História Trying Not to Love You - Capítulo 35: Isso vai Doer

“A melhor forma de resolver isso, e qualquer outra coisa é com a verdade, por mais dolorosa que seja”

As palavras de Mike ecoaram em minha mente, não consegui prestar atenção no que ele disse a seguir. Eu precisava dizer, ele merecia saber. Eu não aguentava mais prolongar tudo aquilo, precisava esclarecer tudo, embora nem eu mesmo soubesse o que dizer ou sentir.

– Eu transei com o Hector, em Londres. – disse o olhando, incerta de sua reação, ele, me encarou por alguns segundos, e suspirou deitando a cabeça no encosto do sofá

– Não posso dizer que estou surpreso. – disse encarando o teto – Não tínhamos algo concreto, não é? Você deixou isso bem claro. Eu sequer posso me sentir traído. – suas palavras, ditas com calma, revelavam uma amargura profunda, decepção

– Não era minha intenção te magoar, Mike, eu...

– Nunca é. – ele sorriu irônico e me encarou – Acontece que não podemos controlar nossas emoções, nossos sentimentos. – suspirou – se pudesse, eu nunca teria me apaixonado por você. Mas aconteceu. Eu estou, perdidamente apaixonado. – cada palavra que ele soltou, atingiu meu coração como facas afiadas, dilacerando cada parte do meu ser, era horrível vê-lo assim, por minha causa, era uma dor que eu jamais queria causar

– Mike, eu amo você... - disse chorando enquanto ele me olhava, desolado, eu o amava, era verdade, mas estava tudo tão confuso

– Mas... – olhou profundamente em meus olhos – Ama a ele também? Não é o que vai dizer? – riu ironicamente

– Eu estou confusa, não é que eu queira brincar com os seus sentimentos, nem os dele. Eu me sinto péssima por isso, uma vadia. Mas eu não posso evitar.

– Não posso dizer que eu entendo, Ashley. – se levantou coçando a cabeça – Eu só amei uma mulher na vida, e me dediquei de corpo e alma a ela, e, bom. Achei que isso, não aconteceria de novo... – riu se humor, me encarando – Eu, não tenho tempo, não tenho paciência pra esses joguinhos, Ashley. Eu tenho uma filha, tenho responsabilidades com ela, não posso perder meu tempo como alguém que não sabe o que quer. Que vai estar aqui hoje, e amanhã não estará. Eu não posso fazer isso. – disse sério, com uma certa frieza no olhar, que me feriu profundamente

– Eu fui, perda de tempo? – o olhei sem controlar as lágrimas que inundaram meu rosto

– Não, não foi. – sorriu me olhando – Você me fez sentir vivo, de uma forma que eu acreditei que jamais aconteceria de novo – se aproximou e acariciou meu rosto, secando minhas lágrimas – Mas eu não sou um homem de meio termos, não quero metade, quero você por inteiro. Se não for assim, prefiro que isso acabe aqui. - eu queria gritar que o amava, que o escolhia, sem pensar duas vezes, que queria estar com ele, mas não era justo, com ninguém

– Eu não consigo agora...

– Eu sei... – ele sorriu – Se você se decidir, sabe onde me encontrar. – selou nossos lábios calmante e acariciou meu rosto, se levantou e caminhou em direção a porta – Eu trabalho cedo amanhã. – suspirou a porta – Quanto ao Harry, ele precisa saber a verdade, e eu sugiro que seja logo. – me encarou enquanto eu me levantei e caminhei até a porta

– Eu sinto muito. – suspirei o olhando, seu olhos marejados encaravam o teto

– Eu também. – me encarou por alguns segundos e desviou o olhar

*”*”*”*”*

– Bom dia. – Harry me olhou sorrindo e selou nossos lábios – O que aconteceu de tão sério? Você parceria preocupada ao telefone. – sorriu acariciando meu rosto, Deus, como eu o amava, não havia percebido o quanto, até àquele momento, como fui burra

– Senta. – o puxei lentamente até o sofá – Nós precisamos conversar. – suspirei, ele sorriu confuso e se sentou na minha frente, essa seria a conversa mais difícil e dolorosa que eu teria na vida – Eu não vou enrolar você. – suspirei novamente o encarando, as palavras entalaram em minha garganta e não queriam sair

– Fala. – ele sorriu segurando minhas mãos – Eu estou ficando preocupado. – respirei fundo e resolvi dizer rapidamente, sem delongas

– Eu te traí Harry, eu dormi com outra pessoa. – mordi os lábios tentando não chorar, mas meu coração estava sangrando por dentro - E agora, eu estou grávida, e não tenho certeza de quem é o pai, você, ou ele. – disse em soluços, Harry me encarava sem reação, não disse uma palavra por longos minutos, me torturando terrivelmente – diz alguma coisa. – suspirei enxugando as lágrimas

– Eu não sei o que dizer. – suspirou encarando o chão – Eu achei que estávamos bem. Que você estava feliz comigo. – seus olhos marejaram e sua voz embargou, me fazendo sentir ainda pior

– Eu estava! – seguirei suas mãos – Eu estou! Foi um deslize, foi um vacilo, se eu pudesse voltar atrás, eu...

– Eu conheço o cara? – me interrompeu, olhando em meus olhos

– Jason Wright! – suspirei, seus olhos arregalaram e ele soltou um longo suspiro

– Wow. – riu sem humor encarando o teto – E o que ele disse, sobre o bebê?

– Ele ainda não sabe, eu quis contar pra você primeiro.

– Quanta consideração. – soltou uma risada sarcástica – Bom, se existe uma possibilidade de ser meu, não vou fugir da responsabilidade. – suspirou me encarando – Vamos fazer um exame e, se for meu, vou arcar com todas as responsabilidades que me competem. – disse se levantando

– E quanto a nós. – me levantei o olhando, eu realmente não queria que acabasse, mas sabia que seria difícil me perdoar

– Nós? – riu sem humor e soltou um suspiro pesado – Eu preciso pensar, e não sei se ainda existe nós. – me encarou – Sabe, eu sempre relutei em me apaixonar, porque bem, eu não queria sofrer. Vi Mike se acabar quando a Violet morreu, e bom, quem em sã consciência quer passar por algo assim? Melhor evitar. Mas aí, com você, era tudo tão leve, tão natural, e eu pensei, porque não? Bem, aí está a resposta. – suspirou e saiu batendo a porta, senti meu peito dilacerar, uma dor tão grande que mal conseguia respirar, como pude ser tão burra? Tão estúpida? Trocar alguém como Harry, por uma simples aventura inconsequente

*”*”*”*”

– Tem certeza que é seguro? – Stewart encarava preocupado o caminho até a tirolesa, desde a primeira visita a casa de recuperação, Alice se empenhou em me proporcionar as melhores experiências, me levou a algumas reuniões, encontros, joguei vôlei, peteca, até corrida. E agora, era a hora dos esportes radicais, confesso que estava nervoso e um pouco inseguro, mas mal podia esperar para sentir a sensação de adrenalina novamente, me sentir vivo, como antes. Apesar de preocupado, e cético, Stewart, que passou as últimas semanas em Londres me fazendo companhia, resolveu me acompanhar nessa aventura – Não estou gostando disso.

– Relaxa, pai. – ri o olhando – nossa relação havia mudado, ele estava mais próximo, presente, embora ainda fosse difícil estabelecer uma relação de cumplicidade de imediato – Está tudo sob controle

– Jeff vai estar com ele, pai. – Emy sorriu, até com ela, ele havia mudado, era perceptível seu esforço

– Não se preocupe senhor, é tudo extremamente seguro – Jeff disse, assim que me pegou no colo iniciando a subida, Emy, Alice e Stewart o acompanharam, logo estávamos no topo, prontos para descer, a vista era maravilhosa, árvores robustas, um enorme lago cortava o vale, desceríamos por ele, Jeff foi na frente, se posicionando para me apanhar

Alice se ofereceu para ir comigo, me servindo como apoio, após ajeitarmos os equipamentos, ela tomou impulso e iniciamos a descida, a sensação era indescritível, o vento batendo em meu rosto, as árvores se movendo rapidamente, o céu azul e limpo sobre minha cabeça, fiz questão de registrar cada detalhe mentalmente, os respingos de água gelada tocando meu rosto, os gritos de Alice, que em envolveu as pernas em meus quadris ao sentir o gelado da água em seus pés, o que não foi de muita ajuda, já que logo estávamos imersos nela. A experiência foi, sem dúvida, a melhor possível, a repeti algumas vezes, sempre acompanhado por Alice, que me fazia rir de suas piadas durante o percurso. Stewart se divertiu também, todos nós, pela primeira vez, tive a sensação de ter uma família, enfim.