História Trouble Maker (yoonseok) - Amuleto da sorte

A visão de Hoseok e Namjoon estarem dando uns amassos, mesmo que não sendo real, não me incomodava tanto quanto o mais velho pensava. O fato é que eu fui surpreendido e levado pelos devaneios da minha própria mente. Juro, pouco me importa a situação pessoal dos dois. Hoseok é apenas o maluco lindo que quase me atropelou e que estou em divida, e Namjoon é o pedófilo pervertido que dá descaradamente em cima de mim.

Entrei no barzinho esperando por Hoseok sem me dar conta dos seguranças na porta, assim que me viram eu voltei disfarçadamente para fora e trombei no peito do moreno.

—Que raios...—. Exclamou Hoseok que me apertou o braço tentando chamar minha atenção. —Tudo bem Yoongi, aqui é sossegado—. Disse num sussurro assim que percebeu meu nervosismo.

O que eu estava fazendo andando com um universitário? Nem idade para entrar nos bares eu tinha, se minha mãe soubesse eu levaria um cascudo.

“Garotos mais velhos só se metem em problemas maiores com os que você está habituado”. Me lembrei da repetitiva fala dela em todas as vezes que eu saía de casa, era como um aviso prévio daqueles que ouvimos para não entrarmos em problemas, sabe? Aqueles que nunca realmente dávamos ouvidos.

—Aquele na mesa não é seu melhor amigo?—. Ouvi o maior falar quando já estávamos dentro.

Olhei para todos os cantos e os barulhos de risos altos me chamaram a atenção, meus olhos se concentravam em encontrar a tal pessoa e quase tive um mal súbito quando avistaram Jimin no colo de Namjoon.

—Mas que porr...—. Minha fala foi bruscamente cortada quando Hoseok passou a me puxar pelo pulso até a mesa onde todos os outros estavam.

—Os atrasados, finalmente!—.

Ouvi fazerem piadas sobre mim e o moreno quando nos aproximamos, mas nada me roubava mais a atenção do que o pequeno ali, trocando carícias e olhares com o pedófilo abusado.

—Yoongi? Estão falando com você!—. Alertou Hoseok me puxando novamente, para sentar agora.

—Sim? Me desculpem, estava pensando em algo—. Disse tentando manter o contato com os outros na mesa.

—Estava dizendo que agora tem um amiguinho da sua idade, Nam não pôde evitar a inveja de Hobe e arrumou um colegial para si também. Me pergunto o que tem de tão bom para oferecer que estão levando esses homens a loucura—. Jin soltou fazendo todos rirem como loucos, parecia ter soltado a piada do século.

Os dois estavam tão perdidamente concentrados um no outro, só queria me enfiar no meio e tirar Jimin dali.

—O que foi garoto, Precisa de ajuda?—. Namjoon encarou-me se soltando do menor que parecia me ignorar nessa ocasião.

—Jimin? Nós podemos conversar lá fora?—. Falei ignorando completamente Namjoon.

—Vocês se conhecem?—. O mesmo perguntou curioso.

—Não temos nada para conversarmos lá fora, se tiver algo que queira falar, fale aqui mesmo—.

—Jimin, por favor. Não dificulta as coisas—.

Não conseguia colocar na cabeça o por que desse comportamento, antes de tudo éramos melhores amigos, sempre fomos e por mais que o relacionamento esteja passando por crise, Jimin ainda é alguém especial.

—Nam, me leva para casa?—.

—Park Jimin!—.

O tom alto que usei ecoou pelo local fazendo os outros me olharem e Jimin paralisar no mesmo lugar, nem mesmo medi a força com que bati na mesa fazendo as palmas de minhas mãos arderem agora, mas além disso o meu sangue fervia agora também.

O mais novo se levantou e seguiu para os fundos do lugar, uma ação que fez-me levantar e ir até ele.

—Não extrapola, garoto—. Ouvi Hobe dizer enquanto saía.

Ele teria que me ouvir, que ideia mais maluca se envolver com alguém do tipo de Namjoon? Se eu não sirvo para ele como alguém assim serviria?.

Os fundos do barzinho era um pouco maior do que eu imaginava, ali fumantes dividiam o mesmo espaço sobre um sofá de couro escuro, e algumas plantas médias deixavam o ambiente decorado. E apesar da noite clara, uma nuvem negra estava por cima de mim e de Jimin.

—O que você quer? Não poderia fingir que não me conhece?—.

O menor revirou os olhos em uma ação inesperada e eu o encarei com a pior expressão possível. Apesar da barulheira que eu fiz, não queria chamar atenção de ninguém, mas fingir que não o conhecia? Isso já é de mais.

—Como você consegue agir assim depois de anos sendo meu melhor amigo? Como eu poderia fingir não o conhecer?—.

—Apenas continuasse fingindo estar tudo bem como sempre fez, eu não precisava passar vergonha na frente do meu namorado—.

“Na frente do meu namorado”. Juro que fiz o possível para não vomitar ali mesmo.

—O que você exatamente quer dizer com “continuar fingindo estar tudo bem” ? Quer entrar nesse assunto novamente para que? E como assim vocês estão namorado? Você realmente o conhece?—.

—Eu não preciso conhece-lo para saber que o amo. E você, o que sabe sobre ele?—.

Jimin era uma criança difícil, sempre demonstrou de mais, sentiu de mais, agiu de mais, tudo nele vinha com uma intensidade enorme. E ele parecia não saber sobre isso.

—Você o ama Jimin? A quanto tempo se conhecem para falar que o ama? —.

—Esse é o seu problema Yoongi, você nunca se permite a nada—.

—E esse é o seu problema Jimin, você se permite a tudo. Por isso nada nunca da certo para você, pare de agir por impulso e pense um pouco. Ele não é alguém para você—.

Os olhos marejados anunciavam as lágrimas que viriam molhar as bochechas rosadas e fartas do menor, era algo que eu nunca gostava de presenciar, ver Jimin chorando me deixava aflito e eu ia até o inferno para faze-lo ficar bem. Porém no momento eu não conseguia fazer isso, eu estava fazendo-o chorar, como poderia me permitir fazer algo assim com alguém que sempre lutei a proteger?.

—Quem é alguém para mim, Yoongi? Você?—. Disse entre soluços e puxando a manga de sua blusa para secar as lágrimas que desciam.

—Jimin, por favor me escuta—.

Puxei seu braço para que ele continuasse ali, para que me ouvisse e desse atenção ao que eu dizia mas ele apenas se virou soltando-se de mim e abriu a porta, correndo daquele lugar.

Lutando agora contra as minhas próprias lágrimas eu voltei a mesa onde todos me observaram, Jimin e Namjoon não estavam mais na mesa, o que me fazia pensar que o mais velho havia levado Jimin embora.

—Eu vou embora Hoseok, não se incomode comigo e aproveite com os outros—.

—Ah não Yoongi, nós vamos correr, fica, prometo que vai ser divertido—.

Apesar de não estar nem um pouco afim de farra, acabei ficando com os outros. Se fosse embora agora só ficaria remoendo tudo isso naquele apartamento, pelo menos aqui eu teria os outros para me distrair.

(...)

Era a segunda corrida em que Hobe entrava, a primeira ele disputou o segundo lugar como um caçador atrás da presa, e tudo que eu consegui fazer foi pedir a Deus para por juízo na cabeça de vento dessas crianças.

Certo, eu achava demais essa adrenalina, os carros potentes e os carinhas bonitos que chegavam em mim, não tinha como reclamar. Mas na minha cabeça isso ainda era uma loucura sem fim.

—O que você acha? Eu tenho chances?—.

Hobe estava já dentro de seu carro, eu resolvi ir até ele e desejar boa sorte já que na primeira corrida ele não foi muito bem.

—Não posso opinar, olhando assim você é o mais bonito aqui mas como para vencer uma corrida não se trata de ter beleza, eu não sei—.

O moreno olhou em volta e riu concordando.

—Talvez eu precise de algo para depositar minha sorte, todos usam algo—.

Analisei os outros carros, onde cada corredor fazia suas mandingas para a sorte. Um beijava os dados pendurados no retrovisor, outro rezava com um terço nas mãos e assim por diante, todos criam que isso os traria sorte.

—Deposite em mim—. Disse indiferente.

Eu nem mesmo acreditava nisso de sorte ou azar, apenas pensava que se tratavam de momentos e oportunidades. Se você não for atrás, sorte nenhuma no mundo vai lhe trazer o que quer, e era isso que eu pensava.

—Em você? Mas ai teria que vir comigo—.

—Qual é, não é a primeira vez que corre comigo—.

—Mas hoje é para valer, Yoongi—.

Sem muita demora abri a porta do carro e me joguei no banco ao lado do mais velho, ele sorriu e voltou o olhar para a pista.

—Coloque o cinto, garotinho...—.

—Deixa eu adivinhar, vou precisar?—.

—Ah sim, você vai—.

E então uma garota fantasiada de cowboy se posicionou em meio aos carros erguendo o chapéu de sua cabeça, contou até três e no momento em que terminou os carros voaram, Hoseok apostou tudo na arrancada, ficando distante dos outros.

Era lindo, o jeito com que as mãos grandes se prendiam ao volante, o cabelo escuro dançava com o vento, o sorriso largo de satisfação, as luzes da cidade que brilhavam na tez bronzeada. Hoseok me encantava, seu prazer por correr me acendia, e eu desejava fazer algo assim. Algo fora do comum que na cabeça de todos é loucura mas que na minha é o prazer absoluto, eu cedia por isso, por fazer algo fora dos padrões, por me arriscar.

—Você é incrível—. Sussurrei olhando para o vidro ao meu lado

—O que?—

—Nada, eu disse que isso é incrível—.

O moreno riu, ouviu perfeitamente o que eu disse, eu tinha certeza.

Abrindo um compartimento no carro revelou o símbolo de uma gás, mesmo não entendendo nada de carros eu sabia o que era.

—Hoseok, isso não é proibido?—.

—Tudo aqui é proibido, baixinho—.

Seu dedo correu até o compartimento e ativou o nitro fazendo o carro alcançar uma velocidade absurda. Do lado de fora era impossível distinguir algo que não fossem borrões escuros ou brilhantes.

Assim que o gás acabou, Hobe pisou no freio, agora era possível ver as pessoas festejando e pulando em cima do carro, estávamos na linha de chegada.

—Acho que meu amuleto da sorte funciona mesmo—. Falou soltando seu cinto.

O mais velho se aproximou e beijou o canto de meus lábios, em seguida saiu para festejar com os outros a sua vitória incrível. 

E Min Yoongi? Bom, esse continuou estático dentro do carro.