1. Spirit Fanfics >
  2. Tudo bem não ser normal >
  3. Parte I - O menino que se alimentava de pesadelos

História Tudo bem não ser normal - Parte I - O menino que se alimentava de pesadelos


Escrita por: Levi_World e alexluv

Notas do Autor


Notas da ADM: Inspirado no dorama “Tudo bem não ser normal”



Olá novamente, meus anjinhos! Faz tempo que não nos vemos, né? No entanto, hoje vim no nosso mais novo xodó; @Levi_World para dar início em mais uma incrível fanfic contendo Levi como personagem principal!
Espero que gostem, e apreciem desse incrível prazer que é á leitura! 💞
Lembrando que essa fanfic foi baseada em uma série do mesmo nome na Netflix! Recomendo muito assistirem o dorama "Tudo bem Não ser normal", vocês vão adorar!

Capítulo 1 - Parte I - O menino que se alimentava de pesadelos


Seus frágeis dedos rosados suavam enquanto o de orbes azuladas segurava sua pelúcia, apoiado do lado de fora do escritório. Sem controle dos movimentos das próprias pernas ou mãos, batucava a ponta de seu pé direito no banco seguidas vezes; sentia os fios dourados de sua nuca suarem e seus lábios rosados soltarem pequenas frases desconexas, que assemelhavam-se com sussurros soltos sem muito sentido para quem passasse curioso no momento, todavia, as mesmas eram como um ritual de calmaria para a mente de Armin.

O loiro conseguira ouvir gritos duros do velho homem cujo o mesmo estava naquele cubículo; ao tentar observar mais de perto pela pequena janela de plástico embaçada que houvera na grande porta de madeira esbranquiçada, com seu coração extremamente acelerado, notara apenas aqueles dois, um à frente do outro.

— B-brava… Misa está… Brava— aquela expressão pesada no rosto que sempre costumava ter um gentil sorriso estampado estava tirando todo o autocontrole que Armin tentava restaurar em si. Sua irmã mais nova estava brava com ele.

Aquela sala apertada suava como uma torturante ala para a menor; apenas com a escassa brisa quente da estância do começo de novembro que viera da janela à sua esquerda, contava mentalmente as batidas aceleradas de seu coração até dez, cem, talvez até mil enquanto ouvia os cruéis gritos serem cuspido sem o mínimo de controle do mais velho, muitas vezes acompanhados de resquícios nojentos de saliva.

— E essa não foi a primeira vez, cacete! — o mais velho batera em sua mesa com o palavrão. — Mande-o para um centro comunitário ou alguma escola de educação; qualquer coisa assim, não vamos conseguir segurar sua barra para sempre! — completou, com a raiva transbordando nas últimas duras palavras direcionadas à mulher.

— Está me escutando, garota?! — Misa sequer notou quando o chefe de seu irmão agarrou com força seu queixo, obrigando-a a troca de olhares.

— C-Claro. — sua garganta ardia ao expulsar aquela simples palavra na face do grisalho, tentando o encarar nos olhos amendoados escuros com uma expressão neutra em troca da falta de consideração ou no mínimo, compreensão com a situação; — Entendi, senhor Smith. Não será necessário repetir. 

Seu único desejo naquele momento era sair daquele prédio o mais rápido possível junto de Armin; nunca mais o deixar ter contato com pessoas como aquele ser desumano.

— Pegue as coisas de seu irmão no armário 353, e nunca mais volte aqui. — fez questão de deixar as marcas avermelhadas de seus dedos cobertos por calos na pele pálida do queixo fino da loira que mais tarde tinham grandes chances de se tornarem arroxeadas. — Fui claro?

O cheiro da boca dele era podre.

O loiro mordeu seu lábio inferior; prendera todo ar que conseguia dentro de seus pulmões, contava até três repetidas vezes e então o expulsava de seu corpo lentamente.

Apertava com força a pequena pelúcia em forma de um desenho animado que adorava, e ao ver a maior com seus pertences nas mãos, sentia seus olhos arderem.

Misa odiava aqueles momentos com todas as forças que ela algum dia possuía dentro de si; ver a pessoa que mais amava naquele mundo sem sequer saber o que fazer.

Respirou fundo e, então, sorriu sem mostrar os dentes, fazendo com que suas covinhas fossem visíveis.

O mesmo sorriso que costumava mostrar a Armin em momentos difíceis; cheio da mais pura emoção para aquele ser humano.

— Está com fome, Armin? — dobrou seu joelho direito com certo cuidado e ajoelhou-se à frente do mesmo enquanto segurava com força um livro infantil com sua mão esquerda.

Oh sim, aquele sorriso meigo havia voltado ao rosto de seu loirinho. Aqueles olhos oceânicos novamente brilhavam como os de uma criança que encontrou um pacote de doces escondido.




❀ ❀ ❀




Com suas longas pernas cruzadas na escura calça de seu terno, o moreno apreciava o delicioso cheiro que insistia em invadir suas narinas desde que sentara-se diante daquela mesa.

Não se conteve em cuidadosamente cravar seu garfo cujo cabo possuía uma leve tonalidade esverdeada no bife mal-passado, e com a outra mão, usar sua faca para assim separar um fino pedaço do alimento.

O líquido avermelhado que escorria de dentro da carne pelo seu ato de antes, logo chamara ainda mais a atenção do Ackerman; com seus dedos completamente higienizados, esticou seu indicador até o prato, assim mergulhando a ponta do mesmo no líquido forte.

"Quente…" Ao frisar seu indicador na ponta de sua língua, não conteve um ladino sorriso nascer dentre seus lábios; o forte sabor de sangue escarlate invadira cada milímetro de suas papilas gustativas, fazendo suas pupilas se dilatarem pelo forte sabor.

— Com licença… O senhor é Levi Ackerman? — a grossa voz ecoava por grande parte do restaurante — O escritor Levi Ackerman? 

O dono das orbes grises pode notar uma criança agitada ao lado do homem a alguns metros de sua mesa; segurava os dedos do mesmo com força ao tentar conter um espontâneo sorriso nos finos lábios.

— Sim— cortou outro pedaço de sua carne enquanto falava; o mesmo parecia não demonstrar tanto interesse nos prováveis fãs.

— Perdoe a pergunta em um momento meio indelicado como esse, mas poderia dar um autógrafo à minha filhinha? — um riso infantil escapou dos lábios da criança. Seus olhos brilharam enquanto mostrava seus dentes esbranquiçados ao finalmente conhecer seu escritor predileto.

Sem sequer dar escolha ao homem que apenas queria saborear aquele maravilhoso prato em sua frente, o mais velho tirou um caderno com capa de couro escuro de sua bolsa e colocou-o ao lado de seu prato.

"Idiota… Sujou minha mesa." Indagou Levi mentalmente ao empurrar seus talheres para frente e pegar a agenda com as pontas de seus dedos.

— Qual seu nome, criança? — Levi perguntou simplista após ignorar a caneta alaranjada presa ao caderno e buscar sua própria no bolso de seu paletó, destacando sua assinatura cheia de peculiaridade na última folha do caderno.

— Historia Reiss, capitão! — a loira fizera um sinal de saudação em seu peito demonstrado em um de seus primeiros livros.

—Ele é bonito, não é mesmo princesa? — o pai quebrou o silêncio constrangedor após o Ackerman terminar o autógrafo.

— Sim, papai! Parece até um príncipe.

Levi continuou encarando sua assinatura na agenda por alguns segundos ao novamente questionar a menina.

— Por qual motivo acha que pareço um príncipe, pirralha?

— Por que você é lindo, senhor! — a menor não conteve um sorriso ainda maior de nascer em sua boca enquanto mostrava seus dentes ao completar a resposta da pergunta do Ackerman. — Meu papai sempre me chama de princesa, já que também sou linda. 

Levi não conteve um riso cobrindo um certo deboche ao fixar seus olhos naqueles cristais dentre os olhos da criança.

— Quer uma foto, mocinha? 

— C-claro, senhor Levi! — ao olhar para o lado em busca de uma confirmação do pai ainda meio assustado pelo convite de Levi, apenas correspondeu o doce sorriso de Historia.

Ao sentar no colo do Ackerman, a loira segurou o indicador do mesmo com uma certa força.

— Sorriam! — pegou um celular simples de dentro da bolsa ao guardar a agenda; posicionando-se para enquadrar os dois na pequena câmera do celular, disse agora sorrindo amarelo — Digam “X” — o pai prolongou o barulho da vogal no final da frase ao ver a face contende da criança.

— Você sequer leu meus livros, não é mesmo pirralha? — o hálito fervente com um aroma ensanguentado de Levi encostou na orelha esquerda da criança ao dar um breve sorriso falso para a câmera.

— C-como?...

— Nos meus contos… — deu novamente outro sorriso fingido para a terceira ou quarta foto — Os vilões são sempre mais bonitos que as princesas…

Seu tom era sombrio; o Ackerman podia perceber o doce sorriso daquela criança se desfazendo a cada palavra que escapava de sua garganta, dando espaço para sua expressão preferida: o terror.

— Quero que diga para seu papai assim: — apertou levemente a pequena mão da loira com seu indicador.


“Papai… Quando crescer…

Serei a pior e mais linda Bruxa de todas…”


As quentes lágrimas daqueles diamantes escorriam rapidamente das bochechas coradas de Historia; se debatera seguidas vezes por longos segundos no colo de Levi na tentativa de escapar, e ao conseguir se soltar e pular do colo do Ackerman para fora do restaurante, o pai pode ver a medonha expressão de satisfação na face do homem sentado. Sequer esperou para um questionar sobre o que teria acontecido, correu rapidamente atrás dos gritos aterrorizados da doce criança.

— Ei! Toma cuidado 'ae, rapaz. — a morena exclamou ao esbarrar seu ombro com o do homem apressado; no entanto, ao ver o dono das orbes gris e entender a situação, mordeu o lábio inferior; não pode evitar que o centro de suas sobrancelhas se franzisse em reprovação.

— Cacete… De novo isso, Levi? — Se aproximou do moreno voltando com seu espontâneo sorriso, como sempre na presença do escritor — Poderia me contar o motivo daquela criança sair chorando daquela forma? 

Ao sentar-se na cadeira à frente do moreno, levou uma de suas mãos de forma metódica para cima da mesa e pegou a taça ainda cheia do líquido tinto à sua frente; apos dar pequenas bebericadas, cruzou suas pernas na tentativa explícita de imitar a posição de Levi.

— Apenas ajudei ela com uma confusão sobre meus livros. — incomodado pela bagunça de sua mesa, pegou novamente seus talheres e voltou a beliscar o conteúdo de seu prato distenso.

A morena novamente franziu o cenho; “confusão, é?” não hesitou em sussurrar o comentário em tom de crítica, no entanto retraiu-se com o olhar fundo de Levi sobre si.

Uma de suas regras era clara: Não irritar o Ackerman.

— Certo, certo!— levantou-se da cadeira com a taça entre seus longos dedos — No entanto, vim para te buscar. — Bebeu um último gole da taça, deixando a marca de seu batom vermelho misturado ao sabor de vinho na borda.

— Para? — não se conteve em perguntar; de certo Levi não se lembrava de qualquer compromisso naquele dia.

— Ir ao salão, Levi! — Hange curvara seu corpo sob a mesa, aproximando seu rosto da rotineira expressão neutra do menor. A diferença de altura dos dois era realmente assustadora, mesmo que os mesmos já tenham se acostumado com tal.

— Para? — Cuspira a pergunta novamente, mais uma vez indagando sem o mínimo de interesse em seu tom.

Levou o garfo prateado até seus lábios e mordeu um pedaço de sua carne; estava realmente saboroso.

— Ah, 'alá, infantil, meu Deus! — suspirou deixando a taça marcada ao lado do prato de Levi.

— Você não vai pra lá com essa cara de bruxo de filme de terror— Hange perceberá o rosto do homem dando espaço para uma certa expressão de chacota com sua frase, coisa que fez seu sorriso apenas se intensificar.

— Vamos Levi, o evento é daqui algumas poucas horas. — Hange voltara então a se apoiar na cadeira com uma expressão pidona em seu cenho, tentava convencer o Ackerman de ao menos trocar de roupa para ir ao hospital, mesmo sabendo que o mesmo odiava ambientes como aquele; já que Levi estaria indo para o local com a intenção de aquecer e encher aqueles corações de esperanças.

Suspirando uma boa quantidade de oxigênio para dentro de si com a sensação de incômodo prevalecendo ao ter a morena tão próxima de sua comida, Levi pegou sua faca prateada com a mão esquerda que antes fatiava pequenos pedaços de sua carne e começava a frisar a ponta da mesma no prato decorado de porcelana. O agudo ruído do atrito do metal fino com a porcelana gerou um som que parecia surdar Hange.

Na falha tentativa de tapar seus ouvidos com a intenção de impedir que aquele som ensurdecedor entrasse em sua mente, cedeu ao escritor.

— T-tá, certo, certo! — finalmente, aquela tortura parecera então cesar. — Eles vão pro seu apartamento. 

Uma expressão satisfeita brotou nos olhos acinzentados de Levi.

— Hange— a mesma soltou sua coluna, voltando sua atenção às falas do menor. — Já te contei o motivo… De eu sempre vir a esse restaurante, em específico?

Levi não se conteve em mentalmente rir do ponto de interrogação óbvio que estampou a face firme da morena. A mesma era realmente uma mulher de extrema aparência; seu escuro batom sempre retocado e suas pernas nuas eram alguns dos detalhes que sempre seriam a marca registrada da maior.

— Ué, a comid…. — Levi então interrompe a maior, corrigindo-a.

—Não, nem perto disso… — ao levar seu olhar até sua mão esquerda, vira os detalhes dourados do cabo daquela pateada faca. Por segundos, o mesmo jurara conseguir ver perfeitamente o próprio reflexo na mesma. — A faca daqui… Não acha ela linda?

Levi novamente não controlou um sorriso ladino em seus lábios.

—Quero ela para mim. — e simplesmente se levantou deixando seu prato ainda cheio junto do vinho à mesa, largando Hange apoiada à cadeira mais uma vez sem entender as loucuras complexas de Levi.

— Meu Deus… — A morena sussurrou, voltando de seus devaneios em passos largos ao ir atrás do Ackerman.

Para o escritor, aquela era realmente uma faca digna de um altar.

— Finalmente, senhora Hange! — A alaranjada disse apertando o volante; estava esperando os mesmos faziam tempos.

Após longos e torturantes minutos para a alaranjada concentrada seguidos de Hange ao seu lado explicando detalhadamente cada parte das entediantes etapas do cronograma diário do Ackerman, Petra não resistira em expressar um pequeno sorriso com um certo pensamento ao ver o sinal de trânsito ficando vermelho.

— Do que está rindo, pirralha? — Hange ao ser distraída, perguntara com uma expressão séria para à de orbes esverdeadas.

— Nem sei mais se você é realmente uma CEO milionária… — Voltando a dirigir, a menor pausara concentrando-se por segundos nas curvas da pista escura em sua frente. — Ou apenas uma secretaria.

Aquilo atingiu fundo Hange.

Quando a morena pensou em retrucar a cruel observação, fora interrompida pelo tinindo agudo do toque de seu telefone no bolso de sua blusa.

— Já mandei você trocar esse toque irritante. Me dá dor de cabeça. — o moreno deu ênfase na última frase, todavia fora ignorado.

A morena ao pegar seu celular despreocupadamente, arregala seus olhos vendo quem ligara; em uma tentativa falha de esconder o telefone novamente, tentava desligar a tela do mesmo com alguma desculpa esfarrapada.

— “Hospital… Asas da Liberdade”? — Petra balbuciou então curiosa — Está fazendo terapia agora, Hange? 

— Cala a bo…

— Atenda. — Levi a interrompeu de forma brusca, apoiando seu ombro na janela do banco de trás. — E coloque no viva voz.

— Boca aberta— a ruiva sussurrou para a menor ao seu lado antes de clicar no botão esverdeado da tela brilhante.

— Alô? — Hange segurava o celular à frente de seus lábios. Petra poderia jurar que ouvira a morena gaguejar.

— Sou Eren Yeager, enfermeiro do Hospital Asas da Liberdade. Está sendo difícil conseguir conversar com a senhora ultimamente.

Hange suspira profundamente ao dedilhar a barra de sua blusa preta enquanto Levi mantinha-se atento à fala abafada do celular; observava da janela escura a rua movimentada.

Silêncio.

— Senhora? — O enfermeiro chamou novamente, relutante.

— Recentemente comunicamos para a senhora sobre a data da cirurgia de Erwin Smith. 

Petra travou ao ouvir aquele nome. Realmente deveria ter ficado de boca fechada.

— Quando iremos receber a confirmação do tutor? — Por fim, o Yeager perguntou.

— Erwin Smith?..— o moreno sussurrou com sua corriqueira expressão isenta, vendo agora um simples parque. — Ele está morto. Parem de brincar de Deus com ele; deixem que aquele velho morra de uma vez. 

— Senh…

— Olha, senhor Yeager. Se quer tanto minha confirmação, venha até mim— Levi pela primeira vez em minutos moveu sua postura; cruzou suas pernas ao levantar seu queixo de forma superior aqueles dentro do carro.

E novamente aquele silêncio ensurdecedor para ambos nos bancos da frente, seguidos dos simples sons da linha agora encerrada

— Pelo menos ele desligou dessa vez e não ficou me enchendo. — Hange comentou guardando seu celular novamente no bolso de sua blusa; lugar de onde ele não deveria sequer ter saído.

Com um último olhar pesado direcionado a Petra que tinha um pequeno pingo de suor pela tensão escorrendo de sua testa, Hange sequer teve coragem de quebrar aquela aura que invadira e marcava presente dentro daquele carro.




❀ ❀ ❀




Ao prender grande parte de seus fios em um coque acima de sua cabeça, Misa abotoou o uniforme azul rente ao seu corpo formado com a logo do hospital psiquiátrico nos ombros. Estralava seu pescoço junto dos dedos de suas mãos como forma de aliviar a tensão presente ao se preparar para mais um longo dia de trabalho.

Já fora de onde antes estava, ouvia mais alguns gritos agudos rotineiros de pacientes sendo medicados ou até mesmo contrariados. 

“— Me soltem! Andem, vocês vão se arrepender! Me soltem seus covardes!” Gritara raivoso enquanto debatia-se ao precisar de quatro médicos o segurando com força por todo o corpo.

— Paciente novo?..— a loira indagava não contendo sua curiosidade ao médico mais alto ao seu lado; sabia que o mesmo estaria responsável por aquele homem.

— Overdose junto da filha. — o mesmo disse simplista, sem desviar o olhar daquele dentro da sala ainda se debatendo.

— Provavelmente ele estava tentando matar ela também— Comentou então uma enfermeira ao ouvir a conversa dos dois.

—Sim, Annie. Provavelmente ele planejava… — Pausou durante segundos tentando formular sua frase seguinte. — Matar a criança e em seguida cometer suicidio.

Aproximando-se lentamente da porta do quarto, ouvindo agora choros do homem clamando para ver a filha. 

“Coitado... “ pensou a mulher.

— Felizmente, Misa; o corpo da menina expulsou os medicamentos e ela acabou vomitando algum tempo depois da ingestão. — colocou sua mão forte no ombro da loira — Ela está recebendo tratamento na ala infantil agora.

— Bem, avaliaremos ele hoje— sorria de forma doce para a menor, que estava ainda sem desviar seu olhar do homem agora anestesiado. — Veja os sinais vitais e troque os soros dele.

Recebendo uma simples confirmação após a garota balançar sua cabeça, Annie e o médico se retiram da sala, deixando apenas Misa e o homem que dormia calmamente.

Assim que a mulher entrou na sala acompanhada de Annie, começou a checar como o paciente estava.

— Sabe, Misa... Ontem teve uma festa da empresa— A loira pausou checando os batimentos do homem. — E acabamos fazendo uma aposta.

— Aposta? 

— Sobre você— assim que percebe que despertara a curiosidade da maior, continuou sua frase. — “O motivo de Misa sempre mudar de emprego a cada alguns meses.”

"Sério isso?” A enfermeira se questiona mentalmente.

— As opções eram: 

1- Está se escondendo da polícia;

2- Perseguida por agiotas que querem seu dinheiro suado;

3- Ou… — Deu um intervalo dramático em sua frase, provocando a mulher — Sempre acaba sendo expulsa por dar em cima dos homens casados.

A loira não conteve seu riso; encarava a menor com um sorriso sacana nos lábios.

— Apostou em qual? 

Annie retribuiu o sorriso, continuando a checagem do paciente.

— Bem… Homens— Sentia os pelos claros de sua coluna se eriçarem ao a enfermeira então se aproximar, passando seus dedos finos por uma pequena mecha de seus fios macios.

— Errou, minha Annie… A resposta é a quarta opção. 

Misa mordeu seu lábio inferior ao virar o corpo da menor contra o seu, encostando seus seios vagamente. Annie sentia por segundos todo o sangue de seu corpo entrar em um estado efervescente pelo toque íntimo repentino.

— São… Mulheres… — Notando a expressão envergonhada de Annie, a mesma apenas se afasta voltando à seus afazeres, deixando assim a loira com suas bochechas ligeiramente avermelhadas.





❀ ❀ ❀




Ao apertar o grafite claro entre seus dedos e o frisar cuidadosamente pelo papel brilhante, Armin passa grande parte de seu tempo dedicando-se ao seu hobby preferido; desenhar.

Deitado sob um lençol azulado, o mesmo dividiu sua atenção entre o desenho animado na televisão e sua mais nova obra de arte; aqueles eram uns dos únicos momentos do dia em que o loiro não sentia a pressão sob seus ombros, poderia ser ele mesmo.

Mordendo a ponta de seu lápis vagamente, repetia em uníssono sem um erro sequer cada uma das frases que escutara vindo do desenho animado seguidamente.

— "É imprudente, inseguro… Mas continuarei te amando. Sab…” — interrompido pelo toque de seu telefone preso a uma fita amarela em seu pescoço, o loiro atende e logo volta ao seu trabalho.

— Já comeu? — a voz abafada de sua irmã mais nova vinda do celular ecoava em sua orelha direita.

— Comi macarrão. — traçava uma última linha no papel, chegando na reta final de mais um de seus desenhos.

— E o que está fazendo, meu anjo? 

— Desenhando. — dessa vez o loiro fizera um pequeno círculo no canto inferior do papel.

— Deixa eu adivinhar: no livro daquele cara novamente? — Não conteve uma leve risada espontânea com o chute que provavelmente estava correto.

— Levi. Levi Ackerman. — corrigiu Armin, focado no papel luminoso.

Misa mordeu o lábio inferior ao observar atentamente a janela da área de refeição.

— Sim, Levi… — Suspirou — Sabia que ele vem aqui hoje, meu anjinho?

Silêncio.

— Ele vai ler um de seus livros na ala infantil.

Armin não conteve sua agitação; seu coração voltou a palpitar rapidamente e a adrenalina parecia invadir cada espaço de seu corpo.

— Armin?...

— Eu vou. Estou indo agora. — sua voz gaguejava e ao se levantar bruscamente, procurava seus sapatos de rua. — Vou pegar o ônibus do hospital. Vou chegar aí e…

— Armin, espere. — a loira falara tentando acalmar o mais velho.

— Vou descer perto do Levi. Depois v…

— Armin! — Sua voz vinda do telefone firme como a de manhã havia retornado; e com as memórias daquele momento retornando à sua mente como flashes, o mesmo travou no lugar em que estava.

— Respire fundo e conte até três. — Pedira a mulher com sua garganta ardente pelo quão alto acabou falando.

E assim o de orbes azuladas fizera.

— Um… — Seu primeiro suspiro suara fundo, segurava com força o celular.

— Dois…

— Três… — Assim que fez como sua irmã havia pedido, as batidas de seu coração se acalmaram. Relaxou sua coluna.

— Mesmo que você saia agora, não vai chegar á tempo, meu anjinho. — Explicando ao tentar transparecer o máximo de calma que pode em seu tom, pode notar certa compreensão do mais velho

— Além de que você não poderia entrar; é apenas para crianças. E você não é uma criança, né? — Perguntou Misa.

— Armin Arlert. Trinta e quatro anos. Nasci em mil novecentos e oitenta e seis.

— Isso! Trinta e quatro— Sorria novamente com a compreensão que o loiro poderia ter. — Olha… Vou tentar pegar um autógrafo só para você, o que acha?

— Armin… — A mesma não pode conter um sorriso bobo nascer em seus lábios. — Gosta mais dele ou de mim?

A linha estava em silêncio.

Armin havia desligado, mas seu doce sorriso não havia desaparecido.





❀ ❀ ❀




O moreno tragava serenamente seu cigarro mentolado enquanto sentado acima de um dos bancos de pedra do pátio coberto pela tonalidade esverdeada do hospital, brincava com pequenas pétalas que começavam a desabrochar.

Ao segurar um pouco da fumaça aromática dentro de sua boca durante alguns longos segundos, soltou a mesma de seus lábios em um formato uniforme de “o” repetidas vezes enquanto seus dedos se divertiam amassando as pequenas folhas rosadas de um simples vaso ao seu lado.

Aquele frescor mentolado parece ser algo agradável para o Ackerman; no entanto, acabou visivelmente atraindo a atenção do olfato de uma certa loira que passeava com um dos pacientes mais velhos.

A menor observando de longe o homem, logo reconheceu o de orbes grises cobertas por um óculos preto ao aproximar-se em passos lentos.

— O senhor não pode fumar aqui. — disse diretamente, com sua mão livre apontando para uma pequena placa simbolizando a restrição de fumantes.

— “Senhor?” Assim eu me sinto um idoso, pirralha.

— Com liçen… 

— Não tenho mais cigarros, desculpe querida. — virou seu rosto em direção de onde a mesma veio; seus óculos escuros certamente que facilitam os olhares escancarados do Ackerman sobre a loira.

— Poderia apagar seu cigarro, senhor? — tentava novamente ser direta.

— Acabei de acender ele. — Misa pode perceber uma neutra expressão escondendo certo deboche invadir a face do homem despreocupado; aquele homem fizera seu sangue ferver com uma certa raiva pela momentânea arrogância de Levi

— Não importa senhor, apague.

Ao dar outra tragada que durou longos segundos, Levi descruzou suas pernas e levantou-se, colocando-se à frente da enfermeira.

Sua diferença de altura com a mesma era notavelmente quase nula.

— De novo com esse “senhor”? — Retirou seus óculos, analisando a mesma de perto.

Misa encarava sem uma mínima covardia as acinzentadas pedras à sua frente, não conseguia descrever o tom exato daquelas orbes cobertas por uma funda camada de olheiras; a mulher sequer notara que o paciente que cuidava já havia ido embora há pouco.

O Ackerman então arqueou uma de suas sobrancelhas, pendendo assim sua cabeça um pouco ao lado ao cruzar seus braços com o cigarro em sua mão direita; aqueles fios que refletiam a forte luz do céu eram realmente atraentes. 

A brisa quente que soprava parecia acariciar algumas das mechas do couro da mulher, fazendo com que seu coque frouxo se desfizesse em meio a uma ventania forte que arrancava algumas flores rosadas até seus fios; não conseguira desviar seus olhos daqueles em sua frente, estava absorta dentre o olhar daquele homem.

Dejavu.

— Acredita em destino, pirralha?




Notas Finais


Enfim, me digam oq acharam da leitura e sobre minha escrita, adoro ler cada comentário de vocês!
E agora, os créditos para essas incríveis pessoas que não poderiam de forma alguma faltar:

Capa: @manu_uv
Betagem: @shinyahii
Helper: @TiahPakugou
Escritora: @AlexLuv
Projeto: @Levi_World

Amo cada um de vocês, e até o próximo! <3
https://discord.gg/WUaFVqqr


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...