1. Spirit Fanfics >
  2. Tudo que há é poesia >
  3. Mudança

História Tudo que há é poesia - Mudança


Escrita por: realisse

Notas do Autor


Um rápido obrigado a todo mundo que continua lendo isso aqui. Adoro ler os comentários de vocês, que me fazem sorrir até nos piores dias.

Enfim, espero que gostem (aviso: uso de drogas)

Capítulo 11 - Mudança


Baekhyun acordou ao som fraco de panelas contra trempes e ao vibrar contínuo de seu celular. O sono foi deixando seu corpo com lentidão, os sons repetitivos tornando-se mais nítidos e altos aos poucos. Baekhyun coçou seus olhos lentamente, chutando as cobertas com preguiça e sentando-se sobre o colchão ainda quente.

Ele alcançou o celular com dificuldade no criado ao lado da cama, apertando os olhos no escuro para ver quem lhe ligava logo pela manhã. Joonmyun. O nome de Joonmyun era estranho aos seus olhos míopes e cansados, mas Baekhyun aceitou a chamada e pressionou o celular contra o ouvido da mesma forma.

“Oi?” Ele disse, voz ainda rouca pelo sono.

“Baekhyun?” A conhecida voz de Joonmyun parecia preocupada. “É muito cedo? Eu te acordei?”

Baekhyun quase riu por causa da preocupação excessiva do outro, mas seu riso, no último segundo, transformou-se em um bocejo longo.

“Me desculpa, Baekhyun.” Joonmyun desculpou-se.

“Não se preocupa. Eu acabei de acordar, você ligou logo depois.” Baekhyun mentiu. “Então você não me acordou.”

Baekhyun ouviu um suspiro aliviado de Joonmyun, sorrindo inconscientemente em relação a personalidade quase maternal de Joonmyun. Ele se deitou na cama novamente, prendendo o celular entre o travesseiro e seu rosto.

“Então...” Baekhyun começou. “Qual o motivo da ligação?”

“Eu preciso de um motivo?” Joonmyun devolveu a pergunta.

“Às dez da manhã sim, você precisa.” Baekhyun respondeu, ouvindo a risada do outro na linha.

“São quase onze horas, Baek.”

“Não importa.” O garoto retruca. “Vá direto ao ponto.”

“Você tem planos para o réveillon?” Joonmyun, então, inquiriu.

“Huumm, não sei. Porque?”

“Yifan está organizando uma festa de réveillon e pediu para eu ajudar com os convidados.” Joonmyun explicou. “Na casa dele, começando às oito da noite do dia 31, claro.”

“Entendi.”

“Você pode avisar seus amigos para mim?” Joonmyun pediu. “Eu tô tentando criar um efeito cascata, entende? Para me poupar trabalho.”

“Pode deixar, Joonmyun.”   

“Eu vou te mandar o endereço e essas coisas por mensagem, ok?”

“Ok, obrigado.” Baekhyun agradeceu.

“Ah!” Joonmyun, de repente, exclamou. “Aquele cara... Yixing. Vocês são próximos?”

“Hum não.” Baekhyun respondeu, estranhando a pergunta de Joonmyun. “Ele é amigo do Chanyeol, e o Sehun conhece ele mais do que eu.”

“Ah tá.”

“Você quer que eu consiga o número dele para você?” Baekhyun perguntou.

“Não!” Joonmyun respondeu rapidamente. “Não, não precisa. Obrigado, Baek!”

“Por nada!” Baekhyun disse, ainda levemente confuso. “Tchau, Joonmyun.”

“Tchau.”

Baekhyun se espreguiçou mais ao fim da chamada, levantando-se com calma da cama. Ele andou até a cozinha em passos lentos, seguindo o eventual barulho de panelas e as poucas palavras pronunciadas.

Só Baekbeom estava sentado a mesa quando Baekhyun chegou a seu destino, coçando os olhos e desejando que o estado sonolento o deixasse. Sua mãe estava na cozinha, preparando algo enquanto trocava palavras com o filho mais velho.

“Bom dia.” Baekhyun murmurou, sentando-se do lado oposto do irmão.

“Bom dia.” Baekbeom lhe dirigiu um sorriso.

Naquele momento, sua mãe saiu da cozinha e colocou sobre o prato de Baekbeom uma bela omelete, beijando os fios do filho com amor. Baekbeom a agradeceu, e a mulher sorriu largamente.

“Quer uma omelete também, Baekhyun?” Ela perguntou, segurando a frigideira com uma luva de pano. Baekhyun olhou em seus olhos e, pela primeira vez, parecia que ela não perguntava por obrigação.

“Claro.” Baekhyun respondeu sorrindo brevemente. Enquanto sua mãe voltava para dentro da cozinha, Baekhyun serviu-se de uma xícara de café, bicando em silêncio enquanto Baekbeom lia algo em seu tablet.

Hyoyeon se juntou a eles na mesa pouco tempo depois, e Baekhyun sorriu orgulhoso ao reconhecer o livro de capa azul clara. Hyoyeon sorriu de volta para ele e abriu o livro, lendo enquanto tomava seu suco de laranja.

Poucos minutos depois, sua mãe pousou sua omelete em seu prato, perguntando instantaneamente se Hyoyeon também queria. Baekhyun viu a garota recusar respeitosamente, mas a mulher mais velha insistiu em preparar mais uma.

Aquele era um sentimento estranho, mas ao observar Hyoyeon lendo avidamente Lolita, e Baekbeom entretido em seu tablet, e sua mãe preparando e servindo omeletes, Baekhyun conseguia imaginar uma família pacífica e feliz. Baekhyun conseguia imaginar como seria se discussões não existissem toda semana. Ele imaginava cafés da manhã silenciosos e recheados de sorrisos. Ele imaginava aceitação.

Baekhyun sabia que aquilo era uma ilusão, mas iludir-se era bom.

Ele levou uma garfada da omelete a sua boca, e a quantidade de sal e tempero e queijo era perfeita. Baekhyun não conseguia se lembrar qual fora a última vez que sua mãe cozinhara algo especificamente para si. Parecia tão longínquo.

Nos últimos anos, cafés de máquinas e macarrões instantâneos eram tudo.

“Mãe?” Baekhyun chamou após engolir a última garfada de omelete.

“Hum?” Ela respondeu, sentada de lado na cabeceira da mesa, tomando chá verde e lendo uma revista de moda.

“Nós temos planos para o réveillon?” Ele perguntou.

“Baekbeom e Hyoyeon vão em uma festa no centro da cidade.” A mulher explicou. “Eu e seu pai vamos na festa da empresa.”

E daquela forma, a falsa imagem de família feliz desmoronou. Baekhyun respirou fundo e pegou a geleia de damasco para si, jogando um pouco sobre o prato vazio para comer com biscoitos caseiros. Biscoitos caseiros comprados.

Não era como se Baekhyun quisesse acompanhar o irmão e a namorada em uma festa estritamente heterossexual. Ou participar de outra festa para pessoas de cinquenta anos. Mas o fato de que ninguém o tenha levado em consideração deixava Baekhyun frustrado. E abandonado. Mesmo que já estivesse acostumado com aquilo dentro de casa.

Pena que ilusões duravam pouco.

“Porque?” Sua mãe perguntou, pelo que pareciam ser dez minutos depois.

“Por nada.” Baekhyun respondeu, mastigando seus biscoitos com geleia. “Eu vou passar com meus amigos, ok? Em uma festa.”

“Ok.” Ela respondeu, sua atenção nas páginas da revista.

E Baekhyun jogou um último biscoito na boca e saiu da mesa.

~*~

As batidas de Hyoyeon em sua porta tinham se tornado familiares para Baekhyun. Ele reconheceu o leve bater enquanto terminava de abotoar sua camisa branca, olhando seu reflexo no espelho.

“Pode entrar!” Ele disse, e logo a porta revelava Hyoyeon vestida em um vestido curto e azul claro.

“Você está bonita.” Baekhyun elogiou, observando-a brevemente antes de voltar sua atenção para o espelho.

Baekhyun enfiou a camisa para dentro da calça preta assim que Hyoyeon aproximou-se o bastante para olhá-lo de cima a baixo. Ela sorriu.

“Você também, Baekhyun.”

“Valeu.” Ele agradeceu sorrindo.

Hyoyeon o observou enquanto Baekhyun terminava de ajeitar sua roupa. Ele sorriu satisfeito com o resultado, saindo da frente do espelho e sentando-se na beirada de sua cama.

“Posso passar delineador nos seus olhos?” Ela perguntou, aproximando-se do outro.

“Pode.” Baekhyun respondeu sem hesitar, surpreendendo-se com sua própria resposta.

Baekhyun levantou-se da cama rapidamente para pegar os presentes de Hyoyeon em seu banheiro. A voz da garota chegou leve aos seus ouvidos quando ela perguntou:

“Você vai usar seus óculos?”

Baekhyun pensou durante segundos em qual desição tomar antes de respondê-la.

“Não, acho que vou colocar minhas lentes.”

Baekhyun voltou a se sentar na cama, Hyoyeon abrindo o delineador com calma. Ela o instruiu a fechar os olhos, e logo ele os fechara, mantendo-se o mais imóvel possível. Pouco tempo depois, Baekhyun sentiu os movimentos precisos e firmes de Hyoyeon contra suas pálpebras.

“Você está gostando do livro?” Baekhyun inquiriu em um sussurro.

“É estranho.” Hyoyeon respondeu, ainda focada em sua tarefa. “Como Humbert é o narrador, você acaba entendendo ele, talvez até simpatizando com ele, mas...”

Hyoyeon moveu-se para seu olho direito.

“Mas ele é doente. O relacionamento deles é doentio... Dolores tem doze anos, isso é bizarro.”

Baekhyun mantinha seus olhos fechados, escutando a análise breve de Lolita por Hyoyeon.

“Ele abusa dela. Eu-“ Hyoyeon respira fundo. “Eu odeio ele.”

Baekhyun riu de leve, tomando cuidado para não se mexer e estragar o trabalho da garota.

“Eu também me senti assim quando li.” Baekhyun explicou. “Nabokov é um gênio.”

“Mantenha seus olhos fechados por um tempo.” Hyoyeon instruiu.

“Você e Baekbeom já vão sair?” Baekhyun perguntou.

“Em breve.” Ela respondeu. “Quer uma carona para sua festa?”

“Baekbeom não vai achar ruim?”

“Não.” Hyoyeon disse. “Pode abrir seus olhos, acho.”

Baekhyun abriu seus olhos, ajustando sua visão a claridade piscando constantemente. Hyoyeon observou seu trabalho e sorriu satisfeita, inclinando a cabeça de Baekhyun para cima com seus dedos em seu queixo.

“Você está maravilhoso.” Ela comentou, e Baekhyun sorriu de volta. “Eu poderia ter feito algo melhor se tivéssemos sombra e outras coisas, mas isso já está perfeito.”

“Créditos são seus.” Ele brincou, arrancando risadas da garota.

“Te espero lá embaixo, ok?”

“Ok.” Baekhyun respondeu. ”Eu só vou colocar minhas lentes e pegar um casaco.”

Ele, então, dirigiu-se para o banheiro, instantaneamente observando seu reflexo. O delineador preto evidenciava seus olhos castanhos, um traço discreto, mas ainda assim perceptível. Baekhyun sentia-se belo, sorrindo para a imagem formada no espelho antes de procurar pelas lentes.

Talvez Kyungsoo estivesse certo, e ele gostava de se esconder por trás de seus óculos grandes, mas naquele dia Baekhyun queria tudo menos se esconder. Talvez fosse Jungkook ou Hyoyeon que o inspiravam confiança, mas aquele Baekhyun, que encarava seus olhos maquiados, só queria mostrar o que ele realmente era.

~*~

Quando Baekhyun chegou na festa de Yifan, o lugar já estava recheado de estudantes, tanto rostos conhecidos quanto desconhecidos. Baekbeom estacionou em frente a grande casa, observando os jovens que entravam na casa.

“Feliz ano novo!” Baekhyun disse ao casal, saindo rapidamente do carro.

“Aproveita a festa!” Ele ouviu Hyoyeon dizer, acenando de leve enquanto ele entrava na casa e o carro acelerava na rua.

A casa estava cheia e quente apesar do inverno forte daquele ano, corpos movendo-se sem sincronia na batida da música alta. Pela escolha musical, Baekhyun tinha certeza que Zitao tinha cuidado da playlist.

Enquanto Baekhyun esforçava-se para se mover na multidão, Jongdae surgiu do nada, colocando um braço em volta de seus ombros, todo sorrisos largos e bochechas coradas pelo álcool. O garoto riu ao seu lado antes de mais nada, e pelo cheiro Baekhyun sabia que Jongdae começara cedo.

“Oi, Jongdae.” Baekhyun cumprimentou, tendo que gritar para superar o volume da música.

“Olá!” Jongdae respondeu, sorrindo mais. “Eu vi você chegando e pensei ‘porque não servir um drink a Byun Baekhyun?’”

Jongdae colocou em seu campo de visão um copo vermelho, o líquido balançava perigosamente na beirada. Baekhyun pegou o copo e sorriu agradecido na direção de Jongdae, tomando um gole incerto do drink. A bebida descia quente, mas era doce, e Baekhyun a apreciou pelo momento ínfimo que o líquido manteve-se sobre sua língua.

“Obrigado.” Ele agradeceu.

“Por nada.” Jongdae disse, movendo-se com ele no meio das pessoas. “Minha missão aqui é embebedar as pessoas.”

“Ok, mas onde posso deixar esse casaco?” Baekhyun perguntou, um riso em suas palavras. “Acabei me arrependendo de ter trazido.”

“Coloca no quarto do Yifan.” O garoto respondeu. “Segundo andar, última porta do corredor da direita. Ah! Cuidado para não se perder, esse lugar é enorme.”

“Ok, obrigado, Jongdae.”

O garoto afastou-se dele, então, gritando o nome de alguma pessoa próxima. Baekhyun sorriu para si mesmo, tomando goles pequenos de sua bebida enquanto subia as escadas e procurava pelo quarto de Yifan.

Tal cômodo parecia ter se tornado um depósito de casacos e bolsas, diversas peças de roupas jogadas sobre a cama grande, formando uma pilha de cores diferentes. Baekhyun pousou o seu em um canto vazio da cama, facilitando seu trabalho quando ele fosse embora da festa.

Voltando para o primeiro piso, Baekhyun encontrou Joonmyun ao pé  da escada, movendo-se de leve de um lado para o outro entre goles de alguma bebida. Ele pousou-se ao lado do amigo, sorrindo brevemente.

“Bom te ver aqui!” Joonmyun disse, aproximando-se de Baekhyun para ser ouvido.

“Você viu alguém conhecido?” Ele perguntou. “Só vi o Jongdae.”

“Ele e o Minseok estão se divertindo no bar.” O outro informou. “Além deles, vi o Kyungsoo perto daquela porta.”

Baekhyun olhou para onde Joonmyun apontava, uma grande porta de vidro que provavelmente levava a um jardim. Baekhyun pegou o pulso de Joonmyun, puxando-o pelos corpos até chegar a porta aberta.

De fato, perto da porta estavam Kyungsoo e Jongin, além de Luhan e Sehun para a surpresa e sorte de Baekhyun. Sehun abraçava o namorado por trás, rosto sorridente pousado no ombro de Luhan enquanto o grupo conversava levemente, entre o vento frio do jardim e o turbilhão de sons dentro da casa.

“Olá, vadias!” Baekhyun cumprimentou, sorrindo largo. Ele já conseguia sentir o leve efeito da bebida de Jongdae sobre seu corpo, afinal Baekhyun sempre fora fraco com álcool.

“Eu senti sua falta nesses dias, Baek.” Luhan respondeu rindo.

“É claro que sim.” Baekhyun replicou pretensiosamente.

Naquele momento, Chanyeol apareceu ao lado de Jongin juntando-se ao grupo. Ele sorriu brevemente para Baekhyun e Joonmyun, trazendo em sua mão direita um pequeno prato com várias mini pizzas. O grupo serviu-se rapidamente, Chanyeol largando o prato na mesa mais próxima enquanto os outros o agradeciam pela comida.

“Baek.” Sehun começou, trazendo a atenção para si e apertando os olhos como se para averiguar algo. “É impressão minha ou você está realmente usando maquiagem hoje?”

E então diversos pares de olhos estavam nele, e Baekhyun estava na dúvida se ele gostava ou não da atenção. Por um lado ele estava desconfortável, mas ainda assim era o que ele queria aquela noite: não se esconder.

“Culpado.” Baekhyun respondeu com um sorriso, dando de ombros. Ele tomou um gole final de sua bebida, limpando o copo e esperando que o assunto terminasse ali, mas parecia que a sorte não estava do seu lado. Ou estava.

“Eu acho que nunca te vi usando maquiagem.” Kyungsoo comentou.

“Você tem maquiagem?” Luhan perguntou logo depois incrédulo.

“Isso nem é grande coisa, gente.” Baekhyun riu de leve. “Ok, eu não costumo usar maquiagem, mas a Hyoyeon me deu de presente e me ajudou a passar.”

“A namorada do seu irmão?” Luhan perguntou, e Baekhyun assentiu.

“Eu já gosto dela.” Sehun disse.

“Ficou bem em você.” Jongin comentou, até então em silêncio. Os olhos de Chanyeol fitaram rapidamente o rosto do amigo, antes de voltar sua atenção para Baekhyun, assentindo em concordância.

Baekhyun sorriu constrangido por alguns segundos, desviando sua atenção para seu copo vazio.

“Hum, eu vou pegar outra bebida.” Baekhyun disse, com o intuito de sair da situação embaraçosa. “Alguém quer alguma coisa?”

Kyungsoo e Jongin levantaram suas mãos, e Baekhyun perguntou-se como ele faria com três copos em sua mão.

“Eu também quero.” Sehun disse, finalmente soltando seus braços da cintura de Luhan. “Vamos, Baek. Eu te ajudo com os copos.”

Assim, os dois andaram com certa dificuldade até o pequeno bar, as mãos de Sehun nos ombros de Baekhyun enquanto ele o guiava pela casa. Sehun movia-se de acordo com a música atrás do menor, cantando alguns versos, mas sua voz sumia em meio ao caos de risadas, falas e melodias.

De fato, quando a dupla chegou ao bar, Jongdae e Minseok se divertiam por trás de uma bancada de granito, diversas garrafas de bebidas e copos de plástico espalhados por ali. Os dois dançavam de maneira extravagante e divertida, membros movendo-se para todos os lados. Do chão, surgia uma fumaça leve, mas o cheiro de maconha era forte. Baekhyun recostou-se sobre a bancada, encontrando Yixing sentado no chão, um cigarro entre seus dedos.

Ele sorria em seu estupor, passando o cigarro a Minseok logo depois, que tragou longamente antes de passar a droga a Jongdae. Quando Jongdae terminou de exalar a fumaça, ele passou o já pequeno cigarro a Sehun, finalmente percebendo os dois garotos ali.

“O que vocês vão querer?” Minseok perguntou, os lábios finos de Sehun ainda em volta da maconha.

“Eu quero aquele drink que você me deu quando eu cheguei, Jongdae.” Baekhyun pediu.

“Eu não disse que tinha ficado bom, Minnie?” Jongdae disse para Minseok, sorrindo largo. Minseok só revirou os olhos e negou com a cabeça.

“Três caipirinhas.” Sehun falou logo depois. Ele estendeu o cigarro na direção de Baekhyun, perguntando silenciosamente se ele queria. Baekhyun deu de ombros e pegou o cigarro, tomando cuidado para não se queimar. Parecia haver séculos desde a última vez que ele colocara um cigarro de maconha em sua boca.

Enquanto Jongdae e Minseok preparavam suas bebidas, Baekhyun permitiu-se uma vaga lembrança de como tinha experimentado aquilo pela primeira vez. Havia sido na casa de Kyungsoo, quando os quatro amigos aproveitavam um fim de semana de liberdade sem os pais de Kyungsoo em casa. Eles bebiam e jogavam jogos de tabuleiro e de dança, rindo em meio a piadas bobas e danças idiotas. Naquele dia, Luhan tirara um cigarro de seu bolso, representando ao mesmo tempo o medo e o desejo de garotos novos. No fim, o dia terminou com ‘spin the bottle’, Baekhyun beijando todos seus amigos languidamente e rindo logo depois. Depois daquilo, Luhan e Sehun começaram a namorar.

Baekhyun sorriu nostálgico com a lembrança, entregando o cigarro de volta a Jongdae.

“Eu acho que você consegue pegar o Chanyeol hoje para você, Baek.” Sehun sussurrou em seu ouvido, e Baekhyun bateu no amigo sem força, mas suas bochechas coradas o denunciavam. “Sério, ele não conseguia tirar os olhos de você, praticamente te comendo com os olhos-“

“Sehun! Cala a boca!” Baekhyun protestou, dessa vez batendo com mais força no mais novo.

“É a verdade.” Ele deu de ombros, piscando para Baekhyun. “Não deixe essa oportunidade passar.”

Baekhyun não teve a chance de responder, Jongdae e Minseok entregando-lhe os copos. Ele e Sehun pegaram as bebidas, voltando para o grupo perto da porta com cuidado. Baekhyun tomou alguns goles de sua bebida doce, tentando empurrar as palavras de Sehun para o fundo de sua mente. Mas era realmente difícil quando os cabelos brancos de Chanyeol ficavam bagunçados, e tudo que ele queria era arrumar os fios. Ou quando seus lábios sujavam-se com alguma comida, e Baekhyun queria limpá-los com os próprios. Era extremamente difícil quando os olhos de Chanyeol encontravam os seus e o garoto sorria.

“Onde está o Yifan?” Baekhyun perguntou a Joonmyun em determinado momento, tentando fugir dos olhos amendoados de Chanyeol. “Eu não vi ele.”

“Bom, eu também não.” O outro respondeu com uma risada amarga. “Provavelmente transando com o Tao em algum canto.”

Baekhyun arrependeu-se de mencionar Yifan a Joonmyun, percebendo que o assunto afetava seu amigo mais do que ele deixava transparecer. Ele tentou pensar em alguma distração, mas nada vinha a sua cabeça. Até que um remix de ‘Team’ da Lorde começou a tocar, e Baekhyun enlaçou o pulso de Joonmyun, puxando-o para o meio da sala improvisada de pista de dança.

“Vem, vamos dançar.” Baekhyun disse.

Os dois pararam em um ponto mais vazio entre a massa de pessoas que se movia na sala, e logo o resto do grupo se juntava a eles ali. Baekhyun começou a dançar perto de Joonmyun, forçando-o a se mexer também e soltar um sorriso. Logo, Joonmyun já dançava enquanto os garotos formavam um pequeno círculo entre si.

Cada um deles dançava da sua própria maneira, e Baekhyun movia seus quadris livremente, mas tomando cuidado para não derramar sua bebida no chão e causar um pequeno acidente. Aos olhos de Baekhyun, todos moviam-se em inúmeros momentos de imobilidade, e provavelmente ele devia parar de beber por um tempo, mas em sua embriaguez Baekhyun falhou em notar aquilo.

Ele terminou sua bebida em um só grande gole e, no instante seguinte, Chanyeol estava ao seu lado.

Ele se movia de maneira quase engraçada, seu corpo grande sem muita coordenação motora, mas o sorriso largo em seu rosto evidenciava que, de qualquer forma, ele estava se divertindo. Baekhyun retribuiu o sorriso, igualmente largo.

“Eu não sabia que você aguentava bebida desse jeito, Baekhyun.” Chanyeol provocou, tendo que aproximar sua boca do ouvido do outro. Baekhyun suprimiu o pequeno choque em seu corpo, ignorando o que aquela voz causava em si.

“Na verdade, eu não aguento.” Baekhyun respondeu rindo. “Tudo tá se movendo bem devagar, mas ao mesmo tempo super rápido. Entende?”

Chanyeol riu também, assentindo e pegando o copo vazio na mão de Baekhyun. E se seus dedos demoraram para se afastar, Baekhyun disse a si mesmo que tudo se movia mais devagar.

Enquanto Chanyeol afastava-se para deixar o copo em alguma mesa, Baekhyun arregaçou as mangas de sua camisa, sentindo o calor da sala em seu corpo. Foi então que ao puxar a manga de seu braço esquerdo, Baekhyun lembrou-se que seus cortes ainda estavam ali. Apesar de já estarem cicatrizando, as pequenas linhas ainda eram perceptíveis e, com pressa, Baekhyun abaixou a manga da camisa novamente, ignorando o calor.

Ele rapidamente procurou por alguém que pudesse ter visto seu antebraço, pousando seus olhos em Kyungsoo. O rosto do amigo mostrava entendimento e preocupação por Baekhyun, sabendo pelo que o outro já passara antes. O garoto murmurou ‘depois’ para Kyungsoo, mas ele já se aproximava do outro.

“Baek...” Kyungsoo disse, tentando pegar o braço esquerdo de Baekhyun de leve.

“Depois, Soo.” Baekhyun pediu, tentando deixar seu desespero de lado. “Me desculpa, mas depois a gente fala sobre isso.”

Kyungsoo assentiu resignado, aceitando a decisão do outro. Baekhyun olhou em volta, Luhan e Sehun beijavam-se com calma, ignorantes em relação ao que tinha acontecido. Os outros garotos também pareciam imersos na festa, o dionisíaco tomando conta de seus corpos. Baekhyun suspirou aliviado ao mesmo tempo que Chanyeol juntava-se ao grupo novamente.

“Só um minuto.” Baekhyun falou, seu tom não suficientemente alto para ser ouvido. Chanyeol o fitou confuso. “Eu preciso ir ao banheiro.”

Baekhyun saiu do meio das pessoas, perdendo o olhar confuso e assustado de Chanyeol. Ele procurou por um banheiro no primeiro piso, mas a porta que parecia levar a um lavabo estava trancada. Baekhyun clicou sua língua, subindo as escadas a procura de um banheiro vazio. Sua cabeça latejava incessantemente. Ele ignorou qualquer barulho proveniente dos quartos, até que ele encontrou um banheiro vazio e limpo. A luz forte fez Baekhyun apertar seus olhos em desconforto antes de observar seu reflexo no espelho.

Baekhyun estava levemente suado, mas seu delineador continuava perfeito. Ele queria afundar seu rosto na pia e deixar a água escorrer pelo seu rosto, mas Baekhyun só respirou fundo e fechou seus olhos, acalmando-se aos poucos, mãos segurando fortemente a bancada da pia.

O garoto saiu do banheiro pouco tempo depois, lavando suas mãos e jogando um pouco da água fria em sua nuca. Baekhyun voltou pelo caminho que tinha tomado, música ainda tocava, mas o caos de vozes estava estranhamente ausente. Ele franziu sua testa ao descer a escada, não entendendo o porquê do repentino silêncio.

Havia poucas pessoas na sala, pequenos grupos conversando entre si enquanto músicas aleatórias ainda tocavam. O vinco entre as sobrancelhas de Baekhyun afundou-se, e ele se aproximou do bar com facilidade, onde Jongdae agora estava sozinho.

“Cadê todo mundo, Jongdae?” Baekhyun perguntou.

“Lá fora.” Ele respondeu, direcionando o olhar de Baekhyun para a porta de vidro com a cabeça.

“Porque?”

“Quanto você bebeu?” Jongdae perguntou rindo. “Estamos perto de meia noite, Baekhyun.”

Baekhyun assentiu, pegando seu celular no bolso de trás e percebendo que, de fato, faltavam cerca de dez minutos para o novo ano. Ele suspirou e dirigiu-se para o lado de fora, Jongdae atrás de si com sua risada única e escandalosa.

No jardim, algumas pessoas organizavam fogos de artifício enquanto outras continuavam bebendo e dançando, a música ali baixa sendo engolida pelas risadas e conversas. Baekhyun encontrou seus amigos com certa facilidade, Jongin e Minseok ajudando Yifan – que Baekhyun via pela primeira vez na noite – com os fogos. Olhando em volta, ele percebeu que Zitao conversava com Joonmyun, e Baekhyun rapidamente aproximou-se com o intuito de salvar seu amigo.

“Oi, Tao!” Baekhyun exclamou, abraçando Joonmyun de lado. “A gente não se fala há tanto tempo.”

“Pois é!” Tao respondeu, sorrindo de maneira infantil para Baekhyun.

“A gente precisa colocar coisas em dia...” Baekhyun começou. “...Mas se importa se eu roubar o Joonmyun aqui?”

“Tudo bem, Baekhyun.” O garoto respondeu. “Foi bom conversar com você, Joonmyun-hyung!”

A dupla afastou-se de Zitao que pegou seu celular para entreter-se. Joonmyun sorriu para Baekhyun agradecido, suspirando longamente.

“Obrigado, Baek.” Ele disse, por fim.

“É, eu percebi que você precisava de alguém para te salvar.” Baekhyun brincou.

“O pior-“ Joonmyun falou, olhando brevemente para Zitao sobre seu ombro. “é que eu não consigo odiar ele. Sei lá, ele parece tão puro que eu não poderia odiá-lo por causa de ciúmes.”

“Sim.” O outro concordou. “Tao é um anjo.”

Os dois voltaram suas atenções para o grupo que tomava conta dos fogos de artifício quando ouviram gritos de euforia, Jongin e Minseok comemorando entre si enquanto Yifan sorria satisfeito. Parecia que tudo estava pronto.

“E então?” Baekhyun perguntou. “Alguma resolução para 2017?”

“Seguir em frente, eu acho.” Joonmyun respondeu com uma risada nasalada.

“Você parece um velho de cem anos.” Ele provocou, e Joonmyun riu genuinamente.

“E você? Alguma resolução?” Joonmyun devolveu a pergunta.

“Hum... Acho que não.” Baekhyun deu de ombros. “Nunca vi muita graça em ano novo.”

“Feliz ano novo.” Uma nova voz juntou-se a eles, e Baekhyun sorriu, reconhecendo a sonolência ali.

“Ainda não é ano novo, Yixing.” Baekhyun informou, e o rosto de Yixing era pura confusão, seus olhos movendo-se entre Baekhyun e a tela de seu celular.

“Ah, acho que meu relógio tá errado, então.” Yixing comentou, guardando o aparelho no bolso. Ao seu lado, Joonmyun riu.

“Então?” Baekhyun começou após um breve momento de silêncio. “Nós somos aqueles que não vão beijar ninguém no ano novo?”

“Estranhamente, eu não estou dando a mínima para isso.” Joonmyun respondeu, e Yixing manteve-se calado, observando o céu preto e livre de estrelas.

Pelo canto de seu olho, Baekhyun viu Joonmyun olhar brevemente para o garoto chinês e, de súbito, ele lembrou perfeitamente de sua conversa com Joonmyun pelo telefone, vários dias antes. Joonmyun pedindo informações sobre Yixing. Tudo que Baekhyun fez foi sorrir maliciosamente para si.

E assim, as pessoas começaram a contar.

10, 9

Baekhyun olhou para o rosto disperso de Yixing.

8, 7, 6

Baekhyun viu diversos rostos preparando fogos de artifício.

5, 4

Baekhyun ouviu o grande coro de pessoas e começou a contar.

3

Baekhyun viu o sorriso de coração de Kyungsoo.

2

Baekhyun fitou Sehun e Luhan se abraçando com força.

1

Baekhyun percebeu um vulto de cabelos brancos e de um sorriso animado demais. Ele sorriu mais, talvez ele tivesse uma resolução de ano novo, afinal.

Feliz 2017! 

Baekhyun viu explosões em vermelho e dourado, seguidas por diversas cores. Baekhyun ouviu vários ‘feliz ano novo!’ e sentiu o abraço de Joonmyun. Ele abraçou Yixing também, mesmo o garoto ainda parecendo absorto em pensamentos ou preso em outro planeta.

E no segundo seguinte, Baekhyun, sem cerimônias, empurrou Yixing nos braços de Joonmyun. Talvez porque Joonmyun estivesse bêbado ou talvez porque Yixing estivesse drogado, mas logo os dois garotos se beijavam devagar, fogos literalmente estourando como plano de fundo.

Baekhyun sorriu orgulhoso, voltando sua atenção para o céu. E logo para as pessoas. Yifan parecia ter abandonado seu cargo para beijar o namorado. Jongdae o tinha substituído, rindo animado ao lado de Jongin e Minseok. Kyungsoo os observava, ainda sorrindo. Sehun e Luhan ainda estavam nos braços um do outro, perdidos em seu próprio mundo, seu próprio beijo.

E Chanyeol... O sorriso de Baekhyun desapareceu. Porque Chanyeol tinha seus dedos enterrados em cabelos longos e ruivos enquanto braços finos enlaçavam seu pescoço, brincando com os fios brancos em sua nuca. Baekhyun viu Chanyeol trazer o corpo magro de Joohyun para perto, uma mão confiante em suas costas pequenas.

O casal estava relativamente perto, e era nauseante, mas, ao mesmo tempo, Chanyeol parecia tão longe. Tão irreal.

Um leve e longo roçar de dedos sobre um copo parecia mentira.

Baekhyun engoliu em seco e olhou para o céu, vendo uma bela explosão laranja. Seu coração parecia explodir no mesmo momento, manchando o interior de seu corpo com sentimentos solitários e sem reciprocidade. Ele forçou para dentro as lágrimas que ameaçavam ser libertas, inspirando e expirando com calma, cada explosão pintando a cena com uma nova cor. Tudo ali era bonito, mas, mais uma vez em sua vida, Baekhyun sentiu que ele não pertencia àquele lugar. Baekhyun sentiu-se solitário como seus sentimentos.

Ele forçou-se a sair dali, voltando para a casa vazia e dirigindo-se ao bar. Baekhyun só queria esquecer, pelo menos momentaneamente, o turbilhão de coisas que ele sentia naquele momento. Tristeza, inveja, raiva, disforia...

O garoto encontrou uma garrafa parcialmente cheia de tequila e preparou para si dois shots, encontrando com certa facilidade sal e limão. A bebida era amarga e desagradável, mas Baekhyun só procurava por algo forte em sua corrente sanguínea. Ele saiu da casa novamente enquanto a maioria das pessoas voltava para dentro após o fim dos fogos de artifício.

Baekhyun reconheceu Yixing deitado sozinho em um ponto isolado do jardim, aproximando-se do garoto. Yixing brincava com mais um cigarro de maconha, seus dedos longos alisando a droga ainda não acesa. Ele olhou brevemente para Baekhyun, focando sua atenção no baseado de novo com rapidez.

“Posso fumar com você?” Baekhyun perguntou, deitando-se sobre a grama úmida e fria. Ele nem se importava com o estado de sua camisa branca quando ele saísse dali.

Yixing assentiu, então, tirando do bolso do moletom um isqueiro rosado. Ele acendeu o cigarro e tragou por longos segundos, entregando-o a Baekhyun em silêncio logo depois. Era bom e pacífico fumar ao lado de Yixing, os olhos presos no céu escuro enquanto aos poucos ele sentia o efeito da droga sobre seu corpo.

“Os lábios dele são estranhos.” Yixing disse pela primeira vez, quebrando o silêncio ao pegar o cigarro entre os dedos do outro.

“De quem?” Baekhyun perguntou rindo. Ele olhou para o lado e a covinha de Yixing era profunda, resultado de seu sorriso. Sem pensar, Baekhyun tocou a covinha com seu indicador. Yixing riu.

“Joonmyun.”

“Que tipo de estranho?” Baekhyun inquiriu.

“Estranho bom.”

“Oh.”

Eles compartilharam mais uma pequena risada, logo voltando a tragar o cigarro em silêncio até que era impossível fazê-lo sem se queimar. De qualquer forma, Baekhyun queimou-se e Yixing riu.

“Acho que vou voltar para lá, Xing.” Baekhyun disse, apontando para a porta que levava para a sala de Yifan.

“Ok, eu vou ficar aqui.” Yixing respondeu, repousando sua cabeça em seus braços.

Enquanto Baekhyun dançava entre estranhos, o tempo parecia se esticar para ele, todos seus movimentos tornando-se lerdos e lânguidos. Seu corpo e membros pareciam mais pesados e, às vezes, Baekhyun só queria deitar no chão e dormir. Mas ele continuava se movendo sem uniformidade, risadas sem motivos sendo libertas. Ele não conseguia encontrar Sehun e Luhan, que provavelmente estariam escondidos em algum canto. Kyungsoo tinha sumido do nada. E toda vez que ele via cabelos brancos, o laranja estava próximo.

Enquanto Baekhyun movia seus lábios sobre os de um garoto desconhecido, a noite dissolvia-se aos poucos em sua memória dando espaço ao esquecimento.


Notas Finais


É, deu merda para o lado do Baek.
Enfim, espero que tenham gostado. Ultimamente estou bem inspirada, então se tudo der certo, o 12 sai em breve.

Inicialmente, eu ia fazer o Baekhyun beijar o Yixing porque eu amo Baekxing, MAS eu não podia fazer isso porque o Lay é amigo do Chanyeol e etc... (Eu já tinha planos Sulay pra isso, então...)

P.s.: eu vou postar uma oneshot bem curtinha Kaisoo lá no "Histórias Adjacentes" para ser lida depois desse capítulo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...