

Perona sequer respondeu, estava atônita demais para reagir. Apenas tentava digerir tudo o que tinha acontecido naqueles minutos, levando a mão ao peito e perceber o quão disparado seu coração estava. E o quão descontrolada estava sua respiração, afoita. A outra mão foi até os lábios, superficialmente tocados pelos dele. O rosto queimava de tão enrubescido, e as pernas estavam bambas.

Demorou algum tempo para entrar, tentando recuperar a compostura que o maior espadachim do mundo a fez perder. E algo lhe dizia que à noite, durante o jantar, não seria diferente.

Inesperadamente, criou grandes expectativas para aquela noite.

Pensando no melhor vestido que usaria para provocá-lo.


Notas Finais


Olha eu de novo. SAUIHSUIAHUI
Pensando seriamente em trazer algumas histórias que postei apenas no Nyah para cá, já que não uso mais aquela plataforma e tem muito material meu lá. Mas antes disso tenho que atualizar os comentários e olha, tem comentário pra caramba pra responder KKKKKKK cada k é uma lágrima (de alegria).
Nos vemos nos reviews, até a próxima e beijinhos! <3


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