História Tudo Por Acaso - Dor

Assim como as folhas no outono, a relação de Minato e Kushina secava-se e caí ao chão, somente deixando o tempo passar. O vento os distanciavam. 

Pareciam se evitar nos corredores, cruzando olhares tristes e palavras grossas. Se trocaram 3 palavras, sem que o orgulho falasse mais alto, é muito. Aquilo remoía nos dois, apertava no peito e pesava na consciência. 

Para alivar a culpa, parece que foi combinado mas os dois focaram mais nos estudos, na Universidade e na carreira pessoal. 
Kushina estava se esforçando para terminar as avaliações de final de mês e se empenhava cada vez mais no teatro, mesmo com uma função simples. 
Minato passou a treinar seu corpo exaustivamente nos treinos de natação, focando a equipe principal e não somente seu lugar de reserva. Cada vez passava mais horas dentro de salas fechadas discutindo com acionistas e a direção. No final do dia lhe restavam poucas horas de sono, mas sua mente balançava tanto que não o deixava dormir. Estava tão cheio de coisas, preocupações, deveres. Kushina. Isso era o mais lhe preocupava. Mas não tinha tempo. Tinha que se concentrar em tudo... ou nada.

{...} 

O último sinal do dia soou, despertando os alunos que comemoravam cansados. O professor nem se deu o trabalho de pedir para que escutassem o final da explicação. Era o mais sensato a se fazer na última aula de quinta-feira.

Kushina guardou os livros de história na mochila e a colocou sobre os ombros, saindo da sala e encontrando Derek, que a esperava na porta. Ele soquinho em seu ombro, recebendo um sorriso triste da ruiva. 

- Tudo bem? Vi que você ficou distraída a aula inteira. - Pergunto o moreno, percebendo o olhar vazio da amiga. - Mas bem... todo mundo tava meio morto nessa aula. 

- Eu só estou cansada... eu acho. - Deu de ombros. - Só queria deitar e dormir na minha cama. 

- Não tem estágio hoje, não é?! Se quiser podemos ir naquela sorveteria aqui perto, ainda estou te devendo um sorvete.

- Não, não. Acho melhor eu só ir sozinha hoje. Você tem feito bastante por mim, descanse também. 

Ela deu um pequeno sorriso. Ele a parou, antes que continuasse sozinha. 

- É por causa do que aconteceu na semana passada? - Ele a perguntou. 

Semana passada... já faz uma semana. - Pensou ela, em silêncio, com a cabeça baixa. 

- Você não tem falado com ele desde aquele dia. É minha culpa? - Ele continuou, vendo a hesitação dela. 

- Não... você... não tem nada a ver com isso. É minha culpa. 

- Por que sua culpa?! - Ele se aproximou e levantou o olhar dela para si. - Ele que tem sido um babaca esse tempo todo você não vê que...

Ela o corta.

- Você não precisa dizer nada, eu sei! - Ela tirou a mão dele do rosto dela delicadamente. - Você não precisa se envolver nisso, por favor, só fique ao meu lado! 

- Eu estou ao seu lado, só não suporto ver você assim por causa dele. - Responde Derek. 

- Eu preciso falar com ele, só isso!

Derek pensou em responder algo, mas hesitou e recuou, entendendo-a. 

- Se precisar de ajudar eu estarei aqui por você. - Ele disse, sorrindo ternamente. 

- Eu sei que estará! 

Ela devolveu o sorriso, retribuindo o soquinho no ombro dele e saindo sozinha. 

{...}

Kushina entrou sem pressa no prédio dos dormitórios. Algumas garotas conversavam animadas no final do corredor, rumando a cozinha comunitária, e outras somente entravam cansadas em seus próprios quartos. E ela faria exatamente o mesmo que essas. 
Pensou se seus joelhos frágeis aguentarian o peso do corpo para subir os degraus até o segundo andar. Estava tão cansada que poderia deitar ali mesmo e descansar alguns minutos antes de continuar. Mas somente continuou até chegar a sua porta. 
 
Estava realmente uma bagunça em seu quarto. As gavetas do armário estavam abertas, em sua escrivaninha havia recipientes de macarrão instantâneo vazios e papéis bagunçados. Ao redor da lixeira haviam bolinhas de papel e meias sujas perto da porta do banheiro. Uma completa desordem! Kushina procurava em si a parte organizada e limpa que era, mas do que adiantava arrumar o quarto se sua cabeça estava um furacão. 

Deitou-se sobre a cama, por cima de algumas roupas jogadas e amassadas, e deu-se ao luxo de respirar tranquila e relaxada por alguns instantes. Mas seus pensamentos não a deixavam em paz. Aquilo a corroía. 
Não sabia se deveria continuar assim e esperar ele fazer algo, ou se deveria mandar o seu orgulho se fuder e falar com ele. Precisa resolver isso, de alguma forma, ou sabia que sua mente não a deixaria em paz. 
Ela ligou para ele, que não demorou a respondê-la. 

- Minato.

- Kushina. 

- Nós precisamos conversar.

- Sim, precisamos! 

Ela pensou em silêncio, escolhendo as palavras certas. 

- Estamos agindo como crianças... - Falou ela. 

- ...duas crianças imaturas. - Completou Minato. 

Ela suspirou baixo, mexendo no cabelo lentamente. 

- Pode me encontrar amanhã, na frente do Teatro, ás seis horas? - Perguntou Kushina.

- Amanhã eu tenho trein...

Hesitou. Ao fundo, ela conseguiu escutar ele respirar fundo, pensando quieto. 

- Às seis? - Perguntou ele. 

- Sim

- Ok. 

- Ok. - Confirmou ela, respirando aliviada. 

- Te vejo amanhã então. - Concluiu ele, com uma voz lenta e cautelosa. 

- Nos vemos amanhã! - Respondeu baixo ela. 

- Boa noite Kushi!

- Boa noite Minato!

Os dois desligaram a chamada. Ela respirou fundamente novamente, fechando os olhos em alívio. Tinha muitas coisas que queria dizer e tirar da garganta, mas a semana afastada a fez pensar e deixar a mágoa e o egoísmo de lado. Só queria sentir o perfume de seu corpo junto ao seu. Só queria apertá-lo em um abraço e esquecer o resto. Mesmo que aquela partezinha dentro de si a puxasse para ser orgulhosa. Ela só queria paz. 

{...}

Derek seguiu sozinho no corredor com pouca iluminação, estreitando-se rente a parede. Dava um passo de cada vez, cuidando para não fazer barulho algum ao andar sobre o assoalho. Olhou para o final do corredor, vendo o palco iluminado e uma pessoa andando calmamente. Esgueirou-se, tentando não ser notado. 

Caminhou lentamente até o palco, indo atrás da pessoa que arrumava algumas roupas distraída. Aproximou-se, pronto para dar o bote. 

- Derek, eu sei que você está ai! Nem tente me assusta. - Resmugou Kushina, continuando a arrumar a ordem dos cabides na arara de roupas. 

- Eu fui descoberto! - Fingiu surpresa, fazendo uma pose como um espião secreto. - Ela sabe a minha localização! Preciso de reforços! Repetindo: reforços! - Gritou para um relógio imaginário.

- Se você ficar gritando desse jeito a única pessoa que virá será o coordenador, pra expulsar a gente daqui! - Reclamou ela, vendo que as falas dele ecoavam no teatro vazio. 

Ele cerrou as sombrancelhas, fazendo uma expressão brava. Virou de costas de súbito e se jogou no chão, fazendo uma cambalhota e se arrastando. Parou um pouco afastado, deitado ao chão, apontando uma arma feita com as mãos para Kushina. 

- Ok, seu idiota! Você venceu! - Ela deu um sorriso divertido. - Agora levanta daí logo antes que alguém de veja. 

Ele deu mais uma cambalhota para frente e levantou em um pulo, parando com uma pose e um sorriso malicioso.

- Missão cumprida! - Disse ele, assoprando os dedos que formavam a arma. Kushina deu um leve soco em seu ombro, rindo. 

- É melhor você ir embora. Eu preciso terminar de arrumar isto e se te pegam aqui dentro eu sou demitida. 

- Relaxa ruíva, acabei de ver o diretor e a equipe saindo antes de eu entrar. 

- Afinal, como conseguiu entrar aqui então? - Perguntou ela. 

- Um bom espião sabe como se infiltrar nos mais difíceis lugares...

- A porta tava aberta, não estava? - Perguntou ela, levantando uma das sombrancelhas. 

- Eu prefiro dizer que minha inteligência e raciocínio rápido me fizeram entrar. - Respondeu, cruzando os braços e olhando para cima com um olhar convencido. 

- Ah, claro que sim! 

Kushina voltou a arrumar os adereços teatrais, reunindo alguns objetos e colocando-os em uma caixa plástica transparente. 

- Você quer ajuda? - Perguntou Derek, indo recolher os objetos com ela. 

- Já estou terminando na verdade. - Concluiu Kushina, fechando a última caixa. 

- Deve ser um ótimo trabalho, arrumar a bagunça dos outros. - Falou, irônico. 

- É melhor do que nada! - Respondeu ela, carregando as duas caixas para um canto do palco e voltando. - Eu aprendo mais sobre as funcionalidades do teatro e posso assistir aos ensaios. É bem legal até! 

Ele continuou somente a observando, vendo ela arrastar as araras para o corredor lateral do palco. 

- O que foi? - Perguntou Kushina, vendo que ele a encarava com um olhar distraído. 

- Você se lembra? - Perguntou Derek, desviando o olhar e focar em algum ponto qualquer na platéia. 

- Do que? 

- De como nos conhecemos, no teatro. 

Ela veio até o seu lado, lembrando dos dias em que fazia curso em uma grande companhia teatral em San Francisco. 

- Sim... foi o começo dos dias mais felizes da minha vida. - Falou Kushina, fechando os olhos lentamente e sorrindo ao se lembrar do passado. 

- Lembra dos jogos, de nossas improvisações... - Continuou Derek. 

Kushina sorriu delicadamente e abriu os olhos.

- Você lembra daquela sorveteria na frente da companhia, que sempre íamos depois de uma estréia? - Perguntou Kushina, alegremente. 

- Claro, e você sempre pedia a mesma coisa... - Derek falou, sorrindo.

- ... Milk shake de ovomaltine! - Disseram os dois, em uníssono. Riram, vendo a sincronia das vozes. 

- Quer relembrar os velhos tempos? - Perguntou Derek, com um sorriso malicioso. 

- Seu idiota! - Ela sorriu, dando um soco no braço dele. 

- Não era disso que eu tava falando! - Ele riu, afagando o braço atingido. 

- Preciso falar com Minato, marquei de encontrar ele aqui na frente. 

- Quer que eu fique contigo? - Perguntou Derek, arrumando a jaqueta no corpo. Ele mudou a expressão para um tom sério. 

- Não, precisamos nos resolver sozinhos. - Ela suspirou, pegando a sua mochila e colocando aos ombros. - E hoje fazemos seis meses de namoro, então quero que tudo fique bem logo! 

- Tudo bem, te acompanho até a porta então. 

Derek esperou que Kushina fechasse as portas do teatro, para sair junto com ela até a calçada. O dia já havia escurecido e o barulho dos trovões ressoavam. 

- Vai chover logo. Não vai ficar com frio? - Perguntou Derek, vendo que Kushina usava somente uma vestido rodado curto e uma sapatilha discreta. 

- Não, tenho uma jaqueta na mochila. Se esfriar eu coloco! - Respondeu, tranquilizando-o. 

- Ok, qualquer coisa me ligue!

Ela sorriu, concordando. Ele despediu-se com um curto abraço e foi embora com sua moto. 

{...} 

O ar quente e úmido fazia com qualquer um esquecesse o frio vento de outono lá fora. Mesmo com poucas roupas e corpos desnudos, o suor era inevitável para as pessoas que ali estavam. 
Minato saiu da quente piscina em um pulo, exercitando os músculos do corpo enquanto olhava para os outros colegas se exercitando ao redor das piscinas. Via seu treinador ao fundo, encorajando alguns garotos a nadarem mais rápido. 
Tirou a touca da cabeça, indo em direção aos bancos da pequena arquibancada. Ia se sentar, quando foi interrompido.

- Namikaze! 

Ele olhou rapidamente para a voz feminina que o chamava, focando na magra e morena garota a sua frente. 

- Jones! - Respondeu ele, reconhecendo a aula de direito, também atleta de natação. 

- Eu estava vendo seus tempos, mas... não me surpreendi muito. - Falou a garota, forçando desgosto. 

- Você diz como se fosse melhor. - Respondeu Minato. 

- Está vendo seu nome naquele quadro?! - Disse ela, apontando pra um quadro de vidro em uma das paredes do ginásio. Nele estava uma lista com melhores tempos em cada categoria. - Acho que não, até porque você nem da equipe principal é. Que pena! - Falou ela, rindo vitoriosa. 

- Pra você deve ter sido muito fácil entrar na equipe principal! Afinal, ser a filha do reitor da universidade deve ter suas vantagens. - Respondeu ele, sorrindo com ironia. 

- Você não pode dizer muita coisa de mim, Namikaze, se estalar os dedos qualquer um faz o que você quiser! - Ela disse, sorrindo. - Deve ser muito ruim pra mesmo assim não conseguir entrar na equipe. 

Ele levantou uma sombrancelha, vendo que ela estava conseguindo o provocar. 

- Não preciso de dinheiro pra provar que sou o ótimo na piscina. 

- Está dizendo que o treinador e todos os outros estão errados e você está certo?! Tsc, que arrogância! Bem... não esperava mais de você. 

Minato ficou sem fala e ação. Ele tinha caído na armadilha e ela o enrolava como uma cobra. Parecia uma víbora, se aproximando lentamente, até estar perto o suficiente para que só ele escutasse. Pronta para dar o bote. 

- Por que não me mostra que é melhor que os outros então? - Sussurrou ela. - Aposte comigo! 

- O que eu ganho com isso? 

Ela sorriu, vendo que ia conseguir o que queria. 

- Se você ganhar, com as estaduais chegando, o reitor não vai negar um nadador a mais na equipe principal. 

Minato sabia que poderia melhorar seus tempos e conseguir a vaga sem a proposta, mas isso estava o interessando de algum modo. 

- Mas...? - Perguntou ele. 

- Mas... se você perder fica me devendo um favor. 

A garota esperou que Minato negasse ou duvidasse, mas ele não demorou ou hesitou ao responder.

- Feito! 

- Feito! - Concluiu ela, sorrindo. - É melhor você colocar sua touca, não vai poder ficar dando desculpas se perder. - Disse, divertindo-se. 

- É o que veremos! - Respondeu ele, sorrindo. 

Os dois foram até a borda da piscina, preparando-se para aposta a corrida. Se jogaram na água, após um terceira pessoa gritar, cronometrando o tempo. Não estavam preocupados com o tempo lá fora, somente com os próprios tempos.

{...}

Kushina apertou o celular na mão, tremendo pelo frio que as gotas de água, que eram trazidas pelo vento, causavam. A barra do seu vestido se molhava aos poucos, gelando seu corpo. A chuva não dava trégua, somente parecia aumentar a cada trovão. 
A ruiva se escorou na pilastra do teatro, tentando desviar do temporal, enquanto tentava não molhar o celular. 

- Merda, Minato! Acho que vai ser a milésima vez que eu te ligo! - Resmungou ela, tentando ligar para o namorado. 

Estava a quase uma hora esperando, usando todas as forças pra não desistir e ir embora. Concentrava-se em não sentir frio com a forte tempestade que havia a encontrado. 

- Argh! Eu desisto! - Completou, vendo que todas as ligações para Minato só chamavam em vão. 

Guardou o celular na bolsa, colocando sua jaqueta e saindo no meio da chuva. Estava tão irritada que não ligava para a água que encharcarva sua sapatilha e a fazia quase escorregar. Rumou o caminho para voltar pra universidade e gritar com ele em algum lugar. Já estava até planejando suas palavras e como iria brigar com ele. 

O barulho da chuva e a névoa quase a impediam de ouvir ou ver qualquer coisa, mas ela sentia que alguém estava a seguindo. Talvez pudesse ser um pouco de medo e paranóia, mas não eram somente pingos batendo em metais. 
Pegou seu celular com as mãos tremendo e rezou para que não estragasse com a chuva. 

- ... atende, por favor... - Pediu, andando mais rápido e quase tropeçando nos próprios passos. - Derek?

- Kushi? Não consigo te ouvir! Como foi... - Derek atendeu, mas foi cortado. 

- Derek, eu acho que alguém está me seguindo... - Falou ela, tão desesperada que começou a chorar. - Eu to perto do Teatro. Por favor, vem me ajudar! 

- Eu to indo! - Gritou ele do outro lado, desligando logo em seguida. 

Ela não ousou virar para trás e ver a sombra que a seguia, mas virou em uma rua secundária para ver se conseguia perde-lo. Mas foi uma péssima escolha! Parou em beco sem saída. 
Recuou um pouco, procurando alguma casa, loja ou qualquer lugar para que pudesse correr, mas nada. E já havia achado seu perseguidor. Um homem mal encarado apareceu na entrada do beco, não deixando mais tempo para fuga. Ele se aproximou, revelando um homem sujo e maltrapilho, que no rosto apresentava um sorriso malicioso e  perturbado. 

- O que faz perdida aqui, mocinha? - Falou o homem, com uma voz grossa e falhada. 

- O-o que você quer? - Perguntou Kushina, gaguejando. A cada passo que ele se aproximava, ela recuava dois.  

- Vamos, eu só quero te ajudar. Não fique com medo, amorzinho. - Ele caminhou até ela, encurralando-a na parede. 

Ela tentou correr e fugir dele, mas ele a segurou pelo braço fortemente e a água a fez escorregar e cair no chão. Ele se ajoelhou e ela tentou alcançar o rosto do agressor, para machuca-lo. Ele se irritou e com sua força superior, prendeu ela sentando-se em cima de seu corpo. Ela tentou gritar, a plenos pulmões, por ajuda. Mas o barulho da chuva parecia que abafava qualquer ruído. Somente começou a chorar desesperada. 

- Não faça as coisas serem piores. - Falou ele, sorrindo malicioso. 

Ele começou a passar a mão por seu corpo, tentando puxar seu vestido, mas ela ainda tentava o afastar de qualquer maneira. Ele a apertava tão forte que a fazia se contorcer de dor, somente gritando mais. 

- É melhor você ficar quieta logo! - Disse ele, apertando a mandíbula dela com força. Kushina podia sentir o gosto do sangue na boca. 

Ela fechou os olhos, sentindo sua pressão cair. Estava prestes a desmaiar. 
Antes de perder os sentidos por completo ela sentiu o homem tirar o peso por cima de seu corpo. Escutou um barulho no chão, seguido de pequenos ruídos. Abriu os olhos e viu o homem jogado ao chão, sendo apunhalado por alguém em cima dele. Derek  desferia golpes forte contra o rosto do agressor, que tentava se esquivar sem sucesso. Uma áurea negra parecia estar sobre Derek. Sua raiva parecia transbordar sobre o corpo. 

O nojento homem que tinha tentado atacar Kushina, agora estava perdendo a consciência no chão enlameado. Derek recuperou a noção e deixou o homem sangrando para ajudar Kushina. Ele a segurou gentilmente pela cintura, vendo que ela estava sensível e dolorida. A levantou e a abraçou delicadamente. 

- Me desculpe por não estar aqui! - Falou ele, quase deixando cair suas lágrimas. 

Ela não conseguia dizer simplesmente nada. Somente de pensar nos minutos anteriores, ela se entregava ao choro, apertando fortemente seu rosto contra o peito de Derek. Seus ombros balançavam com seus soluços e o ar parecia faltar em seus pulmões. 
Ele envolveu o corpo de Kushina com um dos braços, segurando-a para se manter em pé. Sentia que se ela desse um passo poderia cair novamente. Assim que se virou viu que o homem tinha fugido enquanto a ajudava. Enfureceu-se, mas tinha que apoiar a ruiva no momento. 
A ajudou a caminhar na chuva, ambos molhados e sujos. Kushina estava aterrorizada, mal conseguia se manter em pé. Ele a segurava como uma boneca de porcelana, prestes a se quebrar. Não queria a deixar cair. E não iria. 

{...} 

- Bom tempo, Minato! - Falou um dos companheiros, dando alguns tapinhas em suas costas. 

- Valeu Willian! - Respondeu o loiro, sorrindo timidamente. 

Ele passou a toalha pelos fios de cabelo, que pingavam sobre os ombros. Viu sua rival se aproximar, sorrindo divertidamente. 

- Éh... você não foi tão mal, Namikaze! - Falou a garota, aproximando-se.

- Eu acabei com você, Jones! - Falou ele, sorrindo convencido. - Como é o sabor da derrota? 

- Haha, engraçadinho! - Riu sarcástica. - Não vou deixar você ganhar na próxima! 

- Não ache que será tão fácil, afinal, você já perdeu uma vez. - Concluiu Minato. 

Ela sorriu maliciosamente, se aproximando para falar bem perto dele, em seu ouvido. 

- Não esqueci nosso acordo. Talvez a equipe principal precise de alguns músculos a mais. - Sussurrou ela, sorrindo de canto. 

Ela passou a mão suavemente pelo abdômen de Minato, piscando para ele e saindo. Ele somente riu, balançando a cabeça em negação. 

Minato colocou a camisa no corpo úmido, deixando a toalha sobre os ombros. Guardou a toca e o óculos, e viu seu celular com a tela ligada no fundo da mochila. Pegou o na mão, para ver as mensagens. 

" 19h55m - 9 ligações perdidas: Kushi" 

Merda! - Pensou ele. 

Guardou suas coisas apressadamente, vendo que já passavam das nove horas da noite. Amaldiçoou-se ao esquecer o compromisso. Colocou a mochila aos ombros e saiu correndo do ginásio. 

{...} 

Não teve tempo para tomar um banho ou sequer se arrumar, somente trocou a roupa molhada por uma qualquer. Os cabelos continuaram úmidos e cheirando ao cloro da piscina. 

Pegou seu carro e correu para o lugar que iria encontrar Kushina, mas só encontrou o que era o mais óbvio, um lugar vazio. Bateu no volante com raiva, já dando a volta.

Assim que chegou, saiu correndo do estacionamento, indo em direção ao prédio dos dormitórios femininos. Pegou seu celular em mãos, tentando ligar para Kushina e encontra-la na frente, mas em vão. O celular dava como desligado ou fora de área. Estava irritado consigo mesmo por ter esquecido o compromisso com a namorado, sabia que ela iria o incriminar. 
Puxou seu próprio cabelo, nervosamente, pensando em algo para fazer. Ele conseguia ver a luz da janela do quarto de Kushina acesa e precisava entrar lá. Mas várias garotas entravam toda hora no prédio, dificultando pra ele sua entrada. Não tinha muitas escolhas. 

Esperou alguns minutos, para que o fluxo de garotas diminuíssem, e entrou no prédio rapidamente. Algumas garotas bêbadas passaram por perto mas nem notaram a presença dele. 
Ele correu pela escada e se escondeu nas esquinas. Deu sorte de o segundo andar estar vazio e chegou rapidamente a porta do quarto dela. Não hesitou em entrar, já que a porta estava destrancada. Mas a cena que viu não era a que esperava. 
Kushina estava deitada, dormindo com o corpo apoiado ao peito de Derek, juntos na pequena cama de solteiro. O moreno estava sem sua camiseta e a Kushi com uma camiseta larga de pijama, com o cabelo molhado. Fechou os punhos com força, querendo-o socar com raiva. Aquela imagem era como uma história fora de contexto, abre espaço para muitas más sugestões. Mas ele não conseguia pensar nisso no momento. 

- MAS QUE PORRA É ESSA?