O dia começou estranhamente calmo, o que não acontecia com frequência já que o Taehyung vivia invadindo minha janela todas as manhãs para vir tomar café comigo e ficar largado no meu sofá feito um indigente enquanto assistia TV.
E hoje ele ainda não havia aparecido aqui.
— Jin? — Ouvi sua voz e ergui a cabeça, me sentando no sofá.
— Ei — murmurei doce recebendo um beijo na bochecha —, por onde você andou? Senti sua falta.
E era a mais pura verdade, a cada dia que se passava maior o sentimento que eu nutria por ele crescia.
— Eu sei, eu também — deixou os sapatos ao lado da porta, vindo se aconchegar em mim. — Perdi a hora.
E o telefone tocou. Estiquei a mão até o criado-mudo e retirei o telefone do gancho, levando-o ao ouvido.
— Alô?
— Jin? Bebê? — A voz da minha mãe irrompeu do aparelho me deixando surpreso. — Como você está, uh? Anda estudando muito querido?
— Não Omma, eu estou bem. E a senhora como está? Estou curioso por estar me ligando às oito da manhã de um sábado — ergo uma das sobrancelhas, sugestivo.
Tae se remexeu em meu colo e enterrou o rosto em minha camisa passando a cheirar o tecido, o ouvi murmurar: "Você tem um perfume gostoso". Hum, então era por isso que ele usava o meu perfume sempre que podia e eu tinha que comprar outro frasco porque ele sempre o acabava?
— Asih! Que menino abusado! A Omma não pode mais ligar para saber como o próprio filho está?
— Não! Claro que não! — Senti minhas bochechas queimarem. — Gosto quando a senhora liga.
— Que bom! Porque eu estou indo aí à noite para jantar, quero que capriche dessa vez na comida e...
— A senhora discutiu com Appa outra vez? — Bagunço os fios de Tae que agora me olhava intrigado com a conversa. Fecho os olhos com força ao lembrar que terei de ouvi-la reclamando sobre ele durante todo o jantar. — Sabe que ele anda estressado com o trabalho.
— Isso não tem nada haver com o motivo de eu ir aí!
"É claro que não", murmurei baixo para que ela não ouvisse. Taehyung riu baixinho.
— E eu soube que está namorando! Quero conhecer sua nova paixão platônica.
— Mas espera o que... ah! Jimin, aquele anão linguarudo! — Reclamo.
— Nos vemos à noite, beijos — e desligou na minha cara.
➳➳➳
— Jin, eu queria ter ficado em casa! — Taehyung choramingou em meu ouvido.
Entramos no mercado, empurrei a lista de compras de encontro ao seu peito enquanto arranjava um carrinho.
— Já estamos aqui, não adianta mais reclamar — digo e empurro o carrinho. — E além do mais, você também vai estar lá comendo da minha comida, nada mais justo do que você me ajudar a comprar os ingredientes.
Ele bufou ao meu lado apoiando seu queixo em meu ombro.
— Odeio vir a mercados, perca de tempo, poderíamos estar fazendo coisas mais... interessantes não acha? — Disse a última parte coma voz rouca e sensual.
O empurro para longe.
— Você é impossível! — Reviro os olhos. — Vamos, qual primeiro item da lista?
— Arroz — murmurou com a voz arrastada. E então cantarolou: — Isso aqui está uma chatice...
— Cala a boca Taehyung — digo olhando as prateleiras lotadas de arroz até sentir uma mão agarrar a minha bunda a aperta-la. — Taehyung! Não faça isso, estamos em público!
Ele gargalhou da minha cara que estava parecendo um tomate de tão vermelha.
— Vai dizer que não gostou hyung? — Perguntou com um tom de voz sugestivo.
— Aish que deosaeng mais abusado! —Passo a mão pelo pescoço. — Anda, qual é o próximo item?
Ele revira os olhos.
➳➳➳
A campainha tocou. Taehyung desligou a tv e riu de mim.
— Eu estou falando sério Tae, não faça gracinhas enquanto ela estiver aqui!
— O que você quer dizer? — Se fez de confuso. — Quer dizer isso aqui?
Fui empurrado contra a parede com os lábios sendo atacados pelo Tae de forma selvagem. Voltei à realidade quando a campainha tocou outra vez.
— É, é disso que eu estou me referindo... e nada de ficar apertando a minha bunda — tiro suas mãos que se encontravam lá. — Seu tarado!
Ajeito o cabelo enquanto Taehyung ria. Abro a porta e encontro a minha Omma lá parada com cara de paisagem quando seus olhos caíram sob Taehyung. Ela passa por mim em dizer nada e vai abraça-lo. Nunca me senti tão abandonado na estrada da vida.
— Omma, não vai me dizer nenhum "oi"? — Fecho a porta. — Acho que quem é o seu filho aqui sou eu.
— Aish, vem aqui bebê — diz me puxando para um abraço e sussurra: — Ciumento.
Taehyung se curva quando ela se volta para ele com os olhos brilhantes.
— Olá, me chamo Taehyung.
— Vamos comer? — Pergunto a empurrando para a mesa de jantar quando percebo que ela estava prestes a fazer alguma pergunta constrangedora ao Tae.
— Mas eu só iria... — tentou dizer assim que se sentou.
— É, eu sei o que você iria fazer, e acho melhor não — começo a servi-la.
➳➳➳
— E então ele deixou o a mangueira ligada, e eu havia dito para ele não se esquecer de fecha-la! — Ela tinha começado a reclamar do Appa fazia meia hora. — De propósito!
Balanço a cabeça e começo a recolher a louça. Taehyung a observava, mas estava com a cabeça em outro lugar por que de vez em quando ele pigarreava e concordava com o que ela dizia. Mal sabia ela que nenhum de nós prestava a atenção no que dizia. Mas quando voltei à sala o Tae estava vermelho e minha Omma gesticulava com as mãos.
— E se você for bem fundo e acertar o ponto certo o orgasmo vai ser certeiro, está entendendo o que digo? É tudo questão de...
— Sim, o Taehyung já entendeu — digo interrompendo-a com a testa franzida. — Pare com isso, ele está com vergonha.
Foi então que ela percebeu a coloração do rosto do Tae e riu.
Batucou os dedos na mesa.
— Eu preciso ir, foi bom vê-lo filho — veio me dar um beijo na bochecha. — Espero voltar mais vezes e não estrague tudo, o Tae parece ser um bom rapaz.
"Queria eu poder pensar o mesmo", penso e a acompanho até a porta.
— Foi bom conhece-lo Tae — ela sorriu a acenou.
— Foi bom conhece-la também sra. Kim! — Acenou de volta.
Voltei-me para o Tae suspirando cansado.
— Agora vou poder fazer o que quis fazer a noite toda e não pude — se aproximou com um olhar malicioso, jogando-me no sofá e subindo encima de mim depositando beijos molhados em meu pescoço.
Foi quando a campainha tocou outra vez. Suspirei irritado.
— Ela deve ter esquecido algo e... Yoongi? — Pergunto surpreso.
— Jin e-eu não queria... — disse trêmulo com lágrimas nos olhos e se aproximou da luz.
Exclamei boquiaberto. Suas mãos estavam sujas de sangue e um filete vermelho escorregava de sua têmpora, o sangue manchou sua camisa listrada e outra mancha era visível em sua bochecha.
— O que você fez? — Pergunto apático temendo a resposta.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.