História Truly, Madly, Deeply in Love - Impotence

POV Liam

Assim que deu o horário de visitas, nos revezamos para ir até o quarto e ver como a Stela estava. Quando chegou minha vez, vi Niall sentado ao lado dela segurando sua mão, ele não estava mais chorando, mas nem por isso não deixava de estar nervoso.

-Ei cara vai dar tudo certo, o pior já passou não é? – tento anima-lo.

-Ela precisa acordar Liam, ela tem que acordar – diz começando a entrar em desespero. Eu queria poder ajudar, odiava ver qualquer um dos meus amigos mal, mas nessa situação infelizmente não tinha o que fazer.

-Ela vai acordar Niall, eu prometo – coloco a mão em seu ombro – Mantenha a esperança, não desanime. Você ouviu a Deysi, a Stela é durona, ela vai sair dessa.

Ele desviou o olhar de mim e voltou a olhar pra ela. Meu coração tornou-se minúsculo, se pra mim parecia um pesadelo, não consigo nem imaginar o que o Niall deve estar sentindo.

-Você promete? – perguntou com uma voz que eu sabia que ele estava se segurando pra não chorar novamente.

-Prometo – menti. É claro que eu não podia prometer nada, o Niall sabia disso, mas resolvi mentir porque talvez assim ele não desanimava, e o que ele precisava agora era de todo apoio possível, de toda a esperança que poderíamos passar pra ele. Infelizmente era só isso que podíamos dar a ele.

***

Sai do hospital me sentindo mal, como um dia considerado normal, com nós quatro no estúdio tirando sarro um do outro, brincando um com o outro, de repente vira de cabeça pro ar, e um clima triste toma conta de nossos corpos. Eu não era muito próximo da Stela, mas mesmo assim o baque foi tão grande. Passar por isso só me fez ver ainda mais como a vida da gente é curta.

Fui direto para a casa da Chloe, eu sei que não fazia muito sentido, mas quando dei por mim eu estava indo para lá, e decidi prosseguir já que estava já na metade do caminho. Paro o carro em frente a sua casa desço rapidamente e toca a campainha. Alguns minutos depois Chloe abre a porta com uma xicara na mão, ao me ver ela abre um sorriso, e isso me fez sorrir de volta, mesmo sem querer.

-Liam? – exclama surpresa, mas animada – Que surpresa ver você – ela me da um abraço, no qual eu retribua de bom grado – Tudo bem?

-Não – respondo começando a chorar, ainda abraçado com ela.

-O que houve? – pergunta preocupada.

-Podemos conversar? – pergunto me afastando dela, e limpando as lagrimas que insistiam em cair.

-Sempre – ela responde dando passagem pra que eu entrasse – Vou preparar uma xicara de chá pra você, vem – diz me guiando até a cozinha.

***

Começo a contar o que aconteceu com a Stela e de como ver o Niall daquele jeito acabou comigo. Chloe e eu estávamos no sofá da sala, ela já havia preparado o chá pra mim, e eu já estava me acalmando.

-Sinto muito pelo seu amigo Liam – ela diz me olhando preocupada – Não posso nem imaginar como ele se sente.

-Ele está mal – respondo tomando mais um gole do meu chá – Eu sei que não faz sentindo eu estar assim, sendo que a namorada nem é minha, e eu nem sou tão próximo dela assim, mas ver o Niall daquele jeito, e não poder fazer nada...

-Tem uma frase de um poeta grego, o nome dele é Eurípedes, ele diz assim: “Quando um homem bom é ferido, todos os considerados bons devem sofrer com ele.”

-O que isso tem haver com o Niall?

-Seu amigo esta ferido por dentro, porque a namorada dele esta em coma e em estado grave, é normal vocês que estão em sua volta sofrerem também, porque vocês são muito amigos, e são boas pessoas, pois um se importa com o outro, como se fossem uma família – explica-me lentamente – Eu digo que faz sentido você estar assim, porque eu conhecendo você, como eu conheço, você gostaria de resolver isso, mas não pode.

-É exatamente isso que eu estou sentindo, uma impotência, queria poder ajudar o Niall, mas não posso.

-Você pode ajudar ficando do lado dele, assim como você já fez, mas deve ficar ainda mais, não só você, mas os meninos também. O Niall vai precisar de toda a força possível.

-Eu sei – exclamo passando a mão na perna dela – Obrigado por me ouvir Chloe.

-Amigos são pra essas coisas Liam – ela me lança um sorriso otimista – Eu sempre vou estar aqui por você.

-E eu por você – falo e ela sorri – Chloe eu queria te falar uma coisa...

-Oque é? – ela pergunta me encarando, e só de olhar pra aqueles olhos verdes, eu travo novamente.

-Que eu sou o cara mais sortudo do mundo, só de ter você como minha amiga – desconverso, e ela sorri.

-Eu que sou sortuda por ter você como amigo Liam – sorrio, mas aquilo doeu, eu não queria ser só amigo dela.

-Bom já te perturbei bastante, acho melhor eu ir pra casa – falo colocando a xicara de chá em cima da mesinha de centro, e começando a me levantar, mas sou impedido pela Chloe que me puxa de volta, olho assustado pra ela.

-Eu não vou deixar você ir embora hoje Liam, você não esta em condições de ficar sozinho – meu susto transformou-se em surpresa – Pode dormir aqui em casa essa noite – ela oferece – No sofá, logicamente – completa sem graça e um pouco avermelhada.

-Tudo bem – concordo, na real eu não estava com cabeça pra ir pra casa – Me contento com o sofá – brinco e ela sorri envergonhada.

***

 

Ficamos assistindo filme juntos, embora minha cabeça estivesse se dividindo entre estar ali com a Chloe, e pensando como estavam as coisas com o Niall, devo confessar que era melhor estar aqui com aquela baixinha, do que ficar em casa sozinho, com todas as preocupações rondando a minha cabeça. Quando o filme acaba, percebo por fim que a Chloe tinha dormido, encostada no meu ombro. Fico olhando pra ela, e me sinto um fraco por não conseguir dizer a ela o que eu sentia, ‘ela é minha amiga’ repito a mim mesmo. Ela não pode se afastar de mim totalmente se eu contar a verdade, ou será que pode?

Respiro fundo e me levando, tomando cuidado pra não acorda-la. Pego ela no colo, e subo as escadas e coloco-a deitada em sua cama, cubro-a, e vejo ela dormir profundamente ainda, dou um beijo em sua testa.

-Queria tanto poder dizer o que eu sinto por você – sussurro pra mim mesmo – Eu te amo baixinha, você num tem noção – ela continuava dormindo profundamente. Sorrio e saio do seu quarto.

Desço as escadas e deito no sofá, e encaro o teto, por mais que eu quisesse que as coisas entre a Chloe e eu desce certo, o que eu mais queria nesse momento era poder fazer algo pelo Niall, porque eu sei que se eu tiver coragem, a Chloe e eu podemos, quem sabe, ficarmos juntos. Mas o Niall não tinha o que fazer, só dependia da Stela, mas não era algo que podíamos controlar, era aquele tipo de coisa que só podíamos esperar, e isso me matava por dentro, ver meu amigo sofrendo e não poder fazer nada para ajuda-lo. Gostaria de poder fazer algo por ele. Continuo olhando para o nada, e torcendo que tudo de certo no final, nem percebo quando caiu em um sono profundo.