História Trust Me - Jeon Jungkook - New Student

- Da ultima vez que disse isso fui parar no hospital. - Disse calmamente desviando o olhar. Jungkook a olhou  com uma expressão interrogativa. - O que é Jungkook? 

- Só quero saber, qual o problema que você tem comigo? 

- Porque tocar nesse assunto? 

- Porque sim Mei. Porque é tão difícil pra você perceber que eu quero me aproximar de você? 

- E porque, Jungkook? 

- Mei, como você pode ser tão egoísta ao ponto de achar que ninguém quer você por perto? - Mei até o momento não o olhava. Até que ela o olhou com a expressão vazia de sempre. - A Soohyun vive tentando se aproximar de você, o SeungJo, Hyuk, e eu Mei. Todo mundo já percebeu isso, mas você não. Você só sabe se fechar e viver no seu próprio mundo. Você acha que pode viver em um mundo sozinha sem amigos?

- Sim eu posso.

- Não, não pode. Ninguém gosta quando você faz isso, parece que gosta que todo mundo só corra atrás de você‚ o que é? Não somos bons o suficiente pra você? Você é boa de mais pra ter amigos? Não sei como a Sawako te aguenta se ela é tratada com a mesma ignorância. Ninguém aguenta essa estupidez sua, nem eu Mei. 

- Você não sabe de nada. - Mei deu de ombros e saiu. 

Jungkook virou e a viu andando as pressas para fora da quadra. Jungkook fechou os olhos e arrependeu-se do que disse. 

Mei correu até o banheiro, por sorte vazio, entrou em uma das cabines e bateu a porta com força. 

- Que... Droga. - Respirou fundo e olhou para cima, como se impedisse que algumas lagrimas caíssem. - Ele não sabe de nada. - Disse baixo. - Idiota.

Mei engoliu o choro e abriu a porta. Viu Min Hwa, ambas se odiavam. Mei sequer a olhou, foi até a pia lavar as mãos. Não disseram nada, apenas olhares tortos foram trocados. 

Mei saiu do banheiro e foi para a sala, guardou seu material e saiu. Andou até os fundos da escola, onde havia o começo de uma construção abandonado, foi até o canto e subiu em alguns tocos de arvore e pulou o muro. 
Sempre matava aula naquele mesmo lugar, ninguém ia ali, a não ser alguns casais ou os poucos fumantes que tinham na escola. 

Mei passou por um terreno baldio e saiu na rua de trás da escola. Teria que andar um pouco até encontrar um ponto de ônibus. Feito assim, caminhou até ver de longe um ponto. Sentou e colocou seus fones.
Enquanto esperava, digeria o que havia escutado, não esperava ouvir nada daquilo. Mei sentia enorme vontade de derramar todas as lagrimas, estava a ponto de admitir o que sentia. Arrependimento e magoa dançavam dentro de si, imploravam para serem libertas pelos olhos. 

Por pouco não perde o ônibus, não estava muito cheio, ficou de pé no mesmo lugar de sempre. Passado os quarenta minutos, desceu do ônibus  e caminhou até chegar em casa. Sua mãe estava trabalhando, ja que teria plantão ia direto a casa de seu irmão que morava perto do hospital. Então teria o dia todo sozinha. 

Subiu as estacadas devagar, entrou em seu quarto, jogou sua bolsa no chão e deitou. Ficou um tempo olhando o teto. Depois virou-se e abraçou uma das almofadas que enchiam a cama, respirou fundo e fechou os olhos. Foi o suficiente para algumas lagrimas começarem a cair. Seu coração batia acelerado, e o sentimento de culpa e arrependimento vinham a tona. 

Mei levantou-se e abriu sua comoda, revirou a gaveta a procura de uma pequena caixa de alumínio, após encontrá-la, sentou-se no chão a abriu. Dentro dela estava seu refugio,  o que ela achava que poderia aliviar tudo aquilo. Pegou uma lamina e afundou-a em seu pulso. Sentiu um breve alivio, fez a mesma coisa repetidamente nos dois braços. Cortes fundos. Alguns acima do pulso que seriam difíceis de esconder, outros no antebraço.  Mei deitou no chão ainda em lagrimas, sangue ainda escorria e manchava o piso branco. Ficou tempos ali chorando e se remoendo até que finalmente pegou no sono. Não a dor alguma que o sono não vença. 

Jungkook estava no dormitório, estavam de folga naquele dia. Decidiu que ficaria o dia todo na cama, não tinha um terço de animo. Todos os membros iam até lá e tentava fazer com que Jungkook levantasse, nem Jimin que o atormentava todos os dias conseguiu, nem mesmo Taehyung. 

Arrependeu-se do que disse a Mei, não era aquilo que tinha em mente, o que planejara a noite anterior era declarar-se a ela. Mas acabou falando o que não queria. 

- Sou tão idiota. - Sussurrou. 

Jungkook só levantou para ir ao banheiro ou quando Suga obrigou-o a comer alguma coisa, o que foi pouco. A consequência de dormir a maior parte do dia, foi não dormir a noite. A unica que rodeava sua mente era Mei. Agora não sabia o que fazer, já que fez tudo errado e acabou por dizer o que não queria, terá que pensar em outra maneira. Não pararia com as cartas, tanto que ja tinha uma pronta. 

Quando Mei acordou viu que ainda era dia, viu Apolo deitado próximo ao seu pescoço. Sentou e olhou seus braços sujos de sangue. Levantou-se e foi ao banheiro, a água fria da pia fez seus cortes aderem, murmurava enquanto limpava-os. 

Depois desceu e pegou um pano de chão e voltou ao quarto. Limpou as gotas de sangue e depois voltou a deitar, agora na cama e com Apolo junto. 

- Você esta crescendo. - Disse baixo ao gato. - Será que algum dia eu vou deixar de ser assim? Tão idiota e... inútil. 

Mei ficou acariciando o gato por um tempo. Mais tarde alimentou o pequeno e permaneceu deitado o resto do dia. 

Jungkook havia chegado atrasado, quando entrou na sala não viu Mei, faltou mais uma vez. No intervalo colocou a carta de no armário e seguiu para o saguão. 

No fim da aula, viu Sawako parada em frente ao portão, então foi até ela. 

- Sawako? Sabe da Mei? 

- Não, porque? 

- Eu acabei falando de mais ontem. 

- O que vo... 

- Jungkook? - Chamou-lhe Taehyung.  Vamos... - Ficou parado olhando Sawako. 

- Ah, V, essa é Sawako, amiga da Mei. Esse é Taehyung ou V. 

- Ahh - Fez reverencia - Oi Taehyung, desculpe-me se isto for muita grosseria mas, eu vou pegar isso - Apontou para o JungKook, e o puxou pela gola da camisa um pouco mais longe. Ela olhou para trás para ver se estava em uma distância segura de Taehyung, e o viu sorrindo e acenando. 

- O que você disse? 

- Bom... _ Jungkook começou a contar. Sawako ouvia atentamente. 

- Estava tão perto, Jungkook. - Colocou as mãos no rosto. - Eu poderia te matar agora. - Taehyung aproximou-se e colocou um braço e torno dos ombros de Jungkook. 

- Poderia matar ele depois? Temos um coisa muito importante pra fazer agora. 

- O que? Comprar roupas e ficar por ai acenando com cara de "aah" - Sawako pensou auto e Jungkook riu da expressão da menor. 

- Ela é uma anti-fã também? É como a Mei? 

- Não, ela esta me ajudando a me aproximar da Mei. - Olhou Sawako que se distraia olhando os próprios pés. 

- Eu gostei dela. - Disse Taehyung sorrindo. Sawako o olhou levemente corada. 

Minutos depois os dois meninos foram embora e Sawako esperava seu irmão ir lhe buscar. Quando seu irmão chegou, pediu que a levasse até a casa de Mei. 

Quando chegou, tocou a campainha e foi atendida pela mãe de Mei, que lhe indicou onde Mei estava, no lugar se sempre, quarto. 

- Mei? - Chamou Sawako. Mei levantou da cama e vestiu rapidamente suas pulseiras. 

- Entre. 

- Ohayo Mei. - Disse sorrindo. - Porque não foi a aula. 

- Perdi a hora. - Sentaram-se na cama e Sawako pegou Apolo. 
Passaram horas conversando, viram alguns videos, brincaram com Apolo. Mei permitia-se sorrir abertamente ao lado se Sawako, apenas ela sabia que Mei se machucava, apesar de ter prometido que não faria mais. Sawako sabia tudo sobre Mei, menos o estupro. 

- Mei, lembra aquela vez que você ficou na casa de seus avós? E não sei o que aconteceu depois, você ficou de cama, não saiu nem quis falar com ninguém. O que houve? 

- Nada, Sawako. 

- Mei, você ficou dias dentro do quarto. 

- Fiquei doente, só. 

Mei não revelaria nunca, envergonhava-se disso. 

- Jungkook veio falar comigo hoje. 

- E... O que... ele disse? 

- Vocês discutiram ontem, não é? Acho que é por isso que não foi a aula hoje. 

- Não, Sawako, eu perdi a hora. 

- Ata, sei. Sabe o que eu acho? - Mei a encarou. - Que você gosta dele. 

- Não, nunca, jamais. 

- QUEM DESDENHA QUER COMPRAR. - Levantou-se e começou a pular na cama. 

- Nada disso, desse dai criança - Sawako caiu sentada na cama. 

- É serio Mei. Admiti. 

- Não sei. 

Sawako encheu Mei desse assunto, até ela admitir. E conseguiu. Após horas, o irmão de Sawako veio lhe buscar, e Mei ficou sozinha mais uma vez. 

Subiu ao quarto e pegou Apolo, desceu novamente e foi a cozinha, onde sua mãe estava. 

- Porque você só fala com essa menina em japonês? Esta escondendo algo? 

- Ela é japonesa mãe, e se sente mais confortável falando o idioma dela. 

- Hum. - Mei abriu a geladeira e pegou uma garrafa de leite. - Ele já pode comer ração. - Disse sua mãe se levantando e saindo da cozinha. 

Mei olhou a Apolo sentado no chão. Soltou um miado. Mei aqueceu o leite e deu a Apolo, enquanto ele devorava o leite, comeu metade se um sanduíche.

 

Mei só foi a escola no dia seguinte devido a prova de química que tinha, eram as ultimas daquele bimestre. Esperou a aula começar debruçada na mesa, quando começou, tirou seu caderno e estojo da bolsa e começou a escrever. Estava concentrada na matéria, quando ouviu que teria mais um aluno novo na classe.

Mei ergueu os olhos e fitou o menino. Era o menino que via todos os dias no ônibus e que trabalha no Pet Shop. 

- Esse é Dongsun e veio de outra escola. - A professora disse mais algumas coisas sobre o menino, e mostrou seu lugar, era no meio da sala onde ficava uma aluna que havia se mudado.

O garoto não era muito alto, usava alargadores grandes e um piercing no nariz. Tinha algumas tatuagens nos braços, mas eram tampadas pela camisa. E uma que aparecia discretamente no pescoço. O garoto sentou no lugar indicado, olhou para trás e sorriu para Mei. Mei deu um sorriso discreto e voltou a atenção para seus cadernos. 

No recorrer da aula, Mei tentou concentrar-se na aula. Hora ou outra olhava Jungkook de canto, e ele o mesmo. Jungkook pensava em como falaria com Mei novamente. Quando havia chegado na escola, viu-a debruçada na mesa, sentou e a olhou por uns instantes, não disse nada.

Quando deu o intervalo, Mei saiu da sala e foi em direção a cantina, andava olhando o chão e estalando os dedos. 

- Oi.  - Olhou para o lado e fitou Dongsun. - Você que adotou o gato no meu trabalho, certo? - Disse sorrindo. 

- Sim. - Foram conversando até a fila da cantina, onde Mei encontrou Sawako. Apresentaram-se e continuaram a conversar. 

Dongsun também gostava de bandas de rock e também adorava terror. Mei apenas permitiu que ele se aproximasse. 

Voltavam para a sala, Dongsun disse algo que fez Mei sorrir discretamente. Jungkook que falava com SeungJo viu e congelou ao ver o que ele não conseguiu. Como aquele garoto que havia acabado de chegar conseguiu fazer Mei sorrir? E porque ela fala com ele? Já se conhecem? - Essas perguntas rodeavam sua mente. Jungkook quase explodiu de ciumes quando a viu indo ao ponto de ônibus junto a ele. 

A semana resumiu-se em Jungkook com ciumes e questionando como ela permitiu que aquele garoto se aproximasse, sendo que Mei não falava com mais ninguém. 

- O que eu faço? - Disse a si mesmo enquanto rolava na cama. 
Jungkook chegou na sala e viu Dongsun em seu lugar, conversando com Mei e mostrando as tatuagens dos braços. Rangeu os dentes e seguiu em passos firmes até seu lugar. 

- Esse é meu lugar, com licença. - Os dois que estavam sentados fitaram Jungkook, que os olhava como se pudesse fuzilar o garoto ao lado de Mei. 

- Depois te mostro as outras Mei. - Sorriu e levantou. 

Dongsun ao se levantar, encarou Jungkook e sorriu de canto, o que fez o sangue do garoto ferver. Jungkook sentou e olhou Mei que abria seu caderno, suspirou e encarou a mesa. 

- Oi, Mei. - Disse baixo. Como de costume, não obteve resposta. Jungkook debruçou na mesa e permaneceu daquele jeito. 

Mei olhou Jungkook, aquele aperto mais uma vez era presente, abriu a boca na intenção de responder, mas não saiu nada, não conseguiu. Ficou apenas olhando o garoto. 

Quando a aula começou, Mei nem abriu o caderno, seus pulsos ardiam por conta da noite passada, as discussões com a mãe haviam recomeçado, e para completar o dia, teve aquele maldito sonho novamente.

Havia pesquisado na internet os efeitos do remédio que ela tomava, era realmente forte, pensava em tomar tudo, mas não sabia onde sua mãe os guardava. 

Mei despertou dos pensamentos quando a professora de musica veio lhe chamar. 
 

- Vamos Mei. - Mei assentiu e se levantou. Seguiu de cabeça baixa até a sala de musica. Quando entrou, foi até o canto que sempre ficava e pegou sua guitarra. Quando levava a guitarra, Mei sempre ia na sala de musica e a deixava la, era melhor. 

Sentou-se e esperou que a professora começasse a falar. Dongsun sentou-se ao lado de Mei. 

- Como ele conseguiu? - Disse Jungkook baixo. 

- Falou comigo? - Perguntou Hyuk. 

- N-Não. - Mei, como todas as aulas, ficou tocando, a diferença foi Dongsun. 

Dongsun vez ou outra tentava mexer nos cabelos de Mei, mas ela esquivava, não ficava tão perto, tudo o que falavam eram sobre musicas. Mei apenas disse que gostaria de ter tatuagens ou um piercing. 
"Ele tinha que saber tocar?" - Pensou ao ver Dongsun tocar a guitarra de Mei. Jungkook bufou.

Mei ia para o ponto, Dongsun estava ao lado, mas ambos em silencio. Sentaram-se próximo e esperaram alguns minutos. 

- Por acaso o Jungkook gosta de você? 

- O que? - Mei olhou-o. 

- Ele gosta de você? 

- Claro que não. 

- Não é o que parece. - Sorriu. - Ele não pareceu gostar muito quando fico perto de você. Já conferi pra ter certeza - Disse sorrindo. 

- C-Como tem certeza disso? 

- Bom, ele fica te olhando, mesmo sabendo que você nunca vai responder, ele continua te dizendo Oi, te perguntando algo. 

- Nada a ver, Dongsun. 

- E você gosta dele. 

- O que? Não, nunca. - Dongsun riu da expressão que Mei fez. 
Quando Mei chegou em casa, não falou com sua mãe, subiu direto ao quarto. Trocou-se e se jogou na cama. 

- Nunca que ele iria gostar de mim. - Mei, apesar de tudo, sempre achou que não era do tipo que algum garoto gostasse, não tinha os padrões de beleza, odiava ser igual todas as garotas que vê por ai. 

Era a primeira vez que se apaixonava, não sabia como agir, nem o que pensar direito. E porque o ignora, nem ela sabe mais responder. 

- Mei? - despertou de seus pensamentos quando sua mãe entrou no quarto. - Pra isso aqui virar um lixão só falta funcionários. 

- Mesmo? ta ai, uma boa, funcionários. - Ela pegou o balde, o pano de chão, a vassoura e os outros objetos de limpeza e jogou pra dentro do quarto.

- Eu já tenho uma. - Mei a encarava - Se vira com essa bagunça toda ai, por que quando eu voltar quero passar aqui sentindo cheiro de laranja. - Apontou para o multiuso. Feito assim, saiu do quarto. 
Mei deixou Apolo no andar de baixo, e logo voltou a limpar seu quarto. Demorou um poco, aproveitou e arrumou seus posters novos e mais alguns desenhos de Sawako na parede. 
 

Mei ja estava acordada quando seu celular tocou, pela segunda vez seguida, o sonho daquela noite veio lhe atormentar. Mei levantou e foi ao banheiro. Ao sair viu a chuva fina que caia, suspirou e começou a se vestir. Colocou suas pulseiras, gargantilha e ajeitou o cabelo. "Se não parar de chover não vou sair" - Pensava enquanto vestia suas meias que iam até o joelho. 

- Aish, odeio essa saia. - Bateu as mãos na saia do uniforme tirando os pelos de Apolo. 

Pegou sua bolsa, acariciou Apolo e desceu, ao abrir a porta viu que a cuva havia parado, revirou os olhos e seguiu. Encontrou Dongsun no ônibus, seguiram em silencio, pois cada um estava com um fone. Após chegaram, seguiram para a sala, Dongjun sentou ao lado de Mei, falou sobre uma banda que havia encontrado na internet, só se levantou quando Jungkook chegou. 

O garoto estava exausto, não dormira a noite toda, estava com olheiras e um tanto pálido, chorou um pouco na noite anterior, era a primeira vez que chorava por alguém. Sentou ao lado de Mei que olhava fixamente o chão. 

- Oi, Mei. - Disse e debruçou sobre a mesa. Mei mordeu os lábios e pensou por alguns segundos. "Ele gosta de você" - Lembrou o que Dongsun havia falado. Suspirou e olhou Jungkook. 

- Oi.