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História Tsubasa no Densetsu: A Lenda das Asas - Episódio 7: Myriam


Escrita por: LadyLugia

Notas do Autor


Tento não me prender à regra do máximo de quatro ataques dos jogos... eu sempre achei meio sem noção um Pokémon "desaprender" um ataque xD

Capítulo 12 - Episódio 7: Myriam


Mesmo dentro de Pallet, Richard ficava receoso de andar por diferentes lugares da cidade. Não saía muito de casa por conta da sua mãe, então ficava extremamente inseguro em ambientes estranhos por não saber se estava se portando da maneira adequada. Perfeccionista e orgulhoso, não admitia que ninguém visse nenhum tipo de erro ou engano vindo dele próprio. Agora que estava em contato com pessoas estranhas de um lugar estranho, a insegurança do garoto aumentou ainda mais. Dentro da balsa, Richard evitou ficar em contato com qualquer pessoa; isolou-se em um canto do convés e se sentiu relaxado pela brisa do oceano, esquecendo um pouco de suas preocupações. Mas assim que desceu em Cinnabar, quase correu para dentro da balsa novamente para voltar à sua cidade natal. O garoto da pequena e não muito povoada Pallet nunca vira pessoalmente um aglomerado de pessoas tão grande e frenético e tantos prédios altos de uma só vez. A ilha tinha um enorme movimento de pessoas principalmente por causa do turismo: o vulcão assegurava temperaturas altas o ano todo e dele vinham as famosas fontes quentes da cidade, quase tão populares como as praias.

            Richard travou no lugar, esperando o movimento diminuir. Ficou ali no porto por horas a fio. Uma garota de biquíni veio até ele perguntar se estava tudo bem.

            - E... estou sim, eu só... só estou... esperando uma pessoa. Só isso.

            Afastou-se rapidamente, acompanhado pelo olhar de estranhamento da garota. “Se minha mãe visse essa menina ela teria um ataque”, pensava Richard. “Como é que uma mulher consegue se mostrar assim e ficar tranquila? Eu jamais iria querer que uma namorada minha se expusesse assim para todo mundo ver! As pessoas perdem completamente a moral em praias”. No entanto, apesar do pensamento de censura, não deixava de olhar atentamente para as garotas seminuas que passavam, seja de roupas de banho, seja de vestidos ou shorts curtos.

            Já era noite quando percebeu que estava com muita fome. Havia dado comida para Squirtle na balsa, mas o nervosismo o havia feito esquecer-se de almoçar. Começou a rodar a cidade em busca de um restaurante. Olhava os muitos casais se abraçando com uma ponta de inveja, lembrando-se do quanto queria ter alguém para amar infinitamente. “Que não se mostre inteira pra todo mundo em um biquíni, de preferência”, pensou.

            Quando enfim achou um lugar para comer, estacou na entrada: não tinha coragem de adentrar o local. Tentava se lembrar das pouquíssimas vezes em que fora comer fora com sua família, sobre como proceder, quais eram as regras de etiqueta, como interagir com as pessoas... mas a idéia de que todos poderiam estar observando-o, medindo cada ação errada que fizesse, faziam Richard continuar onde estava, sem entrar no restaurante. Nisso, uma mulher muito bonita em uma cadeira de rodas aproximou-se e perguntou:

            - Estou te observando há algum tempo... precisa de ajuda?

            O garoto deu um salto, como se tivesse levado um choque. Atônito, fitava a mulher, que era realmente muito bonita e tinha o olhar mais profundo e penetrante que Richard já vira em uma pessoa. Mais atônito ainda, olhava para a belíssima Ninetales que graciosamente se postava ao lado dela. Não conseguiu dizer uma palavra.

            - Você parece estar extremamente inseguro, isso é claro nos seus olhos – continuou a moça. – Não parece ser um turista... aposto que é um treinador iniciante procurando um lugar para jantar. Agora que já encontrou, por que não entra?

            - Quem... quem você pensa que é para ir falando um monte de coisas sobre mim logo de cara? – explodiu Richard, no auge do nervosismo. – Cuide da sua vida, eu estou perfeitamente bem! Quero dizer... desculpe-me, eu...

            - A fascinação do meu falecido avô por enigmas e charadas me instigou a estudar a coisa mais enigmática que existe: a alma dos seres vivos. Tanto meus estudos sobre Psicologia quanto meu contato com Pokémons me ensinaram muito sobre as nuances do comportamento dos seres. Por isso, não adianta tentar esconder sua insegurança e sensação de fraqueza... posso ver claramente que você está atormentado, muito atormentado. Pode me dizer seu nome, querido?

            - R... Richard – respondeu o garoto, com menos raiva, mas não menos ansioso. – Ei, lá vem você de novo! Não preciso da sua ajuda, seria ridículo se eu precisasse!

            - Muito interessante – continuou ela, com seu tom misterioso – então você tem vergonha de ser ajudado? Deve ser uma pessoa muito orgulhosa... e hesita em entrar no restaurante porque tem medo de dar algum tipo de vexame. Não precisa agir assim comigo para demonstrar força, consigo ver através dessa máscara. Vamos, entre comigo, nós lhe faremos companhia. Não é, Ninetales?

            O olhar flamejante da raposa de nove caudas convenceu o garoto a aceitar a proposta. Uma vez dentro do restaurante, a mulher notou o quanto Richard estava confuso e temeroso, quase derrubando o prato em que se servia. “Não é possível”, pensou ela, “mas deve ser a primeira vez que esse garoto vai a um restaurante sozinho. Até parece que viveu sempre preso em casa até então... como será que foi a vida dele até agora, para ele agir com tanta insegurança entre as pessoas?”.

            Aliviado por não ter derrubado comida no chão, Richard foi direto para a mesa. Assim que se sentou, a funcionária da balança o chamou:

            - Ei, garoto, não vai pesar seu prato?

            “Não... não, eu tinha que fazer algo errado! Agora vão pensar que eu estava tentando comer sem pagar!”, pensou o garoto, apavorado, largando o garfo.

            - Ele deve ter esquecido – disse a treinadora de Ninetales, pegando o prato de Richard, colocando no colo e movendo sua cadeira de rodas até a balança. – É um treinador iniciante, está nervoso pelo fato de estar em Cinnabar pela primeira vez.

            - Ah, Myriam, não vi que era você... está acompanhando o rapaz? Bom apetite para os dois. E sei que você é muito ocupada, mas apareça mais vezes!

            - “Muito ocupada” – disse Richard com desdém – pelo jeito você é bem conhecida na cidade, e as pessoas gostam de te deixar “ocupada”... deve ser por isso que está usando esse decote abusivo e essa calça justa indecente. Você parece ser o tipo de pessoa que desce ao nível mais baixo pra ganhar popularidade.

            - Além de tudo você é moralista? Típico, típico... geralmente pessoas moralistas demais são frágeis, inseguras e caóticas, como você.

            - Fique quieta, eu já disse para parar de falar de mim como se me conhecesse! E muitíssimo obrigado por dizer para o restaurante inteiro que eu sou um pirralhinho medroso, isso fez muito bem para mim – retrucou o garoto, com aspereza na voz.

            Richard jantou em dez minutos, pois queria afastar-se logo de Myriam: não se sentia nem um pouco à vontade ao lado de uma mulher bonita como ela desvendando todas as suas falhas, anseios e tropeços. Ela ofereceu-se para pagar a conta, mas o orgulhoso Richard recusou-se terminantemente.

            - Está louca? Deixar você pagar a conta seria um atestado de fracasso para mim, é minha responsabilidade como homem fazer isso!

            - Imaginei que dissesse isso... só estava lhe testando, para confirmar qual é seu tipo de personalidade. Assim saberei como lidar com você.

            - Seu nome é Myriam, não é? Pois bem... que bom que eu já sei disso, assim fica mais fácil evitar que você cruze meu caminho de novo, sua maldita. Boa noite, e obrigado pela ajuda. Boa noite para você também, Ninetales.

            - Boa noite, garoto, nos veremos amanhã.

            - Está maluca? Eu nunca, NUNCA mais quero cruzar o seu caminho de novo!

            Afastou-se a passos largos. A mulher já havia conhecido pessoas problemáticas, mas quase nenhuma como Richard. Curiosa, decidiu investigar um pouco mais. Mandou Ninetales segui-lo (o que a Pokémon faria facilmente, pois seu andar era tão macio quanto o de um felino) e informá-la de onde o garoto estaria.

            A raposa de nove caudas seguiu Richard até o Centro Pokémon, de onde Richard havia decidido ligar para a sua mãe. Myriam, avisada por sua Pokémon, chegou lá a tempo. Queria tentar ouvir a conversa em segredo.

            - Você ainda tem a ousadia de me ligar depois de ter me abandonado assim?

            - Mãe, eu amo você... quantas vezes eu tenho que te falar que não te abandonei, apenas queria ser feliz... pra te fazer feliz também!

            - Mas eu estava feliz... com você perto de mim o tempo inteiro, sem sair de casa... eu sabia, eu sabia que assim que você saísse pelo mundo iria me abandonar!

            - Não, você não estava feliz – explodiu o garoto – só o que fazia era reclamar o tempo inteiro, mesmo eu fazendo todas as suas vontades, e praticamente não saindo de casa como você queria. Vi que meus sacrifícios por você eram inúteis, perdi muita vida por ter que ficar o tempo todo a seu lado... sem receber reconhecimento algum. Eu não posso te fazer feliz se estiver infeliz também, por isso parti em jornada. Se eu não me importasse com você, nem estaria te ligando para saber como está, e pra te dizer que estou com saudades, sinto sua falta e jamais me esqueço de você.

            - Ah, então cuidar da sua mãe doente é “perder a vida”? Nunca fui importante para você, nunca... se eu fosse, não se deixaria influenciar por todas as besteiras que minha mãe e Morty te diziam e você repete agora feito um idiota. Se está com tantas saudades de mim assim, largue toda essa besteira e volte para mim... para voltarmos à nossa vida de antes, só eu, você e seu pai em casa e ninguém interferindo.

            - Mãe, me perdoe, mas agora não conseguiria voltar à nossa vida anterior. Tenho um mundo enorme para conquistar, e você é uma parte muito importante dele.

            - Já que decidiu entrar nessa vidinha à toa e me abandonar – exclamou Daisy, em tom de amargura – seja o melhor treinador Pokémon de todos os tempos. Não lhe dou o direito de cometer falhas de qualquer tipo. Só lhe perdoarei pelo fato de ter se afastado de mim se você se tornar um treinador no mínimo excelente. Tanto eu como nossa família esperamos o máximo de você... e sabe muito bem que não faz mais do que obrigação de atingir esse máximo, de ser pelo menos perfeito.

            - Eu sei, mãe... sei muito bem disso. Agora terei que desligar... quero guardar meu dinheiro, e preciso descansar bem para minha batalha de ginásio amanhã. Tchau, eu te amo de verdade, e quero ver você boa e feliz. É para isso que estou aqui.

            Colocou o fone no gancho e baixou a cabeça pesarosamente, suspirando. Myriam saiu do Centro Pokémon rapidamente, espantada com a gravidade do problema. “Isso explica muita coisa, não é para menos que ele é tão inseguro”, pensava ela. “Quando nos encontrarmos de novo quero fazer algo a respeito”.

            Squirtle estava fora da Pokébola (havia acabado de sair de uma sessão de check-up) e viu que seu treinador estava abatido, indo logo abraçá-lo.

            - Ah, Squirtle, se você soubesse como minha vida é complicada... obrigado, muito obrigado por ser amiga de um tonto como eu...

            O garoto adormeceu assim que deitou na cama, pois estava exausto. Acordou cedo, tomou um café reforçado (cuidando para que ninguém o visse comendo) e foi direto para o ginásio de Cinnabar, que ficava no interior do vulcão da ilha. “Eu tenho que vencer”, pensava ele segurando firmemente a Pokébola da sua inicial, “é um ginásio de Pokémons do tipo Fogo, com minha Squirtle eu conseguirei ganhar. Tenho que cumprir o que minha mãe disse e não falhar”.

            No meio do caminho, encontrou um enorme e idoso Magmortar, que parecia já ter vencido inúmeras batalhas. O Pokémon fitou Richard e fez sinal para que o seguisse. No meio do caminho o vulcão começou a tremer, o que fez algumas pedras se soltarem. O garoto nem teve tempo para ter medo, pois Magmortar usou um potentíssimo Soco de Fogo e quebrou todas as pedras.

            Por fim, o Pokémon de fogo abriu uma porta que parecia estar muito quente, mostrando uma arena presa por grossas correntes em cima de um lago de lava.

            - Eu não imaginava que você fosse chegar tão cedo, Richard – disse uma voz familiar. – Deve estar ansioso... só tome cuidado para que isso não o prejudique.

            - Myriam?! – exclanou o garoto, levando um enorme susto. – Posso saber o que você está fazendo aqui no ginásio? Está me seguindo, por acaso?

            - Achei que você havia percebido o óbvio – disse a mulher, no instante em que seu Ninetales apareceu a seu lado.

            - Espere um instante... não vá me dizer que... VOCÊ é a líder do ginásio!

            - Sim, tomo conta daqui desde que meu avô Blaine se foi – sorriu ela. – Vejo que já conheceu Magmortar... ele não quer mais lutar, já está muito velho. Agora ele cuida do vulcão para que ninguém se machuque caso haja tremores ou erupções.

            - Então era por ISSO que você tinha tanta certeza que nos veríamos de novo, sua maldita... mas vamos deixar de conversa, eu quero uma batalha de um contra um para disputar a Insígnia do Vulcão!

            - Certo, certo, vamos começar, não quero cortar seu entusiasmo. Batalha de um contra um, sem limite de tempo! Meu Pokémon será Ninetales.

            A raposa de nove caudas se dirigiu para o centro da arena num salto gracioso. Richard atirou sua Pokébola, liberando Squirtle.

            - Mesmo seu Pokémon sendo de nível alto, não pode resistir a ataques do tipo que tem vantagem! Arma de Água, agora!

            - Evasiva, Ninetales, rebata com o Sopro de Fogo!

            A Pokémon da líder de ginásio deu um de seus enormes saltos, com que poderia facilmente pular no telhado de uma casa de dois andares. O Sopro de Fogo de encontro com a Arma de Água produziu fumaça, deixando Richard com visão reduzida. Ele e sua Pokémon tentavam encontrar Ninetales, sem sucesso.

            - Ataque Rápido! – bradou Myriam.

            O golpe atingiu o alvo, que foi arremessado até a beirada da arena.

            - Droga, eu não esperava essa maldita fumaça... use o Chicote de Cauda!

            - Sopro de Fogo mais uma vez!

            - Rápido, Squirtle, entre no casco e role para fugir!

            O ataque de fogo atingiu a adversária parcialmente, sem causar grandes danos. Com o giro, a pequena tartaruga impulsionou-se no ar.

            - Agora, saia do casco, e use o Ataque de Bolhas!

            A manobra do garoto foi um sucesso, pois sua Pokémon tinha um campo de visão maior, estando no alto. As bolhas atingiram Ninetales, fazendo sua agilidade diminuir um pouco.

            - Nada mau para um iniciante... por isso acredito que posso ser um pouco mais dura. Use a Explosão de Fogo (Fire Blast)!

            - Oh, não, esse ataque é um dos mais fortes do tipo Fogo! Talvez aquela tática que Ash usava às vezes funcione... Squirtle, mire sua Arma de Água para o chão!

            Por um triz a Pokémon de água conseguiu evitar o golpe, usando seu ataque para se impulsionar no ar. O impacto da poderosa Explosão de Fogo que errou seu alvo fez o ginásio estremecer, deixando Ninetales um tanto perturbado.

            - Aproveite o efeito do impacto e acerte-o com mais uma Arma de Água!

            O ataque surpreendeu a raposa de nove caudas, atingindo-a em cheio. Os dois Pokémons se posicionaram mais uma vez frente a frente, como no início da luta.

            - Isso é pra você aprender a não me subestimar e não achar que sou um garotinho idiota que não sabe nada, como disse ontem!

            - Tenho que admitir, você é muito bom treinador... conhece bem as habilidades de sua Pokémon, e sua resistência física é invejável. Mas como será que é sua resistência psicológica? – perguntou Myriam, no seu tom misterioso peculiar.

            - Do que está falando? – rebateu Richard, ansioso.

            - Ninetales, use o Raio Confusão!

            - Raio... O QUÊ?! Espere aí, esse ataque não é do tipo Fantasma? Como é que sua Ninetales o conhece? Não é justo, eu programei cuidadosamente minha estratégia para combater ataques de Fogo!

            - Realmente espera que a vida obedeça a um plano traçado por você? – disse Myriam, levemente sarcástica. – Definitivamente, você só está começando a viver agora. Viver é enfrentar o inesperado... e aprender a lidar com ele.

            A cor dos olhos de Ninetales mudou quando lançou o ataque. A Pokémon aquática não teve reação, recebendo o golpe.

            - Você não vai me assustar com esse joguinho idiota! Arma de Água!

            Como Squirtle estava confusa, seu golpe acertou a parede, fazendo algumas pedras caírem do teto e a derrubarem.

            - Ei, o que está fazendo? É pra acertar na oponente, não no teto!

            - Use o Furacão de Fogo, Ninetales – ordenou Myriam, tranquila e impassível.

            O enorme círculo de chamas (Fire Spin) envolveu a pequena tartaruga, prendendo-a. Confusa, debatia-se para escapar sem sucesso, perdendo energia.

            - Arma de Água! Ataque de Bolhas! Qualquer coisa, mas apague esse fogo! Vamos, Squirtle, precisamos ganhar, faça algo! – exclamou Richard, em desespero.

            A Pokémon do garoto conseguiu sair do furacão mirando um Ataque de Bolhas para cima e arremessando-se em uma Investida. Não estava mais confusa, mas havia enfraquecido consideravelmente. Ninetales a atingiu facilmente com um Ataque de Hipervelocidade (ExtremeSpeed), interceptando-a no ar na tentativa do Ataque Investida.

            - Squirtle, levante-se, levante-se AGORA! Eu não posso perder, sabe bem disso!

            - Mas perdeu – rebateu Myriam, tentando transmitir maturidade – e deve aceitar isso. Principalmente pelo fato de ser sua primeira batalha de ginásio e você ter lutado excepcionalmente bem para alguém com pouca experiência.

            - EU... NÃO PRECISO... DA SUA PIEDADE! – esbravejou Richard, completamente fora de si. – Ganhar de você era minha obrigação, pelo fato de eu estar usando uma Pokémon com vantagem de elemento e de ser membro da família Hikinasa, os mestres do tipo Fogo! E também pela minha mãe... eu a abandonei, e ela queria que eu fosse perfeito... e eu não fui, eu não fui! Eu nunca devia ter saído de casa para essa maldita jornada, assim eu não correria o risco de cometer nenhum tipo de equívoco!

            O garoto ajoelhou, depois desabou de bruços no chão, dando socos ritmados na arena com a mão direita.

            - Então você é membro do clã Hikinasa – falou Myriam, movendo-se em sua cadeira até Richard – isso explica muita coisa. Eu os conheço bem, por ser a líder do ginásio do tipo Fogo. Treinadores poderosos e valorosos... porém um tanto orgulhosos, obstinados demais e intolerantes com ideias contrárias. Escute... se quiser treinar para ficar mais forte e me enfrentar de novo, sugiro que vá até a mansão Pokémon, onde muitos treinadores vão praticar. Fica aqui na ilha mesmo, perto do laboratório. Mesmo com os fracassos pode-se aprender muito, Richard... é só olhar do jeito certo.

            O garoto, andando pesarosamente, foi até sua Pokémon e a pegou no colo com carinho e cuidado, segurando a Pokébola em uma das mãos.

            - Não vou me deixar levar por esse discursinho de mau perdedor... eu não preciso disso, tenho minha honra, não preciso de nenhum dos seus conselhos.  Perdoe-me, Squirtle... você é uma Pokémon fantástica. Eu é que sou um incompetente. Retornar – falou ele, ativando o raio vermelho que recolhia sua fiel amiga para a Pokébola.

            - Sei que discutir com você agora nesse estado é inútil... então o deixarei a sós por enquanto. Mas saiba que, se precisar de qualquer coisa, estarei aqui. Você me parece ser uma excelente pessoa, só é inseguro. Eu não menti quando disse que foi uma excelente batalha para alguém com a sua experiência. Acabe com essa sua insegurança para libertar todo o seu potencial. Magmortar, pode levá-lo até a saída – disse Myriam, virando-se e saindo com Ninetales pela porta em que entrara.

            Ao sair do ginásio, Richard ainda não conseguira acreditar que havia perdido: tinha sido realmente um golpe duríssimo para ele. Depois de deixar Squirtle no Centro Pokémon para ser tratada, decidiu ir até uma praia deserta da ilha e tentar se recuperar, esperando que a doce brisa marítima e a imensidão do oceano lhe trouxessem êxtase e tranqüilidade, como da primeira vez que os vira e sentira.



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