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História Trust me - Malia


Escrita por: LauraEllyse

Notas do Autor


OEEEEEEEEEEEEE AINDA TEM ALGUEM AI?


CALMAAAAAA, CALMAAAAAA, NN ME MATEM <3

DESCULPA GENTE, eu disse q ia parar de postar um tempo por causa de vestibular e tals, e a vdd é que eu entrei meio que numa crise existencial depois das provas, tipo, "qq eu vou fazer da vida, qq eu to fazendo", ENFIM, acho que consegui dar um jeito. Sendo sincera, pensei em parar essa fic msm, por causa do tanto que ainda falta pra acabar, mas assim que eu peguei pra escrever de novo, sumiu td as preocupações, amo escrever essa fic, ent se alguem ai ainda lembrar e ainda tiver paciencia, VOLTEI BITCHES HSUAHSUASHUASH

LEIAM AS NOTAS FINAIS PFV OBG, E DESCULPEM PELOS MESES DE AUSENCIA <3 T-T

Capítulo 51 - Malia


- Quem diabos é Malia Hale? - Stiles se virou para Lydia, indignado.

- Ah... - Lydia encolheu os ombros, obviamente sem resposta. - Eu pensei que os únicos Hales vivos fossem...

- Eu também! - sua voz subiu algumas oitavas. - Derek, Peter e Cora. Não tem Malia. Quem é Malia?

- Eu não sei! Stiles, se acalma.

- Não tem como me acalmar! Primeiro você me diz que Derek vai morrer, depois eu descubro que estou na lista, e agora existe outro Hale?

- Eu não disse que Derek ia morrer!

- Não?! - abriu os braços. - As outras senhas eram Allison e Aiden. Acho que vemos um padrão bem óbvio aqui, não?

- Talvez não aconteça nada. - ela parecia tentar convencer a si mesma do que falava. - Minhas previsões nem sempre estão certas. Talvez...

- Talvez?! - o peito do garoto subia e descia rapidamente. 

- Stiles?

- Ataque de pânico. - sua voz parecia estrangulada. Tentou apoiar-se na mesa, mas suas mãos tremiam demais para servir como suporte para seu corpo. - Ataque de pânico. Ataque de pânico.

Ele se abaixou e se sentou no chão, perdendo as forças para ficar em pé. Ultimamente, aqueles ataques estavam cada vez mais comuns, e isso o irritava a um nível completamente novo. Não tinha ataques tão recorrentes desde a morte de sua mãe, por que aquilo estava acontecendo de novo?

Bom, aquilo era algo para pensar depois. Naquele momento, Stiles tinha que se concentrar em se acalmar.

- Stiles... - Lydia se abaixou ao lado do amigo. O olhar preocupado e assustado da garota era quase sufocante. - Stiles, você tem que tentar...

- Relaxar? - revirou os olhos, impaciente. - Você já tentou se concentrar em relaxar, Lydia? É um paradoxo!

Cerrou o maxilar e os olhos com força, se repreendendo mentalmente. Sabia que Lydia só estava tentando ajudar.

- Me desculpe. - mordeu o interior de sua boca, numa tentativa de prender a respiração. É claro que não funcionou, ficar voluntariamente sem respirar em um ataque de pânico era praticamente impossível.

- Tudo bem. - Stiles não estava olhando para ela, mas teve a impressão que a amiga tinha se afastado um pouco. - Tudo bem, nós já passamos por isso. Você sabe como fazer isso passar.

Stiles levou um tempo para processar o que a amiga havia dito. Ele já passara por aquilo inúmeras vezes, mas sempre saía do ataque de uma maneira diferente. 

"- Esse é um péssimo método." - a voz irritante de Isaac veio a sua mente. Isso foi o que o loiro disse quando o encontrou tendo um ataque na Casa do Lago. 

Isaac...

- Três... - apertou os olhos. - Seis... nove... doze...

- O que você está fazendo?

- A tabuada do três.

- Tá, mas... por quê?

- A do um é muito óbvia, e a do dois é fácil demais. - deu de ombros, tentando parecer casual. - Quinze... dezoito... vinte e um...

- Stiles, você parece um lunático.

- É pra me acalmar! - bufou, frustrado. - A do três também é muito fácil. - pensou um pouco. - Vinte e dois, quarenta e quatro, sessenta e seis...

- Stiles?

- Muito fácil. - grunhiu. - Vinte e sete... cinquenta e quatro... - houve uma pausa. Stiles finalmente abriu os olhos. - Oitenta e um?

- Isso! - ela sorriu. - Cinquenta e quatro, oitenta e um...? Continue!

- Ah... cento e oito... cento e... trinta e cinco... cento e sessenta e dois...

- Uau. - Lydia levantou uma das sobrancelhas. - Não acredito que isso funcionou.

O garoto olhou para suas mãos. O tremor havia diminuído consideravelmente, e sua respiração estava bem mais devagar agora.

- Cento e oitenta e nove... - continuou. - Duzentos e seis...

- Duzentos e dezesseis.

- Isso, - assentiu. Levou a mão até seu bolso, pegando seu celular. - foi o que eu quis dizer.

- O que vai fazer?

- Ligar pro Derek. - clicou no contato do namorado, que, aliás, ainda estava salvo como "Hétero". 

- Hétero?

- Longa história. - Stiles sorriu de lado. Sua respiração ainda não estava totalmente regulada, mas era o suficiente pra falar no celular.

Stiles? - a voz do beta veio do outro lado da linha.

- Derek, onde você está?

- Ah... eu estou no hospital.

- O quê? - sua voz subiu algumas oitavas. - No que foi que você se meteu? Você está bem?

- Eu não me meti em nada. É uma longa história.

- Por que você está em um hospital? Você está bem?

- Não se preocupa. - Derek usou sua melhor voz tranquilizadora. - Não é por minha causa que estamos aqui. O que está acontecendo? Onde você está?

- Estou em casa com a Lydia. Eu vou aí te encontrar.

- Tá tudo bem, não precisa...

- Chego aí em dez minutos.

Encerrou a chamada e guardou o celular no bolso. A ruiva - que agora estava em pé. - esticou a mão para ajudá-lo a se levantar.

- Lyd, - Stiles olhou para o computador na mesa, onde a lista ainda brilhava na tela. Sentiu um gosto amargo em sua boca. Não era só uma lista, era uma sentença de morte. - você não pode contar pra ninguém.

***

- Liam, - Scott o chamou com um peso em seu peito. - você tem que ficar parado, okay?

- Se você se mexer, - Deaton complementou. - vai ficar mais difícil não te matar.

O beta respirou fundo, provavelmente de preparando para a dor que iria sentir. Apesar de tentar parecer relaxado naquela mesa de metal da clínica veterinária, Scott podia sentir que o menor estava com medo e abalado. Não podia culpá-lo. Garrett o havia abandonado em um poço no meio da floresta por horas. Eventualmente, Scott conseguiu localizá-lo usando seus sentidos, mas encontrá-lo antes que o veneno da wolfsbane chegasse em seu coração foi pura sorte.

Deaton respirou fundo, se preparando mentalmente. Com as mãos firmes, inclinou para perto do garoto e, com um bisturi, fez um corte vertical não muito profundo no centro do peito nu de Liam. O garoto cerrou os dentes, contendo um grunhido, mas não se mexeu. Scott ergueu as sobrancelhas, admirado. Colocou uma de suas mãos sobre o punho cerrado do beta.

O veterinário parou o corte na altura do estômago, Liam suspirou, aliviado. Da fenda, uma fina fumaça verde escapou; Scott chegou à conclusão de que aquilo significava que o menor estava livre do veneno.

- Eu não quero continuar vendo as pessoas morrerem. - admitiu, em voz baixa. Levou a mão até a testa do calouro, tirando os fios de cabelo grudados no suor de sua testa.

- Eu não acho que você tenha escolha. - Argent se pronunciou. Havia um grande peso em sua voz.

Scott se virou para ele. O Sr. Argent tinha a mesma aparência de quando havia partido para a França. Mesmo que tenha estado fora por algumas semanas, o Alpha esperava que estivesse diferente; mas ele tinha o mesmo sembrante triste e cansado que aparentava na última vez que haviam se visto, no funeral de Allison.

O garoto se sentiu culpado de repente. Ele tinha trazido Chris de volta para essa cidade, para mais problemas. Mas o que ele devia fazer? Não podia deixar de avisá-lo que sua irmã psicótica estava de volta dos mortos.

- Talvez eu tenha. - foi o que acabou respondendo. 

- É muito peso para carregar, Scott. - foi a vez de Deaton falar.

- Eu não ligo. - balançou a cabeça. -  Ninguém mais morre. Todo mundo naquela lista. Todo mundo na lista de morte. Não importa se são wendigos, ou lobisomens, ou o que seja. Vou salvar todos eles.

- Você vai precisar de ajuda.

Scott sorriu de lado.

- Eu tenho um time muito bom.

***

- Derek! - Stiles correu até o banco de hospital onde o namorado estava sentado. - Agora você pode me falar o que está fazendo aqui? E... Isaac?

- Hey, Stiles. - o loiro acenou, sentado ao lado de Derek.

- Hey. - acenou de volta. - Esse mistério fica mais interessante a cada minuto.

- Não é um mistério. - Derek revirou os olhos. - Eu teria te contado pelo telefone se não tivesse desligado na minha cara.

- Eu sou ansioso.

- Eu sei. - assentiu. - Nós fomos atrás do pack de Brett, Deaton pediu que os localizássemos.

- E vocês acharam? - Stiles sinalizou com as mãos para que os dois dessem espaço para ele se sentar no banco também.

- Achamos. - Derek se moveu para o lado, forçando Isaac a se mover também. - Estão todos mortos.

- Wow. - o garoto piscou, se sentando. - Quantos?

- Muitos. - Isaac suspirou. - Mas nós encontramos aquela mercenária que vocês contrataram. Ou pelo menos foi o que eu entendi.

- A Breaden? - franziu as sobrancelhas. - Fazia um tempo que eu não ouvia falar dela.

- Agora sabemos o porquê. - disse Derek. - Encontramos ela quase morta, e a trouxemos para cá. Estamos esperando para saber o que diabos aconteceu com o pack de Brett.

- Ela ainda não acordou?

- O médico não deu notícias. Eu quero respostas quando ela acordar.

- Vocês não chamaram a polícia?

- Claro que chamamos. - Isaac apontou com a cabeça para o outro lado do corredor. Seguindo seu olhar, Stiles pôde ver dois policiais conversando. - Foi a primeira coisa que fizemos. Quase todos eles estão onde encontramos os corpos.

- Meu pai está lá?

- Ele nos salvou de sermos interrogados por alguém que não tem ideia do que realmente está acontecendo.

- Justo. - assentiu. - Mas porque vocês estão aqui? Os policiais já estão vigiando ela.

- Os policiais não vão saber fazer as perguntas certas. - foi Derek quem respondeu.

Stiles engoliu em seco. Tinha muita coisa para conversar com ele. Muita coisa. Não podia ter aquele tipo de conversa num lugar tão público. E não podia esperar tanto tempo.

- Eu acho que a gente devia ir. - colocou a mão na do namorado. - Vamos pro loft.

- Mas e se...

- Derek, - ele cortou. - vamos pro loft. A gente precisa conversar.

- Wow. - Isaac assoviou, cruzando os braços e deixando seu corpo cair no encosto do banco. - Eu iria Derek, parece sério. É sobre o bebê?

Stiles bufou.

- Você é insuportável. Sempre volta nesse mesmo assunto. Não acha que já deu de piadas?

- Não são piadas, estou preocupado. E isso não é um "assunto", é um ser vivo. Só quero ter certeza de que você não esqueça dele.

- Isaac, vai se fo...

- Okay. - Derek se levantou, interrompendo os dois. - Nós estamos indo. Isaac, se ela acordar...

- Eu sei, eu sei. - assentiu. - Mas eu só posso ficar aqui até o turno da Melissa acabar. Ela não vai me deixar ficar.

- Vai ter que servir. - Stiles podia ver que Derek não queria ir, mas não disse nada. Tinham assuntos mais importantes que aquele.

***

"Eu sinto muito, Lydia" - a voz de Parrish do outro lado da ligação ainda ecoava na cabeça da ruiva. - "Eles encontraram o corpo de Meredith no quarto dela. Ela usou os lençóis para se enforcar."

Limpou as lágrimas em sua bochecha, encarando o teto de seu quarto. Deitada em sua cama, ainda segurava seu celular junto ao peito, repassando a conversa que teve com o policial e os acontecimentos daquela noite várias vezes em sua cabeça.

Mais uma morte. E mais uma vez, era tudo culpa de Lydia.

***

- Sabe, essa tensão está me matando. - Derek reclamou, fechando a porta do loft.

Tinham chagado lá em carros diferentes, então ele realmente não tinha ideia do que o menor queria conversar, e o suspense o estava matando. Mas tinha a impressão de que Stiles preferia daquele jeito. Tudo o que ele iria falar nos próximos minutos tinha sido meticulosamente ensaiado enquanto ele estava no jipe. O garoto não tinha nem mesmo feito a usual sessão de reclamações sobre subir as escadas até o apartamento, isso certamente era preocupante.

Mas Stiles não respondeu, apenas estendeu a mão, que segurava uma folha de papel dobrada. 

- O que é isso?   

- É a terceira parte da lista. - Stiles cruzou os braços, olhando atentamente a expressão do namorado ao desdobrar o papel e lê-lo. - Lydia desvendou umas duas horas atrás.

- Tem menos pessoas que as outras. - observou, passando os olhos rapidamente pelos nomes. - Liam está aqui, você já avisou ele?

- Eu passei uma mensagem para o Scott. - assentiu. - Reconhece mais algum nome?

- Satomi não estava junto com o pack. Todos os que encontramos estavam mortos, mas ela não estava entre eles. Eu me certifiquei disso.

- Isso é bom... - Derek percebeu que o garoto parecia um pouco desconcertado, mas não entendeu porque. - Pula pro último nome na lista.

Os olhos do beta se moveram para o final da página, e então se arregalaram.

- Mas que por...

- Eu sei. - Stiles sorriu de lado. - Tem um Hale na lista.

- Mas... - Derek se sentou no sofá, digerindo aquela informação. - Isso é impossível...

- Eu achei que a sua família... - o garoto se sentou também.

- Todos morreram. - sua voz saiu mas amarga do que pretendia. - Não sobrou mais ninguém. Não tem Malia, eu saberia...

- Será? Você não sabia que Cora tinha sobrevivido até uns tempos atrás.

- Touché. - balançou a cabeça. - Mas se essa garota está nessa lista, ela está em Beacon Hills. Como ela esteve aqui esse tempo todo? E eu me lembro de todos eles, essa garota não existe. Não tem como...

- Derek, se acalma. - Stiles colocou uma das mãos em seu ombro. O maior piscou, percebendo que sua voz estava aumentando conforme falava. - Eu sei que isso é muito para digerir, mas nós temos que ser práticos. Talvez seja uma prima distante...

- Eu conheço todos os meus primos.

- Muito distante.

O beta negou com a cabeça, respirando fundo.

- Depois do incêndio, eu e Laura...

- Laura e eu. - corrigiu.

- O quê?

- Esquece, continua.

- Depois do incêndio, nós investigamos quaisquer outros parentes próximos que ainda estariam vivos. E o mais perto que chegamos eram um outro pack que nem mesmo tinha o sobrenome Hale. Então não, essa garota não existe.

Stiles cerrou os olhos. Ele nunca havia perguntado o que Derek tinha feito depois de perder a família. Quer dizer, ele sabia que o beta fugiu com sua irmã, e voltou vários anos depois, mas o que aconteceu naquele meio tempo ainda era um mistério. Com quem eles ficaram? Onde eles foram?

O garoto fez uma anotação mental para perguntar ao maior mais tarde.

- Não sei. - deu de ombros, desistindo de argumentar. - Mas eu liguei para o meu pai no caminho para o hospital, pedi para ele procurar por esse nome.

- Ele não vai achar. - negou com a cabeça. - Se ela está em Beacon Hills, acabou de chegar. E se veio para cá, tem algum motivo. 

- E se isso não for coincidência?

- O que quer dizer?

- E se a vinda dela para cá tenha a ver com tudo o que está acontecendo? Quer dizer, ela é uma Hale, e o dinheiro dos assassinatos é o dinheiro que estava no cofre da sua família.

- Está dizendo que ela está por trás disso? Por que ela se colocaria na lista?

- Para atrair a sua atenção! - sua voz aumentou. - Nos fazer procurar por ela, e então nos prender em uma armadilha!

- O quê? Por quê?

Stiles demorou para responder.

- Eu não sei ainda, é uma teoria em desenvolvimento. Mas ainda é valida. - cruzou os braços, percebendo que o que tinha dito não fazia muito sentido. - Ou talvez seja dela que o Benfeitor tenha tirado informações sobre o cofre. Ou talvez...

- O Benfeitor?

- Ah, - piscou. - Meredith disse que o cara por trás desses assassinatos se chama de Benfeitor.

- Um codinome bem presunçoso.

- Totalmente. Mas, de qualquer jeito, isso não é a única coisa que eu tinha para falar.

- Tem mais?

- Ah... - Stiles engoliu em seco. - Olha, não vamos nos precipitar quanto a isso, okay? A Lydia já esteve errada antes. Ela já esteve errada muitas vezes. Bom, não muitas vezes. Mas nunca dá pra falar que ela está 100% certa. Talvez ela tenha previsto alguma coisa, mas agora que a gente sabe podemos impedir antes que isso aconteça. Não que vá acontecer nem nada disso, mas...

- Stiles, está falando demais. - Derek nem revirou os olhos dessa vez, já estava mais que acostumado com situações como aquela.

- A senha. Era o seu nome. - disse, finalmente. - Era a chave para desvendar a terceira parte da lista.

- E... - desviou o olhar para o próprio colo. - Os outros nomes eram Allison e Aiden.

- Isso não quer dizer nada.

- Claro que quer. Tem um padrão visível.

- Qual é, Derek. Okay, talvez seja uma previsão de morte...

- É uma previsão de morte.

- Talvez seja. Mas agora que sabemos que existe um perigo iminente, podemos nos precaver. Você custa bastante na lista de morte, é claro que muita gente vai tentar a sorte, mas podemos...

- Não é isso. - Derek suspirou. - Tem... tem uma coisa que não te contei.

Stiles piscou, uma sensação ruim lhe subiu à garganta.

- Do que está falando?

Derek se ajeitou no sofá, ficando de frente para o menor. Pegou suas mãos e as segurou com firmeza, ficando olho a olho com ele.

- Você se lembra como eu não consegui absorver a sua dor na lanchonete?

- Aham... - Stiles assentiu, não gostando do rumo daquela conversa.

- Essa não é a única coisa que está acontecendo. Eu estou perdendo meus poderes.

- Como assim? Como você pode estar perdendo seus poderes? Você é um lobisomem! Isso é possível?

- Eu não sei. Desde que Kate fez aquilo comigo, meus poderes vem enfraquecendo cada vez mais.

- Por causa dos seus olhos?

- Foi por isso que contratei Breaden para achá-la. Eu tenho que descobrir o que diabos está acontecendo. Eu sinto que... está me transformando em humano. Está me matando.

- Wow, wow, wow. - o garoto soltou as mãos da do maior, levantando-as no ar para interrompe-lo. - Está se precipitando. Você pode estar virando humano, mas isso não quer dizer que você vai morrer. Eu sou humano, e ainda estou vivo.

- Ainda. - Derek enfatizou. - Você mesmo disse, eu valho bastante na lista de morte. Sem força, quanto acha que vai demorar para me matarem?

- Se é assim, imagina quanto tempo vai demorar para me matarem.

Derek levou alguns segundos para processar aquele comentário.

- Do que você está falando? - franziu as sobrancelhas. - Você não está na lista.

- Do que você está falando?

Derek pegou a lista novamente, olhando todos os nomes. Stiles não estava na lista. Olhou nome por nome atentamente, o nome de Stiles não... espera.

- Ah... Stiles?

- Derek? - levantou uma sobrancelha, confuso.

- Qual o seu nome de verdade?

- Ah! - o garoto exclamou com olhos arregalados, antes de explodir em risadas. - Oh, Deus. Eu esqueci!

- Stiles! - bufou. - Pare de rir!

- Eu... eu... - respirou fundo, tomando fôlego. - Aí, eu esqueci.... eu nunca te contei. Eu achei... - mais risos. - Eu achei que você tinha simplesmente ignorado meu nome aí, eu estava tão puto com você...

- Não é possível que esse seja o seu nome. - Derek apontou para uma parte do papel. - Como você sequer pronúncia isso?

- Mieczyslaw. - falou bem lentamente, sem conseguir conter um sorriso.

- Miti... o quê?

- Mieczyslaw. Mi-tis-qui-lof.

- Mitizimow?

- Mi-tis-qui-lof. Tem um som de F no final.

- Mas não tem nenhum F no seu nome.

- É polonês, a pronúncia é diferente.

- E pra que diabos você tem um nome polonês?

- Eu não escolhi meu próprio nome, Derek! Vai, você consegue: Mi-tis-qui-lof.

- Mizistilove.

- Cadê o F, Derek? Acabamos de discutir sobre isso!

- Mizistilovef?

- Aí, meu Deus. - revirou os olhos. - Repete comigo: Mi...

- Mi...

- Tis...

- Tis...

- Qui...

- Qui...

- Lof.

- Lof.

- Mi-tis-qui-lof.

- Mi-zis-ti-laf.

- Ah - deu de ombros. -, é perto o bastante.

- Quer saber, deixa pra lá. O que é que seu pai estava pensando?

- Era o nome do meu avô. - seu sorriso diminuiu. - Por parte de mãe. Meu pai e o pai dele não se davam muito bem. É uma longa história.

- Tudo bem. - balançou a cabeça. - O que vai dizer ao seu pai? Vai ter que mostrar isso pra ele uma hora ou outra.

- Eu sei. Eu imprimi uma versão editada da lista pra mostrar pra ele amanhã. Uma versão sem o meu nome.

- Você não acha que devia contar pra ele? Sti...

- Não é uma opção, okay? - Stiles o cortou, balançando as mãos. - Não, não, não. Vamos deixar isso entre nós. Só temos que ficar vivos, não pode ser tão difícil.

- Eu não vou poder te proteger. Não assim.

- Eu não preciso de proteção. Eu sei me virar sozinho. - cruzou os braços.

- Você mal consegue andar sem tropeçar, Stiles.

- Você me magoa, Derek. É um péssimo namorado.

- Estou preocupado com você. - massageou as têmporas. - Uau, isso foi muita informação de uma vez só.

- Bom, você está lidando com isso melhor que eu. - Stiles se lembrou do ataque de pânico que tinha tido algumas horas antes.

- O que quer dizer?

- De qualquer jeito, - ignorou a pergunta. - acho que a maior preocupação aqui é essa Malia.

- Eu acho que o maior problema é o seu nome.

- Derek, é sério. - bufou, indignado. - Estou com um mal pressentimento. Vamos para a delegacia, tenho certeza que meu pai já achou alguma coisa.

- Não mesmo. - Derek segurou o braço do garoto, impedindo-o de se levantar do sofá antes mesmo que tentasse. - Está tarde, Stiles. Nós vamos amanhã.

- Mas eu... - Stiles se interrompeu de repente, franzindo as sobrancelhas. - Espera, você acabou de dizer que a gente vai juntos investigar isso?

- Ah... você quer investigar sozinho?

- Não! - exaltou. - Não, não, não. Vai ser incrível você vindo comigo. Nós dois em uma investigação policial. É como aquelas séries, sabe, tipo Law and Order. Tem sempre um drama romântico por trás da perseguição de crimes e...

- Stiles, você está indo longe demais com isso. Estou começando a me arrepender.

- Okay, desculpa. É só que... eu achei que você ia reclamar e me dizer para ir para a escola, ou alguma coisa assim. Scott diria que eu ainda tenho que me formar.

- Bom, você não vai se formar se estiver morto. Você vale bastante dinheiro, Mitiscofe.

- Mieczyslaw. Mas você chegou perto.

- Cada vez que você fala, sai um nome diferente.

- Não sai não, eu passei anos praticando.

- Não foi o suficiente. - sorriu de lado. Se aproximou, depositando um pequeno beijo nos lábios do namorado. - Anda, vamos pra cama.

- Uau, isso foi tão sexy. Pode dizer de novo? Dessa vez, sem a camiseta?

- É, você estragou o momento. Eu estava falando para a gente ir dormir, seu pervertido.

- E eu estou propondo um caminho alternativo. Tem certeza que vai desperdiçar a oferta?

- Eu não acho que isso seja desperdiçar a oferta, já que o que você está oferecendo eu posso ter sempre que eu quiser.

- Ouch! - Stiles pôs a mão no peito, dramaticamente. - E lá vai você, me chamando de puta de novo.

- Ah, não. - Derek cobriu o rosto com as mãos. - Eu achei que você tinha esquecido disso.

- Eu nunca vou esquecer disso. E é bastante ousado da sua parte me chamar de puta enquanto você é o hétero indo para a cama com um cara.

- Okay, eu desisto. - Derek se levantou do sofá. - Eu vou dormir sozinho. Até de manhã.

- Hey! vai me fazer dormir no sofá?

- Você pode usar o tapete como cobertor se ficar com frio. - deu as costas para o menor e começou a andar até as escadas.

- Insensível. - Stiles sorriu, se levantando e correndo até o outro para abraça-lo. 

- Irritante. - Derek retrucou, abraçando-o de volta.

- A cada minuto, uma nova ofensa. Isso é quase um relacionamento abusivo de tv. Primeiro me chama de puta, depo....

- Eu não estava te chamando de puta, para de ser dramático.

- Mas essa é uma das minhas melhores qualidades.

- Uau, não sabia que a sua situação era tão ruim assim.

- Cala boca, Derek. A gente vai dormir ou não?

- É, vamos.

***

Scott não podia deixar de sorrir vendo Isaac dormindo naquela posição extremamente desconfortável naquele banco de hospital. Sua cabeça estava caída para trás, em um ângulo que fazia praticamente todo seu rosto se voltar para o teto branco. Seus braços tinham sido abandonados ao lado de seu tronco, e um de seus pés estava apoiado em seu joelho, enquanto o outro continuava no chão.

- Uau, - Scott se virou para sua mãe ao seu lado. - a perna dele deve estar inteira dormente.

Melissa sorriu levemente, mas não conseguiu disfarçar o semblante cansado. Já era mais de meia noite, e só agora seu turno duplo havia terminado. Scott pensou imediatamente na mala cheia de dinheiro embaixo de sua cama. Sua mãe não precisaria se esforçar tanto se...

Não, era uma má ideia. Era o dinheiro de um assassinato. E era o dinheiro de Derek.

Scott tinha acabado de deixar Liam ali, ele iria esperar seu pai para ir para casa. Agora eles só precisavam de Isaac para ir também. 

- Ele está ai há horas. - disse ela. - Vá em frente, acorde ele. 

O Alpha assentiu. Se sentou ao lado do namorado, cutucando sua cintura e chacoalhando seu ombro até obter algum tipo de reação dele.

- Hm... - Isaac franziu as sobrancelhas e fechou a boca em uma expressão incomodada, mas Scott só parou quando ele finalmente abriu os olhos e olhou ao redor, piscando para se acostumar com a luz. - Scott? O que você está fazendo aqui?

- Salvando você de deformar sua coluna. - sorriu de lado.

O maior resmungou enquanto se ajeitava no banco, parecendo sentir dor.

- Obrigado. - sorriu também, mas logo voltou a resmungar quando colocou o pé no chão. - Ouch.

- Sua perna está dormente? 

- Não consigo nem sentir ela. - deu alguns tapas na coxa, fazendo careta. Então se virou para Melissa. - Breaden acordou?

- Ela não vai acordar tão cedo. - a enfermeira balançou a cabeça. - Ela foi baleada, a cirurgia é demorada. A recuperação mais ainda. E mesmo assim, ela foi envenenada com alguma coisa. Os médicos ainda estão tentando entender.

- Então eu ficar aqui esperando é inútil. - Isaac concluiu.

- Basicamente. - Scott concordou. - Por que isso é tão importante? O pack já não está todo morto?

- Não todo. Mas o Derek quer falar com ela por uma razão diferente. Não entendi direito, é uma longa história.

- Então você pode contar em casa. - Melissa interviu. - Vamos, garotos. Estou exausta.

***

...Após digitar o endereço IP, você será conectado através de um portal Darknet a um banco não rastreável. Uma vez que estiver logado, digite o número da sua conta para receber transferências. O endereço IP será desativado a cada transferência. Você receberá um novo endereço IP se quiser continuar a lista. Lembre-se, para o pagamento ser efetuado, é requerido confirmação visual.

Isaac e Scott esperaram um tempo, mas mais nenhuma palavra saiu da pequena caixa de som. 

Assim que chegaram em casa, o Alpha mostrou ao loiro o que tinha descoberto: dentro da mala de dinheiro, havia um pequeno pendrive, escrito "toque-me" no plástico com caneta permanente. Eram instruções. Diziam como conseguir a lista, e como ser pago por ela.

- Uau. - Isaac franziu as sobrancelhas. Cruzou as pernas e apoiou os cotovelos nas coxas, ficando numa posição mais confortável para se sentar no chão. Scott o imitou, sem tirar os olhos da caixa de som, como se esperasse que ela fosse voltar a falar a qualquer momento. - É um plano bem esquematizado, eu tenho que admitir.

- Você entendeu como funciona? - franziu a testa.

- Não muito. Você já fez uma transferência bancária?

- Eu nunca tive dinheiro o suficiente. - o Alpha deu de ombros, como se se desculpasse. - Você já?

- Scott, eu moro com você porque eu sou um órfão sem teto.

- Ah, certo. - suspirou. - Então nenhum de nós dois entendeu nada. Ótimo.

- Devíamos mostrar isso ao xerife. Ou pelo menos ao Derek. Ele vai entender, ele é super rico.

- Mas aí vamos ter que falar do dinheiro.

- Bom, nós íamos ter que devolver alguma hora, certo?

- E quando Derek perguntar porque esperei todo esse tempo para devolver, o que eu digo?

- Diz pra ele que você só ganha um salário mínimo na clínica veterinária.

- Isaac. - bufou. - Isso é sério. O que o Stiles vai pensar quando souber que eu praticamente roubei todo esse dinheiro? Derek perdeu tudo, ele deve estar precisando. Eu sou uma pessoa horrível.

- Para com isso. - Isaac sorriu de lado. Scott era adorável. - Você não roubou nada, Stiles vai ficar feliz com o dinheiro.

- Mas...

- Se você quiser, pode falar que fui eu quem atrasou a entrega.

- Sério?

- Uau, você está realmente considerando isso? Você é uma pessoa horrível, Scott.

- Isaac!

- Eu estou brincando. Anda, vamos dormir. - se levantou, esticando a mão para ajudar o menor a fazer o mesmo. - Ou a culpa vai te manter acordado a noite toda?

- Haha. 

***

Não era que Derek estava cem por cento de acordo com Stiles matar aula, mas haviam coisas maiores em risco. E não era como se ele pudesse impedir o menor, de qualquer jeito. Além do fato, é claro, de que era bastante irresponsável deixar Stiles sozinho, agora que ele sabia o quanto sua cabeça valia. Stiles era um alvo fácil e valioso, Derek não ia deixar o seu lado nem um segundo.

Não que você possa fazer alguma coisa. - Derek lembrou a si mesmo.

- Stiles! - a voz do xerife chamou assim que os dois entraram na delegacia.

Derek puxou a blusa de Stiles, indicando que eles deveriam ir até John. Os dois atravessaram a delegacia sob os olhares quase discretos dos outros policiais ali. Derek entendia porque as pessoas se interessavam pelos dois. Um ex-criminoso e um adolescente que ficou na lista de desaparecidos e  prioridades da polícia por bastante tempo - e que, a propósito, é filho do xerife. E ambos eram homens. Mesmo em uma cidade tão conturbada e bizarra como aquela, as pessoas ainda encontravam tempo para fofocar e julgar vidas alheias.

O tronco do xerife se encostava na batente da porta de seu escritório enquanto observava, com uma expressão cansada, os dois se aproximarem. Derek deduziu que ele havia passado a noite toda na delegacia. Normalmente John sempre mandava mensagens para Stiles quando o menor passava a noite fora, mas não dessa vez. John estava sendo extremamente protetor desde todo o incidente com o Nogitsune, então ele devia estar realmente muito ocupado.

- Stiles, por que você não está na escola? - foi a primeira coisa que disse, cruzando os braços para expressar ainda mais seu aborrecimento. - Bom dia, Derek.

- Bom dia, xerife. - o beta cumprimentou de volta.

- Eu tenho aula livre agora. - Stiles mentiu. - Você pesquisou o nome que eu pedi?

John suspirou, nem mesmo disfarçando o quão cansado estava.

- Entrem. - abriu a porta de seu escritório.

​Aquele quarto estava mais bagunçado do que da última vez em que Derek esteve ali. Os três painéis de casos em andamento haviam se estendido para a parede, agora o xerife colocava fotos e reportagens ali presas com fita, ao invés de taxinhas.

- Uau. - Stiles assoviou, olhando para os papéis. - Você esteve ocupado.

- Bastante. - John assentiu. - Mas, infelizmente, nem tudo sai como a gente quer. Eu procurei em todos os bancos de dados que eu tinha acesso, até liguei para alguns amigos de distritos próximos. Nenhuma Malia Hale.

- Nenhuma? - Stiles arregalou os olhos. - Uau, então... então talvez ela não seja daqui. 

- Se ela não é daqui, como ela está na lista?

- Talvez ela só esteja aqui agora, mas... - Derek se pronunciou. - Ela pode ter mudado de nome. Talvez o nome da lista é o nome de solteira dela, ou o nome verdadeiro, mas pode estar diferente nos registros.

O xerife balançou a cabeça, considerando a possibilidade.

- É possível, mas fica mais difícil encontrá-la. Muito mais difícil. E como o... do que você chamou ele? - se virou para o filho. - Benfeitor? Como ele sabe dela?

- Ele sabe de todo mundo. - Stiles deu de ombros. - Cada criatura sobrenatural de Beacon Hills.

- Deixe-me ver essa lista. - John estendeu a mão.

O garoto piscou.

- O quê?

- A terceira parte. Deixe-me ver.

- Ah, claro. - trocou olhares com Derek antes de alcançar a lista editada em seu bolso e entregar ao pai. - Aqui.

- Tem menos nomes. - John observou, passando os olhos pela folha atentamente. - Alguém já conferiu se a soma dá 117?

- O-o quê?

- São 117 milhões, certo? Que foram roubados dos cofre dos Hale para financiar tudo isso?Alguém já conferiu se essa é a soma dos números? Como sabemos que não tem uma quarta lista?

Foi quando o menor percebeu seu erro. Se seu pai somasse todos os valores ali, iriam faltar os quinze milhões que era destinados a ele. Stiles nem mesmo pensou nisso, nem passou por sua cabeça.

- Não tem. - respondeu, um pouco rápido demais. - Lydia disse que essa é a última.

- Bom, melhor assim. Mas essas não podem ser todas as criaturas sobrenaturais de Beacon Hills, certo? Os nomes nessa lista não são nem um por cento da população dessa cidade. Como ele faz a seleção de quais criaturas colocar na lista, e quais não colocar? Ah... - ele pareceu desconfortável por um momento. - Desculpe, Derek. Não estou te chamando de criatura, é que..

- Está tudo bem, senhor. - Derek dispensou o comentário com as mãos.

John.

- John. - assentiu.

O beta viu Stiles abaixar a cabeça. Provavelmente estava pensando o que seu pai diria se soubesse que ele mesmo era uma dessas "criaturas". 

- Não sabemos como ele faz a seleção. - o beta continuou. - Só sabemos que a maioria das pessoas na lista está conectada ou com o pack de Scott, ou com o de Satomi.

- Satomi Ito? - o xerife leu o primeiro nome da lista editada. - Quem é ela?

- A Alpha mais antiga da região. A Alpha do pack que eu e Isaac encontramos ontem.

- Isaac e eu. - Stiles murmurou, mas Derek escolheu ignorá-lo.

- Oh, - o xerife suspirou, passando a mão pelo rosto. - os corpos que você encontrou ontem. Alguns nomes estavam nas outras listas, vou pedir para Parrish checar essa aqui. Tinha gente naquela floresta que simplesmente foi pega no fogo cruzado, não estavam na lista, só no lugar errado. 

- O que vocês encontram nos corpos? - perguntou o beta.

- Os legistas disseram que nunca viram nada do tipo. - respondeu John. - É algo novo.

- Veneno?

- Eles não sabem. Veneno, vírus, bactéria, eles não tem ideia. Seja lá o que for, cobriu seus rastros.

- Seja lá quem fez isso, foi inteligente. - Stiles balançou a cabeça, impressionado. - Ao invés de matá-los pessoalmente...

- Sim, - o xerife assentiu. - muito inteligente. Não vou mentir, isso me assusta. 

- Somos dois.

- Então temos que encontrar essas pessoas o quanto antes.

- Exatamente. Malia não está nos registros, mas isso não quer dizer que ela não está em Beacon Hills. Ela pode estar escondida, talvez tenha mudado de nome, ou algo assim.

- Então é impossível encontrá-la.

- Nada é impossível! - levantou o indicador dramaticamente. - Vamos ter que investigar.

- Olha, - a voz de John se tornou grave. - eu sei que isso é uma questão pessoal. De certa forma, ela é parte da sua família, Derek. Eu sei que você não tem muita. Mas há nomes nessa lista mais fáceis e mais rápidos de encontrar. 

- É claro. - Derek assentiu. Stiles se aproximou dele, com uma expressão preocupada. - O que a polícia está fazendo com...

- Eu coloquei uma escolta nos nomes que sobraram. O que não são muitos. - o xerife alcançou o bolso, retirando dois papéis dali e entregando um para Derek e um para Stiles. - Eu risquei os nomes das vítimas, incluindo o pack que foi encontrado ontem.

- Wow. - o menor arregalou os olhos. - Isso é metade da lista.

- Não vai demorar para seus amigos serem os alvos principais.

- Espera, você colocou uma escolta no Scott?

- É claro. Ele é o mais caro da lista.

- E o que acontece quando algum oficial ver ele se transformar? - Derek se pronunciou.

O mais velho sorriu de lado, desviando o olhar.

- Você não consegue ser um policial nessa cidade sem ver coisas estranhas. Se você vê alguma coisa, faz o de sempre: diz a se mesmo que está muito cansado, e está vendo coisas.

Nesse momento, a porta do escritório se abriu. Parrish ficou parado ali, segurando algumas pastas e parecendo tão cansado quanto John.

- Xerife, - ele disse. - eu consegui os nomes que o senhor pediu. E chegaram mais informações do necrotério.

- Obrigado, Parrish. - andou até o oficial e pegou as pastas, entregando a terceira parte da lista em troca. - Eu tenho mais nomes para você.

- Entendido, senhor. - Parrish assentiu e fechou a porta, voltando ao seu posto.

- Bom, - John se virou para Derek e Stiles. - temos muito a fazer.

***

Lydia piscou, quase saindo do transe em que se encontrava. Estava dentro de seu carro, estacionado na frente da estação policial. Ela se perguntou por um momento se era permitido parar o veículo ali, mas não se importou realmente. Abriu a porta, quase roboticamente, e andou até a delegacia.

Ela nem mesmo pensou. Não desviou o olhar. Não viu nenhum dos outros policiais que a encaravam. Apenas andou em linha reta até chegar no escritório do xerife. Quando estava lá dentro, tudo pareceu mais claro. A ruiva finalmente percebeu o que estava fazendo.

- Lydia? - Stiles foi o primeiro a falar alguma coisa. - O que você está fazendo aqui?

A garota não respondeu. Percebeu que todos a encaravam: o amigo, que estava sentado na frente do computador; e Derek e o xerife, que antes estavam de pé, discutindo sobre alguns papéis. Podia ver que todos esperavam o pior. Esperavam que algo horrível tivesse acontecido, e que ela estava ali para pedir ajuda. Esperavam alguma predição, algum acontecimento terrível - e, sinceramente, depois de tudo o que haviam passado, ela também esperaria. Mas a verdade é que ela não sabia.

Apesar de odiar aqueles episódios, estava começando a se acostumar. Olhou em volta, procurando por alguma indicação do que ela devia fazer a seguir, de onde ir, do que encontrar. Tinha deixado a escola e dirigido até ali por algum motivo, precisava descobrir qual era.

- Ah... - ela olhou para os lados, confusa demais para dizer alguma coisa.

- Lydia? - Stiles se levantou e andou até a amiga com uma expressão preocupada. - Está tudo bem? Esta acontecendo alguma coisa?

- Não tenho certeza. - admitiu, sentindo os olhares frustrados e decepcionados de todos na sala sobre sua pele. - O que estão fazendo?

- Investigando a terceira parte da lista. - explicou o xerife. - Você tem certeza de que essa é a última, certo?

- Sim, sim. - Lydia assentiu, mandando um olhar para Stiles, que retribuiu com um que dizia "está tudo bem". Ela sabia o que significava. John estava com a lista falsa. - E o que vocês descobriram?

- Investigamos os nomes. - o mais velho respondeu. - Muitos já estão mortos, mas vamos colocar uma escolta nos que não estão e conseguimos localizar.

- Conseguiram localizar? - a ruiva franziu a testa. - O que quer dizer?

- Alguns nomes não tem registro. - foi Stiles quem explicou. - Não estão no sistema. Como Kayleen Bettcher, Elias Town...

- Malia Hale. - Derek complementou.

- Oh. - foi tudo o que a garota pôde pensar em dizer. - E estas escoltas...

- Sim, Lydia - o xerife assentiu. -, isso inclui você. E Scott, Kira... Derek.

- Isso ainda está em discussão. - Derek se pronunciou. - Colocar essas escoltas, nos expor assim, pode tornar tudo público. Pode atrair caçadores pra cá. E não vamos dar tanta sorte com eles como aconteceu com os Argent...

- Grande sorte... - a garota murmurou para si mesma, mas ninguém além de Stiles pareceu ouvi-la.

- O risco de não por essas escoltas é muito maior, eu não posso...

- Isso não vai funcionar. - Derek parecia estar escondendo algum sentimento forte do xerife. Pela expressão aflita de Stiles, a garota podia ver o quanto aquilo estava afetando o beta.

- Eu não posso arriscar. - John continuou. - Já perdemos pessoas demais.

- Está sacrificando seus oficiais.

- Bom, esse é o trabalho deles.

- Está pondo em risco os que está tentando proteger!

- Eles já estão em risco!

Na mente de Lydia, aquela conversa foi ficando cada vez mais distante. Stiles de repente se juntou à discussão, mas as vozes dos três tornaram-se apenas ruídos, e ela começou a ouvir outra coisa.

Eram duas vozes femininas, uma parecia ser de uma criança, e a outra de uma mulher mais velha. Estavam discutindo, Lydia não sabia dizer o porquê, mas podia ver que a menininha estava bastante irritada.

Enquanto ouvia, ia dando passos lentos em direção à escrivaninha do xerife, sem enxergar realmente para onde ia. Mesmo que não percebesse, algo a atraía. Mexeu nos papéis espalhados pela superfície da mesa, procurando de onde as vozes estavam vindo. Até que encontrou uma pasta beje, com alguns papéis dentro.

As vozes femininas aumentavam gradativamente. A briga ficou mais intensa. As mãos de Lydia apertaram a pasta, tremendo. Sabia o que estava prestes a acontecer. Cerrou os olhos com força, se preparando.

Gritos. Um som de estouro que pareceu reverberar no crânio da banshee. Chiados agudos dos pneus parando abruptamente na estrada. Vidros quebrando. Mais gritos. Rugidos. Mais gritos.

E de repente, silêncio.

Lydia levou alguns segundos para abrir os olhos. A pasta amarela em suas mãos estava completamente amassada ao meio. Percebeu que a sala toda estava quieta, e sentiu todos os olhares em si. Era uma sensação recorrente aqueles dias. Ela se virou de frente para eles, mas sem tirar os olhos da pasta.

Fez o seu melhor para desamassar os papéis e os tirou do envelope. Era uma ficha de um acidente de carro de oito anos atrás. Três pessoas, nenhum sobrevivente.

- Lydia? - Stiles foi o primeiro a se pronunciar. - O que foi?

- Esse caso... - ela continuou lendo. - Um acidente de carro. A família Tate.

- Esse era um dos casos que eu estava revisando. - disse o xerife, andando até a ruiva. - Estava procurando por algum indício do sobrenatural nele.

- Por quê? - Lydia o encarou.

- Quando fui nomeado xerife, minha primeira tarefa oficial foi contar a um homem que, não só suas duas filhas e esposa tinham morrido em um acidente, mas que, pelo que podíamos ver, o corpo da filha de nove anos tinha sido arrastado dos destroços por coiotes.

- Arrastado e comido? - Stiles pegou os papéis da mão da amiga. Uma imagem de um carro destroçado no meio da floresta estava presa ao relatório por um clipes, junto com outras fotos. Ele as separou do papel amassado e devolveu o mesmo à Lydia, olhando as fotografias uma por uma. Franziu as sobrancelhas quando viu a uma menininha sorridente de longos cabelos castanhos no meio de corpos e ruínas.

- Nós só encontramos o carro três dias depois do acidente. - John continuou, com um tom triste. - Eles saíram da pista e caíram em um despenhadeiro bem profundo. Dois corpos ainda estavam no carro, cheios de marcas de mordidas e cortes.

- E você acha que pode ter sido um caso de lobisomem? - Derek perguntou, vendo o mais velho assentir. - Por quê?

- Adivinha em que noite aconteceu o acidente.

O beta suspirou.

- Lua cheia. - balançou a cabeça. - Claro, naturalmente.

Lydia tomou a foto das mãos de Stiles, trocando-a pela ficha e fixando os olhos nela como se fosse alguma grande revelação.

- Quem é ela? - mostrou a imagem ao xerife, engolindo em seco.

- Ela estava no acidente. - John respondeu. - Ela, a irmã menor e a mãe. Nunca achamos o corpo.

- O nome dela era Malia. - Stiles leu no relatório do acidente. - Malia Tate.

- É ela! - Lydia praticamente gritou, apontando para a garotinha de nove anos. - É ela! É a Malia!

- O quê? - Stiles tomou a fotografia de volta. - Nossa Malia? Malia Hale?

- É ela. - repetiu, transmitindo mais certeza em sua voz desta vez. - Malia Hale, é ela.

- Isso é impossível. - Derek pegou a todo, que agora estava toda amassada depois de ter sido passada de mão em mão. - Não tem como...

- Eu não sei como eu sei. - Lydia parecia frustrada. - Eu só... eu só sei. Eu não sei como. Talvez ela tenha sido adotada pelos Tate.

- Ela foi. - disse o xerife. Lydia não havia percebido, mas o mais velho tinha dado a volta na mesa e estava curvado sobre ela, olhando pelos arquivos no computador. - Os Tate a adotaram com menos de um ano, aqui mesmo em Beacon Hills.

- Tem como descobrir seus pais verdadeiros? - Derek perguntou, se atropelando nas próprias palavras.

- Não estão registrados. Eu poderia tentar rastreá-los, mas não acho que seja relevante. - se virou para Lydia. - Você tem certeza que ela não está morta? Nunca achamos seu corpo.

- Acho que sim. - a ruiva assentiu. - Acho que saberia se estivesse morta.

- Então ela está em algum lugar. - o xerife endireitou as costas. - E temos que encontrá-la.

- Se ela é um lobisomem, - disse Stiles. - talvez ela tenha causado o acidente. Aconteceu numa lua cheia, afinal.

- Por isso não a encontraram. - Derek completou. - Ela se transformou, causou o acidente, se curou, e depois que viu o que fez, fugiu. Talvez tenha fugido para outro lugar e só agora retornado a Beacon Hills.

- Vamos perguntar quando a encontrarmos. - John cruzou os braços. - Ideias?

***

- Me explica o plano de novo. - Scott sussurrou para Stiles do banco de trás do carro de polícia, não tirando os olhos da casa velha em frente da qual estavam estacionados.

Stiles engoliu um suspiro e olhou para o pai ao lado no banco do motorista, implorando com o olhar para que fosse ele quem explicasse de novo.

Ele queria que Derek estivesse ali. Eles o deixaram na delegacia, trabalhando com Parrish nos nomes. Foram com Lydia até a escola e pediram que Scott deixasse a aula.

Stiles sabia o quanto o amigo estava infeliz com aquilo. Scott queria que esse ano fosse diferente, queria ser uma aluno melhor do que havia sido no primeiro ano, e isso significava não matar aulas. Mas aquele era o melhor plano que encontraram.

- Eu vou entrar. - John explicou de novo, pacientemente. - Vou distrair o Sr. Tate, e vocês dois entram pelos fundos. Tente encontrar o cheiro da garota, talvez no quarto antigo dela, ou...

- Mas ela não está perdida há oito anos?

- A gente sabe que é um tiro no escuro. - Stiles se virou para o amigo. - Mas essa garota não tem mais nenhum registro em nenhum outro lugar do país, é como se ela tivesse simplesmente desaparecido, e agora reaparecido aqui. Sabemos que ela está na cidade, se você puder encontrar um cheiro...

- Tudo bem, eu entendi. - assentiu. - Mas por que eu? Por que não pediu pro Derek?

Stiles demorou pra responder. Não queria contar a todos ainda que o namorado estava perdendo os poderes. "Praticamente humano", era o que ele tinha dito.

Sentiu o olhar do pai sobre si. John e Lydia também haviam perguntado a mesma coisa, e Stiles prometeu explicá-los depois.

- Ele está fazendo outras coisas. - foi o que acabou respondendo, recebendo um olhar não muito convencido do amigo. - Vamos Scott, não podemos ficar aqui parados para sempre.

Scott suspirou.

- Vamos.

***

- Sinto muito que não tenha funcionado. - Scott coçou a nuca, parecendo sincero. 

Stiles pensou que estaria irritado se estivesse no lugar do amigo. Qualquer um estaria. Ele tinha sido tirado da escola contra a vontade - depois de prometer a si mesmo que não faria mais aquilo. - para seguir um plano falho e bastante arriscado e trabalhoso que tinha muito pouca probabilidade de dar certo; e, adivinha quê? Não deu certo.

Mas Scott realmente parecia sentir muito. Mais uma vez, Stiles pensou em como o amigo era bom demais para aquele mundo. Eram aqueles pequenos momentos que o garoto recebia uma confirmação de que o outro era um Alpha verdadeiro. Talvez por isso eles fossem tão raros.

- Está tudo bem. - foi o xerife quem respondeu, abrindo a porta do carro de polícia. - Como Stiles disse, era um tiro no escuro. Vamos pensar em outra coisa. Eu te levo de volta para a escola?

- Não vale a pena. - Scott olhou o relógio no celular. - A última aula acabou de começar. O senhor poderia me deixar em casa mesmo?

- É claro. - John indicou o carro com a cabeça. - Entrem.

E então ele próprio entrou no carro, ajeitando-se no banco do motorista. Antes que Stiles pudesse dar a volta no carro e ir para o banco do passageiro, Scott agarrou seu braço, impedindo-o.

- O quê? 

- O que é que você não está me contando? - o olhar o Alpha era firme, mas, ao mesmo tempo, não sentia como se ele estivesse dando uma ordem. Stiles não entendia como o amigo fazia aquilo.

- Eu não... - se interrompeu. Não ia mais mentir para Scott. - Okay, olha, eu vou descer com você na sua casa, e eu explico tudo. Tudo bem?

- Você não tem que voltar para a delegacia?

- Eu vou depois. - deu de ombros. - Vamos precisar de tempo.

***

Quando chegaram, Stiles mal sabia por onde começar. Decidira contar tudo para Scott. Tudo. Seu nome na terceira parte da lista. O que Lydia havia descoberto sobre a tal garota, Malia. Derek perdendo seus poderes. Tudo. Quando estava terminando de explicar o segundo tópico, Isaac chegou em casa da escola. Depois de um momento entre namorados dele com Scott - "O que aconteceu?"; "Por que saiu da aula de repente?"; "Eu fiquei preocupado". - que fez Stiles querer vomitar, o garoto começou a contar tudo de novo.

Sentiu algo o impedir quando chegou na hora de contar sobre os poderes de Derek. O namorado não havia dito para não contar para ninguém, mas era algo que tinha ficado implícito na conversa. Mesmo assim, parecia algo importante para contar a Scott, algo que não podia ser simplesmente ignorado. Contar para Isaac já era mais controverso. Mas depois daquela noite na casa do lago de Lydia, Stiles tinha começado a sentir uma espécie de confiança estranha no loiro.

Acabou decidindo contar de uma vez, sem pensar demais no assunto como sempre fazia. Conversaria com Derek depois.

- Oh, - Isaac exclamou ao fim da explicação. - isso explica muito.

- O que quer dizer? - Stiles levantou uma sobrancelha.

- Quando fomos procurar o pack de Brett, ele me pediu para ir junto para tentar encontrar o cheiro deles. Agora entendo por que ele não foi sozinho.

- Como isso pode ser possível? - Scott balançou a cabeça. - Ele está se tornando humano? O que é isso? Um tipo de cura?

- Eu não sei. - Stiles olhou para o lençol da cama de Scott, onde todos estavam sentados. - Eu não acho que seja uma cura. Derek disse que... - sentiu o peito se contorcer e sua garganta coçar ao pensar naquelas palavras, mas continuou mesmo assim. - ele disse que sente como se isso o estivesse matando.

- Wow. - o loiro exclamou. - Por isso contrataram Breaden para encontrar a Kate. 

- Aham. - o garoto apenas assentiu. Seus dedos começaram a tamborilar em sua perna, como se concentrassem toda a ansiedade que de repente invadira seu corpo.

- E se... - Isaac parecia analisar suas próximas palavras cuidadosamente. - E se Lydia tiver razão?

- O quê?

- E se Derek...

- Ele não vai. - Stiles o cortou. - Nenhum de nós vai. Vamos dar um jeito nisso.

- Mas se acontecer... o que você vai fazer?

Stiles levou uns segundos para assimilar aquelas palavras.

- O que quer dizer?

- Você sabe, com todo o negocio de...

Isaac. - Scott interrompeu o namorado com uma cotovelada. - Como ele disse, vamos dar um jeito. E sabe o que podemos fazer? Encontrar essa garota, Malia. Ela tem que ser importante em toda essa história, não?

- Boa ideia. - Stiles assentiu. - Mas fazer é mais difícil do que falar. Tem alguma ideia brilhante?

- Claro que eu tenho. - Scott sorriu de lado. 

***

Esperaram até anoitecer. Na verdade, esperaram pelo menos até meia noite. John estava na delegacia, então Stiles podia pegar o jipe e dirigir até a floresta de Beacon Hills sem ter que se preocupar em fazer isso clandestinamente.

Quando chegou ao ponto de encontro, Scott e Isaac já estavam lá. O plano do Alpha não era exatamente bom, mas era alguma coisa. Ele não tinha sido capaz de captar nenhum cheiro na casa, mas talvez conseguisse no local do acidente. Claro, depois de oito anos naquela floresta, o local já havia sido lavado pela chuva centenas de vezes, e muitos animais haviam passado por ali tirando qualquer cheiro remanescente de Malia; mas o carro não havia sido removido, continuava na mesmo posição em que tinha se estilhaçado. Era outro tiro no escuro, mas eles tinham que tentar.

Andar pela floresta escura e úmida a meia noite não é divertido. Ele e Isaac usavam as lanternas dos celulares para iluminar o caminho, enquanto Scott usava o Google Maps para guiar o trio por entre as árvores.

Stiles andava meio que curvado, tentando se proteger do frio. Mantinha a lanterna erguida e apontada para frente, mas estava constantemente olhando para os lados, reafirmando para si mesmo de que estavam sozinhos, de que não estava sendo seguidos. Isaac e Derek haviam descoberto todo um pack que vivia nas florestassem que ninguém soubesse; o que mais poderia ter ali?

Bom, eles não viviam exatamente na floresta. Stiles não sabia bem como funcionava. Provavelmente eles só se encontravam na floresta, mas cada um tinha sua própria casa e empregos. Eram todos agentes duplos. Stiles pensou que provavelmente um deles já o tinha servido café, ou lhe dado alguma informação na rua, e Stiles nem mesmo desconfiou. Antes da lista, além de seu próprio pack, nem considerava outras criaturas sobrenaturais em Beacon Hills, e, sinceramente, não tinha certeza se queria conhecer mais nenhuma.

Foi arrancado de seus pensamentos por um uivo. O garoto pulou com o susto. Ótimo, coiotes. Era só o que ele precisava.

- Cara, eu odeio coiotes. - bufou, voltando a andar junto aos amigos. - Eles sempre parecem estar torturando algum pobre e indefeso animalzinho.

- Então - disse Isaac. - quando o encontrarmos, já sabemos que ele vai atrás de você.

- Eu adoro a sua habilidade de nunca calar a boca. De verdade, não é nem um pouco irritante. Não mesmo. Podia te ouvir falar o dia todo. E, é claro, só coisas úteis são ditas.

- Aprendi te observando. 

- Uau, voltamos para a quinta série agora? Tudo bem, eu também posso fazer isso: "Ninguém te perguntou".

Scott suspirou, sem tirar os olhos do mapa.

- Não sei porque eu insisto em trazer vocês dois juntos. - ele parou no lugar, fazendo os outros dois pararem também. - Acho que encontramos.

Stiles olhou em volta. Scott parou um pouco antes de uma descida cheia de pedras não muito alta. Os três tiveram que passar de pedra em pedra para chegar no chão embaixo. Assim que estavam lá, Stiles avistou o carro.

Estava com as rodas viradas para cima. Vidros quebrados. Aparência velha e maltratada mesmo na pouca luz que eles tinham. 

- Ainda não entendi. - Isaac falou em voz baixa enquanto se aproximavam cautelosamente. - Por que deixaram o carro aqui? Isso não é algum tipo de evidência?

- Provavelmente dava muito trabalho rebocar isso. - Stiles deu de ombros. - Olha isso.

O garoto correu até o veículo, chegando lá primeiro. Passou a mão pela porta, percebendo arranhões uniformes na lataria. Cinco profundos cortes paralelos. Claras marcas de garra.

- Parecem que foram feitas por uma menina de nove anos? - perguntou, apontando a lanterna para os rasgos no metal.

- Isso aqui parece ser dela. - Isaac se abaixou e se inclinou, alcançando algo dentro do carro. Quando se levantou de novo, estava com uma boneca suja e velha nas mãos.

- Bonecas. - Stiles resmungou. - Tem como isso ficar mais aterrorizante?

De repente, um rosnado interrompeu o calmo som de folhas balançando com o vento. Scott e Isaac o ouviram primeiro, ficando alertas. Stiles apenas os olhou confuso, sentindo aquela sensação de emergência crescer em seu peito.

- Stiles... - Scott olhava para uma direção fixa, assim como Isaac. O Alpha fez um gesto com as mãos, indicando que o amigo devia ficar atrás de si.

O garoto não gostou de sentir que precisava ser protegido, mas foi mesmo assim. E quando ele finalmente ouviu os rosnados, ficou feliz por tê-lo feito. De repente, os olhares dos lobisomens foram se deslocando para a esquerda. Eles estavam seguindo o som. Alguma coisa os estava rodeando.

- O que é? - sussurrou para os amigos, recebendo um sinal de silêncio dos dois como resposta.

Foi quando viu, no meio da escuridão, dois pontos brilhantes. Olhos tão ferozes que não precisavam da luz para transmitir o perigo que representavam. Stiles arregalou os olhos, perdendo o fôlego por alguns segundos.

Isaac. - Scott sussurrou e apontou do loiro para Stiles, numa frase clara: "Fique com ele".

Stiles não teve tempo de pensar no que aquilo significava. Tudo o que viu foram os olhos do melhor amigo brilharem em vermelho, e ele sair correndo atrás da fera.

***

Scott correu. Não pensou muito antes de fazê-lo, foi instintivo. Algo o dizia que aquele coiote era importante. Não sabia o que, nem porque, apenas correu.

Com sua velocidade de lobo, pensou poder alcançá-lo sem muitos problemas, mas o coiote era muito mais rápido que qualquer coisa que já havia perseguido. Além da velocidade, o coiote tinha a vantagem do conhecimento. Enquanto Scott tinha que se preocupar em onde pisava e para onde estava indo, aquele coiote provavelmente sabia onde cada pedra e cada buraco estava. O animal corria entre as árvores com destreza, quase debochando do garoto.

A visão de Scott de repente se tornou mais focada. Ele simplesmente se entregou ao instinto, à sua parte lobo. Podia sentir que seus olhos estavam brilhando, que estava correndo mais rápido, movimentando-se de maneira quase idêntica ao coiote.

Correram até se aproximarem a uma espécie de penhasco. Quando Scott o avistou a distância, pensou ter encurralado o animal; mas o coiote nem mesmo diminuiu o passo, sabia exatamente par onde estava indo.

Sem nem mesmo hesitar, o coiote pulou sobre a grande abertura na terra e aterrissou nas pedras do outro lado, um salto majestoso de cerca de dez metros de distância. 

Depois de aterrissar, o animal ficou parado do outro lado. Não fugiu. Não continuou correndo. Scott teve cerca de três segundos para tomar uma decisão e parar antes de que fosse tarde demais. Mas não parou.

Enquanto estava no ar, percebeu o quão alto estava. Percebeu que havia saltado na hora errada, talvez devesse ter dado mais um passo, talvez devesse ter desistido antes. 

Mas quando o Alpha aterrissou do outro lado do penhasco, apenas a alguns metros do coiote e a centímetros da beirada, entendeu que aquilo fora um teste. Aquele não era apenas um coiote. 

Scott brilhou seus olhos vermelhos novamente, interrompendo um rosnado vindo do animal quasse que imediatamente. Aquela criatura, que antes se posicionava de maneira defensiva e agressiva, de repente abaixou a cabeça de forma submissa e deu alguns passos para trás.

E então seus olhos também brilharam. Não vermelhos intensos como os do garoto, nem dourados vivos como os de um simples beta. Brilharam em um azul frio, como os dos culpados.

Scott arfou, incrédulo.

- Malia?


Notas Finais


ENTAO POVO, eu vou continuar postando sim, mas eu to no terceiro ano agr, tenho q estudar pra ENEM e tals neh, e eu estudo integral, ent nn da mais pra postar td semana aqueles cap de 8, 9, 10 mil palavras de antes neh, dai eu pensei em duas coisas:

- capitulo toda sexta, de mais ou menos 5 mil palavras
- capitulo a cada duas semanas, com no minimo 8 mil palavras

VOTEM AI NOS COMENTARIOS, OBG
E TBM ME DIGAM O QUE ACHARAM :3


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