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História TWD - Quarta Temporada - Três


Escrita por: GabsNoNy

Notas do Autor


"O Bob está preso"

Capítulo 3 - Três


Nos dias seguintes, passei a não ter apenas dois médicos, mas sim três. Bob era um velho conhecido no Fort Benning, um bom médico, mesmo as vezes misturando os problemas pessoais com o trabalho. Mas agora, com o nono mês de gravidez chegando, eu não estava mais com tanta preocupação sobre o parto e sim com a ideia que talvez, esses médicos, não se entendam quando a hora chegar.

Três dias atrás, quando Daryl me contou o que ele, Sasha e Glenn encontraram no Big Spot, quase briguei com ele para que da próxima vez que fosse para pilhar o lugar, me levasse junto.

Não tinha nada mais e nada menos do que uma base abandonada do exército ao redor do supermercado, usando caminhantes como cães de guarda. E isso, eu não poderia perder.

— Nós dois vamos ficar bem. – Disse pela quarta vez, na mesma conversa que estava tendo com Carol – Não vou fazer esforço. Sério, não me olhe desse jeito, estou falando a verdade.  

— Você está a poucas semanas do parto. – Carol retrucou, enquanto secava as mãos em um pano de prato – Se passar muito nervoso, a bolsa pode estourar.

— Vou me controlar. – Prometi a ela, num resmungo baixo – E além do mais, é um mercado, tenho que pegar algumas coisas na sessão de bebês.

Quase não escutei o que Carol murmurou, pois me distrai quando Patrick me entregou a vasilha do meu café da manhã. O menino era uma graça, todo desajeitado e bonitinho.

— Bom dia, Daryl. – Escutei a voz do Caleb o cumprimentar

— E aí, Dr. S? – Daryl o cumprimentou, enquanto caminhava em nossa direção, e por cima das vozes de pessoas lhe cumprimentando, ele comentou – Não conseguiu tirar essa ideia da cabeça dela, Carol?

— E quem consegue? – Carol perguntou de volta, balançando a cabeça negativamente

— Que cheirinho bom. – Daryl comentou mudando de assunto, enquanto pegava uma das vasilhas de comida do balcão

— Ele está me provocando, Gabriela. – Carol disse, alternando o olhar entre nós dois

— Deixa disso. – Daryl disse, balançando a cabeça negativamente – O Rick também trouxe um monte de gente.

— Ultimamente, não. – Carol lhe disse – Quando você abriga os estranhos e mantém as pessoas alimentadas, tem que aprender a viver com o amor.

— Mas ele já está vivendo com ele. – Comentei meio risonha – Não é, amor?

— Pois é.

— A Gabriela já tem noção, mas quero que vocês vejam uma coisa. – Carol nos disse e depois olhou para o menino ao seu lado – Pode assumir, Patrick?

— Sim, senhora. – O menino ruivo respondeu, ajeitando o óculos de grau em frente aos olhos e assim que pegou o pano de prato das mãos de Carol, se virou para o caçador – Sr. Dixon? Só queria agradecer pelo veado que trouxe ontem. Foi um banquete, senhor, e será uma honra apertar sua mão.

Daryl olhou do menino para nós duas, antes de lamber os dedos e apertar a mão do menino, de um jeito bem rápido. Antes de seguir Carol e o caçador em direção as cercas do pátio, apoiei a vasilha com o meu café da manhã em cima da minha barriga e comi mais um pouco.

Estava com fome.

E como eu já sabia, as cercas frontais da prisão estavam repletas de caminhantes.

— Em relação ao dia de hoje, não sei se podemos poupar muita gente da patrulha. – Carol comentou com a gente, olhando para os caminhantes lá em baixo, nas cercas do campo

— Aquele lugar está pronto. – Daryl lhe disse – Vamos entrar nele.

— Sim. – Carol concordou lentamente – Houve um grande acúmulo da noite para o dia. Tem dezenas perto da torre três. Está tão ruim quanto no mês passado. Eles não se espalham mais.   

— Bem, - Murmurei, crispando os lábios - com mais de nós aqui, atrairemos mais deles. Já tem uns grudados na cerca, estão formando um bando.

— Forçando as cercas novamente – Carol acrescentou, num murmuro – Por enquanto dá para resolver, mas temos de agir.

— Vou pensar em alguma coisa.

Carol concordou com o que eu havia dito e se afastou, dizendo que alguém teria que continuar cozinhando. Terminei de comer aproveitando a companhia de Daryl e depois fui arrumar as minhas coisas para irmos ao supermercado.

Quando terminei de me arrumar o melhor que eu consegui, caminhei em direção aos carros e me encostei na caminhonete que Daryl estava arrumando. O resto do grupo que iria com a gente estava no carro mais à frente, conversando.

Era bom saber que Sam havia conseguido se enturmar tão bem com o resto do pessoal. Era realmente muito bom.

— A Carol disse a verdade, é loucura. – Daryl me disse, balançando a cabeça negativamente – Pode acontecer de termos de correr e você não pode fazer muito esforço.

— Vamos ficar bem. – Comentei com ele, um pouco cansada daquela conversa – Não apenas o bebê e eu, todos nós ficaremos. - Ao fundo, um menino estava se aproximando de Beth, a qual estava caminhando em nossa direção – Nossa, isso vai ser ótimo.

Daryl se virou para olhar no mesmo instante que os dois se beijaram, nós dois nos olhamos meio surpresos e depois vimos a filha mais nova de Hershel se afastar do menino, dizendo não para ele, depois de ser questionada se ela se despediria.

Abalando corações, essa Beth.

— Parece coisa de novela. – Daryl disse ao menino, balançando a cabeça negativamente e depois me olhou, juntando as sobrancelhas – Não somos assim, somos?

— Claro que não, deus me livre. – Respondi logo em seguida, meio alto

— São um pouco sim. – Escutamos Glenn dizer ao fundo – Principalmente agora com o bebê a caminho.

— Nossa, olha só quem tá falando. – Retruquei alto, rindo – O integrante do casal melação.

Glenn riu alto e me mostrou o dedo do meio, enquanto eu fazia a melhor cara de esnobe que conseguia.

— Ei. – Uma voz conhecida nos cumprimentou e eu me virei para olhar, Bob estava se aproximando do carro onde Sasha, Tyreese, Sam e Glenn estavam – Eu queria começar a ajudar.

— Só faz uma semana, Bob. – Sasha comentou com ele, enquanto se apoiava na porta do carro

— É uma semana de refeições, de um teto para me abrigar. – Bob retrucou, mantendo um sorriso nos lábios – Quero merecer minha parte.

— Você estava sozinho quando o Daryl te achou. – Sasha lhe disse

— É verdade. – Bob concordou logo em seguida

— Sabe trabalhar em equipe? – Sasha perguntou a ele, crítica

— A gente só vai na boa. – Daryl comentou, enquanto saia de perto da caminhonete e caminhava em direção a sua moto

— Sasha, o Bob é do exército. – Comentei com eles, me aproximando e parei ao lado de Sam – Quer pessoas melhores para trabalhar em equipe do que gente do exército? Qual é, somos organizados, sabemos seguir ordens...

Sasha me olhou e balançou a cabeça negativamente, suspirando.

— É difícil de convencer, sabia? – Bob lhe perguntou

— Está bem. – Sasha concordou, crispando os lábios

Dei um tapinha no ombro de Sasha quando passei por ela para entrar no carro e a escutei rir baixo. Esperei Glenn entrar no carro e ligar o motor para depois me ajeitar no banco. Ter posições confortáveis para sentar e deitar, era um grande dilema. Ao passarmos do portão do pátio e atravessar parte do campo, vimos que a samurai estava de volta, conversando com Rick. Aproveitei que Glenn também havia parado o carro perto dela e me inclinei na janela.

— Ei, Mich! – Estendi minha mão para ela bater – Senti saudades, mulher.

— Eu também. – Michonne comentou rindo – Como estão?

— Estamos bem. – Eu lhe respondi – Como sempre.

— Olha só quem voltou. – Daryl a cumprimentou, parando a moto entre o carro e ela

— E aí, pai do ano. – Michonne o cumprimentou, se virando para olhá-lo, mas depois logo aderiu a uma expressão séria – Eu não o encontrei.

Sinceramente, depois de quase nove meses sem notícias do Governador, eu comecei a achar que ele não voltaria mais. Porem, Michonne ainda estava procurando o homem.

Ela tinha suas razões.  

— Que bom que você voltou inteira. – Daryl comentou com ela e virou o rosto para Rick, lhe cumprimentando – Ei.

— Ei. – Rick repetiu, passando a olhar dele para o resto de nós

— Estou pensando em olhar perto de Macon. – Michonne nos disse, olhando para os nossos rostos – Vale a pena arriscar.

— São 115 quilômetros de caminhantes. – Falei para ela, balançando a cabeça negativamente – E ainda pode encontrar pessoas pouco amistosas. Vale mesmo a pena?

Michonne respirou fundo e não respondeu.

— Vamos conferir o Big Spot. – Daryl disse a Rick, virando o rosto para olhá-lo – Sabe aquele de que falei? Só olhar.

— É, e eu vou verificar as armadilhas. – Rick anunciou, nos olhando – Se pegarmos algo, não quero perder para os caminhantes.

— Eu vou com vocês. – Michonne nos disse, afirmando com a cabeça

— Mas acabou de chegar. – Carl, o qual eu nem havia percebido, disse, olhando para a mulher negra

— E voltarei. – Michonne lhe disse, sorrindo

Assim que Michonne deu a volta na moto e entrou no carro em que eu estava, ela se sentou do meu lado e passou a mão em minha barriga, murmurando “Bebê Dixon”.

Ao chegarmos no supermercado, fiquei encarando o lugar atrás das cercas, imaginando quem tinha passado por ali e porque não estavam mais naquele lugar. As tendas camufladas, os carros reforçados...

— Uma vista e tanto, não é? – Sam me perguntou, ao notar que eu havia acabado de passar a mão no rosto

— Esse é o mais próximo que eu chego do exército em mais de dois anos. – Comentei com ele, balançando a cabeça negativamente – Não quero nem pensar em quem estava aqui.

— Ou porque saíram. – Sam acrescentou e respirou fundo – Compartilho do mesmo sentimento, Chefe.

Respirei fundo e olhei ao redor, vendo que o grupo de busca já estava perto o suficiente de nós.

— Ok, pessoal. – Eu os chamei, olhando para os seus rostos – está obvio que o exército instalou essas cercas. Acho que fizeram um lugar para as pessoas irem. Pelo que me contaram, quando vocês três, - apontei do caçador para Sasha e o coreano - acharam este lugar semana passada, havia caminhantes atrás das cercas mantendo gente fora feito uns cães de guarda adestrados...

— E eles foram todos embora? – Tyreese perguntou logo em seguida

— Ouça. – Sasha lhe disse, colocando a mão perto do ouvido

Ao fundo, tinha um som se misturando com grunhidos baixos.

— Você os atraiu para fora. – Michonne comentou, olhando para ela

— Coloquei um aparelho de som há três dias. – Sasha nos contou, orgulhosa

— Ligamos em duas baterias de carro. – Glenn acrescentou e logo depois me olhou – Tem certeza que você está tudo bem com isso? Não pode fazer mal ao bebê?

— Glenn, pela décima segunda vez, nós estamos bem. - Eu lhe disse, balançando a cabeça negativamente – Bom, vocês podem fazer uma varredura para ver se o lugar é seguro e aproveitem para me deixar em paz.

Daryl pareceu analisar meu rosto antes de concordar e seguiu para o buraco na cerca, o qual tinham feito semana passada. Segui o caçador de perto, escutando os passos pesados dos outros atrás de mim.

— Peguem o que puderem. – Daryl disse a eles, se virando um pouco para olhá-los – A gente volta amanhã com mais gente.

A primeira coisa que fiz ao me separar do grupo foi caminhar em direção a um carro militar mais à frente e limpar a poeira do vidro com a mão. Aproximei meu rosto do vidro e assim que vi que não tinha nada lá, abri a porta. O cheiro pesado de mofo me fez tossir e prender a respiração. Me inclinei sob o banco do motorista esticando minha mão em direção ao porta-luvas e o abri assim que senti a textura do plástico em meus dedos. A primeira coisa que peguei foi um rádio e ele parecia ser o item mais importante do carro. Endireitei meu corpo e com minha camiseta, limpei a poeira do rádio, antes de testá-lo. Apertei o botão de ligar e quando vi as luzes, meu coração pareceu parar por uns bons momentos.

— Puta merda. – Sussurrei eufórica e apertei o botão para poder falar – Aqui é a Primeira-Tenente Lopes do Fort Benning. Tem alguém na escuta? - Tirei meu dedo do botão e esperei uma resposta, ao fundo, pude ver Daryl parar o que estava fazendo e me olhar, apreensivo – Aqui é a... Porra, aqui é a Primeira-Tenente Lopes, Chefe da Infantaria do Fort Benning, tem alguém na escuta? – Me apoiei no carro e esperei novamente uma resposta, mesmo sabendo que eu poderia não ter nenhuma. Lá na frente, pude ver Sam me olhar por alguns momentos, antes de voltar sua atenção ao que estava fazendo – Eu ainda estou aqui, encontrei o acampamento de vocês. Preciso que... Preciso de notícias. Tem alguém na escuta? – Perguntei novamente, inquieta – Andrew, Zachary... Pai...

Coloquei a mão limpa sob o rosto e apertei meus olhos, minha garganta parecia estar querendo se fechar.

— É melhor continuarmos. – A voz de Daryl estava próxima

Tirei a mão do rosto e encarei o caçador, a uns passos de distância. Concordei com a cabeça e guardei o rádio em um dos bolsos da minha jaqueta. Ajeitei minha postura e segui Daryl, deixando-o um pouco mais à frente do que eu. Tinha certeza que agora ele estava achando que era melhor eu ter ficado em casa, pelo bem do bebê.

Ao chegar na frente do mercado, Daryl bateu no vidro algumas vezes e se sentou na janela, esperando.

— O rádio estava pegando? – Sam me perguntou, quando se aproximou de nós com o resto do grupo

Eu o respondi com um aceno positivo, mas não lhe disse nada.

— Vamos entrar. – Zack nos disse, apressado

— Ainda não. – Daryl negou, olhando para ele – Espere um pouquinho. – E então ele me olhou e me chamou – Vem aqui.

Me aproximei dele, colocando a mão em cima do bolso do rádio, meio que em dúvida se ele iria querer tomá-lo de mim ou não.

— O que é? – Eu lhe perguntei, erguendo uma sobrancelha

Daryl esticou sua mão livre até o meu rosto e passou seus dedos em meus lábios, depois, colocou seus dedos em frente aos meus olhos. Eles estavam sujos de poeira.

Resmunguei baixo e limpei meus lábios com a gola da minha camiseta.

Eu tinha limpado o rádio, não tinha?

— Saiu? – Perguntei a ele

— Parece que sim. – Daryl me respondeu e se inclinou em minha direção para me olhar mais de perto – Só está meio vermelho.

Escutei um riso de Michonne e me virei para olhá-la. Ela estava alternando o olhar entre nós dois.

— E aí, qual é a piada da vez? – Perguntei para ela, sem conter o riso

— Quando cheguei na prisão, vocês estavam em pé de guerra. – Michonne comentou, como quem não quer nada – E agora, olha só, são dois idiotas apaixonados esperando por um herdeiro.

— É, bem, cala boca. – Daryl disse rindo, enquanto mostrava o dedo do meio para ela

Balancei a cabeça negativamente, rindo.

— Acho que já saquei. – Zack comentou aleatoriamente, chamando nossa atenção para si

— Sacou o quê? – Sam perguntou a ele, cruzando os braços

— Quero adivinhar o que o Daryl fazia antes da transformação. – O namorado de Beth respondeu e se sentou ao lado de Daryl, na janela do supermercado

— Ele está tentando adivinhar há seis semanas. – Daryl nos contou, balançando a cabeça negativamente

— Não tenho pressa. – Zack retrucou, rindo – Um palpite por dia.

— Beleza. – Daryl concordou, olhando para ele – Manda.

— Pelo comportamento na prisão, por estar no conselho, por saber rastrear e ajudar as pessoas, por ser meio... sombrio... – Zack estava dizendo e assim que nos viu rir, acrescentou – É um fato importante.

Um riso alto escapou dos meus lábios e eu coloquei a mão sob a boca, sentindo o olhar de Daryl sobre mim, enquanto ele erguia uma sobrancelha.

— Ah, o que foi? – Perguntei segurando o riso – É verdade. – Desviei o olhar e encarei o namorado de Beth – Vamos, Zack, nos conte o palpite de hoje.

— Policial de homicídios. – Zack anunciou, olhando para o caçador

Michonne e eu nos encaramos e nós duas rimos.

— Qual é a graça? – Daryl nos perguntou logo em seguida, querendo rir também

— Nada. – Michonne respondeu, balançando a cabeça negativamente – Faz todo o sentido.

— Ele tem razão. – Daryl disse, desviando o olhar e voltando a encarar o menino – Trabalhava disfarçado.

— Qual, é. – Zack disse surpreso, erguendo as sobrancelhas – Sério?

— Sim. – Daryl afirmou – Não gosto de tocar no assunto porque é uma merda pesada, sabe?

Daryl Dixon era um péssimo mentiroso e por isso, quando virou para me olhar, vi que estava tentando disfarçar o sorriso.

— Fala sério, cara? – Zack perguntou para ele, Daryl voltou a olhá-lo por alguns segundos e o menino riu, vendo que ele estava mentindo – Está bem. Vou continuar chutando.

— É, continue fazendo isso. – Daryl concordou

Eu teria me assustado ao ver o caminhante batendo contra o vidro do supermercado, tentando pegar Daryl se eu não estivesse de frente para ele.

— Vamos nessa, Detetive Dixon? – Perguntei ao caçador, num tom de voz animado e claramente forçado

— Não tão rápido, Chefe. – Daryl me respondeu, no mesmo tom de voz, mas logo continuou com seu tom de voz usual – Você fica aqui fora.

Sam, o qual estava com o pé de cabra se adiantou até a porta de entrada do supermercado e olhou para os outros, para confirmar que eles estavam prontos, antes de arrombar a porta. Assim que a porta se abriu, eu fiquei ali fora observando meus amigos trabalharem. Me encostei na parede e coloquei a mão sob a barriga, algo que eu estava me acostumando a fazer frequentemente, esperando com que os outros se reunissem na porta de entrada, como combinado.

— Vamos entrar, não saiam da formação de varredura. – Sasha anunciou, assim que todos estavam onde deviam estar – Depois disso, sabem o que devem procurar. Perguntas?

— Algum dia já tentou não mandar em mim? – Tyreese perguntou a irmã

— Teve aquele antes de eu nascer. – Ela lhe respondeu, sorrindo

Com muita insistência, consegui meu passe para o supermercado e assim que eu entrei, com Daryl logo ao meu lado, empurrando o carrinho de compras, me direcionei à sessão de bebês e a primeira coisa que coloquei dentro do carrinho foi uns pacotes de fraldas descartáveis.

— Precisamos de tantas dessas coisas assim? – Daryl perguntou num resmungo, ao notar que o carrinho já estava na metade e apenas tinha um produto: Fraldas.

— De acordo com a Carol e com a convivência com a Judith, precisamos até de mais dessas. – Comentei, colocando mais coisas no carrinho, desta vez, umas mamadeiras e chupetas

— Olha isso. – Daryl chamou minha atenção novamente e assim que me virei para olhá-lo, sorri. Ele estava segurando um folheto com nomes de crianças – Talvez tenha algo melhor do que Kate ou Dougie.

— Não custa olhar. – Murmurei para ele, pegando o papel de suas mãos para dar uma olhada – Olha só, Frederick é bonito. – Comentei com ele, apontando para o nome – Emma também é.

— Theodore. – Daryl murmurou, ele estava um pouco atrás de mim, olhando para o folheto por cima dos meus ombros – Aidan?

— Me lembra Adrian. – Comentei, balançando a cabeça negativamente e me virei um pouco, para olhá-lo – Theodore era o nome do T-Dog...

— Eu sei. – Daryl me disse, olhando em meus olhos

— Bom... – Murmurei, baixando novamente meu olhar para o panfleto, enquanto me lembrava do meu velho amigo e logo tratei de mudar de assunto – Olha esse nome feminino, Beryl. – Segurei o riso – É tipo, você, mas menina. – Após escutar o riso forçado dele, voltei a procurar por nomes legais naquela lista – Kylie?

— Bobbi. – Daryl disse, logo em seguida, após balançar a cabeça negativamente

— Os outros nomes são todos estranhos. – Comentei, depois que li todos os nomes em silencio – Meu Top Five: Theodore, Frederick se for menino e Bobbi, Emma e Kate se for menina.

— Nada de Kate. – Daryl resmungou, pegando o folheto da minha mão para guardá-lo em seu bolço – Vamos terminar de ler mais tarde. Para onde quer ir agora?

— Sessão de higiene. – Respondi, colocando a mão nas costas dele para fazê-lo andar – Os shampoos estão acabando.

Daryl resmungou um “Não me empurre” e eu ri baixo, murmurando que eu estava com pressa, afinal, tinha muitas coisas para pegar e conhecendo eles como eu conheço, essa seria a primeira e última vez que eu viria aqui. 

Depois de pegarmos mais alguns shampoos e sabonetes, percebi que o caminho que estávamos pegando era o da saída e por isso, comecei a reclamar e Daryl começou a fingir que não estava escutando.

— Eu vou deixar o carrinho aqui e vou voltar lá pra dentro. – O caçador anunciou – Qualquer coisa...

— Amor, eu tenho uma arma e uma faca. – Falei pra ele – Vamos ficar bem.

Daryl murmurou “Ótimo”, deu um beijo na minha testa e adentrou novamente no mercado, arrastando um carrinho de compras vazio consigo.

Olhei ao redor, um pouco impaciente, procurando algo para fazer, mas não havia nada de relevante e por isso, decidi poupar o trabalho de Daryl de colocar as coisas no carro. Empurrei o carrinho pelo estacionamento/acampamento militar e cheguei até o buraco na cerca pelo qual entramos, deixei o carrinho de lado e atravessei o buraco. Depois de estacionar o carro com a traseira virada para a cerca, eu me ocupei em colocar tudo dentro do porta-malas.

Ao fechar o porta-malas, escutei um grito masculino. Tirei meu revolver do coldre e atravessei novamente o buraco na cerca, com pressa e caminhei o mais rápido que eu pude em direção ao mercado, tomando cuidado na onde pisava. Quando abri a porta do supermercado, escutei as vozes dos meus amigos conversando.

— …. Mas meu pé ficou preso. – Bob dizia, sua voz estava meio aflita

— O que aconteceu? – Perguntei alto, indecisa entre entrar ou não

— Estão todos bem. – Zack me respondeu, tão alto quanto eu perguntei – As prateleiras caíram sob o Bob.

— Onde vocês estão? – Escutei Glenn gritar

— Na sessão de vinho e cerveja. – Zack lhe respondeu

Balancei a cabeça negativamente, imaginando muito bem o que o Bob Stookey estava procurando naquela sessão. Meu pai já havia lhe dado muitas advertências e até já chegou a suspende-lo de seu trabalho por uns meses no Fort Benning por causa de sua obsessão com a bebida alcoólica e pelo visto, depois do mundo virar de ponta cabeça, Bob estava voltando aos velhos hábitos.

Algo mais além no mercado chamou minha atenção, assim que eu vi o caminhante cair do teto e ficar preso no ar, sendo pendurado por suas tripas.

— É melhor irmos andando. – Ouvi Glenn comentar, provavelmente estava vendo a mesma coisa que eu

— O Bob está preso. – Daryl disse alto – Vamos tirá-lo.

— Vamos buscar os outros. – Michonne falou logo em seguida

No momento seguinte, mal pude manter meus olhos em apenas um lugar, pois, vários caminhantes começaram a cair pelo teto do supermercado. Estava literalmente chovendo mortos. Ergui a minha pistola e atirei no primeiro caminhante que se levantou, o qual tinha começado a avançar em direção a Sam e escutei seu agradecimento, um pouco abafado por causa dos tiros, que a este ponto, não eram só meus.

— VAMOS! – Berrei o mais alto que pude enquanto abria a porta por completo – VENHAM!                  

Em meio ao som dos tiros e grunhidos, escutei um grito agudo, seguido por outros gritos chamando por Zack. Vendo que meus amigos estavam correndo em minha direção, me apressei para sair também e não ficar no caminho, mas sem antes ver do que eles estavam correndo.

Um helicóptero militar estava caindo do teto e levantando muita poeira.

Ao anoitecer, quando chegamos na prisão, Daryl ficou responsável por contar o que tinha acontecido com o Zack para Beth, já que nenhum de nós queria dar aquela notícia. Sentada em uma das mesas do hall do bloco C, ao lado de Sam, tentei contatar mais uma vez alguém, usando o rádio que tinha pego mais cedo na base improvisada.

— Como que tá a bateria? – Sam me perguntou, se inclinando para o rádio

— Difícil saber. – Murmurei, erguendo um pouco o rádio – Pode estar no final, ou pode estar na metade. Eu não sei. – Respirei fundo e apertei pela segunda vez ao dia o botão para ligar, assim que as luzes acenderam, olhei para Sam – É hora.

— É hora. – Meu amigo repetiu, confirmando com a cabeça

— Vocês gostam de se iludir. – Bob comentou, balançando a cabeça

— Não é ilusão. – Resmunguei alto, olhando pra ele – É esperança.

— Pelo que eu me lembre, você sempre foi conhecida no Benning por ter o pé no chão. – Bob comentou, juntando as sobrancelhas – Parece que você mudou no final das contas.

— É, bem, você não é o primeiro a dizer isso. – Comentei com ele, encolhendo os ombros e depois voltei a minha atenção ao rádio e apertei o botão para falar - Aqui quem fala é a Primeira-Tenente Lopes, Chefe da Infantaria no Fort Benning. Tem alguém na escuta? Cambio.

Soltei o botão e coloquei o rádio em cima da mesa, meio apreensiva. Algumas pessoas estavam começando a se reunir para jantar no hall, já que haviam muitas pessoas para o refeitório ao ar livre, mas ali só jantavam os que já dormiam no bloco.

Ao meu lado, a respiração de Sam falhou quando um chiado saiu do rádio.

— Escutaram isso? – Ele perguntou alto, pegando o rádio da mesa

Ignorando meu coração martelando em minhas costelas, peguei o rádio das mãos do meu amigo e fiquei ali, ansiosa, encarando as luzes do rádio, esperando por algo além de ruídos e chiados.

— Eu acho melhor... – Glenn ia dizendo, se aproximando de nós enquanto estendia a mão, para pegar o rádio das minhas mãos

— Ei, nem tente... – Eu lhe avisei, mas parei quando senti um liquido descer pelas minhas pernas e isso não passou despercebido por ninguém naquele hall – Deus do céu, a bolsa estourou.

— Hershel! – Glenn berrou, meio desesperado – Hershel!

— Espera, não precisa gritar pelo velho. – Falei para ele, deixando o rádio em cima da mesa e me levantando – Temos 24 horas até as contrações.

— Não é bem assim. – Bob me disse, contornando a mesa até chegar até mim – Agora que a bolsa estourou, o bebê pode chegar a qualquer momento. – Ele segurou no meu braço – Você precisa tomar um banho e nos dar um tempo até montarmos uma sala limpa para fazer o parto.

O que aconteceu no momento seguinte foi engraçado, devo admitir. Vi Rick e Daryl chegarem correndo até o hall, com armas prontas para serem usadas. Pela primeira vez em muito tempo, vi Daryl ficar sem reação e demorou alguns longos segundos até ele tomar uma atitude e começar a fazer várias perguntas ao único médico no lugar: Bob.

Depois de tomar banho e ser levada até a enfermaria da prisão, o lugar que eles tinham arrumado para fazer o parto, tive que ficar ali encarando os três médicos enquanto eles conversavam sobre como e qual deles faria o parto, enquanto Daryl ficava ali ao meu lado, falando sobre tudo e mais um pouco.

Estava visivelmente mais nervoso do que eu.

No meio da madrugada, quando eu já estava cansada de esperar e de discutir nomes com Daryl, senti a primeira contração e devo dizer, aquilo foi pior do que Carol havia me contado que seria. E ao começar a sentir uma contração a cada um minuto, eu já queria arrancar aquela criança de dentro de mim eu mesma.

— Nossa! – Praticamente berrei, enquanto olhava para Hershel, o qual estava no meio das minhas pernas, checando a dilatação – Hersh...

Fechei os olhos ao sentir a próxima contração e reprimi um grito. Já tinha desistido de apertar a mão de Daryl e a este ponto, estava quase levantando e batendo naqueles três médicos.

Caleb estava com lençóis limpos e água quente, Bob estava terminando de esterilizar uma tesoura que de acordo com ele, cortaria o cordão umbilical sem problemas. Já Hershel, ficou responsável por checar o tempo de contrações, olhar a dilatação e retirar o bebê.

A cada dois segundos, Daryl passava a mão pela testa, colocando seu cabelo para o lado, enquanto alternava o olhar entre meu rosto, Hershel e minhas pernas.

Assim que escutei Hershel me dizer que estava na hora de empurrar, não esperei nem um segundo a mais para obedece-lo e empurrei com todas as minhas forças, com esperanças que o bebê saísse apenas na primeira tentativa.

Mas claro, isso não aconteceu.  

— Mais uma vez, com força. – Hershel disse, com os olhos fixos no meio das minhas pernas – Lembre-se de inspirar e expirar.

Fechei meus olhos e empurrei mais uma vez, com toda a força que consegui e mal consegui inspirar e expirar como ele havia me dito antes de empurrar mais uma vez.

— Vamos, mais uma vez. – Caleb me disse, enquanto se aproximava de Hershel, desdobrando o lençol

— Já estou vendo a cabeça. – Hershel anunciou, um pouco alto – Empurre mais uma vez, falta pouco agora...

Empurrei mais uma vez, cansada da dor que estava sentindo e novamente torci para que o bebê saísse logo. Depois de mais três empurradas sofridas, depois de acabar com todas as minhas forças, o bebê nasceu e Bob não demorou para cortar o cordão umbilical.

— Ótimo trabalho, pessoal. – Caleb comentou sorrindo, depois de respirar fundo e passar a mão pela testa

Cansada, suada e ansiosa, observei Hershel embrulhar o bebê no lençol limpo depois de dar algumas palmadas em suas costas e assim que ele colocou o meu bebê choroso em meu colo, mesmo todo coberto por uma pasta esbranquiçada e sangue, tive certeza de que aquela criança parecia muito mais com o Daryl do que comigo. Os olhinhos eram meio estreitos e no fundo, sem dúvidas, eu sabia que eram claros. A única coisa que denunciava que ele era meu filho era o cabelo. O bebê nasceu com muito cabelo, um cabelo ruivo bem claro e por experiência própria, eu sabia que escureceria com o tempo. 

— Parabéns. – Hershel nos parabenizou, tinha um grande sorriso nos lábios e alternava o olhar entre Daryl e eu – É um menino.

Mesmo sendo a primeira vez que eu estava segurando meu filho nos braços, eu já sabia que aquela criança era a melhor coisa que Daryl e eu um dia pensamos em fazer em nossas vidas.

— Ele tem cara de Theodore. – Comentei baixo, enquanto analisava cada pedaço do rostinho inchado do bebê

— É, ele tem. – Daryl falou baixo, ele estava bem próximo de nós e eu sabia que seus olhos estavam fixos no seu filho

— Bem-vindo a família, Theodore.



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