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História Tudo Bem Esquecer os Acordes TBEA - jaehyungparkian - 0.6


Escrita por: matr_oshka

Capítulo 6 - 0.6


    O vento bagunçava os cabelos de YoungHyun, fazia frio mas pelo menos a vista era bonita, mesmo que seus olhos marejados só lhe deixassem ver no máximo dois metros à sua frente. Era 25 de dezembro, não queria que, depois da noite anterior, Jae se deparasse com um Kang sensível ao acordar. Poderia culpá-lo por ter devolvido seu celular, finalmente consertado, como presente de natal, mas não iria. Uma hora precisaria admitir que não estava cem por cento feliz com isso, estava contente com a nova vida que tem ao lado de Jae, mas o "presente" o fez sentir como se tivesse água gelada atirada no próprio rosto, como se voltasse para a realidade que tanto temia: seu passado.

 

    Uma caixinha vermelha lhe esperava na cômoda da sala, com seu nome escrito em cima, YoungHyun não duvidou que não fosse para si. Sentiu como se a espera finalmente tivesse valido a pena, isso que também o fez ficar receoso sobre sua estadia na casa de Jae e se talvez o conteúdo da caixa desse um fim em seu mais novo lar, infelizmente temporário. Se sentia tão feliz morando com Jae, como se aquele pequeno apartamento num prédio velho fosse seu lar desde sempre, e é, se contar apenas o que sua pequena cabecinha se lembra. A tela de bloqueio do celular lhe atingiu como uma lâmina, fazendo tanto seu coração como seus pensamentos pesarem por perdas que não se lembra; uma foto de si e outra pessoa sorrindo, provavelmente apenas pela felicidade da presença um do outro, decorava o plano de fundo. Era como se respondesse grande parte de suas perguntas e ao mesmo tempo lhe atirasse mais mil e uma dúvidas tanto sobre a outra pessoa na foto como sobre o que mais doía, o sorriso feliz de YoungHyun que tanto desejava saber da existência. Cabelos curtos caíam muito bem em si, imaginou como seria viver sem aquelas cicatrizes em seu corpo e, principalmente, conhecendo o próprio passado.

 

—Eu era feliz? 

 

—Pra quem está perguntando? — YoungHyun, não o de sempre, esse com um cabelo mais curto e roupas mais frescas, exatamente como na foto, sentado ao lado de YoungHyun disse com uma frieza no olhar. 

 

—Você. — Jogou o cabelo para trás, mesmo que o vento fizesse isso por si a cada minuto. —Eu só quero entender, quem eu era? Quem é a outra pessoa na foto? 

 

—Você deveria estar mais preocupado em descobrir a senha, mas mesmo com tudo isso na cabeça você ainda pensa no Jae? — o outro YoungHyun passou a mão nos cabelos curtos, como se imitasse as ações do verdadeiro YoungHyun sem mesmo que ambos percebessem. — Não precisa me incomodar com esse tipo de coisa, se tem conclusões precipitadas assuma isso você mesmo ao invés de esperar que uma imagem imaginária de você mesmo faça isso.

 

—Você vai embora então? Se você tem as respostas então diga. — YoungHyun não parecia tão diferente do outro, tirando pelas roupas, cabelo e cicatrizes, suas expressões eram as mesmas. 

 

—Eu não as tenho, você tem. Você sabe… — coçou o nariz junto ao de cabelos longos. —Eu sou você, só que criado por sua imaginação desesperada. Se você quer que eu diga que você crê que a pessoa da foto era um amigo mesmo que no fundo você mesmo também quer que eu diga que ele era mais que um amigo, eu direi. Se quer que eu diga que também está desesperado sobre como não ser um fardo para o Jae e que quer apenas esconder a tatuagem da perna e fingir que ela nunca existiu apenas para fugir do passado que desconhece, direi também. Mas saiba que mesmo que eu admita essas coisas na sua frente, ainda vai ser você que dirá essas coisas, que assumirá para si mesmo e que correrá atrás disso.

 

    Junto ao vento, o YoungHyun imaginário se foi. O Kang sabia que precisava assumir essas coisas para si mesmo, mesmo que acabara de descobrir que apenas imaginar uma imagem de si próprio fazendo isso o fez parecer mais culpado. Sim, se sentia culpado de pecados que não se lembra de cometer, além de que se esconder dos próprios demônios não faria sentido quando o seu consciente os enfrentaria apenas quando YoungHyun estiver pronto para assumi-los.

 

    Decidiu ficar alí até que Jae acordasse e sentisse sua falta, o que provavelmente demoraria umas horas visto que o sol havia nascido a apenas meia hora atrás. O dia estava, aparentemente, mais calmo do que são normalmente os dias de Natal, visto que todos sempre gastam suas energias na véspera. O céu não parecia muito diferente do dia anterior, talvez toda essa magia de Natal seja apenas uma invenção humana para se sentirem mais especiais e únicos do que se sentem em dias comuns, e, infelizmente, para a maioria, essa magia se faz de apenas uma máscara quando o sol nasce no dia 25 e tudo parece voltar às conformidades e naturalidade de sempre. YoungHyun achou desinteressante, o mundo não precisaria de magia para feriados românticos se a humanidade soubesse apreciar as pequenas coisas da vida e dar valor a elas, tendo em mente que só se vive uma vez e que um dia todas as lembranças não passarão de pó em suas consciências que virarão pó também. Sua primeira lembrança de um Natal agora, com o sol da manhã iluminando seus cabelos escuros, distante.

 

    Queria poder se concentrar nos lábios de JaeHyung que descobriu serem macios e mais carnudos do que aparentam. Tocou os próprios lábios para tentar fazer seus pensamentos e coração se lembrarem disso, e conseguiu. Poderia se dizer satisfeito e dar pequenos pulos de animação por ter beijado alguém, se sentindo um adolocente novamente, mas, por algum motivo, o rosto de Jae com uma expressão que não conseguia ler, era apenas um borrão de milhares de sentimentos possíveis para aquela expressão, mas, por ser a primeira vez que viu aqueles olhos sem cor em Jae, sentiu o desespero tomar conta de si novamente. E se Jae estiver com raiva, talvez apenas selou seus lábios com os do Kang ao chegarem em casa para não sentir que devia alguma coisa. Sua cabeça estava um turbilhão de dúvidas sobre a outra pessoa na tela de bloqueio de seu celular, sobre aqueles olhos que nunca viu em Jae, sobre como desbloquear o celular e sobre o como reagiria ao cruzar seus olhos com Jae novamente. A última dúvida poderia ser descartada já que, ao ouvir um barulho vindo de trás, YoungHyun se virou e pôde ver os olhos de Jae. O sol refletia em seus óculos, o Kang não sabia que cor estaria os olhos de Jae após a magia de Natal sumir, mas a contração no canto de seus lábios antes de um sorriso de abrir indicava que havia algo mais ali.

 

—Por que acordou tão cedo? — seus olhos pareciam cansados, sua bochecha estava marcada pelo travesseiro e seu cabelo estava bagunçado, tudo como o habitual. Parecia uma armadilha, o jeito que seus braços estavam pendurados ao longo do corpo era suspeito.

 

    Naquele momento, entendeu Hipermnestra. Seu subconsciente lhe dizia que alguma coisa estava errada e para correr para o mais longe possível, mas algo no seu peito fez suas pernas travarem e abrir um sorriso de conforto, conforto pelos olhos de Jae estarem escuros como jabuticabas doces num dia quente de primavera, YoungHyun sentiu como se não visse esses olhos há anos.

 

—Só acordei. — o Kang evitava olhar para os lábios do Park, mais vermelhos que o normal, o que faziam destacar o rubor de suas bochechas. —E você?

 

—Fui ao banheiro e não te vi, então pensei que você tinha vindo aqui. — Jae se aproximou e se apoiou na mureta. YoungHyun sentiu suas orelhas esquentarem, lembrou-se do calor do corpo de Jae, dos seus lábios quentes e sua respiração morna em seu rosto.

 

    Se lembrar disso o fez sentir mais frio ainda, cruzou os braços buscando esquentar o próprio corpo e expirava lentamente, como se isso o aquecesse por dentro também.

 

—Eu trouxe pra você, já que só se lembra do frio quando já é tarde. — Jae estendeu o braço, onde um suéter de botão se fazia presente. YoungHyun aceitou o suéter e o vestiu enquanto pensava no que Jae havia dito, parecia específico demais para ser apenas um comentário.

 

    Jae não sabia quanto tempo eles ficaram alí observando a cidade, mas acordaram da bolha quando ambos ouviram o estômago de YoungHyun roncar, foi quando Jae se lembrou que a última coisa que comeram foi um macarrão instantâneo de copo numa loja de conveniência na noite anterior.

 

—Vamos comer, Donnie deve estar preocupado contigo.

 

—Como sabe? — YoungHyun começou a seguir Jae pelas escadas enquanto olhava para trás, como se se certificasse de que o YoungHyun imaginário, de algum modo, viesse atrás de si.

 

—Ele está esquentando o sofá para você. — os dedos delicados de Jae eram chamativos no corrimão azul, as pontas avermelhadas de seus dedos pareciam doloridos e YoungHyun notou isso.

 

    JaeHyung tocava descontroladamente quando está procrastinando para tomar uma decisão e o Kang sabia disso.

 

—Você tava tocando?

 

—Toquei um pouco de madrugada, por que?

 

—Nada não. — as escadas novamente pareciam querer engoli-lo. Algo estava errado.

 

    Jae parecia nostálgico, olhava para a janela em busca de respostas, não sabia como tratar YoungHyun depois do ocorrido na noite passada, esperava que o outro não notasse caso Jae agisse diferente, o que infelizmente não aconteceu já que o Kang estava suando frio de desespero.

 

—O que achou do presente? — Jae tentou iniciar uma conversa sem olhar nos olhos do outro, focado nas nuvens alaranjadas no céu.

 

—Acabei nem agradecendo… — YoungHyun se curvou. —Ele tem senha então até eu lembrar talvez tenha um tempo.

 

—Já tentou a data da tatuagem? — finalmente Jae olhou em seus olhos. — Eu ‘tô bastante curioso com seu passado, desculpe se você não estiver confortável com isso nem quiser compartilhar.

 

    Então foi quando YoungHyun percebeu: Jae estava segurando sua curiosidade, ou no mínimo seria isso. Jae estava cuidadoso sobre isso, sobre caso YoungHyun estiver com medo de saber sobre o que era, e estava, Jae estava prezando a privacidade do Kang.

 

—Ainda não, calma! — Young colocou o pé sobre a cadeira e olhava a tatuagem enquanto digitava na tela fria. — Aperta pra mim? — disse sorrindo, se sentia próximo de Jae novamente.

 

    Jae se levantou e correu até o lado do Kang, se fosse um cachorro seu rabo estaria balançando mais rápido que o que se pode imaginar. Jae era curioso na mesma proporção em que era carente, ou se tornou carente após ter YoungHyun em seu dia a dia, o vendo todo dia recém acordado e não podendo acariciar sua bochecha amassada sem parecer estranho ou abraçá-lo sem motivo, muito menos poder convidá-lo para dançar músicas na sala como sempre o fez sozinho mas parou pois não quer se sentir envergonhado na frente do novo morador, acha estranho se sentir assim mas ao mesmo tempo aprecia a sensação de querer estar nos braços de outra pessoa e ser a razão de seu sorriso. Ao ver a tela do celular do outro, mil dúvidas nasceram em sua cabeça, mas ver YoungHyun sorrindo o acalmou, além de lhe causar as famosas borboletas no estômago, ele tinha um lindo sorriso, mesmo que vendo pela tela fria do celular. Ao apertar o botão na tela, recebeu uma resposta negativa. Aquela não era a senha.

 

—Tudo bem, uma hora eu lembro. — o Kang tinha agora os ombros mais baixos do que habitualmente tem.

 

    Jae sempre pensou que YoungHyun tinha um ar de Ré Menor com Sétima, parece alegre à primeira vista, mas depois de conhecê-lo e ver onde se aplica fica melancólico, mas hoje, em dia de Natal, YoungHyun estava mais para Mi Maior. 

 

—Quer ouvir uma música? — Jae perguntou com a mão em seu ombro, se lembrou de uma música que começava com Mi e, infelizmente, talvez descrevesse YoungHyun nesse momento e possa servir de consolo ao mesmo.

 

    Não esperou a resposta do outro, andou até o estúdio e voltou com um violão preto, Young percebeu que era antigo devido a grande quantidade de riscos e desgaste nas bordas de seu corpo. Se sentou em um dos braços do sofá e observou os olhos curiosos do outro, talvez isso o animasse. Seus dedos finos começaram a fazer seu trabalho, Mi Maior e Lá Menor com Sétima ressoaram pela sala, os lábios carnudos de Jae hesitaram antes de se abrirem e libertarem a primeira linha da música, “Eu queria que você tivesse me dito”, talvez hesitaram por perceberem que talvez as primeiras linhas poderiam ter outra interpretação e, agora implorando para a segunda linha poder resolver o provável mal entendido que a primeira causou, soltando quase como um suspiro “Se segure em mim”. Se surpreendeu quando YoungHyun começou a cantarolar bem baixinho a melodia, Jae sentiu novamente o Ré Menor com Sétima que pensou ter perdido. Olhando desse ponto, talvez o acorde seja apenas como Jae se sente quando está com o Kang, se sente aquecido por dentro e por fora, como quando ouve Best Part do Daniel Caesar, mas não sabia que o YoungHyun se sentia da mesma forma.

 

    “Apenas vá embora, fique aqui no meu coração”, ambos sentiram que realmente estavam no coração um do outro independente de onde seus pensamentos estivessem.

 

    O dia não foi de muita conversa, Jae propôs uma faxina geral no apartamento para poder distrair os pensamentos do Kang. YounHyun achava engraçado como Jae soprava o cabelo, independente do frio do lado de fora das janelas, isso fazia sua mente se esvaziar e pensar somente em quando foi a última vez em que Jae realmente limpou aquele estúdio, os cantos do quarto pareciam um portal para uma casa abandonada.

 

—Jae, quando foi a última vez que limpou esse quarto? — o Kang disse após arrastar uma bancada onde ficava o leptop de Jae.

 

—Oras, varri aí anteontem.

 

—Varreu? Eu ‘tava perguntando quando você realmente limpou. — deu um ênfase na penúltima palavra. — Se afasta, é muito pó ‘pra você, vai acabar atacando sua rinite, vá limpar o banheiro. — empurrou Jae sem muita força para fora do estúdio.

 

—Por que eu sempre fico com o banheiro?

 

—Quer vir aqui tirar esse pó pra morrer e ressuscitar só ano que vem? — YoungHyun fazia uma pose engraçada que fez Jae se lembrar de sua infância, onde era acordado pela mãe para o almoço pois sempre dormia tarde e acabava acordando tarde também.

 

—Sem piadas de ano novo nessa casa! — Jae apontou para a porta de saída. — Sujeito a paulada. 

 

    Ambos riram e foram para seus afazeres, YoungHyun sabia que Jae odeia piadas de fim de ano, então disse apenas para dar uma descontraída no ar e fazer Jae soltar uma de suas piadas de bolso duvidosas. 

 

    Não demorou muito até ambos estarem no chão da sala cem por cento acabados, invejavam Donnie que passou o dia dormindo no sofá. Ainda eram quatro da tarde mas o céu estava cinzento, talvez uma tempestade viria dentro dos próximos dias.

 

—Chris vai dar uma festa no ano novo, quer ir? — Jae fazia cócegas nos pés de YoungHyun, este que estava deitado de bruços, o que Jae se questionou se esse havia morrido e seu cadáver estava no chão de sua sala.

 

—Festa? Vai ter muita gente? — Jae notou o tom de preocupação na sua fala.

 

—’Ta preocupado com o que? — o Park se sentou e voltou a se deitar, mas agora com a cabeça ao lado da do Kang, essa que exibia um rosto amassado no chão.

 

—Sabe...eu não sei como reagir no meio de muitas pessoas. — Young abriu um dos olhos e olhou para os de Jae, esse que apoiava a cabeça em seu braço e mexia no cabelo do Kang. —Eu já me acostumei com o Chris, a WonPil e o resto dos seus amigos, mas se tiver mais pessoas...eu não sei. E se eles ficarem olhando pro meu rosto?

 

—Sei que deveria haver uma lição sobre auto-estima aqui, mas faltou um detalhe: é uma festa fantasia. Você pode usar uma máscara, uma maquiagem assustadora ou sei lá um lençol com uns buracos pros olhos. 

 

—Opto por enfiar a cabeça num buraco. — YoungHyun olhava nos olhos do Park, pareciam diferentes, mas não negativamente.

 

    YoungHyun não queria forçar Jae a passar o ano novo em casa, muito menos ficar sozinho em casa na virada do ano. Ficou encarando os olhos de Jae, estavam tão perto que podia notar os pequenos detalhes de seu rosto: suas olheiras de todo dia; sua pálpebra macia; pele suada devido a faxina do dia e seus lábios carnudos, tão carnudos que lembravam geleia de morango na torrada numa segunda de manhã ensolarada. 

 

—Você vai ficar do meu lado lá? — o Kang acabou cedendo aos lábios e olhos castanhos de Jae, esse que confirmou com a cabeça. —Então eu vou, a menos que você me obrigue a usar uma fantasia de alguma das tartarugas ninjas, prefiro passar a virada de ano sozinho com o Donnie?

 

—Nem se for uma fantasia do Mikey? Todo mundo gosta do Mikey, eu posso ir de Leo também. Que tal? — Jae com certeza estava brincando, suas sobrancelhas estavam erguidas e os cantos de seus lábios se seguravam para não soltarem uma gargalhada.

 

—Vai pro inferno. 

 

    Ambos riram alto e acabaram acordando Donnie. YoungHyun não sabia se já foi para alguma festa antes, muito menos sabe como agir em uma, mas se Jae afirmou que não iria sair de seu lado então já tem uma razão para ter menos medo.


Notas Finais


Vcs não sabem o prazer que é estar de volta
A gente n se vê desde o ano passadokkk como vcs tão?
Sei q esse cap foi mais curto q o habitual mas no próximo vem mais coisa
Lembrando q a tag da fic lá no twitter é #OsAcordesdeParkian
n me deixem tuitando sozinho lá
Até, amo vcs


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