História Trouble | Nash Grier - Festa

Nash Grier

Entrei na escola com uma muda de roupas de Matthew em minhas mãos. Eu tinha acabado de deixar Alice em casa e estava extremamente ansioso. Não, ansioso não seria a palavra correta. Eu usaria a palavra "puto".

Eu não estava bravo porque Alice não era o que eu esperava, eu jamais esperei uma bonequinha de porcelana ou nada do tipo. E eu não estava bravo por ela ter aquele jeito arrogante dela e nem estava com raiva de seu melodrama. Eu estava realmente puto comigo mesmo. Porque eu tive a oportunidade de beija-la e não o fiz.

Bom, tenho que admitir que isso soou um tanto presunçoso. Culpa de meu ego descontrolado.

Com Alice era diferente de que com qualquer outra garota, eu teria que ser muito paciente, eu queria que ela gostasse do nosso primeiro beijo, que ela o quisesse. Isso tornava a situação horrivelmente desconcertante, porque Alice parecia querer que esse momento acontecesse tanto quanto um meteoro atingisse a crosta da terra. Claro, para mim isso não era lá muito favorável porque eu não podia simplesmente agarrar ela a força. Uma coisa era eu saber que ela queria o beijo, outra totalmente diferente era ela saber disso. Eu sabia que Alice não facilitaria as coisa para mim, mas só não esperava que ela fosse ser tão difícil e irritante.

Suspirei.

Alice era um doce tormento para minha mente perturbada.

Entrei no vestuário e encontrei Matt com uma toalha na cintura andando de um lado para o outro inquieto.

- Cuidado abrir um buraco no chão, cara - falei jogando a roupa em seu peito.

Ele me olhou bravo.

- Por que demorou tanto tempo? - entrou num dos chuveiros e fechou a porta - Foi buscar as roupas a onde? Na Transilvânia?

- Fui deixar Alice em casa - respondi monótono pensando em como seria ter de fato beijado Alice naquele maldito estacionamento.

- Cara, isso vai dar uma merda - falou abrindo a porta e saindo só de bermuda - Cameron vai te matar.

Revirei os olhos.

- Eu não tenho medo.

Matthew franziu a testa passando a camiseta pelo pescoço.

- Eu sei, é isso o que me preocupa - disse - Aliás, o que você estava fazendo com Alice Caniff?

Sorri.

- Falando sobre você.. - comecei cauteloso - E Anna.

Vi seus olhos se escurecerem e sua mandíbula trincar.

- Aquela menina - ele fez uma pausa como se estivesse buscando por calma - ela simplesmente está pedindo para morrer.

Soltei uma risada.

- Eu gosto dela.

Mas Matt nem prestou atenção em mim.

- Eu atropelei ela, isso assustaria qualquer um - falou como se estivesse resolvendo um problema de cálculo avançado muito difícil - Ou a menina é muito corajosa ou é estupidamente idiota.

- Eu acho que ela é tão idiota quanto você - isso chamou sua atenção.

- Foi ela quem começou com isso, mano - disse Matt indignado - Não fui eu.

Joguei as mãos para o alto.

- Ótimo, vá lá e termine então!

Ele ergueu uma sombrancelha e tentou mudar de assunto.

- Você e Alice conseguiram conversar diplomaticamente?

- Sim - menti descaradamente.

Matt riu.

- Você mente mal para caralho.

- Falou o profissional - disse, então voltei para o foco da conversa - Por que vocês não acabam logo com isso?

Ele me olhou.

- Eu não vou pedir desculpas.

- Você vai se vingar então? - perguntei receoso.

Ele seu de ombros.

- Não.

Olhei incrédulo.

- Não? - repeti.

Ele concordou.

- Não.

- Por que não? - disse automaticamente desconfiado.

- Eu não ligo - respondeu - Essa briga já me deu tédio.

Franzi as sobrancelhas.

Isso definitivamente não era normal, Matthew não ficava simplesmente entediado e desistia. Eu conhecia aquele idiota. Ele perseguiria aquela garota até humilha-la a ponto de fazer com que ela não pisasse mais na rua.

- O que você está aprontando, Matthew? - perguntei preocupado já pegando o celular do bolso para mandar uma mensagem para Alice, mais aí lembrei que não tinha seu número.

Muito conveniente.

- Nada, mano.

Semi cerrei os olhos.

- Cara, se você fizer mer.. - comecei mas Matt me interrompeu.

- Eu não vou fazer nada - depois sorriu irônico - Ah, festa na casa Bryan Donson hoje.

Encarei seu sorriso e entendi tudo. Matthew não estava aprontando, ele já tinha tudo esquematizado. Ele sabia o que faria essa noite. Ele provavelmente ficou planejou tudo ali no vestuário mesmo enquanto eu não chegava. Quase consiguia escutar sua mente pensando freneticamente em um jeito de tirar Anna de seu pé. Eu já tinha testemunhado a ira de Matthew Espinosa. E me lembrei das consequências de seus atos impulsivos.

E então de repente eu não queria ser Anna naquela maldita festa.

Alice Caniff

- Festa no Donson hoje, galera - falou Anna sentando na mesa da lanchonete onde Asheley e eu estávamos.

- Eu sei - Ash brincou com as pontas de seu cabelo loiro - Taylor falou.

Sorri maliciosamente.

- Taylor tem falado bastante coisa para você hein, Ash - comentei como quem não quer nada.

Ela ergueu as sombrancelhas.

- Sim - disse irônica - Inclusive ele me disse que hoje de manhã um cara te deixou em casa.

Fechei a cara e vi Anna arregalar os olhos.

- Sem essa - falou pausadamente - Alice Marie Caniff com quem você estava?

As duas focaram os olhos em mim como se eu fosse uma criminosa tentando fugir.

- Acho que vocês não vão gostar muito da resposta - disse - Mas a culpa foi de Anna.

Anna me olhou ofendida.

- Quem era? - perguntou Ash antes que Anna pudesse falar qualquer coisa.

Revirei os olhos.

- Nash Grier.

Elas me olharam chocadas.

- E como diabos isso é culpa minha? - disse Anna ao mesmo tempo que Asheley perguntava:

- Por que eu não ia gostar disso?

Levantei as mãos com as palmas voltadas para elas.

- Uma de cada vez - olhei para Ash - Porque Cameron odeia ele.

Ela bufou.

- Ele odeia, não você.

Ignorei ela e falei para Anna.

- Estávamos conversando sobre você e o Espinosa.

Ela me olhou surpresa.

- Por que?

- Ele quer que vocês parem com essa briga - respondi.

Ela riu.

- Meio hipócrita da parte dele não acha?

- Eu acho legal, mostra que ele se importa com os amigos - falou Asheley.

Virei a cabeça e olhei pela janela as pessoas caminhando na rua.

- Ah sim, ele se importa muito com os amigos - disse amargamente pensando em Cameron.

Ash suspirou.

- Esses dois deviam se entender.

- Duvido, ainda mais depois da última briga deles - falei - E Nash não está nem um pouco disposto a voltar com sua amizade com Cameron, se estivesse não estaria atrás de mim.

- Alice está certa, todos aqueles amigos do Grier não prestam - disse Anna olhando Asheley - Taylor não viu que era Nash no carro?

Ash balançou a cabeça.

- Não - depois acrescentou - Se viu não disse nada.

Anna franziu a testa.

- Como ele sabia onde você morava, Alice?

Dei de ombros.

- Eles costumavam ser amigos - falei monótona - Sabe, antes do Grier fazer merda.

- Você vai contar para Cameron que vocês de encontraram? - perguntou Asheley.

Fiz que sim.

- Óbvio, todos sabemos que eu e Cameron não temos segredos um com o outro - falei - E eu não quero brigar com outra pessoa que eu gosto.

Asheley suspirou de novo.

- Você e Taylor tem que se acertarem logo - disse ela - Ele sente sua falta.

Anna concordou.

- Eu não aguento mais ele choramingando no meu ouvido.

Cruzei os braços e olhei para meu milk shake de baunilha.

- Eu não vou pedir desculpas - falei afinal.

Anna revirou os olhos e Ash balançou a cabeça em desaprovação.

- Vocês são tão teimosos - diz Anna estressada.

Ri um pouco.

- Agora quem está sendo hipócrita, Anna? - tomei um gole.

Ela me olhou com tédio.

- A minha situação com Matthew é diferente.

- Por que? - disse Asheley antes que eu tivesse a oportunidade.

- Porque a gente se odeia - falou imediatamente.

- Não sei não, sempre ouvi falar que o ódio caminha ao lado do amor - falei arrancando uma risada de Asheley.

Anna me olhou brava.

- Digo o mesmo de você com esse ódio todo pelo Grier - isso fez com que eu me calasse e Ash risse mais ainda.

- Cala a boca se não eu começo a falar do Taylor - ameaçei.

Ela fez um gesto como se trancasse a boca e jogasse a chave fora. Quanta maturidade.

- Foda-se esses caras - Anna disse - E a festa? Vocês vão?

- Claro - responde Asheley de prontidão.

Senti dois par de olhos queimarem em mim.

- Eu tenho opção? - perguntei sem esperança.

As duas sorriram cúmplices.

- Não - responderam juntas.

Nunca acreditei em sexto sentido e toda essa merda, mas naquele momento alguma coisa estava me dizendo que aquela festa não ia acabar bem. Mas não ia mesmo.