História Tudo menos me apaixonar - Capítulo X

 - E foi isso. – Digo, enfim terminado de contar tudo o que aconteceu

- Por Deus, Sakura. – Karin me olha com olhos arregalados - Como pode narrar todos esses acontecimentos com a mesma naturalidade com quem diz que vai comprar pão em um sábado de manhã.

- Quem vai comprar pão em um sábado de manhã? – O ruivo questiona com a testa franzida.

- Você me entendeu, Gaara.

Ele dá de ombros.

Karin se encontrava sentada aos pés da minha cama de solteiro enquanto Gaara estava numa cadeira próxima a nós duas.

Agora a pergunta que não quer calar é: o porquê deles estarem aqui.

Bom, mais tarde, logo depois que Sasuke se declarou pra mim fomos interrompidos com o barulho insistente da campainha. Eu ainda morta de vergonha e sem ação não esperava dar de cara com a visita inusitada de dois ruivos preocupados com o meu sumiço.

Como Gaara morava no mesmo prédio que eu e Sasuke isso facilitou muito o acesso deles ao nosso andar. Eles não perderam tempo e invadiram o meu quarto, no mesmo tempo em que expulsavam um certo moreno, que não parecia estar nada feliz com a interrupção dos dois.

E pra ser sincera, nem eu estava.

Mas não tive outra opção a não ser dizer tudo o que aconteceu.

Tudo mesmo.

Tudo bem que eu possa ter ocultado os amassos que eu e Sasuke demos no banheiro, mas tirando esse pequeno detalhe, eles sabiam de tudo.

E não vou mentir, ainda parecia ser surreal demais para mim.

- Eu sempre soube que esse papo de “odeio o Sasuke" não era nada mais que amor reprimido. – Jogo meu travesseiro nela – Ai Sakura – Ela ri - Mas você poderia ter pelo menos mandado uma mensagem, sabe. – Karin diz ainda sentida.

- Você não acabou de ouvir que não teve tempo? - Gaara diz

- Não vou nem julgar, porque meu amor... – Karin se abana de forma dramática - Se eu estivesse sozinha com um cara gostoso daquele, nem eu teria tempo pra nada. – Eu não sei onde enfiar a minha cara, reviro os olhos dando risada – Com todo respeito, Saky. Ele é todinho seu – diz de forma derrotada.

- Enfim – Gaara a corta – nós ficamos felizes de que você esteja bem... Bom... não TÃO bem, mas bem.

- Verdade, pelo menos você não foi sequestrada ou nada disso. – Karin diz aliviada – Se bem que, para mim, ser sequestrada pelo Sasuke...

- Karin já deu pra entender.

- Gaara você é um pé no saco, sabia? – Diz dando a língua pro ruivo.

Dou risada.

- Obrigada gente, fico bastante feliz de estar bem também.

- Essa felicidade toda vai acabar assim que você ver a lista de exercícios e lição acumulada que perdeu com essas suas faltas – Karin diz me olhando de forma séria – É sério, Rosada. Não é pouca coisa não. – Diz pegando sua bolsa e tirando dela uma quantidade considerável de papeis e estendendo eles pra mim logo em seguida - Trouxe algumas anotações... mas você que lute.

Eu pego todas aquelas folhas olhando boquiaberta.

É MUITA coisa

Ai...

Me ferrei bonito

.

.

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Gaara e Karin não permaneceram por muito tempo, já estava bem tarde da noite, e Karin ainda tinha que ir pra casa.

Não que isso seja um problema, já que Gaara insistiu para acompanha-la até sua casa. Insistiu até demais, na verdade. 

Hmm será que esses dois...?

Sorrio com a ideia. Como será que ficaria o Shipp se eles resolvessem ficar juntos?

Kaara, Gaarin?

Não consigo conter a minha risada. A combinação de nomes fica horrível.

Levanto devagar da minha cama e vou em direção a cozinha.

- Não, Itachi. – Escuto a voz de Sasuke soar baixa assim que vou me aproximando. Ele estava de frente para pia e de costas para mim. – Ela não vai. – Paro de andar assim que o escuto.

“ela" não vai pra onde, Sasuke?

- Ela esta doente, lembra? – ele apoiava uma mão na cintura enquanto a outra segurava o celular próximo ao ouvido – Você não pode simplesmente esquecer do que viu?... Okay, tchau.

Ele tira o celular do ouvido, o desligando enquanto se virava. Seus olhos se arregalam ao me ver apoiada na parede a frende, com as sobrancelhas levantadas em uma pergunta muda.

- Era Itachi – ele sorri amarelo levantando o celular sem graça.

Rio achando engraçado de ver Sasuke envergonhado.

- Eu sei que era Itachi. – Vou até o armário pegando um copo de vidro para beber água – O que ele queria?

- Queria chamar a gente para almoçar amanhã na casa do meu pai – Ele da de ombros – Eu disse que não, porque você não esta bem, mas ele continuou insistindo muito.

- Eu já estou bem, Sasuke.

- Esta mesmo? – me encara com uma sobrancelha levantada. Ele parecia desconfiado, mas conseguia sentir a ansiedade na sua voz.

- Sim. É só uma gripezinha. E os remédios já estão fazendo efeito. Estou bem.

- Então você quer mesmo ir? – Faço que sim com a cabeça, e mesmo ele querendo esconder eu vi que ele ficou empolgado com a ideia – Esses almoços não tem nada de especial. São bem chatos na verdade.

- Sasuke – sorrio – Eu vou com você, tá bom.

O sorriso que ele deu foi tão lindo. Eu ainda não me acostumei com a beleza desse homem.

- Vou avisar Itachi que nós vamos – confirmo com a cabeça, já me preparando pra voltar pro meu quarto – Sabe... – ele começa hesitante, me viro novamente pra ele – Nós não tínhamos terminado de conversar...

Ai e agora o que eu faço?

- Não tínhamos? – Pergunto nervosa.

- Bom eu disse o que eu tinha pra falar, mas... – Sasuke coçava a nuca – Você não me disse nada.

Ele esta nervoso, tá na cara isso. E agora noto que se eu tivesse dito que gosto de alguém também ficaria nervosa se ela não me respondesse nada.

Não tendo muita certeza do que estou fazendo, mas sei que devo aproveitar esse surto de coragem que eu estou tendo. Ele foi sincero comigo, certo? Acho que devo ser com ele também. 

Ando devagar em sua direção, parando a poucos centímetros de distância.

- Eu... – começo olhando em seus olhos, que pareciam calmos esperando minha resposta – Pra ser sincera, eu ainda não sei bem o que estou sentindo... sei que parece uma frase bem clichê, mas é a verdade. Tudo aconteceu tão rápido que eu mal tive tempo para pensar.– mordo o lábio, o sentindo ficar tenso. Sentia meu coração bater forte no peito e minhas mãos suavam – Mas... – continuo - se eu disser que você não mexe comigo eu vou estar mentindo... porque você mexe muito comigo, Sasuke.

Ele sorri, e é como se um peso saísse de suas costas.

Noto que até eu mesma fiquei mais tranquila.

- É, eu causo esse sentimento nas pessoas – Eu dou risada da sua falta de modéstia.

Sua soberba ainda me impressionava.

- Idiota. – reviro os olhos.

Sorrimos um para o outro apenas aproveitando o momento descontraído que estávamos.

O clima estava leve entre a gente. O sorriso que ele tinha não era sarcástico, como os sorrisos dele normalmente eram. Seu olhar era verdadeiro e de alguma forma eu já me sentia hipnotizada por eles.

De todas as coisas que eu imaginei quando me preparava pra faculdade, falar dos meus sentimentos pra um garoto que eu não gostava na cozinha dele nunca tinha passado pela minha cabeça.

Mas, sabe, sinto que isso pode acabar muito bem.

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Acordo me sentindo 100% bem. E o fato de ser sábado e eu não precisar acordar cedo pra ir pra faculdade ajuda muito nisso.

Ainda deitada na cama começo a repassar os últimos acontecimentos e todas as coisas que eu lembro tinham um moreno  lindo e bem alto nelas.

Desde que o vi no aeroporto, a gente brincando com a farinha de trigo, ele me atropelando, o cinema, o beijo...

De um jeito estranho acabamos nos entendendo. Nos entendendo muito bem. Mas, e agora?

A verdade era que eu não sei bem o que fazer agora. Estou morta de vergonha e não sei como vamos agir. Estamos namorando? Bem, eu não sei. Ainda não agimos como namorados, mas o que eu posso fazer? Demos nosso primeiro beijo a alguns dias atrás, não posso exigir muito.

Acho que eu não devo pensar demais no assunto, me preocupar com coisas que nem aconteceram ainda. Devo só deixar rolar.

Isso. Deixar rolar é a melhor coisa que eu faço.

Após levantar e fazer a minha higiene matinal e pegar algo na cozinha pra comer volto pro meu quarto. Encaro toda a papelada de anotações que a Karin me trouxe.

- Se eu não começar isso agora... – Suspiro derrotada começando a folear as atividades.

Começo resolvendo algumas atividades da aula da Kurenai notando que ela passou matéria nova. Não entendo nada e perco muitos minutos tentando decifrar a letra das anotações da Karin, a letra dela era quase ilegível.

Pelo menos letra de médico ela já tem...

Não sei bem quanto tempo passou, mas deve ter sido muito, pulo de susto quando escuto batidas na porta seguida de uma voz que fez os belos do meu braço se arrepiarem.

- Sakura? Saímos em trinta minutos, esta bem?

E por um momento tinha esquecido que topei almoçar fora hoje.

- Sim – Me esforço para não gaguejar – trinta minutos esta bom.

- Okay – Ele responde e escuto os passos dele se distanciando.

Trinta minutos não esta nada bom. Eu não faço a mínima ideia do que vestir e o que fazer com o meu cabelo. Querendo ou não eu vou rever o pai do Sasuke, eu não deveria ficar tão nervosa, já que ele me conhece desde que eu era um bebê, mas agora é diferente. Tipo, eu estou me envolvendo com o filho dele. Isso deve mudar um pouco as coisas.

Sem perder tempo pego o que vou precisar e vou correndo para o banheiro.

Decido usar um vestido verde claro que eu tenho a alguns anos. Nada muito arrumado mas também nada muito simples.

O vestido terminava um palmo antes dos meus joelho, suas alças eram grossas e no meio havia botões que seguiam um em cima do outro por todo o comprimento. Caía em mim como uma luva.

As pequenas mechas rosas escolhi por deixa-las soltas. Eu me olhava no espelho e me sentia bonita, e o melhor que me arrumei em exatamente 25 minutos.

Pego minha bolsa e vou tranquilamente caminhando até a sala, onde Sasuke se encontrava sentado frente a televisão.

Assim que me vê ele rapidamente se levanta vindo até mim de vagar.

- Até que a demora valeu a pena – disse em tom de brincadeira enquanto pegava as chaves do carro em cima da mesa.

E sei que foi uma maneira de dizer que eu estava bonita.

- Sabe que eu não demorei nadinha - reviro os olhos.

- Sei, mas não posso deixar de implicar, né?

- Você não muda? – Ri o acompanhando para fora do apartamento.

- Se eu mudasse perderia a graça. – disse enquanto se baixava para me dar selinho rápido.

Fiquei sem ação.

Sasuke vendo que eu não me moveria tão rápido pega minha mão nos guiando para o elevador.

Sentir a mão dele na minha é algo totalmente novo. O calor de sua mão me faz sentir como se houvesse milhares de borboletas no meu estomago. Meu coração bate forte no peito e acho que a qualquer momento eu posso ter um ataque.

Okay, acho que vou precisar que o Sasuke me dê um aviso prévio de toda vez que ele for me tocar.

Eu simplesmente não estou acostumada com isso. E pra falar a verdade nem sei o que é “isso” que esta acontecendo, só sei que eu estou gostando muito.

O caminho até a casa do Fugaku foi rápido e tranquilo, o silêncio dentro do carro era algo bem confortável.

A casa do sr. Uchiha não era muito grande, mas parecia ser bem aconchegante. Ela se localizava numa área mais residencial, afastada de toda a movimentação da grande Tokyo.

- Eu não vou mentir, estou um pouco nervosa. – Digo quando ele estaciona o carro em frente a casa.

- Medo, Haruno? – ele solta um riso anasalado - ainda da tempo de dar pra trás.

- Nada disso. É só que... – paro pra pensar – esse almoço tem algum motivo? Alguma razão para vocês se reunirem? Talvez seja algo mais pessoal e eu esteja sendo um pouco inconveniente aparecendo também.

- Você não tem que se preocupar com isso. Itachi que a chamou. – Ele para por um segundo – Tudo bem que Itachi não é conhecido por ser a pessoa mas conveniente do mundo... mas relaxa, a gente só vai comer.

- Você é péssimo em tentar animar as pessoas – Brinco enquanto saíamos do carro.

- Eu sei – Ele pisca um olho.

- Quem é vivo sempre aparece. – Ouvimos a voz de Itachi. Ele estava sentado nos degraus da pequena varanda. A fachada da casa era bem bonita, toda na cor branca com alguns detalhes em preto. Simples, mas moderna – Achei que ia ter que buscar o casalzinho.

Sasuke contornava o carro parando do meu lado, olhava para Itachi com sua cara de tédio. Reviro os olhos.

- É bom te ver também, Itachi – vou em sua direção o abraçando.

- É muito bom te ver – retribui o abraço e me da um beijo na testa - ainda mais porque da última vez que a vi você estava doente e um tanto... – me olha de maneira maliciosa – ocupada.

Sua cara insinuava dizia calmamente sobre o que ele estava falando, coro até o último fio de cabelo.

Agora me lembro de quando Itachi viu Sasuke e eu nos pegando, e claro que ele não ia deixar a oportunidade de me provocar passar.

- Vamos entrar logo – Sasuke disse passando por nós, já ia o seguir quando Itachi segura de leve o meu braço, me parando.

- Sakura – me chama com a expressão séria quando se certificou que Sasuke já não nos ouvia mais – Obrigado por ter vindo. Sasuke vai precisar de você. – Seu jeito brincalhão já não estava mais lá, ele falava num tom de seriedade que eu nunca o vi usar antes.

- Do que esta falando, Itachi? – pergunto visivelmente confusa e assustada – Por que Sasuke vai precisar de mim?

Ele respira fundo.

- Você já vai saber, e acredite, vai ser difícil. – e sem falar mais nada ele caminha devagar para dentro da casa.

Pelo que parece, esse almoço tinha sim algum motivo importante e, diferente do que eu pensei, parece que a minha presença de alguma maneira iria ajudar. Não faço ideia do que deve se tratar, mas começo a sentir um pressentimento ruim. Fico preocupada.

- Sakura, você cresceu tanto – o sr. Uchiha me comprometa assim que eu entro na casa, sorrio de leve para ele – Se tornou uma linda mulher.

- Se tornou mesmo – e de novo lá estava o costumeiro tom brincalhão de Itachi – Sasuke que o diga.

Fugaku arregala sutilmente os olhos para o que o seu filho mais velho falou, parecendo analisar o que ouviu e eu juro que eu nunca quis tanto dar um soco no Itachi como eu quero agora.

- Sasuke e você estão juntos? – pergunta se direcionando a mim.

Sorrio amarelo não sabendo o que responder. Eu digo que estamos juntos ou é algo ainda muito recente pra sair anunciando assim?

- B-bem – mexia as mãos de forma nervosa - se estamos juntos..? Olha... Hm, n-nã...

- Estamos – Sasuke me interrompe, aparecendo logo atrás de seu pai e parando do meu lado de forma calma. – Estamos juntos.

E eu posso dizer que a cara do sr. Uchiha foi de pura felicidade, enquanto Itachi se engasgava de forma teatral com uns amendoins que ele comia.

- Então é mesmo oficial? – Itachi diz com a voz toda esganiçada pelo recém engasgo, seu rosto estava num vermelho que eu achei bem engraçado. É, talvez não tenha sido tão teatral assim...

- Fico feliz por vocês – Fugaku diz acenando positivamente a cabeça – Você é uma boa menina, Sakura.

- O- obrigada.

Finalizado o assunto, de um em um todos vão dirigindo para a sala de jantar, ficando Sasuke e eu sozinhos.

- Então... – digo envergonhada, segurando o seu braço agora tendo sua atenção – Estamos mesmo juntos?

- Sim. – Reponde curto

- Engraçado – o solto e começo a analisar minhas unhas pra fazer cena – Não me lembro de ter aceitado namorar com você ou nada do tipo.

- Então você não quer namorar comigo? – ele sorria de lado

- Não – digo sorrindo entrando na brincadeira.

- Hm, isso é uma pena então – Ele se aproxima ficando de frente pra mim.

- Por quê? – suas mãos vão de encontro a minha cintura na onde ele mantem um aperto firme, aproximando mais nossos corpos.

Seus olhos encaravam os meus com tanta intensidade que eu ficava tonta, eles eram num negro tão profundo que eu juraria que podia enxergar a minha alma.

Seu rosto vai, devagar, se aproximando do meu, ficando a centímetros de mim.

- É uma pena porque se não estamos juntos, então eu não posso te beijar, né?

Eu queria manter o meu orgulho e dizer que não, ele não poderia me beijar.. mas como eu posso resistir quando ele se mantém a centímetros da minha boca?

- Você é um miserável. – ele ri e logo em seguida sela nossas bocas.

Sua língua explorava com calma a minha boca enquanto as mãos em minha cintura me pressionava ainda mais a ele. Levo minhas mãos para seu cabelo o apertando com cuidado.

Seu beijo era a coisa mais doce que eu já tinha provado. Ele me tocava como se eu fosse uma peça de arte rara, e que poderia quebrar a qualquer momento. Era delicado mas ao mesmo tempo firme, deixando a mostra o quanto me queria.

De todos os caras que eu fiquei, nenhum deles tinha uma pegada como o Sasuke. Nenhum deles deixava as minhas pernas bambas desse jeito.

E, devagar, Sasuke foi se afastando de mim com um sorriso de lado, pegando minha mão direita logo em seguida.

- Vamos, não quero um Itachi aparecendo do nada outra vez. – e com cuidado ele vai nos guiando para a sala de jantar.

Ao chegar na sala notei um clima estranho entre Itachi e seu pai. Eles conversavam algo aos sussurros, mas assim que chegamos trataram de mudar de assunto, agindo como se nada estivesse acontecendo.

Não sei se Sasuke percebeu, mas se sim, preferiu não dizer nada.

A mesa já estava toda posta. Tinha muitas variedades de comida. Fugaku me disse que sua cozinheira era uma senhora de idade que sabia muito bem como agradar. E tenho que admitir, estava tudo delicioso, nunca comi tanto na vida. A sobremesa então, fez meus olhos brilharem. Eu amava pudim.

Estava concentrada no doce quando pulo de susto quando Sasuke, de repente e de maneira bastante bruta, bate o seu copo com força na mesa, chamando a atenção de todos.

- Podem começar a falar – ele diz e percebo pelo tom de sua voz que parecia irritado.

- Do que esta falando, Sasuke? – Itachi disse sorrindo.

- O que vocês tem pra me falar, podem começar a dizer.

- Não temos nada... – Itachi começa mas é interrompido.

- Acha que eu sou burro, Itachi? Nenhum de vocês dois tocaram na comida, sem falar do jeito estranho que estão agindo – Sasuke apontava para os dois – Por isso, podem começar a dizer. Agora.

Vejo Itachi suspirar e olhar para seu pai.

- Sasuke – Fugaku diz sério – É um assunto delicado, e espero que você se acalme para podermos conversar. – Ele faz uma pausa – É sobre a sua mãe.

Mikoto.

O almoço era pra falar da Mikoto, estão...?

As palavras que Itachi disse mais cedo começam a passar pela minha cabeça novamente:

“Sasuke vai precisar de você”

“e acredite, vai ser difícil.”

E começo a ter medo do que virá a seguir. Meu interior se contrai e sinto as batidas do meu peito ficarem mais fortes.

Sasuke tenciona ao meu lado, ficando com o corpo extremamente duro e consigo vê-lo apertar o copo em sua mão com mais força.

- O hospital vai desligar os aparelhos, Sasuke.

Silêncio.

O clima ruim que se instala na mesa chega a ser palpável.

Se vão desligar os aparelhos da Mikoto... isso quer dizer que ela morreria, não é? Então... por quê?

Escuto a pequena risada incrédula do Sasuke.

- Como assim vão desligar os aparelhos dela? – Ele perguntou olhando ao seu pai. Em seu rosto tinha um sorriso, mas sei que é apenas para tentar mascarar seu nervosismo – Quem eles pensam que são para decidirem isso assim? Quem os autorizou?

- Eu autorizei – Fugaku disse sustentando o olhar do mais novo.

Em seu rosto não tinha mais um sorriso, ele estava com as sobrancelhas franzidas, parecendo não acreditar no que acabará de ouvir.

- O-o que? – Perguntou num sussurro.

- Eu autorizei eles a desligarem os aparelhos dela.

Eu olhava tudo boquiaberta, tentando não acreditar no que estava escutando.

A respiração de Sasuke se tornou tensa e pesada.

- Você não pode fazer isso – Disse já elevando o tom de voz.

- Eu posso sim, Sasuke. – Fugaku o corta com o seu tom autoritário – Estamos nessa situação a anos, sua mãe não da mais sinais de melhora, ela pode nunca mais acordar...

- Como do mesmo jeito ela pode acordar – Ele grita se levantando de sua cadeira. Podia ver o quão estava irritado.

- Você acha mesmo que eu fico feliz com isso, Sasuke? – Diz elevando igualmente sua voz - Eu a amo, e é por esse sentimento que eu prefiro que ela possa descansar em paz.. – Ele faz uma pausa e suspira cansado antes de completar com mais calma – Não podemos viver mais com essa duvida, toda essa angústia e incerteza acaba com todos nós.

- O pai tem razão, Sasuke – Itachi se pronuncia de forma baixa, com a cabeça abaixada, evitando olhar nos olhos de qualquer um ali.

Sasuke o olha incrédulo.

- Você sabia disso? Você sabia disso, Itachi? – Diz gritando com força – Como pode concordar com uma ideia dessas? Ela é a nossa mãe!

Conseguia ver claramente as mãos do Sasuke tremendo enquanto ele as mantinha em punho. Ele parecia tão perturbado... era como se todas as sombras que ele carregava estivessem querendo sair, e eu sabia que isso não era nada bom. Sua respiração continuava pesada e ofegante e seu rosto estava num tom avermelhado.

Tinha que acalma-lo, para que a gente possa conversar com calma e resolver tudo isso..

Me levanto segurando seu braço.

- Sasuke...

- O que é – Ele grita, e posso ver toda a sua raiva direcionada para mim. – Vai me dizer que também sabia disso? Sabia que querem matar a minha mãe? – Ele gritava – Sabia Sakura?

E como se eu o desse repulsa, ele puxa o seu braço com força, se livrando do meu toque.

- Eu – Sussurro sentindo meu peito doer e minha garganta fechar - Eu não sabia. – minha voz sai baixa e entrecortada.

Sasuke me olhava com desprezo, e sem dizer mais nada sai a passos pesados da sala.

Tudo que Sasuke disse doeu, mas nada se comparava com o seu olhar de repulsa que ele dirigiu a mim.

Ele estava sofrendo, estava na cara.

Me movo para correr atrás dele, mas duas mãos envolvem minha cintura me impedindo. Olho para trás vendo Itachi em pé do meu lado.

- Itachi – o chamo desesperada – Vai atrás dele. Olha o estado que ele ficou, ele não pode ficar sozinho num momento desses – dizia enquanto tentava me soltar inutilmente das mãos que me prendiam.

- Vamos deixa-lo – ele suspira – Eu conheço o irmão que tenho... ele precisa de um tempo sozinho agora.

- Não, ele não pode...

- Sakura - me corta, e pelo tom de sua voz também parecia estar sofrendo - se formos atrás dele agora ele não vai querer nos ouvir. Vamos dar espaço para ele poder pensar.

Respiro fundo me acalmando e paro de tentar me soltar.

Itachi tem razão. Mesmo se eu for atrás do Sasuke agora ele não vai querer me ouvir.

- Ele vai ficar bem, Sakura. Não se preocupa, tá bom? Eu levo você para casa.

- Isso não é o que me preocupa mas... o que foi isso, Itachi? Por que vocês vão fazer isso? – Sentia grossas lágrimas começarem a deslizar pelo meu rosto – A Mikoto vai morrer se vocês fizerem isso.

O vejo respirar fundo algumas vezes  e abaixar a cabeça.

- Eu sei - começa a dizer num tom extremamente baixo, parecendo pensar com cuidado em cada palavra que usaria - mas eu não aguento mais essa situação, Sakura, ninguém aguenta mais. – mesmo não olhando seus olhos com clareza, eu sabia que ele estava se segurando para soar firme – Eu sei que disse que todos nós ainda acreditávamos que ela acordaria, mas eu não consigo mais lidar com isso. – e sem poder mais segurar, escuto soluços vindo dele. – A cada dia que passa é como se uma parte de todos nós se quebrasse. E-eu só quero que ela possa descansar. – sem pensar duas vezes me viro em sua direção e o abraço com força, o deixando dizer tudo o que ele parecia guardar a tempo demais. – Meu pai e eu já consideramos essa ideia a muito tempo – ele continua num tom mais calmo - mas só não falamos nada por causa do Sasuke... ele nunca lidou bem com isso, como você já deve ter percebido.

Sim, eu já tinha percebido, e é por essa razão que podia imaginar a dor que Sasuke devia estar sentindo agora. Falar da mãe dele sempre foi como pisar em ovos, você sabe que a reação dele nunca vai ser boa... e eu queria muito descobrir o motivo.

Lembrar da reação que ele teve me faz sentir um aperto no peito. Saber que ele esta lidando com tudo isso sozinho me deixa preocupada.

Assim como tinha dito, Itachi me levou para casa no carro do pai dele. Passei o resto da tarde preocupada o esperando, mas Sasuke não voltou pra casa naquele dia.